terça-feira, 22 de julho de 2014

MEC inicia construção de currículo nacional

Ministério recebe hoje documento que será o 'desencadeador' do debate; base comum é cobrada por especialistas

O Ministério da Educação (MEC) dá hoje o pontapé inicial para a construção da Base Nacional Comum da Educação básica, que prevê o que os estudantes brasileiros devem aprender a cada etapa Escolar. Previsto na Constituição e na Lei de Diretrizes e Bases (LDB), esse dispositivo nunca foi elaborado. É tido por especialistas como fundamental para a garantia da qualidade do Ensino. A Secretaria de Educação básica (SEB) do MEC recebe hoje um documento que será o “desencadeador” do debate.

O texto foi coordenado pela direção de currículos e Educação integral do ministério. “Estamos propondo uma discussão em regime de colaboração com o MEC na condução e uma participação mais ampla possível”, disse a secretária Maria Beatriz Luce. “O MEC está aberto a construir conjuntamente se a Base será menos ou mais detalhada.”

O País tem diretrizes com linhas gerais do que deve ser ensinado, mas cada rede é que define se terá um currículo. Assim, só 17 das 27 unidades da federação tem um currículo e a situação é ainda mais diversa nos municípios.Como novo documento, as redes contariam com uma base mais definida, a partir da qual cada secretaria defina como contemplá-la.

A base ainda permite guiar o processo de avaliação – hoje, são as avaliações que ditam o que as Escolas ensinam. A formação de Professores também será impactada. A articulação conta com o Conselho Nacional de Educação (CNE), de Secretários Estaduais de Educação (Consed) e da União de Dirigentes Municipais (Undime). “O compromisso é que o MEC coloque o documento para a apreciação online, e todo o País envie sugestões. Isso deve ocorrer até agosto”, disse Rosa Soares, do Consed.

Um grupo com mais de 40 especialistas e entidades também conversam há mais de um ano sobre o assunto, reunindo experiências internacionais e agrupando interessados. “Temos nos dedicado muito a levantar evidências, mobilizar e colocar o tema em voga”, disse Alice Ribeiro, integrante do grupo, que se encontra na próxima semana com a titular da SEB.

A ex-secretária de Educação básica do MEC Maria do Pilar Lacerda defende que o debate contemple um processo com etapas. “Quando estive no MEC, vários grupos leram a proposta e sempre havia divergências. Por fim, não conseguimos o formato ideal”, disse. “Se reunirmos dez especialistas, teremos dez definições.”

A criação da base comum tem resistência de alguns setores. O maior temor é por um engessamento da autonomia do Professor. A Professora Unicamp Helena de Freitas diz que a discussão não pode ignorar o que já existe. “É necessário colocar os Professores como protagonistas”, diz ela, presidente da Associação Nacional de Formação de Professores (Anfope).


Fonte: O Estado de S. Paulo (SP)
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Educador preparado para derrubar barreiras

Vencer obstáculos como a distância entre a formação teórica e a prática da sala de aula exige atenção na formação inicial e continuada

Toca a campainha e a aula começa: na sala, os alunos, sentados em carteiras individuais, arrumadas em colunas, devem prestar atenção somente à voz do professor e ao conteúdo da disciplina, que ele organiza e esquematiza na lousa. Cada sala, aliás, agrupa geralmente alunos da mesma idade, que cursam o mesmo nível educacional, encerrada por quatro paredes; a porta de cada sala permanece a maior parte do tempo fechada, pois o assunto da aula é adequado apenas àquele grupo de alunos. Livros e cadernos de anotação não são compartilhados e as avaliações também são individuais. Os trabalhos, ainda que feitos em grupo, são entregues diretamente ao professor, que sozinho avalia o conteúdo e o esforço empreendido na pesquisa e na redação destes. Esse é o modelo de educação que os professores e todas as pessoas com 25 anos ou mais estão habituadas, pois foi nele que foram educados. Mas a escola do século XXI abre novos caminhos e propõe outros desafios.

A Gestão Educacional acompanhou o I Fórum de Qualificação Docente, ocorrido durante o GEduc 2014, no qual gestores e educadores se reuniram para debater a qualificação de professores e o preparo para a utilização das novas tecnologias em sala de aula. O desafio da qualificação docente é imenso, ao se levar em conta as dimensões territoriais do País. Com 5.564 municípios e dezenas de milhares de escolas, cada qual com desafios particulares e inseridas em um contexto único, a tarefa de formar educadores para um ensino de melhor qualidade, sem desprezar as particularidades de cada região, cidade e escola, apresenta-se como trabalho interminável. Vencer as barreiras impostas pela distância que se observa entre aluno e professor, bem como entre escola e comunidade onde ela está inserida, também é um enorme desafio, destacam os educadores ouvidos. Já o uso de novas tecnologias em sala de aula suscita diversos questionamentos: Como controlar o uso de tablets e iphones na escola, para que esses dispositivos sirvam como ferramenta didática, e não distração? E que lugar exerce a comunicação digital na alfabetização? Finalmente, qual o papel do professor diante da troca de informações no mundo digital: o de mediador ou o de censor? As respostas e as soluções para essas e outras questões não são óbvias ou definitivas, mas as perspectivas que se abrem nos debates apontam para uma escola mais aberta, cujo conhecimento é compartilhado, seja no mundo virtual ou com a comunidade onde está inserida.

Formação para a prática
Um dos maiores desafios que se impõe à qualificação docente ainda é a conciliação entre a didática aprendida na universidade e a aplicação prática desse conhecimento em sala de aula, o que exige habilidade de relacionamento e capacidade para compreender o ser humano que é o aluno. “As competências do educador têm uma dimensão técnica, pois ele precisa saber o que vai ensinar, além de uma dimensão pedagógica, pois é preciso saber o caminho que se vai percorrer. E o professor precisa conhecer seu aluno, saber que há uma relação entre pessoas, que esse sujeito é outro, o que constitui a dimensão estética do trabalho. A sensibilidade deve estar presente e ele tem que conhecer o contexto de seu trabalho, a comunidade, as políticas [públicas que afetam a comunidade]”, avalia Terezinha Rios, doutora em Educação e pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Formação de Educadores (Gepefe) da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FE/USP). Ela enfatiza que ainda há muita distância entre o aluno e o professor, bem como entre a escola e a comunidade onde está inserida.

Foi pensando em derrubar parte dessas barreiras que a Secretaria de Educação de Belo Horizonte (MG) elaborou um programa de qualificação docente que envolve toda a rede municipal paralelamente a uma política de ensino integral, em que no primeiro turno há as disciplinas do currículo regular, enquanto no segundo turno as escolas promovem o encontro entre os estudantes e a cidade. Sueli Maria Baliza Dias, secretária municipal de Educação de BH, conta como funciona o programa: “O aluno que fica dentro da escola tem a oportunidade de conviver com outras habilidades, e desenvolver competências o torna um sujeito mais completo. Em nosso programa, o aluno passa cerca de nove horas na escola, mas convive com toda a cidade, pois não fica confinado aos muros da instituição. Visita museus, parques, tem aulas de dança, de esportes. Temos 650 parceiros para esse programa da escola integrada”, conta. Outra iniciativa é o programa Férias na Escola, em que os alunos podem passar parte dos meses de férias participando de atividades da instituição, o que também abre as portas da escola para as famílias. “O que queremos na escola não é só que o aluno aprenda os conceitos primeiros de leitura, escrita e matemática. Queremos que se torne um cidadão, que consiga conviver com o mundo e melhorar esse mundo”, diz a secretária.

A qualificação dos professores da rede de Belo Horizonte anda lado a lado com o projeto de abertura da escola, pois segue o mesmo espírito inclusivo. Sueli argumenta que a formação docente, principalmente a continuada, não se dá de forma individualizada. Não é, segundo ela, escolha exclusiva do professor o caminho a trilhar em uma graduação ou pós-graduação, pois essa escolha deve passar pela escola e por suas políticas e pelo trabalho coletivo da rede de ensino. Ou seja, para garantir o sucesso de um programa de formação continuada para os professores, é preciso oferecer boas condições de trabalho, bons salários e um plano de carreira associados ao programa.

Na rede municipal de Belo Horizonte, o programa de qualificação docente inclui formação externa – por meio de convênios com universidades para cursos de pós-graduação stricto e lato sensu – e formação interna, com encontros semanais com professores que discutem temáticas variadas. A formação interna é realizada de acordo com a carga horária do professor, que na rede da capital mineira é de 22 horas e 30 minutos semanais.

Terezinha Rios concorda que a qualificação do professor, bem como o planejamento de aula, devem ser remunerados. “Fiz um trabalho na Secretaria Municipal de São Bernardo do Campo [SP], onde há o projeto de o professor dispor de um terço de sua carga horária para aprimoramento”, conta. Medidas como um regime de dedicação exclusiva a uma única escola são essenciais para o sucesso de um programa abrangente de formação continuada, segundo a pesquisadora. Outra medida importante é diminuir o número de profissionais na área de educação em regime temporário. “A própria denominação 'temporário' já indica a situação precária de trabalho”, lembra Terezinha. “Algo muito importante para qualquer profissional é a segurança, a possibilidade de ter um contrato que assegure a continuidade do trabalho”, completa. Ou seja, é muito mais fácil dedicar-se a uma pós-graduação quando se tem segurança e horários definidos de trabalho.

