terça-feira, 31 de julho de 2012

Enem 2012: os assuntos mais comuns na prova de matemática

Professores apontam porcentagem, probabilidade e geometria como temas quentes
 
Em tempos de Jogos Olímpicos, a prova de Matemática e suas Tecnologias, no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), pode ser comparada a uma maratona. São 45 questões para responder, além de outras 45 perguntas de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, e uma redação no mesmo dia. Para ajudar na sua preparação, O GLOBO ouviu professores para elencar os assuntos mais recorrentes no Enem.
Dois temas precisam estar na ponta da língua dos vestibulandos: porcentagem e proporção, principalmente quando aplicados a interpretação de tabelas e gráficos. Análise combinatória, probabilidade e progressões aritméticas e geométricas também são bastante comuns.
- Há uma gama muito grande de conteúdos exigidos, mas o foco é principalmente na análise de dados e suas representações gráficas. Eu ressaltaria também questões relacionadas às funções, tanto na forma gráfica quanto na análise matemática mais profunda. Além disso, a geometria também é muito importante. É essencial dominar os conteúdos da geometria plana e transferir esses conhecimentos para a geometria espacial, ao enxergar quais formas planas formam o sólido que é apresentado - afirma o professor Lúcio Coelho, do Colégio CEL.
Paulo Henrique Silva, que dá aula da disciplina no Colégio pH, explica que os temas citados são mais fáceis de serem contextualizados e por isso aparecem em muitas perguntas. Ao mesmo tempo, é característico do Enem não puxar muito no conteúdo. Segundo ele, um dos maiores adversários dos estudantes costuma ser o tempo: em média, cada candidato tem três minutos e meio para escolher a resposta certa. Silva diz que só com muita prática é possível alcançar este resultado.
- O ideal é tentar fazer exercícios e provas anteriores dentro deste tempo. O exame é cruel, porque não aprofunda muito, mas é longo e com muitas questões. É indispensável treinar o controle do tempo. Quanto mais exercícios fizer, mais facilidade o aluno terá para identificar o que está sendo pedido e o caminho para a resolução do problema. Só com treino ele vai conseguir interpretar rápido o enunciado - explica o professor.
Coelho ressalta que o fato motivacional não pode ser deixado de lado. Por isso, ao começar o Enem, o estudante deve buscar itens que já domina e tem mais facilidade. Na medida em que for ganhando confiança, seu rendimento tende a melhorar no restante da prova. O professor Jorge Luiz Frias, do A. Liessin, concorda.
- O mais importante é o aluno ler a prova inteira. Porque ela é feita de uma forma que são poucos os que conseguem chegar até o final. Então, se encontrou algum tipo de dificuldade, passa para a próxima. O ideal é acertar todas as fáceis, a maioria das médias e o que conseguir das mais difíceis - diz Frias, relembrando que o Enem utiliza a Teoria da Resposta ao Item (TRI), que enquadra as questões nas três categorias.

Fonte: O Globo Online

Equipe brasileira vence Olimpíada de Matemática dos países de língua portuguesa

O concurso, que aconteceu entre os dias 18 a 28 de julho, em Salvador, estimula o estudo da disciplina, identificando jovens talentos e incentivando a troca de experiências entre países lusófonos

Estudantes brasileiros conquistaram duas medalhas de ouro e duas de prata na segunda edição da Olimpíada de Matemática da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (OMCPLP). O resultado garantiu ao Brasil o primeiro lugar na classificação geral, com 160 pontos, seguido de Portugal, com 149 pontos.
O concurso, que aconteceu entre os dias 18 a 28 de julho, em Salvador, estimula o estudo da matemática, identificando jovens talentos e incentivando a troca de experiências entre países lusófonos.
O carioca Daniel Santana Rocha, de 15 anos, vencedor de uma medalha de ouro, se preparou para a competição estudando pelas provas da edição anterior da competição. "Eu entrei na competição confiante. Eu sabia que tinha capacidade de ganhar. Fiquei um pouco nervoso, mas quando vi o resultado fiquei muito feliz". Daniel dividiu o primeiro lugar com Murilo Corato Zanarella, de Amparo (SP).
Em segundo lugar, o estudante Victor Reis, de 15 anos, nascido no Recife, disse à Agência Brasil que sua participação na Olimpíada foi bastante proveitosa também pelo intercâmbio de culturas. "Fiz minha primeira viagem sozinho, tive contato com pessoas de outros países, com culturas bem diferentes, além de conhecer Salvador, cidade muito importante para a história do Brasil", disse. Daniel Lima Braga, de Eusébio (CE), também conquistou medalha de prata.
Nessa edição, a Olimpíada contou com delegações de Angola, do Brasil, de Cabo Verde, de Moçambique, de São Tomé e Príncipe, de Portugal e do Timor Leste. Os 28 competidores com até 18 anos foram divididos em quatro grupos. Nos dias 24 e 25, os participantes tiveram que responder três problemas de matemática por dia, envolvendo álgebra, teoria dos números, geometria e análise combinatória.
As provas tiveram duração de quatro horas e meia, e ao final, eram somados os pontos de cada competidor. A próxima edição da competição está marcada para julho de 2013, na cidade africana de Maputo, capital de Moçambique.

Fonte: Agência Brasil

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Professores convocados pelo Estado são insuficientes para suprir déficit

Para contornar a situação, a 12ª Dired tem adotado o sistema de aulões para repor algumas matérias
 
O Governo do Estado, através da Secretaria de Estado da Educação e da Cultura (SEEC), anunciou nessa quinta-feira (26) a convocação de 944 Professores, 97 deles para atender a demanda da 8ª, 11ª e 12ª Diretorias Regionais de Educação, Cultura e Esportes (Direds), que representam os municípios de Angicos, Assú e Mossoró. No entanto, segundo a assessoria da 12ª Dired, o número de convocados é insuficiente para suprir as necessidades de Mossoró e cidades vizinhas, já que a 12ª Diretoria possui uma deficiência de cerca de 300 Educadores.
De acordo com a assessoria da 12ª Dired, ainda não se sabe quantos Professores serão enviados especificamente para Mossoró.
"Não foi informado o contingente a ser convocado para o município, porém sabemos que para sanar a deficiência registrada deve ser um número alto. Nosso déficit de Professores é principalmente nas áreas de química, física e matemática. Não é só quantidade, precisamos de especificidade. Aqueles que se formam em Pedagogia na nossa região é meio polivalente", disse o assessor Raimundo Antônio.
Para contornar a situação, a 12ª Dired tem adotado o sistema de aulões para repor algumas matérias, que possuem maior carência de Educadores. "Algumas Escolas já adotaram os aulões. Muitos dos nossos Alunos têm participado das aulas ofertadas de forma gratuita pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa). A expectativa é que com os investimentos graduais na Educação, como a reforma das Escolas, a convocação de mais Professores, o problema seja solucionado", explicou a diretora da 12ª Dired, Magali Delfino.
Ela complementa informando que a falta de Educadores tem afetado diretamente a evasão Escolar. "Fizemos um levantamento e descobrimos que nestes últimos 10 anos milhares de Alunos abandonaram as instituições de Ensino. Entre os fatores que contribuem para a fuga desses estudantes das salas de aula, estão a carência econômica, pois muitos jovens precisam trabalhar para ajudar na renda da família e a dificuldade em acompanhar as disciplinas. Além disso, a falta de Professores também estimula a saída desses educandos", relatou a diretora.
A Secretaria de Estado da Educação anunciou que serão convocados 372 Professores para 1ª e 2ª Direds, regionais Natal e Parnamirim, que juntas englobam 16 municípios; 255 para 3ª, 4ª, 5ª, 6ª e 16ª Direds, regionais Nova Cruz, São Paulo do Potengi, Ceará-Mirim, Macau e João Câmara, que juntas agregam 54 municípios; 101 para 7ª, 9ª e 10ª Direds, regionais Santa Cruz, Currais Novos e Caicó, que juntas totalizam 31 municípios; 97 serão convocados para 8ª, 11ª e 12ª Direds, regionais Angicos, Assú e Mossoró, que juntas possuem 24 municípios; e 119 para 13ª, 14ª e 15ª Direds, regionais Apodi, Umarizal e Pau dos Ferros, que englobam 42 municípios.

Fonte: O Mossoroense (RN)

Professora diz que salário baixo não valoriza a Educação

Mesmo tendo curso superior e com uma profissão vital para o desenvolvimento da sociedade, a carreira de Professor é uma das menos atrativas economicamente

Profissional responsável por formar os cidadãos brasileiros, o Professor entra num lugar nada confortável, nessa cadeia social. Com um salário bruto na média de R$ 1.300,00 no Ensino público, em Natal, os Professores receberam em junho mais de 100 vezes menos do que grande parte dos que têm supersalários. Mesmo tendo curso superior e com uma profissão vital para o desenvolvimento da sociedade, a carreira de Professor é uma das menos atrativas economicamente.A Professora Marilanes França de Souza, 59, trabalha na Educação municipal há 23 anos, dando aula nas séries do 1º ao 5º ano do Ensino fundamental, na Escola Chico Santeiro, no Bairro Nordeste. Na sua avaliação, a disparidade social entre os Professores e outros profissionais, é uma prova de que a Educação não é valorizada. "A valorização da Educação passa pela valorização do Professor", declarou.
Para Marilanes, a falta de atrativos da carreira de Professor faz muitos bons profissionais abandonarem a profissão. "Essa desigualdade social entre o Professor e outras profissões mostra o quanto não existe preocupação na formação dos brasileiros. Deveria haver uma mudança neste sentido", diz.
" Muitos bons profissionais até se interessam pela área, mas acabam mudando de rumo pelos péssimos salários e as más condições de trabalho", apontou a Educadora.

