quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Olimpíada de matemática é primeiro passo para a inovação, diz Dilma

Presidente comparece à cerimônia de premiação da 7ª Obmep
 
O Brasil tem dado os passos necessários para o desenvolvimento tecnológico. E a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep) é passo importante rumo à inovação. A afirmação é da presidenta Dilma Roussef, que posou para fotos, parabenizou e deu palavras de incentivo aos 500 estudantes de todo o Brasil premiados com medalha de ouro na competição.
A cerimônia de premiação da 7º Obmep ocorreu hoje (27) no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
“Eu sei que este país vai dar os passos necessários e vai conseguir ser um país que nós sabemos que ele pode ser se esses talentos que nós vemos surgir a partir dessa olimpíada de matemática tiverem a possibilidade de ser devidamente canalizados para o bem dessas pessoas, na medida em que elas têm oportunidades, e também para o Brasil, na medida em que essas oportunidades vão se transformar em mais crescimento, em maior riqueza, em mais rumo na vida de nosso país”, discursou a presidenta.
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, lembrou que o Brasil tem atualmente 13 olimpíadas de escolas públicas e anunciou a intenção de fazer, em 2016, a primeira Olimpíada do Conhecimento da Juventude, integrando as disciplinas.
O coordenador da Obmep, Claudio Landim, explica que um dos objetivos da competição é detectar alunos talentosos e destacou a trajetória de alguns participantes, como Tábata Ponte, de São Paulo, que, graças à bolsa de iniciação científica oferecida aos premiados, conseguiu estudar em uma escola particular, foi aprovada para o curso de física da Universidade de São Paulo no ano passado e, este ano, em cinco universidades dos Estados Unidos. “Que destino teriam esses alunos brilhantes se não fosse a Obmep e a iniciação científica?”, questiona Landim.
O presidente do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa), César Camacho, afirmou que a Obmep é um exemplo de economicidade atestado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), quanto à aplicação de recursos públicos e retorno social oferecido.
”Quanto custa a Obmep? Ela é uma atividade de dois anos, no primeiro ocorrem as duas provas, a primeira para quase 20 milhões de estudantes e a segunda para um milhão. No segundo ano ocorre o programa de iniciação científica. O custo total é de menos de R$1,80 por aluno participante, menos do que uma passagem de ônibus”.
Camacho anunciou que o programa de iniciação científica vai ser ampliado progressivamente. Atualmente, 3 mil alunos são contemplados com a bolsa de estudo de R$100. Para este ano, serão 4,5 mil estudantes, chegando a 10 mil em 2016.
Em sua sétima edição, a Obmep tem como objetivo estimular o estudo de matemática no país. Podem participar estudante do 6º ao 9º ano do ensino fundamental e dos três anos do ensino médio. Além das medalhas de ouro, prata e bronze para os alunos, de acordo com a colocação, as escolas e professores mais atuantes recebem computadores e outros equipamentos. A premiação foi referente à competição de 2011, que contou com a participação de 18 milhões de estudantes, de 44 mil escolas.
A classificação na Obmep também é usada como critério para programas como o Ciência sem Fronteiras e para mestrado e iniciação científica.

Fonte: Agência Brasil
http://www.todospelaeducacao.org.br

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Opinião: A solução, o nó e a crise

"Devemos aprender com os resultados do Ideb, buscando entender melhor o que as médias escondem ou nos trazem de aprendizagem para garantir a oferta de uma Educação de qualidade para todos", afirma Priscila Cruz, diretora-executiva do Todos Pela Educação

Foram divulgados na semana passada os resultados de 2011 do Índice de Desenvolvimento da Educação básica (Ideb). Trata-se de uma das referências mais importantes para o acompanhamento dos avanços e retrocessos da área no País, combinando resultados de desempenho com fluxo Escolar. Ainda que não seja um indicador perfeito, a partir de seus dados é possível avaliar as consequências das políticas e agir para que se ponham em prática os aperfeiçoamentos e as correções necessários.
Como o índice é calculado a cada dois anos desde 2005, já temos uma boa série histórica, com informações para o quinto ano do Ensino fundamental (avaliando, portanto, os anos iniciais dessa etapa), o nono ano dessa mesma fase de Ensino (anos finais) e o terceiro ano do Ensino médio (a última etapa da Educação básica). Analisando essas etapas no período, temos, respectivamente, a solução, o nó invisível e a crise.
O Fundamental I (do primeiro ao quinto ano) tem apresentado resultados animadores, os quais apontam um acúmulo de experiências bem-sucedidas que indicam o contínuo avanço dessa etapa. Desde 2005 cresceu 0,4 ponto por edição, saindo de 3,8 para 5 em 2011.
Os Estados do Ceará e do Piauí merecem destaque, com os maiores aumentos, respectivamente, de 3,2 para 4,9 e de 2,8 para 4,4. E também Minas Gerais, por apresentar o maior resultado do País em 2011, com um Ideb de 5,9 - lembrando que a meta do Brasil é chegar a 6 em 2021. O que esses Estados têm em comum? Prioridade para a Educação, persistência nas políticas que se mostraram bem-sucedidas, foco na Alfabetização e pactuação entre Estado e municípios.
Começamos, porém, a perder o fôlego na etapa seguinte, o Fundamental II (do sexto ao novo ano), na qual está o nó invisível da Educação básica. O avanço de 2005 para 2011 foi de uma média de 0,2 ponto por edição, saindo de 3,5 para 4,1.
Essa etapa tem seus problemas de identidade e muito menos atenção do que seus vizinhos mais ilustres. Ela não é nem preponderantemente estadual nem municipal: 56% pertencem às redes estaduais e 44%, às municipais; ou seja, está no meio do caminho na distribuição de responsabilidades entre os entes federados. Também é a mais ignorada pelas políticas públicas, pelo investimento social privado e nos debates da Educação.
Os Alunos não são mais crianças, mas também não são ainda os jovens do Ensino médio. Se estiverem na idade certa, encontram-se no início da adolescência, entre 11 e 14 anos, passando por um período de muitas incertezas e inseguranças. Nessa fase eles têm muito mais Professores do que na etapa anterior, em outro tipo de estrutura curricular, muito mais fragmentada. O resultado é menor aprendizagem e aumento da repetência e da evasão.
Como a Educação é um processo cumulativo, as lacunas de aprendizagem e o fluxo Escolar ruim vão-se intensificando ano a ano, caso não haja políticas em resposta. E é nesse contexto que uma parte dos Alunos ingressa no Ensino médio. Nessa etapa a evolução foi de apenas 0,1 ponto por edição, a menor de todas, saindo de 3,4 em 2005 para 3,7 em 2011. Mas com um agravante: das 27 unidades da Federação, três - Alagoas, Espírito Santo e Sergipe - tiveram resultados em 2011 piores que os apresentados seis anos antes, em 2005.
Analisando apenas os dados das redes estaduais, uma vez que são elas as responsáveis por 97% das matrículas na rede pública para essa etapa, temos desde o Estado do Amazonas, que avançou 1,2 ponto no período, até Alagoas, cujo Ideb da rede caiu, além de também ter o menor resultado entre todos os Estados. E, talvez não por acaso, é o Estado onde a rede particular mais cresceu entre os demais, 0,5 no período.
No Ensino médio, aumentou a desigualdade entre os Estados. Em 2005 a diferença entre o maior e o menor resultado era de 1 ponto no Ideb e em 2011 foi para 1,5. É uma etapa claramente em crise.
Além das desigualdades entre os Estados, outro ponto preocupante, novamente mais ainda no médio, é a desigualdade entre as redes pública e particular. Em 2011, no Fundamental I a diferença entre elas foi de 1,8 ponto no Ideb; no Fundamental II, cresceu para 2,1; e, finalmente, no médio, foi para 2,3. Ou seja, ao longo da trajetória Escolar, os Alunos estão se distanciando cada vez mais, quando a equidade entre as redes é imprescindível para garantir oportunidades para todos.
E como sair desse círculo vicioso da última etapa de nossa Educação básica? Muitos são os possíveis caminhos, mas algumas políticas são urgentes, como repensar a estrutura curricular, reduzir para quase zero a oferta de Ensino médio noturno e resolver a escassez de Professores, principalmente na área de exatas. Os Estados que mais avançaram também indicam caminhos, como o aumento de Escolas em tempo integral, a definição clara e transparente da aprendizagem esperada para cada ano, avaliações realmente utilizadas na gestão da rede, das Escolas e da sala de aula, reforço e recuperação dos Alunos ao longo do ano, utilização relevante das tecnologias da informação e modernização dos processos de gestão.
Fica aqui um alerta para todos nós, da sociedade, para o Ministério da Educação, para as Secretarias de Educação dos Estados e para os deputados federais que compõem a Comissão Especial do Ensino médio, que iniciou seus trabalhos este ano na Câmara. Não podemos ignorar os diagnósticos já amplamente conhecidos. Estes resultados, desde o Ensino fundamental até o médio, apontam para movimentações importantes que têm ocorrido ou devem acorrer na Educação básica.
Portanto, devemos aprender com os resultados do Ideb, buscando entender melhor o que as médias escondem ou nos trazem de aprendizagem para garantir a oferta de uma Educação de qualidade para todos, em todo o Brasil.