O governo federal, por meio do Ministério da Educação (MEC), tem um programa de formação continuada para professores da educação infantil e dos ensinos fundamental e médio que inclui cursos curtos, a distância, de graduação (licenciatura) e de pós-graduação. Além dos programas de formação para professores, há também os para gestores. O e-Proinfo, por exemplo, é um ambiente virtual colaborativo de aprendizagem que permite a concepção, a administração e o desenvolvimento de cursos a distância, complemento a cursos presenciais, projetos de pesquisa, projetos colaborativos e diversas outras formas de apoio ao ensino a distância e aos processos de aprendizagem.

A importância do EaD
Segundo a secretária Sueli, hoje há 450 mil alunos cursando licenciatura na modalidade de ensino a distância entre os cerca de 1,4 milhão de estudantes de licenciatura nas universidades do País. E a opção não vale somente para aqueles que lecionam ou vivem em lugares distantes das universidades. Um exemplo é o curso de licenciatura em Ciências da USP, que forma professores de Ciências para o ensino fundamental. A graduação funciona na modalidade semipresencial, com aulas e trabalhos virtuais, além de uma aula presencial por semana, aos sábados. Boa parte dos alunos são professores atuantes da rede de ensino paulistana, que buscam melhor formação e moram na capital paulista. Os modelos semipresencial ou a distância oferecem a vantagem de economizar tempo de deslocamento para quem trabalha 40 horas semanais ou mais, como é o caso de muitos professores e gestores educacionais. Segundo dados da Prova Brasil 2011, 26% dos professores que responderam ao questionário afirmaram ministrar 40 horas-aula semanais e 23% afirmaram ministrar mais de 40 horas-aula semanais.

Terezinha concorda que as principais dificuldades da formação continuada são a própria organização do trabalho do professor, dos horários, e a disponibilidade de tempo para que ele possa participar de eventos ou outras atividades organizadas na escola. “O EaD acaba sendo visto como vilão da história por quem acha que o bom é o ‘olho no olho’, a modalidade presencial. Quando me perguntam o que acho do ensino a distância, respondo perguntando a que distância está do aluno o professor em sala de aula. Acho que temos de nos dispor a usar o que está à nossa disposição, principalmente tendo em vista nossos limites”, afirma ela.

Por que e como avaliar
Além da qualificação docente, a avaliação do professor é outra questão ligada ao desempenho. Leila Rentroia Ianonne é especialista em avaliar o desempenho de professores e alerta para o perigo que oferece uma avaliação enviesada e maliciosa aplicada aos educadores. “A avaliação tem caráter técnico, mas envolve questões éticas e políticas”, afirma. “Quem avalia deve saber que está em uma posição privilegiada, observando o outro, e isso pressupõe uma competência relacional extremamente elaborada. Quem avalia o professor deve sempre saber o que se quer com aquela avaliação e ter em mente que o professor é um intelectual cujo maior desejo é ser respeitado”, afirma Leila. Segundo ela, nunca se deve mascarar a intencionalidade da avaliação.

Leila ainda acredita que somente aplicar a avaliação, sem o empenho de entender o diagnóstico que ela oferece a respeito do trabalho da escola como instituição, não traz muitas vantagens. “A avaliação é importante para que a instituição encontre respostas para muitas das perguntas que a assolam”, afirma. Isso porque toda avaliação é um processo de forte conteúdo técnico, pois indaga sobre valores e significados sociais. “E não pode funcionar no improviso”. Todo processo avaliativo consome recursos, tempo, dinheiro, planejamento e envolve dimensões éticas e políticas do trabalho do professor e dos gestores. “Só vale a pena quando a escola sabe exatamente o quer com a avaliação”, afirma a especialista.


Fonte: Revista Gestão Educacional
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Confira 10 perguntas e respostas para entender o Plano Nacional de Educação

Lei tramitou no Congresso Nacional durante quatro anos e estabelece 20 metas para serem cumpridas até 2023

O PNE (Plano Nacional de Educação) foi sancionado no último dia 26 de junho. A lei tramitou no Congresso Nacional durante quatro anos e estabelece 20 metas para serem cumpridas até 2023.

Entre os objetivos estão ampliar o acesso desde a educação infantil até o ensino superior, melhorar a qualidade de forma que os estudantes tenham o nível de conhecimento esperado para cada idade, e valorizar os professores com medidas que vão da formação ao salário dos docentes.

Abaixo, listamos 10 perguntas básicas que ajudam a entender melhor o PNE, como ele será colocado em prática e quais serão as suas consequências:

1. O que é o Plano Nacional de Educação?

O PNE (Plano Nacional de Educação) é uma lei ordinária, prevista na Constituição Federal, que entrou em vigência no dia 26 de junho de 2014 e valerá por 10 anos. Ela estabelece diretrizes, metas e estratégias de concretização no campo da educação. A partir do momento em que o PNE começa a valer, todos os planos estaduais e municipais de Educação devem ser criados ou adaptados em consonância com as diretrizes e metas estabelecidas por ele.

2. Quais são as metas do PNE?

O PNE tem 20 metas que abrangem todos os níveis de formação, desde a educação infantil até o ensino superior, com atenção para detalhes como a educação inclusiva, a melhoria da taxa de escolaridade média dos brasileiros, a formação e plano de carreira para professores, bem como a gestão e o financiamento da Educação. O plano também dá grande peso ao financiamento e ampliação dos investimentos. Conheça cada uma das metas.

3. Quanto o Brasil investe em educação atualmente?

A porcentagem do investimento público direto em educação, em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) do país, foi de 5,3% em 2012, segundo o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira). A meta do PNE é que o país passe a investir o equivalente a 10% do PIB em educação. Isso deverá significar o montante de R$ 50 bilhões investidos anualmente em educação. Ou seja, o dinheiro destinado à educação deverá ser quase o dobro ao fim da vigência do plano, em 2023. Lembrando que a meta é que o investimento cresça gradualmente: a ampliação deve ser para 7% do PIB nos próximos cinco anos, chegando a 10% no prazo dos cinco anos seguintes.

4. De onde vai sair o dinheiro para aumentar o investimento em educação para 10% do PIB?

A lei de destinação dos royalties do petróleo, sancionada em 2013, estabelece que 75% desses recursos e 50% do Fundo Social do Pré-Sal serão destinados à educação. Esta é uma das principais fontes para se atingir, em 10 anos, a meta equivalente a R$ 50 bilhões anuais para a área. No decorrer da vigência da lei deverá também haver uma redistribuição orçamentária, especialmente do governo federal – que passará a ter maior participação no investimento total em educação, além da criação de novas fontes de recursos que garantam que o objetivo do PNE seja atingido.

5. O que é CAQi (Custo Aluno-Qualidade Inicial)?

No prazo de dois anos a partir da vigência do PNE, será implantado o CAQi (Custo Aluno-Qualidade inicial), um valor nacional mínimo que deverá ser investido por estudante para garantir a qualidade do ensino a cada etapa da educação básica. O indicador será referenciado no conjunto de padrões mínimos estabelecidos na legislação educacional, e terá o financiamento calculado com base nos respectivos insumos indispensáveis ao processo de ensino-aprendizagem. O CAQi será progressivamente reajustado até a implementação plena.

6. O dinheiro do PNE poderá ser investido na educação privada?

O PNE prevê investimento na educação privada uma vez que estabelece, como estratégia para o aumento de matrículas no ensino superior, a ampliação de programas como o Fies (Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior) e o Prouni (Programa Universidade para Todos). Para a expansão de matrículas na educação profissional, também há a previsão de aumentar a oferta de financiamento estudantil que é oferecida em instituições privadas de nível superior.

7. O salário dos professores vai aumentar?

Este é um dos grandes desafios do PNE. Algumas das metas do plano envolvem diretamente o professor, a valorização do magistério e o investimento na formação e na carreira de docentes. A meta 17, por exemplo, estabelece o respeito a profissionais de magistério das redes públicas da educação básica, com o objetivo de equiparar seu rendimento médio ao dos profissionais com escolaridade equivalente. Portanto, o salário dos professores deve, sim, aumentar. Isto deve acontecer até o final do sexto ano da vigência da lei.

8. O PNE vai aumentar o número de vagas em creches?

Sim. A primeira meta do PNE trata da educação infantil, e estabelece que até o fim da vigência da lei deve-se ampliar a oferta de vagas em creches para atender pelo menos 50% das crianças de zero a 3 anos. A meta é, também, que esta fase do ensino seja universalizada até 2016 para crianças de 4 a 5 anos de idade. Ou seja: em 2023, metade das crianças de até 3 anos de idade deverão estar matriculadas em creches, e 100% das que têm 4 ou 5 anos de idade devem frequentar a escola.

9. O PNE vai aumentar o número de vagas no ensino superior?

Sim. A meta número 12 do Plano é elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% e a taxa líquida para 33% da população de 18 a 24 anos, assegurada a qualidade da oferta e expansão para, pelo menos, 40% das novas matrículas, no segmento público.

10. Quem vai fiscalizar o cumprimento do PNE?

O próprio PNE estabelece que a execução e cumprimento deverão ser monitorados de forma contínua, com avaliações periódicas. São responsáveis por esta fiscalização o MEC (Ministério da Educação), a Comissão de Educação da Câmara dos Deputados e a Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal, o CNE (Conselho Nacional de Educação) e o Fórum Nacional de Educação. O monitoramento será realizado por meio de documentos, como estudos do Inep, que devem ser publicados a cada dois anos durante a vigência da lei para mostrar a aplicação do Plano, e a realização de atividades como Conferências Nacionais de Educação. Os cidadãos que desejarem acompanhar o cumprimento das metas podem monitorar os índices no Observatório do PNE.