Fonte: Diário de Natal (RN)

Opinião: A Educação em ano eleitoral

A maior deficiência do ensino brasileiro é que a sociedade não fez dele sua prioridade", afirma Renato Janine Ribeiro

Há vinte anos, quando o ministro Murílio Hingel assumiu a pasta da Educação no governo Itamar Franco, começou a mudar a prioridade na Educação brasileira. Com boas intenções, a Constituição de 1988 incumbira o governo central de manter o Ensino superior, com um número que depois aumentou de universidades federais, e atribuíra a Estados e municípios o Ensino básico. Traduzindo, a União paga as universidades, gastando nelas três quartos do seu orçamento com a Educação, enquanto os municípios mantêm os primeiros nove anos de Escolaridade (os antigos grupo e ginásio, depois segundo grau, hoje Ensino fundamental) e os Estados apoiam esse esforço, respondendo também pelo Ensino médio, antigo colegial. Há exceções, substanciais inclusive, mas o desenho constitucional é esse. A boa intenção foi pensar que, colocando a Educação mais importante, a de crianças e adolescentes, mais perto do eleitor, ela iria melhorar. O cidadão controlaria de perto a Educação dos seis aos dezoito anos, ou mesmo desde as Creches.
Ledo engano. Daí, surgiram inúmeros problemas. Muitos prefeitos e governadores não são capazes de dirigir sistemas educacionais - quanto mais, de conceber mudanças que valorizem o Professor e estimulem os Alunos. Na verdade, os maiores avanços da Educação básica nestes vinte anos, em que pesem as boas intenções de Murilio Hingel, Paulo Renato de Souza e Fernando Haddad, os ministros mais duradouros no cargo, foram apenas dois. Primeiro: priorizar na pauta de intenções do governo a Educação básica. Por ora, é uma intenção. Não é uma realização. Mas já é positivo aumentar a convicção de que essa Educação é a mais importante. Infelizmente, falta as famílias assumirem isso.
Segundo ganho: a decisão de avaliar a Educação. E a percepção de que, para tanto, precisamos de indicadores bons. Isso pode parecer óbvio. Como melhorar a Educação, sem uma avaliação constante? Mas o que não é óbvio é o modo de avaliar. Isso é muito difícil. Podemos, sim, fazer uma avaliação bastante básica dela - ver como as crianças menores se saem nas operações fundamentais da matemática e no português. Meu filho, aos oito anos, fez a Provinha Brasil, que eu baixei para ele. Acertou 23 das 24 questões. Uma amiguinha dele teve dificuldades com a última pergunta, que era como se escreve "quintal". Aliás, aproveito para recomendar aos pais que procurem, no site do INEP, as edições anteriores da Provinha e apliquem aos filhos de 7 a 9 anos. É uma brincadeira, mas fará que as famílias se envolvam mais com a Educação das crianças. Voltarei a este ponto. Mas lembro que, à medida que a pessoa cresce, é cada vez mais difícil avaliar, e a regra número 1 é que a avaliação não pode inibir iniciativas criativas e emancipadoras.
Use seu voto para melhorar a Educação básica
A avaliação dos sistemas educacionais foi um tema que dividiu, por muito tempo, o PSDB - que a defendia e implantou em escala federal - e o PT, que fechava com os sindicatos de Professores na resistência a ela. Entendia o PT, e hoje entendem os sindicatos Docentes, que a avaliação é injusta com os Professores, punindo-os por deficiências do sistema como um todo e só recompensando alguns deles, os melhores. Mas não há como melhorar a Educação, inclusive a remuneração dos profissionais, sem exigir deles um bom desempenho. Sempre fui defensor da qualidade. Achei muito bom que, no governo Lula, o PT mudasse de posição a respeito e, inclusive, aprimorasse os indicadores educacionais. (Vários sindicatos continuam contrários, o que hoje leva parte deles a apoiar os partidos ditos de extrema-esquerda).
Recomendo aos pais: olhem no INEP a prova adequada à idade do filho, seja Provinha Brasil, Prova Brasil ou Enem. Peçam ao filho para fazê-la e o acompanhem. E por quê? Não é só para saber como está seu filho, embora isso seja fundamental. Mas é, sobretudo, porque a maior deficiência do Ensino brasileiro é que a sociedade não fez, dele, sua prioridade. Muitos consultores e jornalistas dizem que melhorar a Educação é condição para o país se desenvolver. Mas sejamos claros. A família pode ajudar na segurança, na saúde e na Educação. Pode ensinar os filhos a serem honestos e a se acautelarem dos criminosos. Deve educá-los a ter hábitos higiênicos e cuidar da saúde. Mas não pode substituir a polícia, o médico - nem, aliás, o Professor. Só que na Educação, a família pode fazer muito mais do que faz. Pode, numa palavra, mostrar que a Educação é importante.
Exemplo negativo: um conhecido meu, numa crise econômica, mudou os filhos de Escola porque a mensalidade estava cara. Só por isso. No mês seguinte, trocou o carro seu e da mulher. Que sinal ele deu para os filhos? Não precisa responder. Mas foi pior do que aquilo que mil governos ruins podem fazer.
Sugestão nestas eleições: vejam o que os candidatos a prefeito propõem para a Educação. Verifiquem se falam em merenda Escolar, transporte, pintura de Escolas. Se falarem só nisso ou principalmente nisso, fujam! Provavelmente, eles não têm ideia do que é a Educação. Claro que podem - e devem - falar desses pontos, mas o principal é a qualidade do Ensino. Vejam também se vão falar em tablets, internet e coisas que tais. Alerta! Esses instrumentos só são úteis se houver alguém que saiba usá-los. Confiram se falam em cursos para qualificar os Professores, em aumento de salário vinculado a cobrança de desempenho, e em incentivo aos Alunos para que tenham prazer estudando. Aprofundem estes pontos, para ver se eles entendem do que estão falando ou apenas repetem mantras de marqueteiros. Porque, se entenderem disso, podem ser prefeitos bons para a Educação.

Fonte: Valor Econômico (SP)
*Renato Janine Ribeiro é professor titular de ética e filosofia política na Universidade de São Paulo.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Pesquisador: professores devem trabalhar com diversidade sexual

A discussão sobre a criminalização da homofobia coloca em pauta mais uma vez a Educação sexual

 A discussão sobre a criminalização da homofobia coloca em pauta mais uma vez a educação sexual. A exemplo da indefinição a respeito do kit anti-homofobia, anunciado e posteriormente vetado pelo governo, o Brasil engatinha na área, mas, em outros países, os estudos relacionados a sexualidade e gênero já dão passos largos.
Um dos exemplos que pode ser seguido é o da Universidade de Miami, na qual o programa de Women's and Gender Studies (Estudos de Mulheres e Gêneros) é coordenado pelo professor Steven Butterman, que esteve no Brasil em junho para promover seu livro Invisibilidade Vigilante, uma análise crítica sobre a parada gay de São Paulo. Além de dirigir pesquisas sobre a sexualidade, o canadense, radicado nos Estados Unidos, também está à frente dos estudos sobre a língua portuguesa e o País. "Eu fiquei fascinado pela riqueza de literatura, principalmente pela ambiguidade machadiana", conta Butterman sobre seus primeiros contatos com a cultura brasileira.
Esta dubiedade também o guiou para dentro de uma corrente mais complexa entre as pesquisas sobre gênero e sexualidade. No curso de graduação da universidade americana, foram inseridos os queer studies, ou estudos da teoria queer, que acrescentaram o Q à sigla LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transsexuais).
Traduzida, a palavra queer significa "ridículo", "estranho" e, neste caso, se refere à forma pejorativa com que o adjetivo é usado para se referir a homossexuais. De uma forma simplificada, pode-se dizer que os teóricos e ativistas queer são contra a categorização de gêneros, como homossexual, bissexual e heterossexual. Acima de tudo, eles questionam a heteronormatividade, que coloca os heterossexuais como dominantes e os classifica como "normais". "No queer se cultiva a ambiguidade, se nutre dela. No momento em que você define qualquer coisa, acaba não sendo mais queer", explica o professor canadense.
Seja no ensino básico ou superior, os professores devem trabalhar com a ampla diversidade e se preocupar com a não construção de estereótipos. Uma maneira de fazer isso é o policiamento da linguagem usada em sala de aula.
"A gente tem que prestar atenção no processo de linguagem. Para demonstrar maior diversidade, temos que começar trabalhando pela nossa linguagem". Para Butterman, este seria o primeiro e o mais importante passo para uma educação sexual adequada. Todavia, lembra que também existe um paradoxo. Os professores devem evitar o uso de termos para não estimular a categorização, por outro lado, se não os utilizarem, os vocábulos e seus significados podem cair no esquecimento. Na opinião de Butterman, o desaparecimento de palavras, como "gay", "lésbica" e "bissexual", pode influenciar no silêncio e na auto repressão.
Para tratar de um assunto que foge da conceituação, os professores do curso de graduação em LGBTQ da Universidade de Miami recorrem a métodos mais subjetivos para fazer a avaliação de seus alunos. Testes e trabalhos escritos para entregar no final do semestre foram abolidos do currículo.
Através de arte e literatura produzidas por seguidores do queer, o aluno conhece as teorizações dos estudos e deve apresentar, ao final do semestre, a sua própria concepção sobre o assunto, em forma de cartazes e desenhos, por exemplo. "O aluno tem que demonstrar o que ele entendeu com essa noção do queer em movimento, de uma identidade mutável". Não é possível expressar isso com as palavras que a gente usa, porque a nossa linguagem é patriarcal, mesmo os termos lesbianismo e homossexualismo", explica Butterman.
O objetivo é que o estudante forme seus próprios pensamentos para entender outro aspecto da teoria queer: a identidade mutação. Segundo teóricos, as identidades estão sempre em constante construção e desconstrução, por isso não seria possível categorizar o que é normal e o que não é.
Butterman faz outra sugestão de como os estudos de gêneros e queer poderiam ser abordados por professores na educação sexual de crianças e adolescentes. O professor da Universidade de Miami lembra que o Q de queer também pode se referir a questioning, em português "questionar". Este seria o espaço do descobrimento, da busca por entender a identidade mutável: "A categoria de questioning abre uma possibilidade de, em vez de usar o verbo ser, usar o verbo 'tornar-se'. Ele pode ser um espaço muito poderoso para todo mundo, principalmente para a criança e o adolescente começando a entrar na idade de puberdade, para pensar nas questões de sexualidade".
Para Butterman, os professores brasileiros precisam levar em conta a realidade do País: "O Brasil poderia encarar uma outra versão, diferente da ideia de queer, do seu próprio jeito". O pontapé inicial pode estar na criação do primeiro programa de mestrado na área, lançado neste ano pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Com início previsto para março de 2013, o objetivo do curso é formar profissionais da saúde e da educação que deverão abordar temas, como discriminação, violência sexual e homofobia com alunos da educação básica.