Fonte: O Estado de S. Paulo (SP)

Sobram pedagogos e faltam gestores, diz especialista

Em entrevista a VEJA, o educador João Batista Araujo e Oliveira diz que o Brasil necessita de redes de ensino fundamental eficientes, não de ilhas de excelência, e anuncia um prêmio para os prefeitos que avançarem nesse objetivo

Há décadas governos estaduais, municipais e federal se vangloriam de suas escolas-modelo, unidades que recebem toda a atenção da administração de plantão e que, por isso, se destacam dos demais colégios públicos pela excelência. Os governantes deveriam, na verdade, se envergonhar da situação, afirma o educador João Batista Araujo e Oliveira, presidente do Instituto Alfa e Beto, ONG dedicada à educação. O argumento do especialista é simples: “As escolas-modelo são exceções. A regra, como sabemos, são as demais escolas do Brasil”. Para incentivar governos a corrigir a distorção, Oliveira criou, em parceria com a Gávea Investimentos e a Fundação Lemann, o Prêmio Prefeito Nota 10, que vai dar 200.000 reais a administradores municipais cuja rede de ensino fundamental obtiver a melhor avaliação na Prova Brasil, exame federal que mede a qualidade do ensino público no ciclo básico. Escola-modelo, portanto, não conta. “Não adianta o prefeito falar que tem duas escolas excepcionais, se as demais não acompanham esse nível. Queremos premiar o conjunto.” Confira a seguir a entrevista que ele concedeu a VEJA.
O MEC divulgou nesta semana os resultados da Prova Brasil, que mostra o nível de aprendizado das crianças no ciclo fundamental das escolas públicas. Como o senhor avalia os resultados?
Eles foram divulgados com grande fanfarra, mas não há nenhuma justificativa para isso. Se você analisa a questão no tempo, percebe que existe estagnação. Há um ponto fora da curva, os resultados divulgados em 2010. Mas eles não foram corroborados neste novo exame, e já esperávamos isso. Estamos onde estávamos em 1995. Há uma melhora bem pequena nos anos iniciais da escola, e pouquíssima variação nas séries finais e no ensino médio. Os gastos em educação aumentaram -- e muito -- e foram criados muitos programas, mas isso não tem consistência suficiente para melhorar a qualidade do ensino. Então, temos duas hipóteses para a estagnação: ou os programas criados são bons mas não foram bem executados, ou são desnecessários e não trouxeram benefício algum.
Especialistas, entre os quais o senhor, pregam que uma reforma educacional eficaz se faz com receitas consagradas -- ou seja, sem invencionices. Quais são os ingredientes para o avanço?
O primeiro é uma política para atrair pessoas de bom nível ao magistério. Desde a década de 60 há um rebaixamento do nível do pessoal, e a qualidade do ensino depende essencialmente do professor. O segundo ingrediente é a gestão do sistema. Uma boa gestão produz equidade: todas as escolas de uma mesma rede funcionam segundo o mesmo padrão. Hoje, unidades de uma mesma rede, estadual ou municipal, apresentam desempenhos díspares. O terceiro é a existência de um programa de ensino estruturado, que falta ao Brasil. As escolas têm um punhado de papéis reunidos sob o nome de “proposta político-pedagógica”, seja lá o que isso queira dizer: começa com uma frase do Paulo Freire e termina citando Rubem Alves. Os governos de todos os níveis abriram mão de manter uma proposta de ensino, detalhando o que os alunos devem aprender em cada série. O quarto ingrediente é um sistema de avaliação que possa medir a evolução do aprendizado. Para isso, porém, é preciso ter um programa de ensino: afinal, se você não sabe o que ensinar, como vai saber o que avaliar? De posse de bons profissionais, gestão, programa de ensino e métodos de avaliação, acrescenta-se o último ingrediente, um sistema de premiação e punição. Algumas redes começam a pensar em um sistema de premiação, mas não adianta só dar incentivo. É preciso premiar quem faz direito e punir quem não faz. Hoje, o único punido no sistema de ensino brasileiro é o aluno reprovado. Isso é covardia. Nada acontece com professor, diretor, secretário de Educação, prefeito ou governador quando eles falham.
Em meio a tantos desacertos, há municípios fazendo a lição de casa em matéria de educação?
Sim, mas os exemplos são poucos. Sobral, no Ceará, é um deles, além de algumas dezenas de cidades em São Paulo e em Minas Gerais. Elas seguem a receita de estruturar o ensino, de cuidar de questões que realmente fazem a diferença. Mas ainda estamos falando das primeiras séries do ensino fundamental. Ou seja, estamos aprendendo a fazer escola primária.
O senhor organiza um prêmio que será entregue a administrações municipais que mostrarem o melhor desempenho em educação. Como ele vai funcionar?
A ideia é premiar o prefeito das cidades que apresentarem uma rede de qualidade, ou seja, um conjunto em que todas as escolas atinjam um patamar satisfatório de ensino. Não adianta o prefeito falar que tem duas escolas-modelo, excepcionais, se as demais não acompanham esse nível. Queremos premiar o conjunto.
Qual o problema das escolas-modelo?
O problema é que elas não são modelo de nada. Em sua excelência, elas são exceções. O prêmio parte da premissa de que uma andorinha sozinha não faz verão. Por meio da Prova Brasil, constatamos que existem algumas escolas boas espalhadas pelo país, mas, sozinhas, elas não vão mudar o jogo.
Precisamos de uma rede que funcione. Quando analisamos avaliações de outras nações, percebemos que escolas de uma mesma rede têm um desempenho muito similar. Isso é democracia, isso é cidadania: você pode matricular seu filho em qualquer escola, pois todas oferecem o mesmo nível de ensino.
Por que é tão difícil levar a qualidade das escolas-modelo para toda a rede de ensino?
Porque no Brasil o que importa é acessório. O legal é colocar xadrez na escola, é ensinar teatro. O brasileiro vai à Finlândia e acha que o sucesso da educação daquele país se deve ao fato de que as paredes das escolas são pintadas de rosa. Na volta ao Brasil, ele quer pintar todas as escolas daquela cor. Depois, ele vai à França, onde vê um livro que julga importante e decide introduzi-lo nas escolas daqui... Em vez de olharmos o que os sistemas de ensino daqueles países têm em comum, olhamos exatamente para o que há de diferente neles, como se isso fosse a bala de prata da educação. Por isso gestão é tão importante: é preciso focar o DNA da escola e deixar de lado o que é periférico. O problema é que as escolas e as secretarias de Educação estão povoadas de pedagogos, e não de gestores. Não conheço uma Secretaria de Educação no Brasil que tenha um especialista em demografia, que saiba quantas crianças vão nascer nos próximos anos e, portanto, quantas escolas precisam ser abertas ou fechadas.
Há alguns meses, o MEC anunciou a aquisição de milhares de tablets para professores. O senhor vê isso com bons olhos?
É mais confete. O bom professor vai se beneficiar; o mau, não. E nem o benefício ao bom professor justifica o custo. Quando a tecnologia está atrelada ao professor, ele, o ser humano, vai ser sempre o fator limitante. Nenhum país conseguiu melhorar a educação a partir do uso da tecnologia. Não estou dizendo que a tecnologia seja ruim. Ela tem potencial, desde que seja usada no contexto apropriado. Não adianta colocar ingredientes certos na receita errada.
Alguns países que tinham índices educacionais semelhantes aos do Brasil hoje ostentam números aceitáveis ou mesmo invejáveis. É o caso de Coreia do Sul, China e Chile. O que essas nações podem ensinar ao Brasil?
Elas podem servir de modelo, mas é preciso entender o processo de cada uma delas. Os três países citados aprimoraram seu sistema de ensino em regimes militares, o que não é a realidade do Brasil, felizmente. Mas a estratégia central dessas nações foi adotar medidas de forma gradual. Essa é uma lição que o Brasil tem dificuldades para aprender. Queremos fazer tudo de uma só vez, e acabamos não fazendo nada direito. A Coreia do Sul, por exemplo, realizou sua reforma entre os anos 1950 e 1980. Primeiro, reestruturou o ensino primário, depois, o ginásio, e assim por diante. A outra estratégia acertada dessas nações foi construir as condições necessárias ao sucesso do ensino. Dou novamente um exemplo dos sul-coreanos: eles introduziram um programa de ensino rigoroso, tocado por professores bem formados. Temos também exemplos de democracias que fizeram reformas educacionais bem-sucedidas, como Finlândia e Irlanda. A Finlândia tinha índices muito inferiores aos dos demais países escandinavos. Há cerca de trinta anos, eles elaboraram um plano de ensino extremamente rigoroso, que incluía formação lapidar de professores.
A sensação generalizada é que o ensino público nacional é um desastre. É uma visão errada?
É uma visão correta. Sobretudo para as crianças pobres, que teriam na escola a única chance de ascensão social. A escola é um desastre quando analisada pela ótica das avaliações internacionais, e um desastre também do ponto de vista pessoal, individual. A única chance que um cidadão tem de melhorar de vida no Brasil é por meio da educação de qualidade. E ela não tem qualidade para a maioria das pes- soas. O número de jovens que chegam ao ensino médio é baixíssimo, e entre estes a evasão é uma calamidade. E o governo é incapaz de entender que há um modelo errado ali, que penaliza jovens justamente quando eles atravessam uma fase de afirmação.
O Enem foi criado como ferramenta de avaliação e aprimoramento do ensino médio. Porém, vem sofrendo mudanças para atender a outro fim: a seleção de estudantes para universidades públicas. Qual a avaliação do senhor a respeito?
Ninguém consegue servir a dois senhores. O Enem nasceu com um formato, mas transformou-se em outra coisa. Ele nasceu para ser uma prova de avaliação das competências dos jovens, mas não deu certo. Em seguida, tentou-se vender a ideia de que é uma prova seletiva, um vestibular barato. E ficamos com esse troço que ninguém sabe o que é. O Enem não tem a menor importância. A ideia de ter uma forma simplificada de ingresso à universidade é bem-vinda, mas isso não serve para todos os estudantes do ensino médio.
O que poderia ser feito para corrigir o ensino médio?
O Brasil tem a necessidade de atender a demandas da sociedade e da economia. Mas insistimos em fazer um ensino acadêmico, reprovando alunos e negando qualquer futuro a essas pessoas. O grosso do currículo escolar tem de ser voltado para a massa, para pessoas que vão enfrentar o mercado de trabalho. Uma formação técnica, profissional, para aquele sujeito que vai trabalhar no shopping, no telemarketing. Não há demérito algum nisso: essa é a base das economias de serviço. Nos Estados Unidos, a maior economia do mundo, 50% das pessoas que estão no mercado de trabalho têm apenas o ensino médio. É um nível de qualificação que permite a eficiência da economia. Aqui, quem possui somente o ensino médio é considerado um fracassado.
Tramita no Congresso o Plano Nacional de Educação, que prevê aumentar o porcentual do PIB destinado à área de 5% para 10%. A falta de dinheiro é a razão de crianças não saberem ler ou operar conceitos fundamentais de matemática?
O país deve investir em educação, mas colocar dinheiro na equação atual é jogá-lo fora. O problema mais importante é a gestão. Não adianta pôr mais dinheiro no sistema atual porque ele vai ser malgasto. É como pagar dois professores que não sabem ensinar: melhor é pagar somente um bom mestre. Temos problemas estruturais muito graves: se eles não forem resolvidos, não haverá financiamento que baste. Desde 1995, o salário do professor quintuplicou no Brasil, mas não houve avanço no desempenho do ensino. Então, aumentar uma variável só não vai mexer no resultado. A equação é mais complexa. Além disso, 10% é uma cifra descabida do ponto de vista da macroeconomia.
O país estabeleceu metas para o ensino básico até 2021. Como estará o Brasil, do ponto de vista da educação, às vésperas do bicentenário da Independência?
Estaremos no mesmo patamar. Não há nenhuma razão para pensar que será diferente. Não se muda a educação estabelecendo metas, mas a partir de instituições. Não há milagre. Uma vez que não existe investimento nas políticas corretas, não há por que achar que teremos uma situação melhor no futuro.