Fonte: Portal EBC
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Veja 12 tecnologias e tendências que devem estar nas salas de aula até 2019

Estudo internacional mostra como as tecnologias emergentes vão estar presentes na educação básica nos próximos 5 anos

Com o avanço tecnológico, o professor vai precisar mudar cada vez mais a forma como atua em sala de aula. Ele vai precisar perceber que não é mais a primeira fonte de conhecimento dos alunos e, a partir daí, assumir uma postura de mentor, ou seja, de um guia para o aprendizado dos estudantes.

Essa é uma das principais constatações do mais recente relatório do NMC (New Media Consortium), uma organização que conta com representantes de mais de 250 instituições de ensino espalhadas pelo mundo. O NMC produz, periodicamente, relatórios sobre tendências em diferentes níveis da educação.

Para este estudo, mais de 50 especialistas de todo o mundo foram selecionados para analisar as tecnologias emergentes e seu potencial impacto sobre o ensino e aprendizagem nas escolas.

O documento, que traz 12 tendências e tecnologias que devem se difundir na educação básica até 2019, aponta essa mudança na atuação docente como algo que deve acontecer entre um a dois anos.

A justificativa do relatório para que o professor mude sua forma de atuação em tão pouco tempo vem do crescente acesso à internet por parte dos alunos. Com mais informação à disposição, os educadores deixam de ser a primeira fonte de conhecimento e se tornam ainda mais imprescindíveis no papel de orientação e mediação.

Outra tendência apontada pelo relatório é a adoção de abordagens pedagógicas mais profundas. Pelo documento, estarão em alta estratégias que permitam que o aluno aplique, na prática, o que aprendeu. Com isso, é esperado que o estudante desenvolva habilidades para resolver problemas, enfrentar desafios e trabalhar colaborativamente.

Essas tendências, somadas ao avanço das tecnologias intuitivas - aquelas sensíveis ao toque e ao movimento -, vão trazer a necessidade de repensar ainda mais o próprio modelo vigente de escola.

Ainda segundo o relatório, tais práticas e os novos recursos pedagógicos vão demandar também um novo modelo de divisão do tempo que facilite a interação dos alunos com seus pares, com o professor e com as tecnologias.

Veja mais detalhes sobre os recursos e as tendências destacas pelo NMC aqui.


Fonte: Portal Porvir
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Opinião: Navegar, estudar e aprender

"Temos de migrar da formação de consumidores de leitura para produtores de conhecimento", afirma Beatriz Cardoso

Três verbos complementares entre si, que denotam atividades cognitivas diferentes, cada uma com sua especificidade. Todavia elas tendem a ser tratadas como se fossem a mesma coisa. Embora a relevância dessa afirmação pareça secundária, na prática, o fato de compreendê-las como ações equivalentes tem impactado o Ensino e a aprendizagem da leitura, bem como limitado as possibilidades de apropriação de conteúdos das diferentes áreas do conhecimento.

No Brasil, segundo os resultados do Sistema de Avaliação da Educação básica (Saeb 2011), apenas 40% dos Alunos do 5.º ano do Ensino fundamental atingiram um nível adequado em compreensão leitora. A situação é mais grave considerando as desigualdades regionais. No Norte e no Nordeste outros 40% se encontram num nível considerado crítico na realização das mesmas atividades (Brasil, 2006, 2012).

Tal urgência exige inovação, quase sempre atrelada à tecnologia. O envolvimento dos diferentes setores e a preocupação com o resultado da Escolaridade dos Alunos é um ótimo sinal, mas deve-se evitar o reducionismo, que pode pegar carona num panorama de crise. Com frequência, em diferentes fóruns, explicita ou implicitamente, surge o discurso que culpabiliza a Escola por tudo.

Há uma expectativa geral de se "tirar a Escola da caixa", que precisa mesmo ser revista. O desafio, contudo, é separar o joio do trigo, identificar as fragilidades e encontrar caminhos para tornar o sistema ajustado aos desafios contemporâneos.

A Escola pode cumprir papel relevante, desde que reorientada para isso. "Abandonar" esse equipamento, historicamente tão relevante, em troca da oferta direta ao Aluno, que desconsidera a mediação no aprendizado, transferindo-a para contextos virtuais e individuais com o apoio horizontal de uma rede de acesso à informação, pode incidir apenas na superfície do problema.

Navegar, estudar e aprender não são sinônimos. A oportunidade de acesso à internet e o contato com conteúdos de diversas áreas do conhecimento não promovem, necessariamente, capacidade de compreensão. A sociedade atual exige o domínio de práticas de leitura e apropriação de "chaves" para a análise e compreensão dos textos, bem como a capacidade crítica para lidar com as informações acessadas.

O desafio é aprender a decifrar, interpretar, analisar, parafrasear, reproduzir, citar, comentar e produzir textos escritos. Cada uma dessas dimensões requer aprendizagem específica, oportunidade e experiência com o objeto de conhecimento. Temos de migrar da formação de consumidores de leitura para produtores de conhecimento. Isso se faz não apenas por leitura, mas por meio da configuração de contextos intencionais em que o Aluno tenha a oportunidade de explorar essas diferentes dimensões.

A Escola pode e deve ter protagonismo nesse sentido. Em vez de criar atalhos que corram paralelamente a ela, precisamos encontrar caminhos que potencializem seu papel na sociedade atual. Como dar um lugar inteligente e generativo para a Escola e para o Professor?

Navegar consiste em categorizar, selecionar e identificar informação. Estudar equivale a saber estabelecer uma rede de conexões entre conhecimentos, experiência e informação. É preciso aprender a fazer isso. Mediar para construir categorias de análise, tornar observáveis determinadas dimensões de um texto, interagir e rever o conhecido, processar a experiência, pensar sobre o objeto de conhecimento, etc. Assim, estudar é aprender a trabalhar com textos escritos de maneira a construir conhecimentos, resolver problemas e desenvolver projetos.

A inclusão de milhares de Alunos nesse outro patamar, que transitem livremente pelas práticas próprias do discurso letrado, depende de um trabalho intencional e planejado. São necessárias estratégias que os auxiliem a se relacionar de um modo epistêmico com os textos, para que aprendam com e sobre eles, e não apenas para que extraiam informações pontuais sobre um tema em questão. E, nesse contexto, o Professor, como um parceiro experiente, tem papel fundamental.

É ao "desconstruir" os textos, estudando-os, segmentando-os, analisando-os e interpretando-os, que se avança. O segredo está em como ajudar os estudantes a entrar na camada interna dos textos, a explorar suas formas e características metalinguísticas. Estudar é, portanto, resultado de um conjunto de processos cognitivos que se manifestam por meio dessas microatividades, que se superpõem.

Uma das funções da Escola é criar condições para que cada Aluno possa experimentar, isoladamente e em conjunto, cada uma delas. É, no entanto, possível passar por uma Escolaridade que não produza esse contexto de aprendizagem. E na urgência de resolver tal problema há o risco de se investir em programas e propostas que, sob as premissas da inovação, da tecnologia da informação e da atenção individualizada ao Aluno, enfraqueçam cada vez mais a atuação do Professor e, em consequência, o tipo de relação que os Alunos têm com o conhecimento.
Quais serão as consequências individuais e coletivas dessa opção daqui a uma década?

Nesse contexto, se quisermos atingir todos os Alunos, e não apenas uma parcela que tem acesso a oportunidades contingenciais, devemos encarar os desafios de valorizar o papel da Escola, de investir na formação dos Professores e no desenvolvimento de conhecimento aplicável e de metodologias que lhes deem suporte. E se quisermos, de fato, garantir igualdade de oportunidades para todos, é mais racional e produtivo capacitar esse quadro, em lugar de criar soluções individualizadas, que vão direto a cada Aluno, como caminho de correção de um problema sistêmico.

*DOUTORA EM Educação PELA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP), É DIRETORA EXECUTIVA DO 'LABORATÓRIO DE Educação' E FELLOW 2013 DO HARVARD AD-VANCED LEADERSHIP INITIATIVE


Fonte: O Estado de S. Paulo (SP)
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No Brasil, diretores têm 7 anos de experiência; média da OCDE são 9

Segundo pesquisa, a experiência do diretor é construída com base na experiência como professor

Em média, os diretores de escola no Brasil têm 7 anos de experiência no cargo e já passaram cerca de seis anos em outra função administrativa e 14 anos como professores.

As informações são da edição 2013 da Talis, Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem coordenada mundialmente pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). O levantamento foi divulgado no dia 25 de junho.

Segundo o histórico da pesquisa, a experiência do diretor é construída com base na experiência como professor. Na média, os profissionais dos 34 países e territórios que participam do levantamento têm 21 anos de experiência. Os países com profissionais com mais experiência de docência são Austrália (27 anos), Coréia (29 anos) e Japão (30).

Na lista de países com menos de 15 anos de experiência docente, estão Brasil, França, Islândia, Sérvia, Cingapura, Suécia e Abu Dhabi.

Tanto liderar uma escola quanto dar aula são responsabilidades que demandam, segundo o relatório. Em um dos extremos há profissionais cuja única função é a direção -- em nove países, mais de 90% dos diretores exercem a função por 90% do seu tempo, sem responsabilidades como professores. Na outra ponta, há países em que os diretores dividem seu tempo com a função docente (Bulgária, República Tcheca, Malásia e Eslováquia).