Fonte: Terra

Especialistas: propostas dinâmicas podem ajudar na alfabetização

De acordo com o IBGE, das quase 12 milhões de crianças brasileiras entre seis e oito anos, cerca de 2,5 milhões não são alfabetizadas

Lançado pelo Ministério da Educação (MEC) no início de julho, o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa chega como mais uma estratégia para garantir que os alunos das primeiras séries da rede pública sejam alfabetizados até o final do 3º ano do Ensino Fundamental, com idade máxima de oito anos. O programa tem como foco o ensino de português e matemática.
De acordo com o IBGE, das quase 12 milhões de crianças brasileiras entre seis e oito anos, cerca de 2,5 milhões não são alfabetizadas - sendo 450 mil aquelas com oito anos já completos. Entre as principais carências no início da vida escolar, especialistas apontam metodologia e formação dos professores. Para o consultor de projetos educativos Geraldo Peçanha de Almeida, o modelo antigo de educação é um dos responsáveis pelos maus resultados. "Os alunos ainda estão no quadro, giz e livro didático. Existe um atraso em relação a novas tecnologias, e isso tem nos levado a números negativos. Há resistência por parte dos professores e das políticas adotadas, que sempre vai no sentido de formar o professor e levar o livro didático para a sala de aula, quando todo mundo discute como usar outras tecnologias", diz.
Especialista em pedagogia de projetos, Paty Fonte acompanha a afirmação de Almeida. "Os alunos de hoje não aprendem da mesma maneira de seus pais. Eles precisam de propostas mais dinâmicas. Eles têm conhecimento das mídias da TV, internet, trazem muito conhecimento da rua. Se chega na escola e não vê prática, não encontra sentido naquilo que o professor diz. A questão está na maneira como se transmite conhecimento. Não há proposta de trabalho mais dinâmica, que trate dos problemas da comunidade, que leve os pais para a escola. As famílias não são motivadas a participar", pontua.
Resultados do Indicador do Alfabetismo Funcional (Inaf) 2011-2012, divulgados na terça-feira, apontaram que 26% da população pode ser considerada plenamente alfabetizada. Os chamados analfabetos funcionais representam 27%, e 47% da população apresenta um nível de alfabetização básico.
Política unificadora
Com ações voltadas para formação continuada dos professores alfabetizadores, materiais didáticos, literatura e tecnologias educacionais; gestão, controle e mobilização social, além de avaliações anuais realizadas com alunos do 3º ano do Ensino Fundamental, o programa do MEC deve prestar especial apoio aos Estados e municípios cadastrados na iniciativa.
Para Paty, trabalhar em conjunto com os professores é fundamental. "A formação continuada é a única coisa que pode ajudar os professores a trocar experiências, a sanar as dúvidas, a colocar para fora as dificuldades. Mas é preciso cuidar da formação de maneira correta. Ainda temos palestras muito longe da realidade, com foco exagerado na teoria. O professor precisa conseguir colocar a teoria na prática", diz.
A maneira como profissionais de ensino ministram suas aulas também está entre os aspectos destacados pelos especialistas como decisivo na formação escolar. Para Almeida, a unificação da educação tem sido um problema. "A diferença entre região norte e sul é enorme, mas há políticas unificadoras, que trabalham da mesma forma com um índio e com um aluno branco. A metodologia usada na região norte é usada também em São Paulo, para crianças diferentes, com culturas e realidades diferentes. O Brasil tem ido mal no Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), e os analistas percebem é que um país desse tamanho não pode ter política unificadora", diz. "Os alunos precisam conhecer a realidade e interpretá-la de acordo com o que conhece. Um aluno de oito anos só entende geografia globalmente. Ele ainda está em processo de formação, compreende aquilo que vê, que é de sua rotina", acrescenta.
Entre as soluções para permitir que todos os alunos sejam alfabetizados sem lacunas, Paty aposta na aplicação de métodos diversos. "Cada criança é única, e cada uma aprende de uma maneira. Umas têm mais facilidade em uma área do que outras. Para atender as diferenças de uma forma mais eficaz, é importante que as propostas sejam variadas, intercalando diversas formas de tratar do conteúdo", diz.

Fonte: Terra
http://www.todospelaeducacao.org.br

Opinião: "Educação de qualidade" no Brasil

"Nossas escolas públicas estão defasadas, abandonadas, muitas delas caindo aos pedaços, sem os equipamentos necessários, com os professores ganhando menos do que deveriam para formar os nossos adultos de amanhã", afirma Luiz Carlos Amorim

A televisão mostrou incansavelmente o "discurso" da nossa presidente (sim, presidente, nenhuma lei de afogadilho vai me obrigar a escrever errado) sobre a Educação no Brasil. Entre outras tantas coisas, ela disse, na 9ª Conferência Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente, que "uma grande nação deve ser medida por aquilo que faz pelas suas crianças e seus adolescentes." E eu pergunto: quando o Brasil será uma grande nação?
E ela continua: "O país precisa garantir Ensino de qualidade para todos, Ensino de padrão de primeiro mundo. Não é o produto interno bruto que importa, é a capacidade do país, do governo, de proteger o presente e o futuro de nossas crianças e adolescentes." Se ela sabe de tudo isso, porque não faz acontecer?
Ela não devia estar falando do Brasil, evidentemente, pois nossas Escolas públicas estão defasadas, abandonadas, muitas delas caindo aos pedaços, sem os equipamentos necessários, com os Professores ganhando menos do que deveriam para formar os nossos adultos de amanhã, que regerão os destinos do país. A Educação brasileira está jogada às traças, cada vez mais sucateada, o sistema de Ensino foi mudado para pior. A julgar pelo que a presidente disse, o que se pode dizer do Brasil, pelo que ele faz pelas suas crianças? Gostaria que a presidente respondesse.
Uma coisa boa que ela disse, no tal discurso, foi prometer que vai "aumentar o numero de Escolas em tempo integral no país", vai dobrar o número de colégios de Ensino fundamental e também do Ensino médio desse tipo, que hoje é de 33.000 estabelecimentos. "Nenhum país desenvolvido tem Escolas de período único." Eu, particularmente, não conheço nenhum colégio de Ensino integral, mas torço para que já exista o número que ela citou. Será que podemos acreditar numa promessa dessa num ano eleitoral? Aliás, não precisava nem ser ano eleitoral, a dúvida existiria.
Seria muito bom se fosse verdade. Quero que ela me mostre que a minha descrença não tinha fundamento e implante todas as Escolas que prometeu, que as faça funcionar, com Professores qualificados, bem pagos, e que as Escolas sejam bem equipadas, funcionais.
Mas e as Escolas públicas que estão aí, sem reformas há dezenas de anos, sendo desativadas, obrigando as que sobram a aumentar os turnos, diminuindo assim a carga horária dos estudantes? Ou então colocando em risco a vida de Alunos e Professores em salas com o teto quase caindo, com instalação elétrica oferecendo perigo de serem eletrocutados, com a instalação hidráulica não funcionando, etc., etc.? Se as "novas Escolas" apenas substituirão as que aí estão, não haverá aumento de Escolas. 
A presidente falou em disputar "economia do conhecimento", afirmou e reafirmou que o Brasil só vai ser um país desenvolvido quando todas as crianças e jovens tiverem acesso à Educação de qualidade". Ótimo, todos achamos isso. E onde está a Educação de qualidade? Por que o Brasil não providencia Ensino de qualidade para suas crianças e jovens? Por que não recupera a Educação, não investe mais nela para que ela volte a ter qualidade? Por que não há mais respeito pela Educação, por parte dos donos do poder?