Fonte: Veja

Prepare-se para o Enem

Exame Nacional do Ensino Médio está a cada dia mais perto, forçando estudantes a intensificar rotina de estudos

A menos de três meses para o início da maratona de provas do Exame Nacional do Ensino médio (Enem), o friozinho na barriga já começa a mostrar nos concluintes do Ensino médio os primeiros sinais de ansiedade. O dia já não é tão longo, as matérias parecem se multiplicar e o tempo não espera por ninguém. Para ganhar fôlego, o estudante começa a viver um verdadeiro corre-corre, se debruça nos exercícios, ler e reler livros e, às vezes, emenda o dia com a noite. Afinal, o Enem deste ano aumenta as possibilidades de ingresso no Ensino superior para o Aluno potiguar porque, além de ser a porta de entrada para várias instituições públicas e particulares, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) está destinando 50% das vagas para o exame.
Apesar da correria, saber dosar toda a ansiedade com estratégias de estudo, uma boa alimentação, equilíbrio psicológico e tempo para o lazer e diversão é a fórmula para o sucesso dessa que é uma das mais importantes empreitadas na vida do estudante. Pensando assim, O Poti/Diário de Natal ouviu Educadores de Escolas bem situadas no último Enem e psicólogos que deram dicas importantes para ajudar em um bom aproveitamento nas provas. Também montamos um infográfico onde apresentamos a Operação Enem com todas as informações necessárias de como estudar nessa reta final de preparação, atividades físicas, horários de estudo, de revisão, descanso e alimentação, além de apostas dos temas mais cobrados na redação.
Para a psicóloga Escolar do Complexo de Ensino Noilde Ramalho (ED/HC), Thaís Sousa de Azevedo, a angústia pré-exame é comum, mas não deve abalar o fera nesta reta final. "Na verdade, a ansiedade acaba chegando mais cedo, mas ainda dá tempo de relembrar tudo o que foi estudado". As provas do Enem acontecem nos dias 3 e 4 de outubro, em todo o país. O momento, agora, é de revisar temas dados como certos pelos Professores e dar sempre um paradinha para descanso e lazer, dependendo dos limites de cada um. 
Este ano, ThaísAzevedo disse está acontecendo um fato novo: a ansiedade não é um privilégio apenas dos Alunos do pré-vestibular, mas os do 2º ano já começam a vislumbrar o Enem seguinte diante da possibilidade da seleção do próximo ano vir a ser 100% pelo Enem. "Com isso melhora o amadurecimento das turmas do 2º ano que estão levando mais a sério o sistema de avaliação e sem receio do novo. Por outro lado, os próprios colégios estão procurando adequar o sistema de avaliação ao modelo do Enem como forma de já ir preparando o Aluno das séries iniciais do Ensino médio", diz ela. 
Uma preocupação da psicóloga é com relação ao comportamento do Aluno diante da prova de redação que normalmente provoca nervosismo e insegurança. Por isso, ela recomenda que, muito mais do que focar no tema, o Aluno procure conhecer as competências que serão cobradas na redação e estão publicadas no site do Enem e no próprio edital do exame.

Fonte: Diário de Natal (RN)

Opinião: Leituras do Ideb

"Não há dúvida de que ter acesso a informações pode contribuir para a compreensão do que ocorre com nossa Educação, mas é fundamental esclarecer algumas limitações advindas tanto dos dados quanto das suas interpretações", afirma Juca Gil

Todas as vezes que surgem novos dados relativos a processos de medição da qualidade do Ensino, ocorre o mesmo frenesi, numa mistura de espantos, busca de culpados e casos exemplares a serem imitados.
Não há dúvida de que ter acesso a informações pode contribuir para a compreensão do que ocorre com nossa Educação, mas é fundamental esclarecer algumas limitações advindas tanto dos dados quanto das suas interpretações.
Instrumentos como Ideb, Enem, Prova Brasil, Pisa e outros são tratados frequentemente como se fossem oráculos através dos quais enxergaríamos “a” realidade. Eles se postam num pedestal (ou são postados?), pretensamente neutro, em que a verdade seria retratada. Essas ferramentas de viés avaliativo são parciais e buscam demonstrar recortes ancorados em determinados valores e concepções do que seja “qualidade”.
O Ideb é a bola da vez, e convido-o a algumas reflexões. O que você diria da qualidade do Ensino de uma Escola que não consegue ensinar biologia, história e inglês aos seus Alunos? E ela também é péssima em física e Educação artística... Segundo a medição do Ideb, tudo isso seria indiferente, e a nota da Escola até poderia ser alta, pois somente são aferidas informações relativas a português e matemática. Em contraste, o que você pensaria de uma Escola com resultados excelentes no Ensino de química, geografia e Educação física? Nesta Escola haveria também ótimos trabalhos em relação à sexualidade, às drogas, e o bullying seria coisa do passado. Você diria que ela é inadequada só porque não está entre os melhores Idebs do Estado? Há “qualidades” ignoradas pelo Ideb.
Outra opção sedimentada de leitura tende a focar o olhar predominantemente sobre as mazelas das Escolas públicas, quando os dados indicam também visões alternativas. Por exemplo, as melhores Escolas do Brasil são públicas! Sim, a começar pelas federais. Mas não só estas: entre as 10 melhores Escolas gaúchas no Ideb dos anos iniciais do Ensino fundamental figuram apenas instituições estaduais e municipais. A nota média das Escolas privadas gaúchas (6,7) está abaixo da pontuação das 10 melhores Escolas públicas do Estado (entre 7,3 e 8,2). E, se a nota média privada é 6,7, pode-se afirmar que boa parte delas tem notas abaixo desse patamar, com 6 ou 5 pontos. Para quem acredita na lógica concorrencial, o que dizer do fato de as Escolas privadas gaúchas terem desempenho pior do que suas congêneres catarinenses e paranaenses, em todas as séries avaliadas, tanto em português quanto em matemática? Há indícios de que pagar mensalidades Escolares não garante aos gaúchos uma boa posição em tempos de vestibulares nacionais.
Três leituras: 1) o Ideb não tem nada de neutro e expressa uma visão limitada de qualidade; 2) a ladainha de que o poder público é ineficiente não é uma verdade inabalável; 3) as Escolas privadas não são a maravilha que alguns creem.

Fonte: Zero Hora (RS)
*Juca Gil. Professor da Faculdade de Educação da UFRGS.