Se por um lado, há uma sobrecarga dos profissionais ao acumular funções, por outro, segundo o relatório, manter algumas responsabilidades como professor ajuda o gestor a manter proximidade com a atividade principal da escola, ensinar. Também costuma melhorar o relacionamento entre o diretor e os alunos e os colegas de sala de aula.

O que é a Talis
Talis é a sigla para Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (Teaching and Learning International Survey em inglês), coordenada pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). No Brasil, a coordenação da pesquisa fica por conta do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira).

A edição de 2013 é a segunda desde a criação do estudo, em 2008. Seu objetivo é levantar as condições de trabalho dos professores e o ambiente de aprendizagem nas escolas para amparar decisões de políticas públicas no setor.

Participaram desta edição 34 países (24 países da OCDE e outros 10 países parceiros, como o Brasil). Cerca de 106 mil professores responderam à pesquisa. No Brasil, foram questionados 14.291 professores do fundamental 2 e 1057 diretores de 1070 escolas. 


Fonte: UOL Educação
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Apenas 22% dos jovens mais pobres completaram o ensino médio aos 19 anos

Etapa final da Educação Básica deveria ser concluída aos 17 anos; entre mais ricos, índice de conclusão sobe para 84,1%. Para especialista, escola precisa se reinventar para atrair jovem

Permanecer na escola, quando se é pobre, é um grande desafio. Dados compilados a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) mostram que, aos 19 anos de idade, jovens que já deveriam estar na universidade ainda estão longe de concluir a educação básica. Especialmente os mais pobres. Apenas 22,4% deles concluem o ensino médio nessa idade.

Entre o quinto (20%) mais rico da população, a realidade é bastante diferente, apesar de ainda não ser a ideal: 84,1% dos jovens de 19 anos já concluíram o ensino médio. O ideal é os alunos terminassem a educação básica com 17 anos. As desigualdades são ainda maiores quando a comparação é feita entre as regiões brasileiras.

Na região Norte, o percentual de concluintes do ensino médio com 19 anos assusta: é de apenas 14,3% entre os mais pobres e de 67,9% entre os mais ricos. A região Sudeste possui os números mais altos de conclusão entre os grupos – que são distantes entre si também: 87,2% dos jovens de 19 anos mais ricos terminaram a etapa, contra 34,2% dos mais pobres.

“Ao analisar o direito à educação, é preciso avaliar qualidade e equidade, sobretudo num país com a diversidade e as assimetrias sociais do Brasil”, ressalta Carlos Eduardo Moreno Sampaio, mestre em estatística e diretor de Estatísticas Educacionais do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em artigo publicado no livro O Enfrentamento da Exclusão Escolar, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

O texto ressalta que entre 60% e 80% das crianças e dos adolescentes de 4 a 17 anos que não frequentam a escola são de famílias pertencentes aos dois primeiros quintis de renda familiar per capita: os 40% mais pobres. “Quanto menor a renda, maior a chance de uma criança nessa faixa etária não frequentar a escola”, diz.

Moreno acredita que programas sociais, como o Bolsa Família, e de ampliação da permanência na escola, como Mais Educação, têm contribuído para melhorar o cenário. “A escola tem papel central na superação desses desafios”, define. Ele reconhece que, mesmo entre a população de maior renda, a taxa de sucesso na progressão escolar não é adequada. “A chance de um jovem de 19 anos da região Sul ter o ensino médio concluído é pouco maior que 53%, número muito abaixo do ideal”, comenta.

Permanência e aprendizagem
Para especialistas, os dados mostram que, para além de colocar as crianças na escola, as redes precisam mantê-las na dentro, aprendendo na idade correta, para que a exclusão escolar não seja tão comum entre os jovens. De acordo com a Pnad 2012, havia 887.382 jovens de 17 anos que não frequentavam a escola, mais 495.660 de 16 anos e 271.162 de 15 anos.

Na opinião de Moreno, os dados mostram um problema “estrutural” da educação brasileira: “a baixa produtividade dos sistemas em produzir concluintes na idade própria”. Aos 6 anos, a frequência escolar das crianças é de 95,8%. Mas só 76% das crianças de 12 anos concluíram o ensino fundamental e, aos 16 anos, apenas 65,5% terminaram essa etapa (o que deveria ter ocorrido aos 14) e, aos 19 anos, menos da metade (49,7%) concluiu o ensino médio.

Júlia Ribeiro, oficial do programa de Educação do Unicef, ressalta que é importante ampliar o enfrentamento da exclusão escolar. “As áreas de educação precisam estar articuladas à saúde e à assistência social, por exemplo, para enfrentar o problema”, afirma. Para ela, o maior desafio é a escola “dialogar com esse adolescente para que ele permaneça na escola”.

A secretária municipal de Educação de Saloá (PE), Josevalda Cavalcante de Albuquerque, também defende um “ensino com significado para os jovens do ensino médio”. Ela critica a falta de prática no apoio aos professores que lidam com essa faixa etária. “Existem muitas formações, mas não para eles. O apoio fica no discurso”, diz.

Atendimento noturno
As matrículas no ensino regular noturno – que poderiam auxiliar os jovens trabalhadores, por exemplo – vêm caindo nos últimos cinco anos. Por um lado, os especialistas dizem que esse é um bom sinal, já que não é desejável manter adolescentes estudando no período da noite. Por outro, eles reconhecem que o atendimento em horário alternativo ainda é necessário.

Entre 2008 e 2013, o número de matrículas no ensino médio noturno caiu 25%. De 3.181.151 alunos em 2008, passou para 2.394.488 em 2013. “O desejo é acabar com o ensino noturno. Os bons resultados do ensino regular refletem no noturno. O que precisamos é trabalhar para que a educação no Brasil seja integral”, comenta Eduardo Dechamps, secretário de Educação de Santa Catarina.

“Quem dera que a gente não precisasse do ensino noturno, mas ele ainda é a porta de entrada ou o retorno das pessoas que não tiveram oportunidade no tempo ideal. Acho que a queda das matrículas do ensino regular à noite tem mais a ver com a Educação de Jovens e Adultos”, comenta Cleuza Repulho, presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime).

A Educação de Jovens e Adultos, o antigo supletivo, tem sido alvo de estudantes cada vez mais jovens. Mas não tem conseguido atrair todos que precisaria. Tanto no turno diurno quanto noturno, as matrículas caíram nos últimos anos. Entre 2008 e 2013, a modalidade perdeu mais de 1,1 milhão de matrículas. Só à noite, a queda foi de 22%.

“É preciso repensar o EJA em muitos municípios. Em outros lugares, pode ser que as matrículas estejam caindo porque a taxa de analfabetismo e a defasagem idade-série vêm diminuindo. É desejável que, ao longo do tempo, essas matrículas diminuam, mas é preciso analisar caso a caso. Os gestores precisam fazer busca ativa para resolver isso”, diz.


Fonte: iG
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Quase 90% dos professores brasileiros se sentem desvalorizados, diz estudo

No entanto, 87% dos professores brasileiros consideram-se realizados no emprego, próximo da média global de 91,1%

Quase 90% dos professores brasileiros acreditam que a profissão não é valorizada na sociedade. Mesmo assim, a maioria está satisfeita com o emprego. O resultado foi apresentado semana passada pela Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (Talis) da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que ouviu 100 mil professores e diretores escolares em 34 países.

De acordo com o levantamento, somente 12,6% dos professores brasileiros consideram-se valorizados. A proporção está abaixo da média internacional, de 30,9%. No entanto, 87% dos professores brasileiros consideram-se realizados no emprego, próximo da média global de 91,1%.

Apesar de não se sentirem valorizados, os professores brasileiros estão entre os que mais trabalham, com 25 horas de ensino por semana, seis horas a mais do que a média internacional. Em relação ao tempo em sala de aula, os professores brasileiros ficam atrás apenas da província de Alberta, no Canadá, com 26,4 horas trabalhadas por semana, e do Chile, com 26,7 horas.

Mesmo trabalhando mais que a média, os professores brasileiros gastam mais tempo para manter a ordem em sala de aula. Segundo o levantamento, 20% do tempo em sala é usado para controlar o comportamento dos alunos, contra 13% na média internacional.

Todos os entrevistados na pesquisa dão aula para a faixa etária de 11 a 16 anos. A publicação também mostra que nos países em que os professores se sentem valorizados, os resultados no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) tendem a ser melhores.

Quanto à formação, mais de 90% dos professores brasileiros dos anos finais do ensino fundamental concluíram o ensino superior, mas cerca de 25% não fizeram curso de formação de professores. Segundo a falta de especialização reflete-se no ensino. Professores com conhecimento de pedagogia e de práticas das disciplinas que lecionam relataram se sentir mais preparados do que aqueles cuja educação formal não continha esses elementos.

Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), os dados serão incorporados aos dados do Censo Escolar e das avaliações nacionais, para que se possam criar descrições ainda mais detalhadas da situação educacional brasileira.


Fonte: Agência Brasil
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Inglês na escola não passa do verbo to be

Estudantes que têm interesse em aprender efetivamente a língua precisam, em geral, procurar cursos especializados

"Se eu considerasse somente o que aprendi na Escola pública, meu inglês seria muito básico. Hoje eu sei mais pelo meu interesse, por experiências de vida, lendo e vendo filmes em inglês" Gabriela Oliveira, de 16 anos, estudante do Centro de Ensino médio Taguatinga Norte

A Copa do Mundo levou setores como hotelaria, comércio e segurança a investir em aulas de inglês para os funcionários e trouxe a constatação de que a língua estrangeira é um problema para a maior parte da população brasileira. Na rede pública, o Ensino do idioma enfrenta várias dificuldades. O verbo to be é repetido ano após ano durante a etapa fundamental. Na última série do Ensino médio, Escolas de algumas regiões preferem focar na leitura. Ainda assim, os estudantes que têm interesse em aprender efetivamente a língua precisam, em geral, procurar cursos especializados.