*Luiz Carlos Amorim. Escritor.
Fonte: Diário do Amapá (AP)
http://www.todospelaeducacao.org.br

Brasileiro concorre ao prêmio de melhor professor dos EUA

Alexandre Lopes foi eleito o melhor entre 180 mil professores da Flórida. Natural de Petrópolis (RJ), ele se especializou em ensinar crianças autistas

Um brasileiro de 43 anos, natural de Petrópolis, no Rio de Janeiro, foi eleito na última quinta-feira (12) o melhor entre os mais de 180 mil professores da rede estadual de ensino da Flórida, nos Estados Unidos. Além de prêmios em dinheiro, um carro, uma viagem a Nova York, um anel de ouro e um treinamento espacial na Nasa, Alexandre Lopes, que emigrou do Brasil em 1995, agora é candidato ao título de melhor professor dos Estados Unidos.
A etapa nacional da disputa fica aos cuidados do Departamento Nacional de Educação do governo federal. Lopes já tem presença garantida no evento de divulgação do resultado, em maio de 2013 na Casa Branca, em Washington, com a presença do presidente americano.
Até lá, ele vai viajar pelo estado onde mora dando palestras para outros professores sobre sua metodologia na sala de aula. Doutorando da Universidade Internacional da Flórida, ele se especializou na educação especial para a primeira infância e, há oito anos, trabalha na escola Carol City Elementary, em Miami.
O brasileiro leciona para dois grupos de 12 e 13 crianças com idades de três a cinco anos, na idade considerada nos Estados Unidos como pré-escolar. Parte dos alunos é autista e, como a Carol City Elementary fica em uma região de baixo poder aquisitivo, a maioria dos estudantes pertence a minorias dentro da sociedade americana. Alguns ainda são filhos de imigrantes e não têm o inglês como idioma nativo.
"É uma inclusão total e irrestrita, da maneira que eu gosto, com alunos deficientes, imigrantes, minorias... Como eu acho que a sociedade deveria ser", conta. Lopes considera sua abordagem "holística" e afirma que se envolve em todos os aspectos da vida de seus "aluninhos", como gosta de se referir às crianças que ensina, tanto da parte acadêmica quanto da emocional e da social. Para o brasileiro, isso significa incluir todos os membros mais próximos da família no processo escolar, muitos deles ainda se adaptando à notícia de que seus filhos são autistas.
Aceitando a diversidade
Na sala de aula do brasileiro, porém, todos são iguais. "Eu não diferencio meus alunos. Procuro ser consistente para fazer com que meus alunos com autismo tenham os outros como modelo, e para fazer com que meus outros alunos aceitem todas as diferenças que existem na nossa sociedade", explica Alex, como é conhecido pelos alunos e colegas de trabalho. Suas técnicas variam de acordo com o conteúdo das aulas. Segundo ele, música e dança são dois elementos que predominam durante as atividades, mas a adoção da tecnologia também ajuda os pequenos estudantes a se expressarem.
Entre os equipamentos está uma tela que reproduz, ao toque de um botão, mensagens pré-gravadas na voz dele ou de um estudante. O instrumento é usado pelos alunos autistas para que eles possam comunicar o reconhecimento dos símbolos, um processo que, segundo Lopes, acontece nestas crianças de maneira diferente das demais.
Para aprender a construir palavras, os aluninhos usam blocos de madeira que representam cada letra e os unem e separam para formar sílabas, sempre atentos aos sons das palavras para compreender a relação entre as rimas e a formação das palavras com grafia parecida. "Isso serve para tirar a palavra do abstrato e torná-la uma coisa concreta, o que é muito importante para crianças com deficiência", explica.
Alexandre também digitaliza as páginas de livros, ocultando as frases escritas para reescrever a história a partir das imagens de forma coletva e, assim, conseguir tirar das crianças a linguagem construída durante as demais atividades.
A imigração, o atentado e a mudança
O início da vida adulta de Lopes não poderia ser mais distante de seu cotidiano atual, trabalhando sete horas por dia, cinco dias por semana, com um intervalo de 30 minutos para o almoço. No início da década de 1990, o hoje melhor professor da Flórida trocava Petrópolis pela capital fluminense para estudar produção editorial na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Naquela época, ele havia abandonado o sonho de criança de ser professor, já que sempre ouvia relatos de como a carreira exigia muito e pagava pouco.
Ele conta que arrumou um emprego na Pan American Airways para pagar o aluguel no Rio de Janeiro. Depois de formado, o então bacharel se apaixonou e decidiu se mudar para os Estados Unidos em julho de 1995. "Mas eu jamais deixei o Brasil. A vida me trouxe aos Estados Unidos, mas tenho muito orgulho da minha origem e de ser quem sou", diz.
Durante vários anos, Lopes seguiu trabalhando como comissário de bordo para várias companhias aéreas americanas, onde fazia traduções de inglês, português e espanhol nas rotas da América Latina. Mesmo com os benefícios e as muitas viagens que pôde fazer pelo mundo, ele afirma que sentia falta de estudar. "Eu queria algo que fosse um pouco mais recompensador, mas era difícil porque tinha que pagar as minhas contas", lembra.
Após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, sua empresa ofereceu pacotes de benefício a quem aceitasse se afastar do emprego e abrir mão do salário. Lopes, já com mais de 30 anos de idade, aproveitou a chance para buscar uma nova formação. Segundo ele, sua ideia original era se tornar professor de línguas estrangeiras, mas uma conselheira vocacional sugeriu, além do curso de educação, um curso introdutório em educação especial na primeira infância.
"Me apaixonei pela área e minha professora se apaixonou pelo meu trabalho. Ela me recomendou para uma bolsa de mestrado na Universidade de Miami", explica o professor, que foi aprovado no processo seletivo com bolsa integral e, assim que completou seus créditos e estágios obrigatórios, recebeu o convite para iniciar uma turma de educação inclusiva na Carol City Elementary, onde está desde 2005, com um salário mais baixo do que recebia quando era comissário de bordo.
Lopes agora equilibra o trabalho com a pesquisa de doutorado na Universidade Internacional da Flórida, onde também foi selecionado para estudar com bolsa integral, e o Projeto Rise, uma iniciativa americana em nível federal que estimula a formação continuada de professores de escolas com população carente no país.
Eleito entre mais de 180 mil docentes
Durante mais de seis meses, Lopes passou por uma série de longas e trabalhosas etapas para conquistar o título de melhor professor de toda a rede estadual da Flórida. O processo começou com uma votação entre os próprios colegas da escola em que ele trabalha, na região centro-norte do condado de Miami, o quarto maior dos Estados Unidos, com 25 mil docentes. Ele então preparou um material por escrito com dezenas de páginas, no qual explicava sua filosofia educacional, suas motivações e sua metodologia de ensino.
O documento foi avaliado na sua região e ele foi selecionado como um dos cinco finalistas, que receberam visitas em suas salas de aula de uma comissão com 13 examinadores e participaram de entrevistas. Lopes venceu a disputa e, no início do ano, passou a concorrer ao posto de melhor professor do condado. O resultado, também favorável ao professor petropolitano, saiu em fevereiro deste ano, junto com um carro 0 km, prêmios em dinheiro e uma bolsa de estudos, à qual ele abriu mão por já ter uma no doutorado.
A etapa estadual, que tem patrocínio da rede de lojas de departamento Macy's, exigiu novos artigos, visitas à sala de aula e entrevistas, além do envio de um vídeo apresentando o trabalho na escola e um encontro de três dias na cidade de Orlando com os mais de 70 professores dos condados e distritos especiais da Flórida.
Na entrevista final, o brasileiro lembrou aos examinadores que, naquele dia de junho, o planeta Vênus estava transitando em frente ao Sol, um fenômeno que só se repetirá daqui a um século. "Eu disse a eles que, quando isso acontecer, eu não vou estar mais aqui, meus aluninhos não vão estar mais aqui, mas a sociedade ensinada por eles e pelo meu ensino, sim. Depois disse a mim mesmo: 'que resposta mais tola!' Voltei para casa achando que não venceria", afirmou.
Lopes estava errado, e seu nome foi anunciado como melhor professor do estado na última quinta-feira. Assim como as exigências da competição, as recompensas da etapa estadual também são maiores, e incluíram surpresas e um prêmio de US$ 5 mil (mais de R$ 10 mil) aos cinco finalistas, além de US$ 10 mil (mais de US$ 20 mil) ao grande vencedor.
A fama, o dinheiro e as regalias que tem recebido nos últimos meses, porém, são honras menores para ele. "Eu tive uma vida muito feliz, de muitas alegrias. Mas as alegrias que eu encontro com o sucesso dos meus alunos não se comparam com nada que eu já experimentei", afirmou Lopes, que diz ter uma admiração especial pelos pais de alunos com deficiência. "Essas crianças são filhas desses indivíduos, mas elas também são parte da nossa sociedade, é injusto que deixemos esses pais sozinhos com o grande desafio que enfrentam."

Fonte: G1
http://www.todospelaeducacao.org.br/

Opinião: Professor, uma profissão perigo

"Se por um lado a queixa de salários baixos e excessiva carga horária se constitui numa lamúria real, por outro lado há uma predisposição oculta e escusa nas escolas, com exibição de professores inaptos e desinteressados", afirma Marisa Piedras

Sinto-me enfadada, não da vida, nem de mim, gostaria tirar umas férias das minhas palavras nas aulas, dos sonhos inutilizados, dos sorrisos hipócritas e da função dilatada, desgastada, desgarrada da figura do Professor. Sim, sou Professora, diferente de estar Professora! Para mim, o ato de Professorar não é transitório, é como se fosse a minha segunda pele. Então, sofro dolorosamente a cada derrota imposta pelos governos e direções de Escola à nossa profissão. Mesmo que me sinta correndo contra o tempo e o vento, não consigo deixar de me mostrar rebelada em diferentes situações, Escolares ou não. Há nas Escolas uma série de problemas, todavia, o Professor se constitui no responsável pela maioria dos problemas nas Escolas.
Não gosto do coitadismo imposto pela sociedade, em geral, aos Professores. Talvez seja uma generalização inconsequente. Contudo, é assim que as mídias veiculam as notícias sobre a profissão Professor. Não gosto quando ouço em reuniões e seminários que temos que vestir a camiseta de Professor. Por quê? Será que o diploma, anos de estudo (especializações e mestrado), muitas pesquisas e leituras não foram satisfatórios? Permanece um cabo de guerra contínuo entre os Professores, direções e governo. Se por um lado a queixa de salários baixos e excessiva carga horária se constitui numa lamúria real, por outro lado há uma predisposição oculta e escusa nas Escolas, com exibição de Professores inaptos, desinteressados, cansados, enfastiados da rotina Escolar, que mostram frieza em relação aos Alunos, equiparada à de um psicopata.
Sim, não somos anjos, nem temos uma missão suicida de transformar o mundo como esperam de nós. Gosto da minha profissão, eu a escolhi dentre muitas, não me tornei Professora por carência de opção, foi uma escolha mesmo. Mas sinto-me sufocada pela dupla jornada de trabalho. O convívio com os Alunos (nem todos) é ótimo. No entanto, as avaliações, seminários, trabalhos, planos de estudo e projetos... Deus!!! Isso é um cansaço absoluto!!! Um tédio infinito!!! Esta burocracia, ou burrocracia, destrói as possibilidades de sermos livres e felizes profissionalmente. Sinto muita falta de bater asas e voar para os livros sem a obrigatoriedade de discuti-los com os Alunos ou fazer uma resenha para apresentar em seminários. Que falta faz a liberdade dos loucos. Bom, só não tenho a liberdade, pois a loucura está anexada à profissão Professor.