País tem 30% de escolas em alerta

Classificação feita com base no ideb, divulgado na terça-feira, analisa desempenho de cada escola e aponta distorções em ranking

 A rede pública de são paulo teve em 2011 a 3.ª melhor nota do país no índice de desenvolvimento da educação básica (ideb) no ciclo 2 do ensino fundamental, de 5ª à 8ª série, mas 30% de suas escolas estão estacionadas, em estado de alerta: não avançaram na nota, não bateram suas metas e não chegaram ao ideb 6 - a meta do país para 2021.
O porcentual paulista é igual ao do brasil. No país, 30% das escolas dessa fase também estão em alerta. Nas unidades de 1.ª à 4.ª série, o quadro é um pouco melhor: são 20% nessa situação.
A classificação em níveis qualitativos, recém-criada pela meritt informação educacional, oferece uma leitura mais adequada da qualidade das escolas brasileiras.
"precisamos comparar escolas com elas mesmas. Ter duas escolas com a mesma nota, por exemplo, não significa que estão na mesma situação", explica o diretor da meritt alexandre oliveira.
Por isso, o método cruza três critérios da evolução das escolas para entender melhor os dados do ideb: crescimento no índice, cumprimento das metas para o ano e o ideb 6. A combinação desses critérios coloca as escolas em determinado nível qualitativo.
A divisão funciona assim: caso a escola não tenha cumprido nenhum dos critérios, a situação é de alerta. Se pelo menos dois dos critérios foram cumpridos, a situação é de atenção.
Ter evoluído com a nota e ficado acima da meta, mesmo que abaixo de 6, é positivo e recebe a classificação manter.
Na classificação excelente estão as escolas que cumpriram todos os critérios (mais informações nesta página).
A distribuição das escolas entre os níveis mostra grandes desafios, principalmente na fase 2 do ensino fundamental. Nas escolas de 5ª à 8ª série, além de 30% em alerta, 7.584 estão em atenção. Ou seja, só evoluíram em um ou dois critérios. Dessas escolas, metade só cumpriu a meta para aquele ano - sem evoluir.
No ciclo 1 do fundamental, de 1ª à 4ª série, há 27% das escolas no nível de atenção - além dos 20% em alerta. A boa notícia é que 43% das escolas (15.322 unidades) conseguiram crescer no ideb e bater suas metas.
Contexto. Para o diretor da fundação lemann, denis mizne, é preciso entender o que acontece em cada escola, sem perder de vista a análise das redes. "entender a escola contra ela mesma, levando em conta as regiões em que estão, é importante para entender a qualidade do ensino naquele contexto", diz ele. "e você olha para as redes a partir das escolas e descobre as políticas que estão dando certo. Não fica só na discussão das médias, que nos atrapalha."
As informações mais usuais do ideb são ranking de estados e cidades, que levam em conta a média entre as notas das escolas. Mas valores médios podem esconder informações.
Nos anos finais do fundamental, de 5ª à 8ª série, apenas seis estados não cumpriram as metas e somente quatro tiveram nota menor do que em 2009.
Mas, olhando para as escolas, a situação é diferente: 17 estados, mais o distrito federal, estão com 30% das escolas no nível de alerta. Ao todo, 6.202 escolas nessas unidades da federação não evoluíram no ideb de 2009 a 2011, não cumpriram a meta e não chegaram à nota 6.
Disparidade. O exemplo de são paulo é esclarecedor. Além das 1.466 escolas (30%) que não saíram do lugar entre 2009 e 2011, outras 1.438 escolas (29%) não cumpriram nenhum dos três critérios. Mais da metade só conseguiu se manter na meta.
"as melhores escolas puxam a média para cima, conseguem tracionar as que estão mais distantes. As melhores contaminam a média", diz oliveira.
Minas gerais, por exemplo, tem a segunda maior rede do país e ainda assim tem uma distribuição mais positiva das escolas nos níveis. Há mais escolas nos melhores níveis do que nos preocupantes.
Santa catarina também tem resultados positivo na classificação por níveis, assim como no ranking pela nota média. Nos anos finais, 58% das escolas estão no nível manter.
Alterações. As diferenças entre a classificação por nível e o ranking ideb aparecem em outros estados. O amapá, por exemplo, tem 58% das escolas em estado de alerta e 18% em atenção. Com essa leitura, sua rede pública do ciclo 2 do fundamental aparece na pior posição do país, abaixo até de alagoas - no ranking de índice ideb, alagoas é o último, com nota 2,6 e amapá, fica na 20ª posição, com nota 3,5. Mas também não é motivo para comemorações em alagoas. O estado tem 424 escolas públicas, 53% do total, em estado de alerta.
O professor cipriano luckesi, da universidade federal da bahia (ufba), afirma que o ideb tem a capacidade de revelar o sistema de ensino, mesmo que haja ruídos. "quanto mais a população tiver acesso a análises, melhor", diz luckesi, especialista em avaliação. "o ideb ainda é recente e já começa a produzir efeitos. Há diretores focados, famílias cobrando. Com mais alguns anos, a situação tende muito a melhorar."
O recorte por níveis só foi possível no ensino fundamental porque não há índices por escolas do ensino médio.
O ideb da última fase da educação básica só divulga as médias dos estados.
Apenas 21 unidades crescem acima de meta para 2021
escolas classificadas como excelentes representam 0,1% do total de unidades entre a 5º e a 8º séries
Apenas 21 escolas de 5.ª à 8.ª séries de todo o brasil podem ser classificadas como excelentes, segundo a metodologia da meritt informação educacional. Isso significa que apenas 0,1% das unidades de ensino desta fase cresceram no ideb, ficaram acima da meta e também com nota superior a 6, o objetivo do país.
No primeiro ciclo, de 1.ª à 4.ª série, a situação é bem melhor. Há no brasil 3.840 escolas com nível excelentes, o que representa 11% do total.
A separação por nível não significa dizer que a escola é de excelência no aprendizado, mas, sim, que ela tem feito um ótimo trabalho. Além disso, segundo alexandre oliveira, da meritt, cria uma pressão boa para que escolas continuem evoluindo. "o que uma escola que avançou na nota, está acima de seis, deve fazer? Ela deve subir ainda mais", diz.
Além de pressionar as escolas a manterem um comportamento de contínua melhoria, essa classificação expõe escolas, cidades e municípios que se valem do tímido cálculo para evolução das metas.
Quando o ideb foi criado, em 2007, as metas até 2021 já foram traçadas para as escolas, cidades, estados e para o brasil. Mas elas também variam entre si. Apesar da meta para o brasil como um todo ser 6, a meta da rede pública, por exemplo, é de 5,7 para 2021. "e essa nota 6 é a média que os países ricos tinham em 2007, quando foi criado o ideb", completa oliveira.
Como as metas não são recalculadas a cada edição, algumas escolas, estados e municípios ficam acima desse parâmetro sem obter nenhum avanço. A escola de aplicação da usp, em são paulo, por exemplo, aparece em primeiro no estado, com nota acima da meta, mas apresentou queda no ideb entre 2009 e 2011.
Azuis. De tão pequenas, é quase impossível ver as faixas azuis de excelente no gráfico que se refere a essa fase. O estado com maior número de escolas nessa faixa é são paulo, com 7 escolas - 0,1% do total do estado. No ensino fundamental 1, no qual as faixas azuis são mais presentes, santa catarina é a primeira, com 32% das escolas de 1.ª à 4.ª série como excelentes.
Segundo a professora maria do pilar lacerda, ex-secretária de educação básica do mec, é necessário se "inspirar" nos anos iniciais do fundamental, no formato multidisciplinar dessa fase. "se não houver um projeto radical para o ensino fundamental 2, vai chegar a mais um ideb e os alunos continuarão sem saber o que precisam".
Pilar defende o debate do índice à luz do novo plano nacional de educação (pne), que traça metas de resultados e investimentos para a área e está em trâmite no congresso.
Ela defende que seja mantido o objetivo de reservar 10% do pib para a educação. "é preciso saber que educação de qualidade custa muito caro."
O governo tenta derrubar os 10% aprovado pela câmara, mas que ainda pode ser alterado. O próprio ministro da educação, aloizio mercadante, não luta pelo porcentual e diz que o país não tem condição de se comprometer com essa prioridade
Fonte: o estado de s. Paulo (sp)

Editorial: O MEC não sabe o que fazer

"Também não sabe como superar a resistência dos estados e municípios a inovações pedagógicas", afirma jornal