Professores e Alunos são categóricos em afirmar que não é possível aprender, no Ensino regular, as quatro habilidades da língua — ouvir, falar, ler e escrever. “Se eu considerasse somente o que aprendi na Escola pública, meu inglês seria muito básico. Hoje eu sei mais pelo meu interesse, por experiências de vida, lendo e vendo filmes em inglês. No Ensino fundamental, era um revezamento entre presente simples e passado simples, sempre no to be”, conta Gabriela Oliveira, 16 anos, estudante do Centro de Ensino médio Taguatinga Norte.

Gabriela pretende fazer ciências contábeis. “Quero seguir a carreira de auditora. Sei que terei de lidar com documentos em outras línguas”, avalia. Mas não só por motivos profissionais a jovem considera importante ter conhecimentos em inglês. “Mesmo que a pessoa não goste, se viajar e não souber a língua local, com o inglês pode se virar”, diz. Lucas Magno Viana, 17 anos, estudante do 3º ano do Ensino médio no Centro Educacional 1, do Riacho Fundo 2, tem a mesma posição. “Meu conhecimento em inglês é básico mesmo, porque as aulas são muito básicas. Não dá para aprender muita coisa”, diz. Para ele, seria necessário mais tempo para um aprendizado melhor.

“É muita repetição. E aí o Professor cobra o que a gente não sabe, porque ele imagina que no Ensino fundamental a gente teve acesso àquele conteúdo”, completa Lucas. Ele também cursa espanhol, mas no Centro InterEscolar de Línguas de Brasília (CIL). A Escola oferece cursos de línguas estrangeiras modernas no modelo dos cursos especializados e pertence à Secretaria de Educação do Distrito Federal. Lucas não tem o que reclamar do Ensino no CIL. “Lá o Professor fala em espanhol comigo. Na Escola, eles ensinam inglês falando em português”, compara. No DF, nem todas as regionais de Ensino têm um centro desses. Portanto, os estudantes da rede pública da capital se dividem entre os modelos da Escola regular e o curso especializado.

Núbia Batista de Souza é Professora de inglês, mas desde janeiro assumiu um cargo de direção. Para ela, as dificuldades no exercício da docência da língua começam cedo. “A relação de livros que a gente tem para escolher já complica porque são todos para quem já tem um conhecimento prévio, o que não acontece entre os Alunos”, diz. O primeiro contato com a língua na rede pública é no 6° do Ensino fundamental. “O ideal seria depois da Alfabetização em português”, aponta. Da forma como é feito, ela admite: “As crianças não vão aprender a falar inglês. No máximo o instrumental.”

Programa nacional
O cenário descrito pela Professora no DF se repete pelo país, como analisa o Professor do Departamento de Letras e Línguas Estrangeiras da Universidade de Brasília (UnB) Gilberto Antunes Shavet. “Praticamente não há mudanças em outras regiões. Considerando a carga horária disponível, o número de Alunos em sala, o nível diferente entre eles, fica um Ensino capenga”, avalia.

De acordo com ele, nessas circunstâncias, o mais comum é que os Professores optem por focar na compreensão da leitura. “Mudar é complicado. Uma das melhores experiências é mesmo a do CIL. Houve um tempo em que tínhamos um programa nacional, mas isso também não é bom nesse caso porque algumas regiões não conseguem se adequar”, recorda. Gilberto Shavet acaba por sugerir que os estudantes interessados busquem materiais didáticos por conta própria ou, para os que têm condições, cursos particulares para melhorarem a desenvoltura no inglês.


Fonte: Correio Braziliense (DF)
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Presidente sanciona sem vetos Plano Nacional de Educação

Votação do PNE foi concluída pela Câmara no início de junho, depois de quatro anos de muito debate

A presidente Dilma Rousseff sancionou, sem vetos, na quarta-feira (25), o Plano Nacional de Educação (PNE), que tem o objetivo de melhorar os índices educacionais do País. A nova lei (Lei 13.005/14) obriga o governo a investir em Educação 10% do Produto Interno Bruto (PIB) num prazo de dez anos.

O texto publicado foi ontem (26), em edição extra do Diário Oficial da União. O plano prevê o alcance da meta de investimento em duas etapas: um mínimo de 7% do PIB no quinto ano de vigência da futura lei; e os 10% do PIB ao fim do período de dez anos, em 2024, o que representa quase o dobro do que é investido atualmente.

A votação do PNE (PL 8035/10) foi concluída pela Câmara no início de junho, depois de quatro anos de muito debate. O projeto do PNE foi enviado pelo Executivo em dezembro de 2010, aprovado na Câmara em 2012 e pelo Senado no ano seguinte, onde sofreu modificações e retornou à Câmara para análise final.

Ao todo, o PNE estabelece vinte metas que buscam melhorar a qualidade da Educação. As metas vão desde a educação infantil até o ensino superior, passam pela gestão e pelo financiamento do setor e pela formação dos profissionais.

Fies e ProUni
Mudança feita pelos senadores e acatada pelos deputados garantiu que os recursos também possam ser usados em programas como o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e o Programa Universidade para Todos (ProUni), que dão bolsas de estudo e financiamento pra alunos de faculdades particulares. O texto originalmente aprovado pela Câmara previa que a parcela do PIB fosse destinada apenas para a educação pública.

Além do financiamento, o plano assegura a formação, remuneração e carreira dos professores, consideradas questões centrais para o cumprimento das demais metas. Pelo texto, até o sexto ano de vigência, os salários dos professores da educação básica deverá ser equiparado ao rendimento médio dos demais profissionais com escolaridade equivalente. Além disso, em dez anos, 50% desses professores deverão ter pós-graduação. Todos deverão ter acesso à formação continuada.

Um ponto que desagradou o governo durante as discussões no Congresso e que foi mantido no texto foi a obrigatoriedade de a União complementar recursos de estados e municípios, se estes não investirem o suficiente para cumprir padrões de qualidade determinados no Custo Aluno Qualidade (CAQ).

O texto ainda institui avaliações a cada dois anos para acompanhamento da implementação das metas dos PNE.

Henrique Alves destaca matérias aprovadas no primeiro semestre
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, fez na quarta-feira (25) pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV para apresentar um balanço dos trabalhos legislativos do primeiro semestre do ano e defender a importância do Congresso Nacional para a democracia brasileira. Alves afirmou que o Parlamento é um poder aberto às pressões ‘legítimas’ da sociedade. “Aceitamos a crítica justa e equilibrada, mas repudiamos juízos generalistas e apressados, que atingem irresponsavelmente a imagem do Legislativo. Não queremos complacência. Queremos o respeito devido à Casa do povo brasileiro”.

O presidente da Câmara destacou que, ao longo dos últimos meses, foram votados diversos projetos que fizeram o Brasil avançar nos campos social, econômico e institucional. “Isso só aconteceu porque contamos com a colaboração dos líderes partidários e de todos os deputados. Foi um paciente trabalho de diálogo interno, de interação com a sociedade, com reflexos positivos na vida dos brasileiros”.

Plano Nacional de Educação - A decisão mais importante da atual legislatura, segundo Henrique Alves, foi a aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE), que obriga o governo federal a destinar 10% do Produto Interno Bruto (PIB) ao setor. “O investimento permanente vai garantir a realização das metas do PNE, entre elas a de colocar na Escola todas as crianças de 4 e 5 anos, triplicar as vagas no Ensino profissionalizante e erradicar o Analfabetismo”, destacou o presidente da Câmara.

O presidente lembrou ainda a liberação da publicação de biografias sem autorização prévia, além da aprovação do marco civil da internet, que assegura a neutralidade e a liberdade na rede, o “que fez do Brasil o país pioneiro nesse campo”. Henrique Eduardo Alves também destacou o trabalho pelo fortalecimento da indústria da informática, ao prorrogar por 15 anos a redução do IPI. “Garantimos a prorrogação, por mais 50 anos, da Zona Franca de Manaus e ampliamos o alcance do Supersimples para empresas e profissionais liberais de várias áreas”, acrescentou. 


Fonte: Agência Câmara
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Carga horária de professor brasileiro em sala de aula supera a de países da OCDE

Estudo global traz levantamentos sobre práticas de trabalho docentes a partir de entrevistas com 106 mil professores e diretores de escola em 34 países

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) aponta que os Professores brasileiros dos anos finais do Ensino fundamental gastam 25 horas por semana em sala de aula, lecionando. Essa é uma das principais conclusões do estudo global "Teaching and Learning International Survey" (Talis), que traz levantamentos amostral sobre práticas de trabalho Docentes a partir de entrevistas com 106 mil Professores e diretores de Escola em 34 países - 15,3 mil profissionais no Brasil.

O documento mostra ainda que a carga de trabalho em sala de aula dos Docentes brasileiros é 6 horas superior à jornada laboral média de todos os Professores que responderam à Talis, oriundos de países como Estados Unidos, Chile, Portugal, Inglaterra, Coreia do Sul.