*Marisa Piedras. Professora pública.
Fonte: Zero Hora (RS)

Editorial: Analfabetos na universidade

"A 'popularização' do Ensino Superior, com a abertura indiscriminada de faculdades ávidas por explorar um público de baixa escolaridade, é vista como um dos fatores principais do fenômeno", afirma jornal
 
Sempre se soube que um dos principais entraves ao crescimento do Brasil é o gargalo educacional. Novas pesquisas, porém, revelam que o problema é muito mais grave do que se supunha. A mais recente, elaborada pelo Instituto Paulo Montenegro e pela ONG Ação Educativa, mostrou que 38% dos estudantes do Ensino superior no País simplesmente "não dominam habilidades básicas de leitura e escrita".
O Indicador de Analfabetismo Funcional, que resulta desse trabalho, não mede capacidades complexas. Ele é obtido a partir de perguntas relacionadas ao cotidiano dos estudantes, como o cálculo do desconto em uma compra ou o trajeto de um ônibus. Mesmo assim, 38% dos pesquisados não atingiram o nível considerado "pleno" de Alfabetização, isto é, não conseguem entender o que leem nem fazer associações com as informações que recebem.
Para os autores da pesquisa, resumida pelo Estado (16/7), os resultados indicam que o notável aumento da Escolarização verificado nas últimas décadas ainda não se traduz em desempenho minimamente satisfatório em habilidades básicas, como ler e escrever, e isso num ambiente em que essas etapas do aprendizado já deveriam ter sido plenamente superadas, isto é, nas universidades.
A "popularização" do Ensino superior, com a abertura indiscriminada de faculdades ávidas por explorar um público de baixa Escolaridade - que não consegue ingresso nas universidades de prestígio, mas sabe que o diploma é uma espécie de "passaporte" para melhorar o salário -, é vista como um dos fatores principais do fenômeno. Essas Escolas, concluem os especialistas, se adaptaram confortavelmente a um mercado consolidado, e só reagirão diante da exigência sistemática por melhor qualidade, que deve vir do governo e dos próprios Alunos.
No entanto, o tempo para a reversão desse quadro é curto. O sentido de urgência se dá diante do desafio de colocar o Brasil entre os países mais competitivos do mundo, ante o encolhimento dos mercados por conta da crise. A situação de semiAnalfabetismo nos campi brasileiros - que contraria o discurso populista da presidente Dilma Rousseff segundo o qual seu governo, como o anterior, cuida mais dos jovens do que do PIB - talvez seja o indicador mais importante para medir o tamanho do fosso que nos separa do mundo desenvolvido.
Em primeiro lugar, a indigência intelectual compromete os projetos de aperfeiçoamento profissional, por mais bem-intencionados que sejam. Não se pode esperar que egressos de faculdades sem nenhuma qualificação possam acompanhar as mudanças tecnológicas e científicas cujo desenvolvimento é precisamente o que determina a diferença entre países ricos e pobres. A China, por exemplo, já entendeu que sua passagem de "emergente" para "desenvolvida" não pode prescindir da qualificação de seus trabalhadores, como mostrou José Pastore, em artigo no Estado (16/7).
Os chineses, diz Pastore, têm investido pesadamente no Ensino superior, cujas matrículas foram multiplicadas por seis nos últimos dez anos. Agora, quase 20% dos jovens em idade universitária estão no Ensino superior na China, enquanto no Brasil não passam de 10%. Ademais, a China demonstra há décadas um vivo interesse em enviar estudantes ao exterior, para uma preciosa troca de informações que encurta o caminho do país na direção do domínio técnico essencial a seu desenvolvimento. Só em 2008, diz Pastore, os chineses mandaram 180 mil estudantes para as melhores universidades do mundo, volume que se mantém ano a ano. O Brasil apenas iniciou o Programa Ciência Sem Fronteira, que pretende enviar 110 mil estudantes nos próximos anos.
O impacto do investimento chinês em Educação aparece no cenário segundo o qual quase metade do extraordinário crescimento econômico do país resulta desse esforço de qualificação. Assim, se o Brasil tem alguma pretensão de competir com o gigante chinês, ou mesmo com países emergentes menos pujantes, o primeiro passo talvez seja admitir que é inaceitável entregar diplomas universitários a quem seria reconhecido como Analfabeto em qualquer lugar do mundo civilizado.

Fonte: O Estado de S. Paulo (SP)

Editorial: Alfabetização plena ainda distante

"O trabalho do Inaf precisa ser esmiuçado pelos gestores do sistema educacional. Certamente nele haverá subsídios importantes para melhorar de fato o ensino prestado pela rede escolar de todo o País", afirma jornal
 
 Não obstante ter se verificado uma expansão do número de acessos ao sistema Escolar nos últimos anos, isso não resultou ainda numa melhoria qualitativa em relação à Alfabetização e ao domínio de habilidades necessárias para ser denominado um alfabetizado pleno. De acordo com um levantamento realizado pelo Instituto Paulo Montenegro e pela organização não governamental Ação Educativa, que resultou no Indicador do Alfabetismo Funcional (Inaf), menos de 30% dos brasileiros podem ser considerados como alfabetizados na acepção plena da palavra. A pesquisa aferiu por meio de entrevistas a capacidade de leitura e compreensão de textos, bem como algumas operações de raciocínio lógico. Os percentuais finais indicaram quatro grupos, de acordo com o desempenho em relação às atividades propostas: Analfabetos, alfabetizados em nível rudimentar, alfabetizados em nível básico e plenamente alfabetizados.
O cotejo de números mostra que o índice de 26% de alfabetizados plenos corresponde exatamente ao verificado em 2001, indicando que não houve uma evolução real. Os Analfabetos funcionais representam 27% do total e a faixa intermediária apresenta uma Alfabetização básica. Também se pode constatar que há uma relação direta entre renda das famílias e capacidade de cognição de textos e dados. Na faixa de rendimentos superior a cinco salários mínimos, 52% podem ser tidos como plenamente alfabetizados. Todavia, na faixa de ganhos que vão até um salário mínimo, esse percentual despenca para 8%.
Esse trabalho do Inaf, que teve como público-alvo 2 mil pessoas, de 15 a 64 anos, em todas as regiões brasileiras, precisa ser esmiuçado pelos gestores do sistema educacional. Certamente nele haverá subsídios importantes para melhorar de fato o Ensino prestado pela rede Escolar de todo o país.

Fonte: Correio do Povo (RS)

Editorial: Por que ler pode ser tão difícil?

"Muitas das crianças da Pré-Escola não estão maduras para a complexidade requerida para a leitura, o que pode afetar a sua autoimagem e interesse pelo aprendizado, tornando o acesso à escola um pesadelo", afirma jornal

Todos nós consideramos a leitura como uma habilidade natural e automática porque a realizamos sem esforço algum. Entretanto para muitas crianças e adultos o ato de ler é um verdadeiro pesadelo e esta é a realidade para 10% a 15% da população. A leitura é a habilidade mais difícil e complexa que o ser humano desenvolveu – e, embora nos sejam dados muitos anos para aprender a falar, concedemos apenas um ano ou pouco mais para que as crianças aprendam a ler. Hoje as crianças na Pré-Escola já são capazes de ver uma letra, associar ao som e reconhecê-las em palavras. No entanto, muitas delas não estão maduras para a complexidade requerida para a leitura, o que pode afetar a sua autoimagem e interesse pelo aprendizado, tornando o acesso à Escola um pesadelo.
Excluindo-se os déficits mentais e a cegueira, as principais causas de dificuldades na leitura são a dislexia de desenvolvimento e a síndrome de Irlen. A dislexia vem sendo discutida e já se tem conhecimento da importância do apoio multidisciplinar. Já o reconhecimento da síndrome de Irlen no Brasil se iniciou pelo trabalho realizado na Fundação Hospital de Olhos, junto às crianças em idade Escolar e voltado para a prevenção e saúde visual.
O que intriga os oftalmologistas é que, embora uma parcela das crianças apresente normalidade em exames detalhados refracionais e de estrabismo, não conseguem aprender a ler! São espertas, inteligentes, participativas, mas não se saem bem na leitura. Há queixas de fotofobia, lacrimejamento e cansaço visual, sonolência, perda da concentração, baixo rendimento Escolar e a sensação de que o texto fica mais claro, que as letras parecem tremer ou se juntar, levando o leitor a se desconcentrar. Curiosamente essas dificuldades também aparecem no computador, ao olhar o quadro-negro, praticando esportes e até quando andam de ônibus ou de carro levando-as a ter enjoos e também quase sempre se queixam de ser desastrados, trombando em cadeiras ou deixando cair objetos.
Esse conjunto de sintomas foi descrito ainda em 1983 pela psicóloga educacional e familiar Helen Irlen e acabou sendo internacionalmente conhecido como síndrome de Irlen. Trata-se de uma alteração visuoperceptual, causada por um desequilíbrio da capacidade de adaptação à luz, que produz alterações no córtex visual e déficits na leitura, tendo caráter hereditário e manifestando-se sob maior demanda de atenção visual, como leitura de texto ou trabalho no computador. Por isso, o exame oftalmológico deve ir além dos problemas nos olhos e da acuidade visual.
O reconhecimento da síndrome pode ser feito por profissionais da saúde e da Educação capacitados pelo método Irlen, aplicado em mais de 40 países, e o screening, feito após exame oftalmológico, que identifica a gravidade das distorções perceptuais. Por meio de transparências de cores específicas, eliminam-se essas distorções levando de imediato a uma leitura mais fluente e compreensível. As transparências são um “recurso assistivo”, não invasivo, de baixo custo e alta resolutividade, que potencializam o efeito das intervenções multidisciplinares mesmo na própria dislexia, se houver déficits visuais envolvidos.