A reação do governo ao resultado do Ideb de 2011, que mostrou a persistência do fiasco do Ensino médio brasileiro, não causa surpresa. E, sendo o titular do Ministério da Educação (MEC) um político profissional, sem especialidade na área, os argumentos e propostas que apresentou para melhorar o Ensino foram notáveis pelo simplismo, pela retórica e pela improvisação.
Para tentar vender a ideia de que o governo tem um plano bem definido de mudança do Ensino médio, o ministro Aloizio Mercadante anunciou um projeto de reestruturação do currículo, que reagrupa as 13 disciplinas desse ciclo de Ensino em quatro áreas: ciências humanas, ciências da natureza, linguagem e matemática. Com isso, em vez de receberem aulas específicas de biologia, física e química, os estudantes do Ensino médio participarão de "atividades" que integrem esses conteúdos.
O ministro não esclareceu, contudo, quais serão essas atividades nem deixou claro como elas poderão, do ponto de vista pedagógico, assegurar aos Alunos o domínio de conceitos, fórmulas e conhecimentos fundamentais no âmbito das ciências exatas e biológicas. Mercadante também não tratou de outra questão importante - as pressões corporativas que levaram à adoção de modismos pedagógicos, como a introdução de filosofia e sociologia como disciplinas obrigatórias, fragmentando ainda mais os currículos. "Por isso, hoje o Aluno sai (da Escola) sabendo nada de tudo", diz Priscila Cruz, diretora da ONG Todos Pela Educação.
Para o ministro, o reagrupamento das 13 disciplinas básicas do Ensino médio em quatro áreas evitará a dispersão dos esforços dos estudantes, permitindo que tenham uma compreensão "mais integrada" das principais áreas do conhecimento. Segundo Mercadante, o projeto também permite que um Professor de biologia ou química, em vez de ensinar a disciplina em três colégios, para garantir uma remuneração à altura de suas necessidades, passe a participar de um núcleo de ciências da natureza numa única Escola. Mas o ministro não esclareceu como será feita a distribuição dos Docentes em cada um dos núcleos e como fará para que o Professor de uma disciplina aprenda a lidar com temas que não são de sua área de especialização.
Mercadante também anunciou que a aquisição de material didático para as Escolas privilegiará as quatro áreas de disciplinas reagrupadas. Quase todas essas medidas não são novas. Algumas foram anunciadas há três anos pelo então ministro Fernando Haddad e adotadas em caráter experimental. Na época, o MEC enfrentou mais problemas administrativos do que imaginava, pois a responsabilidade pela rede pública de Ensino médio é dos Estados.
Se cada região do País tem suas especificidades econômicas, sociais e culturais e se 97% das Escolas de Ensino médio são mantidas pelos Estados, não é lógico, nem viável, que um órgão federal adote diretrizes e políticas uniformes sem amarrar esse ciclo numa camisa de força. Há três anos, para estimular os governadores a aceitarem a federalização do Ensino médio, o MEC prometeu repassar verbas às Escolas que alterassem seus currículos.
Desde 2009, alguns pedagogos afirmam que essas medidas são positivas, mas precisam ser mais bem definidas e são difíceis de ser implementadas. Elas exigem a reorganização das Escolas e, principalmente, a requalificação dos Professores. Pelo projeto de Mercadante, os Professores terão de programar as aulas em conjunto - e isso exigiria uma nova política salarial para a categoria. Quase todos os Estados pagam o Professorado pelo número de aulas dadas e a tentativa de impor um mínimo de carga horária para atividades extra classe enfrenta a oposição de prefeitos e governadores.
O Ensino médio precisa de mudanças radicais, mas o governo não sabe o que fazer. Também não sabe como superar a resistência dos Estados e municípios a inovações pedagógicas. E não quer promover um debate nacional do problema, pois sabe que isso levaria a uma avaliação crítica da gestão de Fernando Haddad, que certamente prejudicaria sua candidatura.

Fonte: O Estado de S. Paulo (SP)

Nos extremos do Ideb, as boas e as más lições

Redes que obtiveram grandes saltos de qualidade ou quedas expressivas tentam explicar o que aconteceu

As notas do Índice de Desenvolvimento da Educação básica (Ideb) 2011 no Ensino médio deixaram exposta a crise que o país enfrenta: nove estados pioraram de 2009 a 2011. Mas as notas trouxeram também uma boa surpresa. O Amazonas, pior estado em 2005, deu salto de 1,1 ponto em seis anos: deixou de ser o lanterninha com 2,4 e cravou 3,5 agora. Não foi o único bom exemplo: nos anos iniciais do fundamental, o Ceará foi de 3,2 em 2005 para 4,9. Nos anos finais, Mato Grosso subiu 1,4 ponto.
Diretor de Políticas e Programas Educacionais do Amazonas, Edson Melo, que por mais de sete anos foi gerente do Ensino médio, diz que "a política da continuidade" teve seu papel, mas que o investimento nos profissionais e na gestão Escolar foi fundamental para o salto. 
- Investimos na formação dos Professores, capacitamos os diretores em gestão Escolar, abrimos concurso e trabalhamos para que os Docentes se fixassem numa única Escola e não mais em várias - diz Melo, destacando que o estado diminuiu o número de Professores leigos, aqueles formados, por exemplo, em Economia e que dão aula de Matemática: - E criamos, em 2006, um simulado anual. 
O Amazonas tem pouco mais de 155 mil Alunos no Ensino médio; 50% no turno noturno, considerado por especialistas em Educação um dos entraves do Ensino médio. Ciente dos problemas - menos horas de aula, Alunos cansados, cobrança menor -, Melo diz que o estado busca diminuir esse índice: 
- Temos 560 Escolas, mas atendemos também os Alunos do fundamental, que acabam ocupando os prédios de dia. Para o Ensino médio, são 280 Escolas. Precisamos de mais 20, pelo menos, para reduzir o número de estudantes à noite. 
No Ceará, Izolda Cela, secretária de Educação do estado, cita o Programa de Alfabetização na Idade Certa (Paic), que garante que crianças aprendam a ler até os 7 anos e que foi criado em Sobral, cidade que se destacou na Educação: 
- Garantida a Alfabetização, lançamos o Paic+5, que foca as cinco séries do fundamental. 
Por todo o país, pequenos municípios tiveram grandes avanços nos anos iniciais. No Paraná, o Ideb de Nova América da Colina saltou de 1,2 em 2005 para 5,5 em 2011. A cidade tem duas Escolas municipais e só a Francisco Escorsin, com 288 Alunos no fundamental I, participou do Ideb. 
- Aqui são só a sala de aula, o Professor e o Aluno. Não temos laboratórios ou mural nas salas porque ocupamos uma Escola estadual. Mas o investimento no estudante começa na Educação infantil. Em 2011, conseguimos fazer com que 100% dos Professores concluíssem o curso de Pedagogia - conta a diretora Ana Rogarti. - Oferecemos reforço, envolvemos os responsáveis e criamos ambiente de leitura. Nosso Ideb subiria mais se não houvesse a limitação do espaço físico. 
Com 18 Escolas municipais, Mucambo, a mais de 300 quilômetros de Fortaleza, pulou de um Ideb de 3,5 em 2005 para 7,5 em 2011, aumento de 114%. O investimento no Professor - o que Mucambo levou da experiência em Sobral, a maior entre as cidades vizinhas - foi o que mais contribuiu, aponta o secretário municipal de Educação, Francisco Carlos Brito de Azevedo. 
- Muitos Professores não tinham como se deslocar para Sobral; decidimos oferecer aulas aqui. Hoje, quase 100% dos 250 Professores da rede têm nível superior - diz o secretário, destacando ainda que o aumento salarial fez parte da política de valorização. - Também apostamos no projeto Alfabetização na Idade Certa e no controle de frequência, com aumento no número de veículos de transporte, criamos avaliações internas. Além disso, mais de 90% das Escolas têm biblioteca. 
Claraval (MG), com o melhor Ideb do país - 8,3 -, apostou na experiência de Professores mais antigos. O pacote incluiu ainda incentivo à participação dos pais, acompanhamento de psicólogos e fonoaudiólogos, investimento em cursos para Professores e reforma das Escolas. 
- Investimos mais que o obrigatório (25%) em Educação: 33,6% do orçamento. E temos transporte Escolar que busca praticamente todos em casa. Ninguém chega cansado - diz Rita de Freitas, secretária municipal de Educação. 
Mas o avanço ainda convive com péssimos resultados: em Alagoas, o Ensino médio da rede estadual teve o pior Ideb (2,6) e piorou em relação a 2009 (2,8). 
O estado enfrenta uma crise na Educação que se arrasta desde 2011, quando se anunciou a reforma emergencial de 163 Escolas. O problema é tão grave que os Alunos da Escola estadual Rosalvo Lobo começam hoje as aulas de 2012, em tendas no pátio de outro colégio. O Ministério Público abriu investigação e flagrou superfaturamento nas obras e outras irregularidades. Nos últimos dez anos, Alagoas teve 11 operações da Polícia Federal: a maioria sobre desvios na Educação. 
- Nos últimos governos não tivemos continuidade de políticas - diz Sandra Regina Paz, conselheira municipal de Educação: - Neste ritmo, é difícil dizer quando Alagoas terá nota azul.  
Cidade que liderou Ideb em 2005 não conseguiu manter bons resultados
Com seus 5,2 mil habitantes e encravada no Vale do Ribeira, a região mais pobre de São Paulo, Barra do Chapéu virou estrela nacional quando apareceu em primeiro lugar no Ideb em 2005. Os bons resultados renderam reportagens que a retrataram como receita de sucesso. Sete anos depois, o município vive um choque de realidade: sua média caiu de 6,8 para 4,8. A notícia chegou como uma bomba e fez chorar professoras com mais de 30 anos de carreira.
Professora de uma das turmas campeãs de 2005 na escola Leonor, e cuja nota chegou a aumentar em 2007 para 6,9, a secretária de Educação da cidade, Vânia Meire Valentim de Lima, se reuniu com as coordenadoras e supervisoras de ensino para localizar os problemas da rede municipal, que hoje atende 671 alunos do primeiro ao quinto ano em sete escolas, a maioria na zona rural.
— Sabíamos que não atingiríamos a meta para o ano, que era de 7,3, mas não esperávamos esse resultado. Vamos fazer o replanejamento — diz Vânia Valentim de Lima, secretária de Educação da cidade e que, em 2005, era professora da escola Leonor Mendes de Barros quando ela atingiu Ideb 6,9.
Na análise das coordenadoras de educação do município, um dos problemas é que, dos 22 professores titulares da rede, cinco estão fora das salas, em cargos de confiança. No ano passado, houve ainda duas baixas temporárias por licença-prêmio e de saúde.
A supervisora pedagógica da cidade, Neuza Sardi Werneque, que já foi secretária de Educação de Barra do Chapéu, se emociona ao falar das notas do Ideb, que havia acabado de receber, na quinta-feira.
— Não sei o que aconteceu. Não faltaram recursos. Os professores hoje são mais bem-formados. Todos têm graduação e muitos, pós-graduação. A escola tem aulas de reforço, laboratório de informática, biblioteca, bonificação para professores — afirmou.
Neuci Gonçalves de Lima, diretora da escola Leonor, também se emociona ao falar sobre a baixa nota do Ideb:
— Fiquei chateada, e muito. A escola não tem evasão, não falta professor. Precisamos sentar e rever cada detalhe.
Mas a secretária Vânia Meire admite:
— Na verdade, este é o resultado justo. Em 2005, de duas classes de 30 alunos, os 15 melhores de cada turma fizeram a prova. No ano passado, não. Foram os 53, sendo que nove alunos tem problemas psicológicos confirmados por laudo — afirmou.
Na análise de Vânia Meire, o fato de só os melhores alunos terem feito a prova em 2005 pode ter causado uma distorção da realidade de Barra do Chapéu e gerado uma expectativa mais alta em relação às metas do MEC.
A nota 4,8 do último Ideb, para a professora Gisele de Brito Ferreira Santos, que trabalha na escola Leonor desde 2003, tem outra resposta: falhas na gestão. Ela e um grupo de professores queixam-se de falta de planejamento e de pouco incentivo à participação dos docentes na gestão escolar.
— Antes a gente se preparava para fazer esses testes. Havia mais diálogo, preparação, o professor era mais valorizado e o aluno era mais avaliado, analisado — disse a professora, que foi avisada sobre o fraco desempenho da escola pela reportagem do jornal:
— Veja só, ninguém fez ainda reunião com os professores para dar essa notícia e nem mesmo divulgar qual foi a nota do Saresp.
A secretaria de Educação negou que tenha deixado de avaliar os alunos, mas admitiu que vai ampliar as avaliações para identificar as principais habilidades e dificuldades individuais.
No entanto, das lições que podem ser tiradas em Barra do Chapéu, talvez a mais importante é que é preciso cautela na análise do resultado de cidades muito pequenas antes de mostrá-las como receitas de sucesso.
—Em cidades muito pequenas, geralmente as redes se resumem a uma ou duas escolas. Uma simples troca de um professor numa turma pode afetar o desempenho final de todo o município, que está mais sujeito a flutuações expressivas— diz Reynaldo Fernandes, ex-presidente do Inep na gestão em que o Ideb foi criado.