O dado sobre o tempo gasto em sala de aula é uma novidade e indica que, ao menos no segundo ciclo do Ensino fundamental, está sendo cumprida a legislação brasileira, de 2008, que estabelece que os Professores destinem um terço de sua jornada de trabalho ao planejamento e à preparação de aulas.

O problema, explica a pesquisadora da Fundação Carlos Chagas (FCC) e colaboradora da OCDE, Gabriela Moriconi, mais de 60% dos Professores brasileiros que responderam à pesquisa trabalham em tempo parcial. Ou seja, não têm dedicação exclusiva à docência em uma única Escola.

"No dia a dia, os Professores dos países da OCDE estão 19 horas na sala de aula por semana. É menos que o Brasil, mas eles estão numa única Escola e isso representa a metade do dia de trabalho deles. No resto do tempo eles estão preparando aula, corrigindo lição ou - no caso de experiências que eu presenciei na Inglaterra - assumem outras responsabilidades que ajudam no funcionamento da Escola, como tutoria e gestão Escolar", diz Gabriela

"Não dá para dizer que não tem políticas nesse sentido no Brasil, mas as condições são diferentes, os Professores daqui têm menos tempo pois lidam com condição diferente de trabalho. Dos Professores que responderam estar em tempo integral em uma Escola o tempo em sala de aula sobe para 29 horas, bem acima das exigências da lei do piso para preparação de aulas e outras atividades", completa a pesquisadora.

José Francisco Soares, presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão ligado ao Ministério da Educação, atenta para o fato de que a Talis é uma pesquisa amostral e de percepção dos Professores. "Ela não mede desempenho, mas traz dados sobre uma dimensão nova da percepção do Professor aqui e em outros países. São indicações interessantes para políticas públicas, uma visão internacional que acrescenta, mas não é nada em definitivo", diz Soares.

A Talis aponta também que 94% dos Professores brasileiros têm diploma de Ensino superior contra uma média de 91% do total de respondentes. Apesar do dado positivo, cerca de 25% não fizeram curso de formação de Professores. "Pode ser que tenha outro emprego, que seja advogado ou jornalista e pegue aulas extras para complementar renda", observa Gabriela. No Chile, nove entre dez têm formação relacionada à pedagogia.

A pesquisa também aponta que 71% dos Docentes brasileiros são mulheres, com idade média de 39 anos e 14 anos de experiência no magistério, em média. No Brasil, os Professores têm uma média de 31 Alunos por turma, enquanto a média dos países da Talis é de 24.


Fonte: Valor Econômico (SP)
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Professor perde 20% das aulas tentando controlar a bagunça

É o pior índice entre 32 países pesquisados; no total, só 68% do tempo é gasto com atividades de ensino e aprendizagem

Controlar a bagunça e pedir silêncio aos Alunos consomem 20% das horas dos Professores brasileiros em sala de aula. O desperdício de tempo dos Docentes no País é o maior em uma lista de 32 nações.

A média internacional de perdas por indisciplina é de 13%. Isso é o que mostra a Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (Talis) divulgada ontem pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Os dados do Brasil foram coletados em 2013 em 1.070 Escolas, com quase 14,3 mil Professores e cerca de 1,1 mil diretores. Para resolver tarefas administrativas, os Docentes brasileiros ainda gastam 12% das horas em sala. Isso significa que sobra apenas 68% do tempo dos Professores para atividades de Ensino e aprendizagem.

Segundo o estudo, um em cada quatro Professores do Brasil gasta ao menos 40% das horas em sala com tarefas que não são de Ensino. Mário Pereira, Professor de Artes na rede pública de São Paulo há mais de 20 anos, confirma que a desordem atrasa o cronograma de conteúdos. “A saída é resolver pelo diálogo, o que nem sempre é fácil”, relata. “Já interrompi aula porque uma aluna chutou a porta ao entrar.”

A pesquisadora da Fundação Carlos Chagas Gabriela Moriconi, que participou do estudo, afirma que o apoio ao Docente, em geral, é escasso. “As equipes Escolares são pequenas. Faltam profissionais com quem o Professor possa contar quando o problema de comportamento é grave. Isso acontece, por exemplo, no Canadá e na Inglaterra”.

Jornada.O levantamento também revelou que o Professor brasileiro trabalha mais tempo do que os colegas estrangeiros. Em média, gasta 25 horas semanais em classe, 6 a mais do que a média internacional. “No exterior, é comum que os Professores trabalhem em tempo integral, em uma única Escola”, diz Gabriela. “O Professor brasileiro tem pouco tempo para planejar as aulas”, criticou. 


Fonte: O Estado de S. Paulo (SP)
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Pesquisa internacional revela perfil de professor e diretor

Dados mostram que, no Brasil, 94% dos professores dos anos finais do Ensino Fundamental concluíram a Educação Superior

No Brasil, 94% dos professores dos anos finais do ensino fundamental concluíram a educação superior. Mais de 95,1% acreditam que podem ajudar os alunos a pensar de forma crítica. As constatações aparecem nos resultados da Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (Talis), realizada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e coordenada no Brasil pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep).

A Talis foi realizada por amostragem, em 2013, em 34 países. Mais de 106 mil professores responderam à pesquisa. No Brasil, a amostra foi composta por 14.291 professores e 1.057 diretores de 1.070 escolas. O objetivo é comparar internacionalmente a opinião de professores e diretores sobre desenvolvimento profissional, crenças e práticas de ensino, apreciação do trabalho dos professores, feedback (retorno) e reconhecimento do trabalho, além de questões acerca de liderança, gestão e ambiente de trabalho.

Segundo a Talis, o professor típico brasileiro é mulher (71%), tem 39 anos de idade e 14 de experiência no magistério, em média. Nos outros países, as mulheres também são maioria nas escolas (68%), têm 43 anos de idade e 16 de experiência. Elas também são maioria em cargos de direção no Brasil (75%). Nos outros países, esse percentual é de 49%.

Os professores brasileiros estão entre os que passam o maior número de horas por semana ensinando. São 25 horas semanais, seis horas a mais do que a média dos países pesquisados. Eles relatam investir 20% do tempo de aula na manutenção da ordem em sala. Essa média, nos países da Talis, é de 13%. Além disso, no Brasil, 86,9% dizem estar, de modo geral, satisfeitos com o trabalho. Apenas 13,5% se dizem arrependidos da opção pelo magistério.

Desenvolvimento – A maior parte dos professores entrevistados participou de algum programa de desenvolvimento profissional nos 12 meses anteriores à pesquisa. No Brasil, os docentes passaram, em média, 21 dias em treinamento em organizações externas. Nos outros países, essa média é de sete dias. No entanto, os professores brasileiros relataram participação um pouco menor do que a média para outras atividades de desenvolvimento profissional, como cursos e oficinas (66%), conferências e seminários (39%), visitas e observações a outras escolas (12%) e rede de trabalho de professores (26%).

A pesquisa também aponta que 60% dos professores brasileiros declararam ter grande necessidade de desenvolvimento profissional na área de ensino para alunos com necessidades específicas. Esse é o maior percentual entre os países participantes da pesquisa.

Apenas 18,4% dos professores brasileiros concordam que os professores com melhor desempenho em sua escola recebem maior reconhecimento. A pesquisa pediu também opinião sobre a valorização da profissão, desempenho escolar, escolha pela profissão docente, avaliações nacionais e o índice de desenvolvimento da educação básica (Ideb).

O presidente do Inep, Chico Soares, apontou a importância de comparar as condições de trabalho e opiniões dos professores brasileiros com outros países. “Esses dados serão incorporados aos dados do Censo Escolar e das avaliações nacionais para que o Inep possa criar quadros ainda mais descritivos da situação educacional brasileira”, disse.

Talis – A Pesquisa Internacional sobre o Ensino e Aprendizagem (Teaching and Learning International Survey) coleta dados comparáveis internacionalmente sobre o ambiente de aprendizagem e as condições de trabalho dos professores nas escolas. O objetivo é fornecer informações válidas, oportunas e comparáveis do ponto de vista dos profissionais nas escolas para ajudar os países a revisar e a definir políticas para o desenvolvimento de uma profissão docente de alta qualidade.

O relatório internacional da Talis está disponível na página da OCDE na internet. O relatório brasileiro da pesquisa, com resultados por unidade da Federação e questões exclusivas do Brasil, será divulgado em evento nacional de lançamento da Talis, no Inep, em 17 de novembro próximo.


Fonte: MEC
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Pesquisa internacional mostra sobrecarga do professor brasileiro

Estudo mostra que os profissionais do ensino no Brasil apresentam menor percentual em contratos de trabalho de tempo integral e precisam lidar com classes mais numerosas

O professor brasileiro larga em desvantagem na comparação com educadores de outros países se o assunto for relação de trabalho. Apenas 40,3% do magistério tem contrato de tempo integral com as escolas, enquanto a média mundial chega a 82,4% — mais do que o dobro.

A situação é mostrada na Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (Talis), divulgada na quarta-feira pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que examinou 34 países no ano passado. O levantamento traça o perfil do magistério brasileiro, dominado por mulheres (71,1%), com idade média de 39,2 anos e 13,6 anos de experiência.

O baixo número de contratos de tempo integral preocupa especialistas, por forçar o professor a buscar outras fontes de renda e interferir no regime de dedicação exclusiva. A gerente de projetos do movimento Todos Pela Educação (TPE), Andrea Bergamaschi, diz que a pesquisa confirma as dificuldades da carreira. Se o educador procurar o segundo emprego, precisará se desdobrar nos horários de trabalho.