Fonte: Estado de Minas (MG)

Educação premiada

Brasil é o 3º com maior aumento de desempenho do ensino no mundo entre 2000 e 2009, diz Harvard
 
Não há dúvida de que a Educação no Brasil espelha o fracasso dos governantes. Essa é a avaliação praticamente consensual. Mas pode ser que alguma coisa tenha mudado para melhor e não nos demos conta – nem o governo Dilma Rousseff, atrapalhado com greves nas universidades federais e com o projeto aprovado na Câmara, que dobra para 10% do PIB em dez anos a aplicação de recursos públicos em Educação.Há controvérsia sobre se a qualidade do Ensino seja baixa devido à falta de dinheiro. Essa é uma discussão universal. E mesmo aqui não há elementos conclusivos. Um estudo divulgado esta semana nos EUA, dissecando o último relatório do National Assessment of Educational Progress (Naep) – ou Avaliação Nacional do Progresso em Educação, que serviu de modelo para o nosso Sistema de Avaliação da Educação básica (Saeb) –, confunde um pouco mais o que se sabe da questão.
Com base em tal estudo, patrocinado pelo Programa de Política de Educação e Governança da Universidade de Harvard, o Brasil ocupa a terceira posição num ranking que lista os países em que a qualidade do Ensino mais avançou entre 1995 e 2009 (de 2000 a 2009, no caso brasileiro). Letônia, Chile e Brasil lideram o ranking, seguidos de Portugal, Hong Kong, Alemanha, Polônia, Liechtenstein, Eslovênia, Colômbia, Lituânia, Inglaterra, Cingapura, Suíça e Grécia.
A pesquisa engloba 49 países. Nos últimos lugares, de baixo para cima, houve retração da qualidade do Ensino, no período, na Suécia, Bulgária, Eslováquia, República Tcheca, Romênia, Noruega, Irlanda e França. Anote-se: o desempenho dos Alunos brasileiros nas matérias consideradas – matemática, ciência e leitura – continua abaixo dos resultados nestes países. Mas enquanto houve queda absoluta do grau de acerto em todos eles, o desempenho da Educação no Brasil avançou mais rápido que em todos os outros, juntamente com Letônia e Chile.
Intitulado Achievement Growth: International and U.S. State Trends in Student Performance, e assinado pelos Professores Eric Hanushek, Paul Peterson e Ludger Woessmann, das Universidades de Stanford, de Harvard e de Munique, da Alemanha, respectivamente, o estudo busca avaliar qual a situação da Educação nos EUA. A situação do Brasil, assim como de outros países, é apresentada marginalmente, só como medida de onde está a Educação nos EUA. Fato é que não saímos mal.
Do NAEP ao Pisa e IEA
A abrangência da metodologia usada pelos autores reforça e amplia as conclusões, já que o ranking é o resultado da consolidação de três outros sistemas internacionais de avaliação do Ensino, além do Naep, administrado pelo Departamento de Educação dos EUA.
Por um sistema de conciliação estatística das diferentes bases de avaliação, eles incluíram também o PISA, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), e duas outras medidas de desempenho do Ensino, ambas da IEA (International Association for the Evaluation of Educational Achievement).
O ranking em que Brasil desponta, assim, é o resultado de quatro métricas conceituadas sobre a capacidade de leitura e conhecimento de matemática de Alunos das 4ª e 8ª séries em nível internacional. Ao todo, o estudo considerou 28 testes, aplicados a cada três ou quatro anos conforme a entidade. Foram incluídos países que tenham participado, ao menos, de dois ciclos de testes e excluídos os que não têm resultados para um mínimo de nove baterias de avaliação.
Ao ritmo de 4% ao ano
É assim que os autores chegaram a apenas 49 países, demonstrando o rigor do trabalho, disponível no endereço www.hks.harvard.edu. Para o período analisado, o desempenho dos Alunos brasileiros nos testes de proficiência em matemática e leitura cresceu a um ritmo anual de 4,05%, só superado pelas taxas de Chile (4,37%) e Letônia (4,70%).
Nos EUA, o crescimento foi de apenas 1,57% ao ano, um progresso em relação aos anos anteriores a 1995, mas insuficiente, segundo os autores, para atender a necessidade da formação nos tempos atuais.
A questão é se tal resultado conversa com a pesquisa conjunta do Instituto Paulo Montenegro e da Ação Educativa, também divulgada estes dias, segundo a qual 38% dos estudantes brasileiros do Ensino superior não dominam habilidades básicas de leitura e escrita.
Dinheiro não garante 10
E Educação de qualidade depende de dinheiro? O resultado não tem “significância estatística ou substantiva”, diz o estudo. Em média, nos EUA, o gasto adicional de US$ 1 mil por Aluno é associado a um ganho anual de um décimo de 1% nos exames. Houve aumentos de gasto em Educação, diz o estudo, nos estados de Maryland e Massachusetts, e os resultados foram expressivos, mas em Nova York e Wyoming, que também aumentaram a despesa, foram desprezíveis. Mas notável é que houve melhora da avaliação do Ensino em estados com o orçamento da Educação constante. A polêmica continua.

Fonte: Estado de MInas (MG)

Brasil conquista cinco medalhas em mundial de matemática na Argentina

Delegação garantiu um ouro, uma prata, três bronzes e uma menção. Competição reuniu 551 estudantes de 100 países; Brasil ficou em 19º lugar

O estudante Rodrigo Sanches Ângelo, de 16 anos, morador de São Paulo, conquistou medalha de ouro na 53ª edição da Olimpíada Internacional de Matemática (IMO). A competição ocorreu entre os dias 4 e 16 de julho em Mar del Plata, na Argentina, e reuniu 551 estudantes de 100 países.
Além do ouro para Rodrigo, o país também conquistou uma medalha de prata, obtida por João Lucas Camelo Sá (CE), estudante que foi aceito pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, onde vai estudar a partir do próximo mês. Os jovens Franco Matheus de Alencar Severo (RJ), Rafael Kazuhiro Miyazaki (SP) e Henrique Fiúza Gasparini Nascimento (DF) ficaram com a medalha de bronze, enquanto Maria Clara Mendes Silva (MG) recebeu uma menção honrosa. A equipe brasileira foi liderada pelos professores, Luciano Castro (RJ) e Carlos Shine (SP). Com este resultado o Brasil classificou em 19º lugar entre os países participantes.
Realizada desde 1959, a olimpíada se destina a estudantes do ensino médio com idades que variam entre os 14 e 19 anos e que não tenham ingressado na universidade. Cada país é representado por uma equipe composta por até seis estudantes e dois professores.
As provas foram realizadas nos dias 10 e 11 de julho. Em cada dia, os competidores resolveram três problemas, com valor de sete pontos cada, aplicados em quatro horas e meia de prova. Rodrigo obteve a medalha de ouro conquistando 28 pontos de um máximo de 42.
Os problemas da prova envolveram disciplinas do ensino médio como álgebra, teoria dos números, análise combinatória e geometria. “Os problemas da olimpíada internacional costumam ser mais criativos, não exigindo a aplicação de conhecimentos de matemática avançada, porém, muitas vezes apresentam um alto grau de dificuldade até para matemáticos profissionais”, diz o coordenador-geral da OBM, Carlos Gustavo Moreira.
Como preparação para enfrentar a prova, os integrantes da equipe brasileira participaram de um treinamento intensivo com aulas específicas e simulados, realizado em São Paulo nas semanas que antecederam a competição.
O Brasil participa do evento desde 1979, conquistando desde então o total de 101 medalhas, sendo 9 de ouro, 27 de prata e 65 de bronze o que o torna o país latino americano com maior número de medalhas na competição. No próximo ano o evento ocorrerá na Colômbia. A equipe brasileira foi selecionada por meio da Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM).

Fonte: G1

Apenas 1 em cada 4 brasileiros domina leitura, escrita e matemática, segundo pesquisa

Resultado do Inaf Brasil 2011 aponta ainda que, no Ensino Superior, apenas 62% das pessoas são classificadas como plenamente alfabetizadas
 
Apenas um em cada quatro brasileiros atingem um nível pleno de habilidades no uso da leitura, escrita e matemática. Esse é o resultado do Inaf Brasil 2011 (Indicador de Analfabetismo Funcional), realizado pelo Instituto Paulo Montenegro e a ONG Ação Educativa.
Segundo o indicador, no ensino superior apenas 62% das pessoas são classificadas como plenamente alfabetizadas.
A pesquisa realizada há dez anos mostra que no período houve uma redução do analfabetismo absoluto e da alfabetização rudimentar e um incremento do nível básico de habilidades de leitura, escrita e matemática.
Os dados de 2001 mostram que 47% dos brasileiros entre 15 e 64 anos apresenta um nível básico de leitura, escrita e matemática. Em 2001, esse nível representava 34% dos entrevistados.
Em 2001, 12% dos pesquisados eram analfabetos funcionais. Em 2011, o índice caiu para 27%. Analfabetos funcionais são aqueles que não consegue realizar tarefas simples que envolvem a leitura de palavras e frases.
A evolução do indicador indica que os grupos que mais avançaram em termos de alfabetismo foram aqueles com renda de até dois salários mínimos (de 58% para 83%), seguidos por aqueles com renda entre dois e cinco salários mínimos (de 44% para 60%).

Indicador
O Inaf avalia habilidades de leitura, escrita e matemática e classifica os respondentes em quatro níveis de alfabetismo: analfabetos, alfabetizados em nível rudimentar, alfabetizados em nível básico e alfabetizados em nível pleno. Os dois primeiros níveis são considerados como analfabetismo funcional.
A pesquisa é feita por meio de entrevistas e teste cognitivo aplicado em uma amostra nacional de 2.000 pessoas. 