Fonte: O Globo (RJ)

Resultado do Ideb mostra crescimento e evolução do ensino nas escolas do município

O índice de desenvolvimento da Educação municipal nas séries iniciais passou de 3,5 em 2009 para 3,9% em 2011

O Ministério da Educação (MEC) divulgou, dia 14, as notas do Índice de Desenvolvimento da Educação básica (Ideb) e o resultado provou a evolução do Ensino na rede municipal em Areia Branca. A Secretaria Municipal de Educação obteve crescimento e chegou à média de 3,9 para os anos iniciais (1º ao 5º).
Os números revelam que a Educação na gestão do prefeito Manoel Cunha Neto, "Souza" (PP), continua avançando. O índice de desenvolvimento da Educação municipal nas séries iniciais (até 5º ano do Ensino fundamental) passou de 3,5 em 2009 para 3,9% no Ideb de 2011. Desempenho maior do que o alcançado pelas Escolas estaduais, que era de 3,5 há dois anos para 3,7% no ano passado.
O crescimento do Ideb reflete, inquestionavelmente, a melhoria do nível do Ensino em Areia Branca. O prefeito "Souza" destacou que o bom desempenho e o crescimento do índice de Areia Branca é resultado do investimento da gestão e do trabalho dos profissionais da Educação.
Para o secretário municipal de Educação, Professor Raimundo Lacerda, a fórmula do sucesso é o trabalho realizado em parceria entre Professores, pais e Alunos. Ele acrescenta que está muito feliz, mas essa vitória não é só dele, ela é fruto de um trabalho feito em parceria.
Entre surpreso e satisfeito, Lacerda diz que sabia que o trabalho desenvolvido nas Escolas municipais iria surtir efeito. O secretário afirma que o prefeito "Souza" tem desenvolvido uma política educacional onde é trabalhada a satisfação dos Professores, "porque se eles (os Professores) se sentirem motivados o aprendizado acontece e os Alunos serão bem sucedidos", completa o secretário.
O Ideb, que é realizado a cada dois anos, analisa a qualidade da Educação por meio do rendimento Escolar (taxas de aprovação, reprovação e abandono) e o desempenho dos Alunos na Prova Brasil, aplicada para estudantes do 5º e 9º ano.

Fonte: O Mossoroense (RN)

sábado, 18 de agosto de 2012

Rede pública de ensino local não atinge meta estabelecida pelo MEC

No ano passado, os estudantes do Ensino Fundamental da rede pública de ensino alcançaram 4,5 pontos, quando a meta brasileira era de 4,6 pontos

O Ministério da Educação e Cultura (MEC) divulgou na última terça-feira, 14, os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação básica (Ideb) referentes ao ano de 2011. De acordo com os números, Mossoró não conseguiu atingir a meta nacional estabelecida pelo Governo Federal.
No ano passado, os estudantes do Ensino fundamental da rede pública de Ensino alcançaram 4,5 pontos, quando a meta brasileira era de 4,6 pontos, sendo que o Brasil superou essa meta, atingindo 5,0.
"Precisamos avançar mais, e isso só é possível se forem feitos investimentos na Educação, através da formação e qualificação dos Professores, contratação de novos profissionais", destaca o coordenador regional do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Rio Grande do Norte (Sinte-RN), Rômulo Arnaud.
O Ideb, criado em 2007 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), leva em consideração dois fatores que interferem na qualidade da Educação: rendimento Escolar (taxas de aprovação, reprovação e abandono) e médias de desempenho na Prova Brasil. Dessa forma, para que o Ideb de uma Escola ou rede cresça é preciso que o Aluno aprenda, não repita o ano e frequente a sala de aula.
Segundo Rômulo Arnaud, apesar do leve avanço constatado na rede pública de Ensino, em relação ao resultado do Ideb em 2009, quando a cidade registrou 4,1 pontos, ainda há muito a ser feito para que a Educação oferecida em Mossoró atinja um patamar satisfatório de qualidade.
"Houve avanços na rede municipal, por exemplo, mas o problema ainda é muito grave. Para se ter uma ideia, nos últimos 10 anos tivemos 11 secretários de Educação no Estado. Não existe continuidade das políticas públicas, há muita desorganização", conta o coordenador regional.
Rômulo Arnaud destaca também que nas séries do Ensino médio o resultado é ainda mais desanimador. "Existe uma estagnação nesse sentido. Não crescemos nada, e isso se deve a uma série de fatores, como o fato de ainda faltar Professores em sala de aula. Estamos no segundo semestre do ano e há turmas com déficit de quatro, cinco Docentes", conclui.

Fonte: O Mossoroense (RN)
http://www.todospelaeducacao.org.br

 

Por que ela é a pior do País

Em 36 anos de existência, Escola Estadual João Tomás Neto, lanterninha do Ideb, nunca teve professor de matemática