— Compromete o tempo que deveria dispor para planejar as aulas, corrigir temas, analisar as especificidades de cada aluno, cuidar de atividades fundamentais — observa Andrea.

A gerente do TPE lembra que o professor ganha 50% menos que outros profissionais brasileiros com a mesma formação. Destaca que o piso salarial é reduzido para um ofício indispensável ao desenvolvimento do país. Sugere que se adote o modelo da Finlândia, onde o magistério é tão atraente e valorizado como a Medicina.

— Essas situações têm impacto direto no aprendizado do aluno — avisa Andrea.

Para a pesquisadora Tania Beatriz Iwaszko Marques, da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), contratos insatisfatórios sobrecarregam o professor. Reforça que educadores precisam de tempo, fora da classe, para a preparação de aulas.

— Se não conseguir organizar uma aula de forma adequada, isso se refletirá no desempenho dos alunos — diz Tania.

A professora da UFRGS atribui a condição nacional dos contratos a questões políticas e de falta de investimento. Afirma a especialista que os discursos de prioridade à educação, ao longo dos anos, não se concretizam.


A sobrecarga no número de alunos no país
O professor brasileiro também é sobrecarregado pela quantidade de alunos em sala de aula. Tem 30,8 estudantes em classe — acima da média mundial de 24,1 aferida pela pesquisa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Pesquisadora da Escola de Administração da Fundação Getulio Vargas (FGV) em São Paulo, Regina Sílvia Pacheco alerta que o número inadequado de alunos pode atrapalhar o ensino principalmente nas séries iniciais. Já seria preocupante nos anos intermediários, mas torna-se grave no começo do aprendizado.

— Uma saída seria ter dois professores em aula, do primeiro ao quinto ano — diz Regina.

A professora da FGV/SP destaca que uma das soluções, para o país, seria a implantação massiva de escolas de tempo integral. Se os estudantes ficarem mais tempo nos colégios, os professores também seriam beneficiados com melhores contratos. Quem ganharia seria a qualidade do ensino.

A gerente de projetos do movimento Todos Pela Educação (TPE), Andrea Bergamaschi, diz que o acúmulo de alunos em sala decorre da falta de professores com formação específica. Menos de 20% lecionam Física sem ter formação superior na matéria. Com pequenas variações, a distorção também ocorre em Matemática, Química, História e Geografia.

Se as turmas fossem menores, Andrea diz que os educadores poderiam dispensar maior atenção aos alunos. A média brasileira é de 30,8, segundo a OCDE, mas há escolas com até 50 alunos por classe.

— Se trabalhar com menos alunos, poderá dar uma atenção mais específica — diz a gerente do TPE.


Fonte: Zero Hora (RS)
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Corrupção na Educação e seu combate com participação popular

ONU divulgou um site com pesquisas sobre a corrupção na Educação; série de dados mostra como os recursos de Educação Pública são gastos pelos governos

Conseguimos encontrar uma série de dados sobre como os recursos de educação pública são gastos pelos governos. Uma interessante ferramenta para se apropriar como se dão as dinâmicas de gastos governamentais dentro um política pública essencial, que é a educação pública.

Uma das primeiras coisas que vemos ao acessar o relatório de 2013 é a percepção do combate à corrupção. Em uma pergunta que tenta medir como se deu o nível de corrupção dos últimos dois anos, 35% acharam que continuou igual e 47% acharam que aumentou. Outra pergunta é quão eficaz a pessoa percebe as ações do governo para combater essa corrupção. No caso brasileiro, 56% acham que são ineficientes as ações do governo. Com isso, partimos para mais uma dado interessante disponibilizado que é se o cidadão comum pode ajudar no combate a corrupção: 52% concordaram que sim e 29% concordaram fortemente.

É bom que diante de dados tão negativos de percepção de corrupção se consiga captar que o cidadão também pode tomar parte em tentar combatê-la. Não se pode cair no fácil jogo de falar que esse ou aquele governo é mais corrupto, pois não existe um “corruptometro” onde se possa medir igualmente quem roubou mais. Existe, sim -e isso a pesquisa conseguiu captar-, é a percepção de corrupção e, por conseguinte, seus efeitos danosos. Tais efeitos se dão desde desvios de verba de merenda e materiais didáticos, até planejamentos pedagógicos inteiros prejudicados por governos interessados em dirigir o setor visando esses desvios.

Diante de tal cenário que deixa qualquer um descontente, em que a percepção das ações do governo de combate à corrupção parece não ter efeito, ter grande parte da população falando que sua partição pode auxiliar nesse combate é algo a ser elogiado. Escolas e a educação pública não devem ser feudos de encastelamento. Governos devem aprender a incluir a população e os professores nas diretivas dos gastos públicos de educação.

Quando uma comunidade se apropria da escola e o poder público se transforma em parceiro nessa apropriação, os jovens dessas unidades escolares só ganham. São inúmeros exemplos onde o conhecimento local e a participação da população auxiliam no bom andamento dos processos necessários para se educar futuros cidadãos. O combate à corrupção passa por ampliar essas participações. Deixar apenas que governos dirijam as políticas públicas de forma livre e sem acompanhamento popular é acreditar demais no funcionamento de instituições que são compostas, no fundo, por nós mesmo, cidadãos.

Talvez se apropriar de dados como esses, ou que temos 33% da população que percebe o setor educacional como corrupto, ajuda a termos pontos de partida para uma virada. Olhar que a situação está ruim, comparar-se com outros países e ver outras possibilidades de trabalho dentro do setor para não ficar refém de discursos derrotistas ou de inação, são necessários para sempre nos aprimorarmos.

Vale a pena visitar o site e navegar nos dados para olhar outros países. Recomendo uma visita nos dados de nossos vizinhos da América Latina.



Fonte: UOL Educação
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60% dos professores no Brasil são obrigados a trabalhar em mais de uma escola, diz estudo

País é o pior em ranking de exclusividade de docentes, o que prejudicaria qualidade do ensino

Menos da metade dos professores de ensino fundamental no Brasil pode se dar ao luxo de trabalhar num único colégio. O dado, revelado pela Pesquisa Internacional de Ensino e Aprendizado (Talis, na sigla em inglês) da OCDE, o clube dos países mais desenvolvidos, joga luz sobre um problema que, de acordo com especialistas, afeta diretamente a qualidade da educação.

Segundo o levantamento, que a OCDE realizou junto a cem mil professores em 34 países e cujos resultados apresenta hoje em Paris, apenas 40% dos docentes brasileiros que atuam nos primeiros anos do ensino têm dedicação exclusiva, contra 82% na média das nações pesquisadas.

De acordo com a gerente da área técnica do movimento Todos Pela Educação, Alejandra Meraz Velasco, por trás dessa realidade estão os salários insuficientes e o baixo número de professores em determinadas áreas.

— Os profissionais de exatas, por exemplo, encontram oportunidades mais atraentes que a sala de aula quando se formam. Isso gera um déficit que acaba sendo tratado com o deslocamento de profissionais — observa. — A consequência é um prejuízo no envolvimento do professor com o projeto pedagógico das escolas.

A vida em mais de uma escola é o caso de Marcelle Aguiar, professora de inglês de 33 anos. Para alcançar renda mensal de R$ 3.500, ela precisou assumir 19 turmas em quatro escolas. Marcelle trabalha para a rede municipal do Rio, onde atua num colégio na Pavuna e outro em Acari, e também para a rede municipal de Magé, na qual dá aulas em mais dois colégios.

— Seria infinitamente melhor se pudesse receber um bom salário para atuar em apenas uma escola. Teria mais tempo para planejar atividades e vínculos ainda mais fortes com os alunos — pondera.

Além da rotina pesada, a professora também já precisou enfrentar escolas inseridas em contextos de violência, como comunidades marcadas pelo tráfico de drogas. Segundo ela, muitas vezes esse peso recai diretamente sobre o professor:

— Em alguns casos, os alunos liberam toda a sua agressividade na escola. Os colégios cada vez mais têm que estar preparados para agir como agentes transformadores. Mas, para isso, é preciso apoio de psicólogos e assistentes sociais, já que determinados aspectos fogem ao nosso alcance.

O cenário descrito por Marcelle também aparece na pesquisa da OCDE, que pediu a professores e diretores (15 mil deles apenas no Brasil) que respondessem a questionários com perguntas sobre liderança escolar, ambiente de trabalho, satisfação e eficiência, práticas pedagógicas e expectativas, avaliação, aprendizado e desenvolvimento de oportunidades. Dos 34 países, somente em Brasil, Malásia e México mais de 10% dos diretores relataram que experimentam episódios de vandalismo ou roubo em uma base semanal. Para a organização, “não surpreende que, tanto no Brasil quanto em outras nações, gestores escolares tenham relatado níveis mais elevados de inadimplência em suas escolas, além de níveis mais baixos de satisfação no trabalho.”

Nosso país também aparece ao lado do México, da Suécia e da Bélgica no quesito respeito ao professor: quase um terço dos professores trabalham em escolas onde houve relatos de intimidação ou abuso verbal por parte dos alunos. O Brasil é um dos únicos também onde mais de 10% dos diretores disseram ter presenciado agressões verbais a seus professores toda semana.

MULHERES SÃO ESMAGADORA MAIORIA
O estudo também comprova uma realidade que qualquer um que já entrou numa escola de ensino fundamental percebeu: as mulheres são a esmagadora maioria dos professores. Mais especificamente, 71% deles (na média de todos os países pesquisados, são 68%).