Fonte: UOL Educação

No Ensino Superior, 38% dos alunos não sabem ler e escrever plenamente

Pesquisa feita pelo Instituto Paulo Montenegro em parceira com a ONG Ação Educativa avaliou os níveis de alfabetização da população de 15 a 64 anos no País; para especialistas, indicador reflete o rápido crescimento de universidades de baixa qualidade

Entre os estudantes do Ensino superior, 38% não dominam habilidades básicas de leitura e escrita, segundo o Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), divulgado pelo Instituto Paulo Montenegro (IPM) e pela ONG Ação Educativa. O indicador reflete o expressivo crescimento de universidades de baixa qualidade.
Criado em 2001, o Inaf é realizado por meio de entrevista e teste cognitivo aplicado em uma amostra nacional de 2 mil pessoas entre 15 e 64 anos. Elas respondem a 38 perguntas relacionadas ao cotidiano, como, por exemplo, sobre o itinerário de um ônibus ou o cálculo do desconto de um produto.
O indicador classifica os avaliados em quatro níveis diferentes de Alfabetização: plena, básica, rudimentar e Analfabetismo (mais informações nesta pág.). Aqueles que não atingem o nível pleno são considerados Analfabetos funcionais, ou seja, são capazes de ler e escrever, mas não conseguem interpretar e associar informações.
Segundo a diretora executiva do IPM, Ana Lúcia Lima, os dados da pesquisa reforçam a necessidade de investimentos na qualidade do Ensino, pois o aumento da Escolarização não foi suficiente para assegurar aos Alunos o domínio de habilidades básicas de leitura e escrita.
"A primeira preocupação foi com a quantidade, com a inclusão de mais Alunos nas Escolas", diz Ana Lúcia. "Porém, o relatório mostra que já passou da hora de se investir em qualidade."
Segundo dados do IBGE e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), cerca de 30 milhões de estudantes ingressaram nos Ensinos médio e superior entre 2000 e 2009. Para a diretora do IPM, o aumento foi bom, pois possibilitou a difusão da Educação em vários estratos da sociedade. No entanto, a qualidade do Ensino caiu por conta do crescimento acelerado.
"Algumas universidades só pegam a nata e as outras se adaptaram ao público menos qualificado por uma questão de sobrevivência", comenta. "Se houvesse demanda por conteúdos mais sofisticados, elas se adaptariam da mesma forma."
Para a coordenadora-geral da Ação Educativa, Vera Masagão, o indicativo reflete a "popularização" do Ensino superior sem qualidade. "No mundo ideal, qualquer pessoa com uma boa 8.ª série deveria ser capaz de ler e entender um texto ou fazer problemas com porcentagem, mas no Brasil ainda estamos longe disso."
Segundo Vera, o número de Analfabetos só vai diminuir quando houver programas que estimulem a Educação como trampolim para uma maior geração de renda e crescimento profissional. "Existem muitos empregos em que o adulto passa a maior parte da vida sem ler nem escrever, e isso prejudica a procura pela Alfabetização", afirma.
Jovens e adultos. Entre as pessoas de 50 a 64 anos, o índice de Analfabetismo funcional é ainda maior, atingindo 52%. De acordo com o cientista social Bruno Santa Clara Novelli, consultor da organização Alfabetização Solidária (AlfaSol), isso ocorre porque, quando essas pessoas estavam em idade Escolar, a oferta de Ensino era ainda menor.
"Essa faixa etária não esteve na Escola e, depois, a oportunidade e o estímulo para voltar e completar Escolaridade não ocorreram na amplitude necessária", diz o especialista.
Ele observa que a solução para esse grupo, que seria a Educação de Jovens e Adultos (EJA), ainda tem uma oferta baixa no País. Ele cita que, levando em conta os 60 milhões de brasileiros que deixaram de completar o Ensino fundamental de acordo com dados do Censo 2010, a oferta de vagas em EJA não chega a 5% da necessidade nacional.
"A EJA tem papel fundamental. É uma modalidade de Ensino que precisa ser garantida na medida em que os indicadores revelam essa necessidade", diz Novelli. Ele destaca que o investimento deve ser não só na ampliação das vagas, mas no estímulo para que esse público volte a estudar. Segundo ele, atualmente só as pessoas "que querem muito e têm muita força de vontade" acabam retornando para a Escola.
Ele cita como conquista da EJA nos últimos dez anos o fato de ela ter passado a ser reconhecida e financiada pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação básica (Fundeb). "Considerar que a EJA está contemplada no fundo que compõe o orçamento para a Educação é uma grande conquista."

Fonte: O Estado de S. Paulo (SP)

Opinião: Economia e Educação

"O erro estratégico brasileiro está nos baixos investimentos na economia do conhecimento e na cadeia produtiva da Educação translacional: Ensino Fundamental, Médio, Técnico e Superior e novas empresas", afirma Leandro de Lemos

O Brasil tornou-se um grande importador de mão de obra qualificada. Em 2011, importamos US$ 80 bilhões a mais do que exportamos em termos de bens das indústrias de alta tecnologia e média tecnologia. O saldo positivo na balança comercial de US$ 30 bilhões no ano passado encobre o progressivo déficit tecnológico apresentado a cada ano. Revela-se uma questão de fundo: o país não está conseguindo gerar riqueza por meio de novas cadeias produtivas.
As indústrias de alta tecnologia e média tecnologia (aeronáutica e aeroespacial, farmacêutica, tecnologia da informação, equipamentos de rádio, TV e comunicação, instrumentos médicos de ótica, precisão entre outros) resultam de exitosas estratégias de desenvolvimento com base em conhecimento em países como os EUA, a Finlândia, a Suécia, Coreia do Sul e até China e Índia. Países que estão se tornando os principais exportadores para o Brasil de produtos de alto valor agregado. Segundo recente estudo da Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE), cada US$ 300 mil dólares de exportações ajudam a sustentar 12 empregos nos setores de alta tecnologia nos países europeus. Empregos qualificados com salário médio anual de US$ 60 mil e com média de 14,5 anos de estudo. No caso brasileiro, examinando os dados do IBGE, concluímos que cada US$ 300 mil de exportações geram 1,2 de empregos com salário médio anual de US$ 3,5 mil e com 70% desses trabalhadores com 0 a 7 anos de Ensino.
A conclusão é que somos um grande importador líquido de mão de obra qualificada inserida nos produtos importados. São US$ 80 bilhões em 2011 de mão de obra qualificada disfarçada de fármacos, de aviões, de equipamentos, de máquinas e computadores e de outras de produtos para os quais a sociedade apresenta demanda cada vez mais elástica. Em 2010 o déficit foi de US$ 56 bilhões e, em 2012, talvez US$ 100 bilhões.
O erro estratégico brasileiro está nos baixos investimentos na economia do conhecimento e na cadeia produtiva da Educação translacional: Ensino fundamental, médio, técnico e superior e novas empresas. Nessas estratégias, as Escolas e universidades são espaços sociais de desenvolvimento da economia local e regional e da consequente geração de emprego, renda e competividade. Nosso modelo de pesquisa e desenvolvimento (P&D) nacional deveria incentivar a geração de pesquisa básica sim, mas também de novas empresas e novas indústrias. O divórcio entre as empresas e a tecnologia é evidenciado nos baixos índices de investimento privado na pesquisa translacional (a que gera novos produtos). Pior, muitas empresas e associações, mesmo bem intencionadas, criam departamentos e programas de inovação, acompanhando um mero modismo de gestão, incentivando uma criatividade ineficiente e desarticulada com o desenvolvimento econômico da comunidade local. Caminhamos rumo ao paradoxo da falta de mão de obra qualificada e, simultaneamente, da existência de elevado desemprego de jovens universitários recém-formados e do êxodo de cérebros para o exterior. É claro! A alta qualificação está ficando perigosamente disfuncional numa economia que cresce, mas regride na expansão tecnológica e na criação de novas cadeias produtivas locais. O pouco que investimos até hoje em formação de doutores criou um exército de recursos humanos qualificados, mas dissociado das necessidades reais da indústria brasileira real e potencial.
É necessária uma nova política de substituição de importações dos produtos gerados na economia do conhecimento para reverter esta espetacular evasão de divisas. Discutimos ineficientemente quanto do orçamento público investir em Educação e descuidamos ingenuamente das estratégias de desenvolvimento institucional da Educação, da articulação entre Educação e economia, enquanto os países mais dinâmicos fortalecem-se por meio delas na atual dinâmica da economia global.