A Escola Estadual João Tomás Neto, do município de Lagoa de Pedras, classificada pelo Índice de Desenvolvimento da Educação básica (IDEB) como a pior Escola do país, apesar de ter 36 anos de existência, nunca teve Professor de matemática em seu quadro funcional e, até ano passado, tinha uma carência de onze Professores. Em todo esse tempo, a Escola vem fazendo paliativos com estagiários e, em anos anteriores, Professores de disciplinas correlatas e de pedagogia assumiam a cadeira de matemática. O déficit de Professores é apenas um dos grandes problemas que contribuem significativamente para a Escola ostentar ainda altos índices de reprovação e evasão Escolar.
Ano passado, nas séries do 5º ao 9º ano, reprovou 29,2% dos seus 500 Alunos, o pior registro dos últimos anos. Nesse mesmo período, a evasão chegou a 9,9% que, somados ao índice de transferência de 7,97%, mostram que quase 18% dos Alunos deixaram a Escola.Os dados foram fornecidos pela diretora da Escola João Tomas Neto, Rosineide Sena, que assumiu o cargo este ano e já se deparou com essa situação. Para ela, os índices apresentados pelo IDEB apenas mostram ao país o descaso com que a Educação vem sendo tratada pelos governantes estaduais, ano após ano, que não estimulam os Professores a irem a trabalharem no interior do estado. "É inadmissível que crianças e adolescentes terminem o Ensino fundamental sem nunca ter conhecido um Professor de matemática, a Escola tem feito verdadeiros arranjos para cobrir essa deficiência. Isso implica não somente na avaliação do IDEB, mas sobretudo na vida Escolar do Aluno que pode ter comprometido seu futuro profissional", disse ela.
Outros problemas relatados pela diretora é a falta de um coordenador pedagógico e um planejamento direcionado para a Prova Brasil. O descaso com a Escola era tão grande que dez computadores do Laboratório de informática, adquiridos em 2007, apesar de estarem devidamente instalados, só foram ativados este ano. A demora comprometeu várias peças das máquinas. Como fator positivo, Rosineide Sena relata que a Escola vai começar a trabalhar por área de conhecimento e foi contemplada, este ano, com Professores de outras disciplinas aprovados no último concurso da Secretaria Estadual de Educação, o que amenizou a situação.
"Chegaram dois Professores de ciências biológicas, um de química, outro de língua portuguesa e estão vindo mais um de português e outro de geografia. Mas o problema com matemática ainda persiste, a Escola tem deficiência de três Professores da disciplina e mais três de Educação física e, ainda de um espaço para a prática de esporte", disse a diretora, completando que antes de se culpar uma gestão é preciso destinar um olhar mais aguçado para os problemas da Escola.
Rede municipal tem outra realidade
A manchete da edição de ontem do Diário de Natal mostrando que três Escolas do Rio Grande do Norte foram classificadas dentre as piores do Brasil provocou uma forte repercussão nos municípios sedes onde estão inseridas.
A secretária de Educação do município de Lagoa de Pedras, Maria Edineide de Almeida Batista, visitou ontem a redação do DN para mostrar que a situação da Escola Estadual João Tomás Neto é muito diferente da realidade das Escolas da rede municipal. Apesar da reportagem citar que os dados do Ideb mostram que o município ultrapassou as metas estabelecidas para o ano de 2011, a secretária enfatiza que nos últimos anos, o município tem passado por uma evolução, saltando de um índice de 3,1 em 2009 para 4,0 em 2011, num crescimento significativo de 0,9.
Na área do município de Lagoa de Pedras são 16 Escolas, uma na área urbana e 15 na rural. Mas somente três delas que atendiam aos requisitos exigidos, foram avaliadas pelo IDEB: as Escolas municipais Santa Luzia, Professsor José Luiz Rodrigues e Manoel Rodrigues de Oliveira. Reconhecido como município prioritário, Lagoa de Pedras tem merecido atenção especial, principalmente pedagógica, do MEC.
Para ela, a evolução das Escolas da rede municipal nos últimos IDEBs deve-se ao trabalho pedagógico que vem sendo desenvolvido. Dentre os projetos de sucesso, ela cita o Projeto Cultura na Praça que resgata a cultura do município através da produção de textos, concurso de poesia e cartões postais confeccionados pelos Alunos. O projeto faz uma culminância do projeto em praça pública nos meses de maio e novembro para expor a produção dos Alunos.
Além disso, há seis anos, a Secretaria Municipal de Educação realiza o projeto "Soletrando municipal", estimulando os Alunos na leitura, ortografia, produção de textos, reforço Escolar e correção de fluxos, atendendo Alunos que estão fora de faixa Escolar e apresentam, dificuldades na leitura, escrita e cálculos matemáticos.

Fonte: Diário de Natal (RN)

Menor Ideb do País está no RN

Escola Estadual João Tomás Neto, em Lagoa de Pedras, obteve a pior nota da avaliação feita pelo MEC

Os municípios de Lagoa de Pedras, localizado na microrregião do Agreste Potiguar, e Pedro Avelino, na região central do Rio Grande do Norte, ostentam o lamentável título de piores municípios do Brasil nos Índices de Desenvolvimento da Educação básica (IDEB) 2011. Segundo a avaliação, Lagoa de Pedras obteve o índice de 1,0 enquanto Pedro Avelino alcançou 1,2, muito abaixo da meta estadual, que é de 4,6. A listagem das dez piores classificações do país contempla ainda o município de Pilões, situado na região do Alto Oeste potiguar, com índice de 1,4. A lanterninha nacional do IDEB é a Escola Estadual João Tomás Neto, de Ensino fundamental e médio. Já a Escola municipal de Lagoa de Pedra conseguiu alcançar a meta projetada de 3,1 na avaliação.
Os dados do IDEB foram divulgados na última terça-feira pelo Ministério da Educação (MEC) e novamente o estado do Rio Grande do Norte não atingiu a meta proposta de 4,6, chegando a 4,2. Apesar disso, o estado apresentou um crescimentode 0,3 ponto em relação à pesquisa de 2009. A listagem das dez piores classificações no IDEB só contempla municípios da região Nordeste, sendo três do Rio Grande do Norte, seis de Alagoas, três da Bahia e um de Sergipe.
Criado em 2005, o IDEB é calculado a cada dois anos com base no desempenho dos Alunos na Prova Brasil, de português e matemática, e na taxa de aprovação das Escolas. A avaliação é aplicada a Alunos da 4ª e 5ª séries e da 8ª e 9ª séries de todas as Escolas públicas com mais de 20 Alunos matriculados na turma. Estudantes do 3º ano do Ensino médio e de Escolas particulares são avaliados de forma amostral.
Na região metropolitana do estado, apenas Parnamirim ultrapassou a meta de 4 pontos atingindo o índice de 4,1, nos Anos Iniciais. A Escola Municipal Nossa Senhora da Guia foi a campeão do IDEB no RN, alcançando o invejável índice de 6,7, ultrapassando todas as metas estadual, municipal e nacional e, inclusive o índice de 2009 que ficou em 6,4. Já o município de Natal ficou a 0,1 de bater a meta, atingindo 4,0 para uma meta de 4,1. Macaíba também não alcançou os índices projetados de 3,5, ficando com 3,2 e Extremoz com 3,4 quando projetou 3,6.
Natal integra uma rede de capitais que não bateram as metas das séries iniciais nem das finais do Ensino médio: Aracaju (SE), Maceió (AL), Natal (RN), Porto Alegre (RS), Porto Velho (RO) e São Paulo (SP). Além dessas redes, a de Macapá (AP), Manuaus (AM), Rio Branco (AC) e São Luís (MA) não bateram as metas dos anos iniciais. Recife (PE) não atingiu a meta para os anos finais do Ensino médio.
As três cidades do Rio Grande do Norte que integram a lista das dez piores são consideradas de pequeno porte, mas segundo os dados do Tesouro Nacional, receberam uma boa quantidade de recursos do Fundo da Educação básica (Fundeb), além do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Situado a 51 quilômetros de Natal e com um total de 7.390 habitantes, o município de Lagoa de Pedras recebeu um total de R$ 3.750.998,46 do Fundeb que, se dividíssemos pelo número de habitantes daria um valor de R$ 507,57 por cabeça. Já o município de Pedro Avelino, cuja Escola avaliada é da rede municipal, recebeu R$ 2.540.313, 65, enquanto que Pilões foi contemplado com R$ 1.097.539,23 do Fundeb.
Piores municípios do país
- Lagoa de Pedras/RN (Estadual) 1.0
- Pedro Avelino/RN (Municipal) 1.2
- Capela/AL (Estadual) 1.3
- Murici/AL (Estadual) 1.3
- Iraquara/BA (Estadual) 1.3
- Pilões/RN (Municipal) 1.4
- Barra dos Coqueiros/SE (Estadual) 1.5
- Pojuca/BA (Estadual) 1.5
- Atalaia/AL (Estadual) 1.6
- Monteiropolis/AL (Municipal) 1.6
- Monteiropolis/AL (Pública) 1.6
- Pão de Açúcar/AL (Estadual) 1.6
- Itanagra/BA (Estadual) 1.6
Especialistas apontam falta de projeto educacional
A coordenadora do Instituto do Desenvolvimento da Educação (IDE), Cláudia Santa Rosa, disse que é preciso retirar lições do IDEB. Para ela, se o estado conseguiu avançar nos Anos Iniciais não foi o suficiente para comemorar. Por outro lado, os Anos Finais são realmente preocupantes e o Ensino médio simplesmente estagnou, o que mostra que falta um Plano de Educação que alcance metas bem definidas com a realidade do estado. "O IDEB precisa servir para alguma coisa. É preciso fazer, no mínimo, planejamento e desenvolver uma política voltada para a execução das metas", defende Santa Rosa.
Betânia Ramalho aponta greve dos Professores como um dos pontos negativos. Foto: Carlos Santos/DN/D.A Press Na opinião das coordenadoras pedagógicas do CEI, que obteve a melhor nota do Enem ano passado, Celina Bezerra e Cristine Rosado, o resultado do IDEB foi novamente frustrante para o Rio Grande do Norte não apenas quando se fala de Escola pública como também as próprias particulares que, no geral, também alcançam as últimas colocações. Para elas, esses números não surpreendem, refletem o baixo desempenho dos estudantes que é frutoda falta de um projeto educacional focado na formação continuada para os Professores, valorização profissional e na integração família-Escola.
"É preciso chamar a família a responsabilidade, para tratar as dificuldades do Aluno individualmente e na própria Escola, pois a Educação não pode ser fragmentada nas suas responsabilidades". Dentre os projetos realizados pelo CEI que têm contribuído para melhorar os índices de pesquisa da própria Escola, Celina relaciona a formação continuada para os Professores que uma vez por semana têm um turno remunerado para a realização de cursos. "Outro projeto importante é a Escola caminhar para o tempo integral, nossos Alunos têm aulas no contraturno, sendo duas para conteúdo curricular e outra para trabalhos de laboratório", diz Celina. 