Embora 96% dos docentes por aqui tenham diploma de graduação, somente 76% completaram cursos de licenciatura. Esse índice fica abaixo da média mundial, de 90%. Mesmo assim, os profissionais de educação básica daqui acumulam uma experiência profissional de 14 anos, só dois a menos que a média.

Também na direção das escolas, só 25% são homens, contra 51% na média da OCDE. As gestoras têm formação mais elevada que seus empregados professores: 96% delas completaram graduação com licenciatura, e 88% fizeram algum tipo de treinamento para assumir o posto administrativo. No entanto, se os diretores nos 34 países da pesquisa somam tempo médio de experiência profissional de 30 anos, por aqui o número cai para 21.

Outro ponto bastante enfatizado pela TALIS é a questão da avaliação de professores e de como ela impacta o dia a dia na sala de aula. Por aqui, 80% dos docentes disseram ter implementado melhores práticas letivas depois de receber bons retornos de seus superiores, contra só 62% na média da OCDE.

A atual coordenadora da pré-escola na Escola Americana, Isabela Baltazar também já foi professora da instituição e defende que, em ambas posições, o retorno sobre o trabalho em sala de aula é fundamental para o bom rendimento:

— Dando este tipo de suporte, temos professores mais confiantes. Isso passa mais segurança ao aluno.

SOBRE A TALIS
Esta é a segunda edição da Pesquisa Internacional de Ensino e Aprendizado, sendo a primeira realizada em 2008 com pouco mais de 20 países. Para o Talis 2013, foram ouvidos cerca de 100 mil professores e diretores de escolas em 34 países. No Brasil, cerca de 15 mil docentes e mil gestores de escolas atenderam aos questionários enviados pela OCDE.

A organização os pediu que respondessem questões que versavam sobre liderança escolar, ambiente de trabalho, satisfação no trabalho e eficiência, práticas pedagógicas e expectativas, avaliação e feedback, aprendizado e desenvolvimento de oportunidades.


Fonte: O Globo Online
http://www.todospelaeducacao.org.br

Professor brasileiro é um dos que mais trabalha, afirma relatório da OCDE

No Brasil, docente gasta 25 horas por semana só dando aulas, um porcentual 24% maior do que outros 30 países analisados

Os professores brasileiros de escolas de ensino fundamental, gastam, em média, 25 horas por semana só com as aulas. O número é superior à média de aproximadamente 30 países, como a Finlândia, Coreia, Estados Unidos, México e Cingapura. Lá, os professores gastam, em média, 19 horas por semana ensinando em sala de aula, ou seja, um porcentual 24% menor. O posição brasileira é inferior apenas à do Chile, onde os professores gastam quase 27 horas em aulas.

O docente brasileiro, contudo, usa até 22% mais de tempo que a média dos demais países em outras atividades da profissão, como correção de "tarefas de casa", aconselhamento e orientação de alunos. Todos os dados são da mais recente Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (Talis) divulgada nesta quarta-feira (25) na França.

Junto com o Brasil, não foram apenas países ricos e integrantes da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) - coordenadora da pesquisa - que participaram do estudo. Outras nações emergentes e também países menos desenvolvidos fizeram parte da pesquisa. Polônia, Bulgária, Croácia, Malásia e Romênia fazem parte do conjunto de nações integrantes da edição 2013 da Talis.

Os dados foram obtidos junto a mais de 14 mil professores brasileiros e cerca de 1 mil diretores de 1070 escolas públicas e privadas de todos os estados do País. Os docentes e dirigentes responderam aos questionários da pesquisa, de forma sigilosa, entre os meses de setembro a novembro de 2012. Cada questionário tinha cerca de 40 perguntas.

Em âmbito nacional, o estudo foi coordenado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), vinculado ao Ministério da Educação (MEC). Em 2007, o Brasil também participou da primeira rodada da pesquisa, a Talis 2008, que foi publicada no ano seguinte.

Objetivo
A pesquisa tem como principal objetivo analisar as condições de trabalho que as escolas oferecem para os professores e o ambiente de aprendizagem nas salas de aula. De acordo com o Inep, "a comparação e análise de dados internacionais permite que os países participantes identifiquem desafios e aprendam a partir de políticas públicas adotadas fora de suas fronteiras".

Diferente do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), que prioriza a avaliação dos alunos, do seu contexto e da escola, no Talis, o foco está mais centrado nos docentes. "O programa Talis é um programa de pesquisas que visa preencher lacunas de informação importantes para a comparação internacional dos sistemas de ensino", afirma estudo da Universidade Federal do Paraná liderado pela pesquisadora Rose Meri Trojan.

"Desperdício"
A pesquisa também quis saber do professor quanto tempo de aula é voltado, efetivamente, para a aprendizagem. E o número é pouco animador para o Brasil. Mesmo com uma carga de 25 horas de aulas por semana, mais de 30% do tempo desses encontros regulares é "desperdiçado" em tarefas de manutenção da ordem dentro da sala e em questões burocráticas, como o preenchimento de chamadas e outras atividades administrativas.

Só o tempo gasto para por "ordem na bagunça" dos estudantes representa 20% do tempo total da aula. Com serviços administrativos, são gastos 12%. De aula mesmo, ou seja, atividades de aprendizagem, o professor dispõe apenas de 67% do tempo. É a pior situação entre todos os países avaliados. Na média dos países pesquisados, quase 80% do tempo é voltado, exclusivamente, para a aprendizagem.

"Precisamos otimizar mais o tempo em sala de aula. O Brasil ainda tem como foco o ensino, mas é preciso se voltar para a aprendizagem. Não podemos desperdiçar tanto tempo com outras questões", afirma Ocimar Alavarse, professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP).

Segundo ele, um dos principais fatores de dispersão do aluno é a própria defasagem que ele tem em termos de conhecimento por uma série de fatores, inclusive os socioeconômicos. "Os alunos que chegam no fundamental veem com baixa proficiência ou possuem uma diferença muito grande em relação aos demais estudantes. Isso é um dos fatores que faz com que ele não fique atento às aulas e o professor precise gastar mais tempo organizando a dispersão", fala Alavarse.

Deslocamento
Além de usar mais horas por semana ensinando, parte dos professores brasileiros ainda sofre com o desgaste em descolamentos. Isso porque, muitos deles trabalham em mais de um estabelecimento.

"Ainda temos que enfrentar o desafio da reorganização do corpo de professores nas escolas públicas. O ideal era que ele estivesse vinculado a apenas uma escola. No entanto, é comum docentes, especialmente dos anos finais do ensino fundamental, ensinarem em mais de um estabelecimento, já que certas matérias que eles lecionam têm uma carga horária e número de turmas limitado", afirma Daniel Cara, coordenador geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação.

No Brasil, cerca de 40% dos mais de 2 milhões de professores da educação básica dão aulas em cinco ou mais turmas. E aproximadamente 20% deles ensinam em pelo menos dois estabelecimentos. Já em São Paulo, 26% dos professores dão aulas em duas escolas. Os dados são do Censo Escolar 2013 divulgado no início deste ano pelo MEC.

Perfil
Além dos dados sobre condições de trabalho e ambiente de aprendizagem, a pesquisa da OCDE também traçou o perfil do docente brasileiro.

Confira os números da pesquisa aqui.

'Educação não é mercadoria: setor privado precisa de uma regulamentação urgente'
Depois da participação na aprovação, pelo Congresso, do Plano Nacional de Educação (PNE) - uma das principais bandeiras de reivindicação da União Nacional dos Estudantes (UNE) -, a entidade vai focar sua atuação, a partir de agora, na regulamentação mais efetiva do ensino superior privado do País.

Essa supervisão mais eficiente das 2.112 faculdades, centros universitários e universidades particulares (87% do total de instituições de ensino superior do Brasil) será possível com a aprovação do projeto de lei que cria o Instituto Nacional de Supervisão e Avaliação da Educação Superior (Insaes). Isso é o que afirma a presidente da UNE, Virgínia Barros, de 28 anos.

"Quem se posiciona de forma contrária ao projeto fala que é mais um instituto que vem para inchar o Estado brasileiro e aumentar a burocracia. Eu não concordo com essa avaliação. Acho que o Insaes vem para aumentar a eficiência do próprio Estado no processo de fiscalização", afirma Vic, como é mais conhecida.

Confira, no vídeo, a posição da UNE sobre a regulamentação do ensino privado, o balanço da gestão no primeiro ano de mandato encerrado agora em junho, além de outros temas envolvendo políticas públicas, movimento estudantil, eleições e Copa. Aqui.

Superinstituto
O novo 'superinstituto' do Ministério da Educação (MEC) prevê a criação de mais de 500 cargos públicos ao custo que ultrapassa os R$ 40 milhões. O Insaes passaria a assumir algumas atividades da Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior (Seres) do MEC e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), ambos responsáveis pela regulação do setor.

Hoje, tanto o Inep quanto a Seres sofrem com falta de pessoal e infraestrutura, o que compromete a fiscalização da qualidade do ensino ofertado pelas instituições privadas.

Contudo, o projeto - que foi apresentado pelo executivo federal em 2012 -, ainda está em tramitação na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara. O Ministério da Educação (MEC) esperava que ele fosse apreciado ano passado para que passasse a valer a partir deste ano.

O setor privado, em geral, critica a criação e a formatação do instituto. Atualmente, o total de estudantes matriculados em faculdades e universidades de ensino superior no País ultrapassou a marca de 7 milhões em 2012. Mais de 70% desses alunos estudam em instituições privadas.

Fonte: iG
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