*Leandro de Lemos. Economista, doutor e professor da PUCRS.
Fonte: Zero Hora (RS)

Educador defende uso de videogame como ferramenta de ensino

Para Gustavo Nogueira de Paula, mestre em linguística aplicada pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), os games propõem mais interação da criança e do adolescente com o conteúdo exposto em aula

Depois da invasão dos computadores, tablets e celulares às salas de aula, agora o debate chegou ao uso dos videogames como material didático. Para Gustavo Nogueira de Paula, mestre em linguística aplicada pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), os games propõem mais interação da criança e do adolescente com o conteúdo exposto em aula. "Ele consegue ver causa e consequência através da ação do jogador. E não apenas tem mais atenção, mas compreende de forma mais participativa", afirma o educador, cuja dissertação defende o uso dos jogos como ferramenta de ensino.
Recente pesquisa realizada na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) revelou que jovens que têm o hábito de jogar videogame se saem melhor em testes de atenção. Além disso, os voluntários que não haviam tido contato com os jogos antes melhoraram de desempenho quando testados após a interação com o dispositivo. Isso pode ser o começo de um caminho para o entendimento de como funciona a cabeça de um usuário desses consoles eletrônicos.
De Paula cita como exemplo de escola que investiu nos games - não só os eletrônicos - para a educação a Quest to Learn, em Nova York. "Não é uma escola diferenciada para alunos especiais, é uma escola regular, mas tem currículo inteiro baseado em jogos", conta. Para o educador, essa é uma tendência que em breve deve chegar no Brasil, onde iniciativas individuais já começam a aparecer gradualmente. São dois os grandes obstáculos, na opinião dele, para que esse tipo de estratégia seja mais efetivamente adotada no País: a falta de investimento e o preconceito. A capacitação de professores, além da compra de equipamentos, é uma das soluções propostas pelo educador.
Marilene Proença, pesquisadora do departamento de psicologia educacional da Universidade de São Paulo (USP), identifica as vantagens de se usar esse tipo de ferramenta para motivar os jovens a desenvolver o raciocínio e a capacidade de resolver problemas, mas atenta à questão do papel social da escola. "Esse jogo tem que ser usado dentro do contexto da construção do conhecimento", adverte. Para ela, não se pode fugir das três funções básicas da escola: transmissão de conhecimento, construção de valores e formação da cidadania.
De Paula garante que há maneiras de garantir que esse artifício seja bem aproveitado em sala de aula. "Se bem fundamentado, se bem orientado, o aluno vai ter noção de que ele tá jogando na escola para aprender. O professor vai fazer o aluno ter um olhar mais crítico sobre o jogo", afirma. Ele compara o possível uso dos videogames no currículo à apropriação de produtos culturais como músicas, cinema e quadrinhos em sala de aula.
Quais jogos usar?
Há diversos jogos desenvolvidos especialmente para a pedagogia, mas De Paula propõe que se usem jogos comerciais, especialmente os news games - baseados em acontecimentos do cotidiano. Para sua dissertação de mestrado sobre o assunto, o professor usou o título 12 de setembro, que relembra os fatos acontecidos no ataque às Torres Gêmeas, em 2001. Segundo ele, uma das grandes vantagens apresentadas pelo jogo foi a provocação de debates sobre o tema em sala de aula, já que os alunos ouvem o noticiário, veem os pais comentando e precisam estar a par dos acontecimentos para provas de vestibular, mas muitas vezes têm dificuldade de entender o contexto em que se inserem.
"Eu acho que, em geral, praticamente todo conteúdo pode ser ensinado em sala de aula com videogame. Para alguns, já existem jogos, mas outros conteúdos curriculares precisariam de novos títulos, como a história do Brasil", explica o professor. Ele acredita que a maioria dos jogos desenvolvidos especialmente para a educação não acompanham a forma de pensar do jovem, o que não os tornaria interessantes para essa geração, acostumada a estímulos multimídia desde muito cedo.

Fonte: Terra

Futuro do País ainda está fora da escola

Para a presidente Dilma Rousseff, a grandeza de uma nação se mede pelas ações voltadas para a população jovem. Porém, programas do governo federal voltados para a faixa etária não decolaram. Somente 12,4% das crianças de até 3 anos têm acesso a creches

Os pequenos Yuri Paixão Pereira, de 2 anos, e Kevyn do Nascimento dos Santos, de 1, nunca estiveram em um ambiente formal de Educação. Eles ainda não conseguiram vaga em uma Creche. As mães, Edicléucia Paixão da Silva, 18, e Kelly do Nascimento Rufino, 26, são colegas e vizinhas na Quadra 5 do Varjão. Para elas, uma instituição para deixar as crianças significaria não apenas o desenvolvimento dos filhos, mas a possibilidade de ter melhores chances de emprego e, portanto, de renda. Edicléucia chega a pagar R$ 100 por mês para deixar Yuri com uma vizinha que cuida de mais de 10 crianças. “Não tem nada lá, é só a casa dela mesmo. O melhor seria deixar em um lugar certo, matriculado, com infraestrutura para ele”, diz a empregada doméstica. Já Kelly, que não está trabalhando para ficar com o filho, reclama da falta de um local para Kevyn brincar: “Ele é totalmente apegado a mim, não brinca com outras crianças. Eu não consigo fazer nada, muito menos trabalhar”.As duas não conseguiram matricular os filhos em Creches porque não tiveram retorno de vaga em mais de um ano de espera. As crianças são retrato de uma infância excluída das políticas públicas e de um país que não corresponde à expectativa de seus governantes. Na última quinta-feira, a presidente Dilma Rousseff afirmou, durante a 9ª Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, que a grandeza de um país não se mede pelo Produto Interno Bruto (PIB), e, sim, pelo que se faz pela população de até 18 anos. “Uma grande nação deve ser medida por aquilo que faz para as suas crianças e para seus adolescentes, não é o Produto Interno Bruto, é a capacidade do país, do governo e da sociedade de proteger o que é o seu presente e o seu futuro, que são as suas crianças e os seus adolescentes”, disse, em meio a anúncios de redução de imposto para aquecer a economia.
A presidente reforçou que os anos iniciais da vida são fundamentais para o desenvolvimento do ser humano: “A raiz da desigualdade está no início da vida. Uma criança que tem acesso a uma Educação de qualidade, de 0 a 3 anos, uma criança que tem estímulos adequados, que tem uma alimentação sadia, será um adulto com mais oportunidades”.
Em maio deste ano, Dilma Rousseff lançou o programa Brasil Carinhoso, anunciando a construção de 6.247 unidades de Educação infantil até 2014. Reportagem publicada pelo Correio em 21 de maio revelou que a promessa, no entanto, é antiga e encontra dificuldades para ser cumprida. Isso porque a meta é exatamente a mesma do Programa Nacional de Reestruturação e Aquisição de Equipamentos para a Rede Escolar Pública de Educação infantil (ProInfância), criado em 2007. No lançamento do novo programa, apenas 347 unidades prometidas anteriormente estavam em funcionamento, apesar de o Ministério da Educação ter repassado recursos para a construção de 4.050 Creches. No Brasil, apenas 12,4% das crianças de até 3 anos estão matriculadas em unidades educacionais.

Deficiência
Apesar das promessas renovadas, a diretora executiva do Todos Pela Educação, Priscila Cruz, concorda com a presidente de que a melhor maneira para avaliar a economia é o que se oferece para proteger a infância e não o PIB. “Existe uma mania de dizer que o tamanho do PIB é o mesmo da economia de um país, não é. Economia inclui potencial de crescimento futuro e outros fatores, como Educação. E, do jeito que ela está hoje, estamos muito ruins”, salienta.
Segundo Priscila, o Brasil de hoje é formado por ilhas de excelência dentro de um mar de mediocridade. “A maioria das crianças não tem acesso a Educação de qualidade. A Alfabetização, que é o início do aprendizado, é deficiente”, frisa. A Prova ABC que avalia a qualidade da Alfabetização e do entendimento em matemática das crianças que concluíram o 3º ano, por exemplo, mostrou que 56,1% dos 6 mil Alunos que fizeram a prova em 2011 não têm noções básicas de leitura e 42,8% aprenderam menos que o esperado em matemática. “Essas crianças já estão tendo o seu direito de Educação no futuro negado. É necessário oferecer Educação infantil de qualidade e Alfabetização até os 8 anos”, alerta.

Mais de 34 mil denúncias de abuso sexual
No quesito violência, os dados demonstram que ainda há muito o que avançar nas políticas públicas. Levantamento do Disque Direitos Humanos, Disque 100, de janeiro a abril de 2012, mostra que o módulo Criança e Adolescente recebeu 34.142 denúncias de exploração sexual infantil — 71% de aumento em relação ao mesmo período do ano anterior. A coordenadora de programas da Childhood Brasil, Anna Flora Werneck, lembra que a questão do abuso e da exploração sexual ainda é muito velada, coberta por um manto de violência. “Existem dois aspectos mais latentes nessa questão. De um lado as famílias têm vergonha de expor esse tipo de problema. E, de outro, existe a forte exploração sexual, que ocorre quando o sexo é fruto de troca, desde financeira, a drogas e bens de consumo, o que também acaba levando os jovens para o tráfico.”
A proteção à criança e ao adolescente, ressalta Anna Flora, é o maior bem em que um país pode investir. “Somos feitos de história e a nossa pátria é a nossa infância. Se a gente não consegue garantir uma infância saudável com acesso a serviços, comprometemos o futuro dessas crianças e das próximas gerações. Precisamos de um orçamento melhor para programas da infância, de um olhar atento para as políticas públicas.” Anna Flora, porém, ressalta que a ideia da presidente de tirar as crianças da miséria surte efeito positivo na questão da exploração.

Rede Cegonha
Na área da saúde, a principal aposta do governo para acolher as crianças foi o programa Rede Cegonha, articulado pelo Ministério da Saúde. Com o objetivo de diminuir os índices de mortalidade materna e infantil, o programa promete reduzir as complicações na gravidez ao incentivar mães a fazerem o pré-natal. Os índices, entretanto, continuam abaixo do esperado. O único dos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), estabelecidos pela Organização das Nações Unidas, que o país não deve atingir até 2015 é o de mortalidade materna, que está atualmente em 63 falecimentos para cada 100 mil nascidos vivos. O compromisso é de 35 mortes na mesma proporção.
A meta de mortalidade infantil já foi cumprida, mas ainda está abaixo da registrada em países vizinhos. Segundo dados divulgados pela pasta em abril deste ano com base no Censo 2010, o índice é de 15,6 para cada mil nascidos vivos. No Chile, por exemplo, a razão da mortalidade infantil é de oito para cada mil nascidos vivos. (GC)

Metas do Milênio
Em 2002, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) lançou oito propostas como um plano de ação para reverter os principais problemas da humanidade. Todos os 191 estados-membros da Organização das Nações Unidas (ONU) assumiram o compromisso de atingir as metas até 2015. Os objetivos são: erradicação da pobreza e da fome, Educação básica de qualidade para todos, promoção da igualdade entre os sexos, redução da mortalidade infantil, melhoria da saúde das gestantes, combate à Aids e outras doenças, qualidade de vida e respeito ao meio ambiente e estabelecimento de uma parceria mundial para o desenvolvimento.

Fonte: Correio Braziliense (DF)