Fonte: Diário de Natal (RN)

Menos de 3% das escolas batem a média nacional no Ideb para 2021

Governo quer Ideb de 5,5 pontos para o 9º ano daqui a nove anos. Meta foi estabelecida em 2007 usando como referência a média europeia

Dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) para 2011, divulgados pelo Ministério da Educação na terça-feira (14), mostram que menos de 3% das escolas públicas dos anos finais do ensino fundamental igualaram ou superaram, no ano passado, a meta do Brasil para 2021.
A edição mais recente do índice calculou os dados de 30.842 escolas do fundamental II, e 908 delas, ou 2,94% do total, somaram 5,5 pontos, patamar que o governo só pretende alcançar na média brasileira para este ciclo do fundamental daqui a nove anos. O Ideb Brasil é uma média do índice de todas as escolas.
Já para os primeiros anos do fundamental (1º ao 5º ano), a meta média brasileira para 2021 é de 6,0. No Ideb 2011, 5.200 escolas tiveram índice igual ou acima de 6,0. Esse grupo de "superescolas", que tiveram resultados bem mais avançados que o resto do Brasil, representa 12,88% das 40.382 escolas deste nível de ensino com Ideb calculado no ano passado.
A comparação não pode ser feita no ensino médio porque o MEC divulga apenas as médias das redes de ensino nas unidades da federação e no nível brasileiro.
Metas e média
As escolas que se anteciparam em uma década o índice esperado para o Brasil, porém, têm suas próprias metas para bater, e não é incomum que uma instituição com Ideb alto acabe ficando abaixo do esperado. Um exemplo é o Colégio de Aplicação do Centro de Educação da Universidade Federal de Pernambuco, no Recife. Com Ideb de 8,10, a escola foi, pela terceira vez consecutiva, a melhor do país no seu ciclo.
Desde 2007, seu primeiro ano de participação no índice, ela tem tido resultados acima de 8 e, portanto, sempre puxou a média brasileira para cima. Porém, como partiu de um patamar alto, as expectivas para o Colégio de Aplicação da UFPE também são mais altas que para outras escolas brasileiras. A meta da instituição para 2011 era 8,3. Para 2021, é de 8,8.
"É muito mais difícil você alcançar a meta prevista à medida que você vai subindo degraus. É difícil se manter, é um esforço permanente", afirmou Mozart Neves Ramos, conselheiro do movimento Todos Pela Educação e membro do Conselho Nacional de Educação (CNE). Segundo ele, a porcentagem de escolas com Ideb baixo que conseguiram alcançar suas metas em 2011 é muito maior do que a proporção de colégios com Ideb acima de 6,0 que seguem evoluindo dentro da projeção.
As metas para 2021 foram estabelecidas em 2007, quando o Ideb foi criado, como um padrão de qualidade para as escolas de cada nível, com base nos indicadores educacionais dos países europeus. "Naquela época, havia a compreensão de que esse seria o valor de referência de qualidade dos países da comunidade europeia", afirmou Ramos.
O especialista explicou que o valor 6,0, meta do ensino fundamental I brasileiro para 2021, também é uma média para a Europa. Ele deu como exemplo a Finlândia, país conhecido por seus índices de educação de excelência. "A média do 'Ideb' finlandês é 7,0, a média da comunidade europeia é 6,0."
Como cada nível de ensino tem suas especificidades, a média considerada de qualidade é diferente nos anos iniciais e finais do fundamental, e também no ensino médio. É por isso, diz Ramos, que as metas do ensino fundamental II (5,5) e do ensino médio (5,2) são menores que a do fundamental I. "O problema do ensino médio que se observa hoje com muita gravidade no Brasil é também preocupante na comunidade europeia. Hoje há uma crise no ensino médio, a escola do jovem no mundo, de forma geral, está passando por uma grande crise, a gente vê isso na comunidade europeia também."
Manutenção da qualidade
O fato de uma escola ter atingido a meta com dez anos de antecedência não significa, porém, que ela não deva seguir investindo na melhoria da gestão escolar. Segundo os dados do Inep, das 536 escolas dos anos finais do fundamental que, em 2009, atingiram a média brasileira para 2021, apenas 305 se mantiveram, dois anos depois, acima do patamar considerado de qualidade compatível com a média europeia.
Outras 30 escolas não tiveram participação de alunos suficiente para terem seu Ideb 2011 calculado, e 201 tiveram resultado inferior a 2009 e acabaram saindo do seleto grupo de instituições igualadas, no Ideb anterior, aos índices de alguns países de primeiro mundo.
No caso dos anos iniciais do fundamental, das 3.240 escolas que se adiantaram à meta média nacional em 2009, 683 caíram de rendimento dois anos depois e ficaram com índice abaixo dos 5,5 esperados para o Brasil em 2021.
Entenda o Ideb
O índice foi criado pelo MEC em 2007 para medir a qualidade no ciclo básico de ensino. Ele é feito a cada dois anos e já tem quatro edições (2005, 2007, 2009 e 2011). Para chegar ao índice, o MEC calcula a relação entre rendimento escolar (taxas de aprovação, reprovação e abandono) e desempenho na Prova Brasil aplicada para crianças do 5º e 9º ano do fundamental e do 3º ano do ensino médio.
O Ideb possibilita analisar a qualidade da educação em uma determinada escola e nas diversas redes de ensino; no fundamental, é possível avaliar o desempenho dos municípios nas redes públicas e, no nível médio, o Ideb é divulgado por UF. Há também o Ideb Brasil, dividido entre as redes municipal, estadual e privada.
Como a Prova Brasil pretende analisar a qualidade da turma com a maior abrangência, os alunos fazem provas diferentes que só podem ser avaliadas em conjunto. Assim, não há nota individual.

Fonte: G1

Notas em português e matemática pioram

Alunos do ensino médio tiveram queda no desempenho

A nota dos alunos do ensino médio na Prova Brasil/Saeb 2011 caiu tanto na rede pública quanto na particular em relação à última edição das provas, em 2009. O Saeb avalia o desempenho dos alunos em Matemática e em Língua Portuguesa e é usado para compor o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), divulgado na última segunda-feira.

A média das provas caiu, na rede estadual, de 4,65 para 4,38. Já na rede particular, saiu de 6,07 para 5,95. Em todo o Brasil, também houve queda no desempenho da rede estadual, que apresentou média de 4,32 em 2011.

Membro do comitê técnico do Movimento Todos Pela Educação, Ruben Klein explica que estamos longe das metas estabelecidas pela ONG até 2022. "O Todos Pela Educação prevê 70% dos alunos nessa etapa com nota acima de 300 pontos em Português e acima de 350 em Matemática", diz. No Estado, as notas foram: 258,43 em Língua Portuguesa, e 271,96 em Matemática, na rede estadual. Já na rede particular, chegaram a 304,31 e 334,64. 

Amostragem
O secretário estadual de Educação, Klinger Barbosa, explica que a avaliação é feita por amostragem, o que prejudica o resultado. "Das 52 escolas que participaram da amostra, 51 tiveram desempenho abaixo do básico ou básico no Paebes (Programa Estadual de Avaliação). Temos desafios a enfrentar, mas devemos levar isso em conta, diz.

Em entrevista publicada ontem, o membro do Conselho Consultivo do Sindicato dos Estabelecimento Particulares de Ensino do Estado (Sinepe), Antônio Eugênio Cunha, reconheceu "estagnação" no desempenho da rede, mas disse que as notas são superiores às das outras redes.
Escola alcança melhores médias com equipe forte e bons projetos
O Ministério da Educação também divulgou a nota de todas escolas de ensino fundamental do Estado na Prova Brasil/Saeb. Nessa etapa, as quedas ocorreram apenas em algumas disciplinas, e não em toda a etapa, como no ensino médio.

O melhor desempenho nas séries iniciais (1ª a 4ª série) foi da Escola Lourdes Scardini, de Nova Venécia, Região Norte. Ela alcançou uma média de 7,69 na prova e obteve a maior nota em Língua Portuguesa no Estado. Foram 249,50 pontos. "Estamos muito felizes com a nota e vamos comemorar", disse a diretora da unidade, Ivany Lopes Galvão.

Na Grande Vitória, a Escola Ricardina Stamato da Fonseca, de Vila Velha, aparece com o terceiro melhor desempenho nas séries iniciais, com média de 7,31. "Temos uma equipe forte e sempre preocupada com a participação da família. Também desenvolvemos projetos que despertam o interesse da criança, como o de reciclagem de lixo", diz a diretora da unidade, Adriana Bertulani.

Nas séries finais (5ª a 8ª série), o melhor desempenho foi da Escola Experimental de Vitória, com 6,5 de média na Prova Brasil. A unidade também teve o melhor desempenho do Estado no Ideb.

Fonte: A Gazeta Online