quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Matemática deve ser ensinada sem pressão, defendem professores de Harvard

Durante curso de preparação de educadores, casal de professores Ellen e Bob Kaplan apresentaram o Círculo da Matemática, método para estimular o raciocínio lógico dos alunos

O casal de professores Ellen e Bob Kaplan, da Universidade de Harvard, ministrou curso de preparação de educadores, no Instituto Brasileiro de Matemática Pura e Aplicada (Impa), no Rio. O objetivo foi capacitar os profissionais a desenvolverem as atividades do Círculo da Matemática, método desenvolvido pelos professores americanos para incentivar o interesse de crianças na disciplina e estimular o raciocínio lógico, por meio da discussão coletiva dos problemas.

"A matemática precisa ser ensinada em uma atmosfera sem pressão. Deve ser um diálogo entre amigos, tentando juntos chegar à solução de um problema", defendeu Ellen Kaplan. "Os matemáticos tendem a ser cooperativos, porque a matemática é difícil. Quanto mais as pessoas trabalham juntas, mais elas constroem juntas".

No Brasil, reuniões semanais do Círculo da Matemática, com sete a dez alunos cada, ocorrem em 60 escolas de sete cidades desde o ano passado e devem chegar em breve ao Rio de Janeiro, a Duque de Caxias e a Porto Velho. Cerca de 7 mil estudantes participaram. A coordenadora do projeto no Brasil, Angels Varea, conta que os resultados aparecem em três níveis.

"Vimos impactos do ponto de vista de a criança se sentir com mais confiança para pensar e a descobrir, com maior conhecimento matemático e com uma melhor socialização, aprendendo a escutar o ponto de vista dos colegas. Elas começaram a participar mais", disse.

O método dos professores Kaplan é apresentar problemas que requerem raciocínio lógico dos alunos, provocando-os a resolver a questão, a partir de sugestões de todos, em um clima de cooperação. Bob Kaplan defende que o aprendizado pela busca do conhecimento é mais fixado do que aquele passado diretamente pelos professores.

"Diga-me, e eu esqueço. Pergunte-me, e eu descubro. Encontrar as respostas faz com que tenham orgulho de si mesmos. Não é um embate do homem contra si mesmo, ou do homem contra os outros homens. É um luta do homem contra os deuses, os deuses da matemática", argumenta.

Silvia Maria Couto, coordenadora Técnica de Matemática da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, conta que a adoção da atividade em algumas escolas ainda está em estudo, mas defendeu que novas perspectivas são positivas para o avanço da educação: "Quanto mais ideias surgirem, melhor será o nosso ensino. O aprendizado não é algo pronto; ele evolui com o mundo. A todo momento temos que ir em busca do que está faltando.

No encontro de hoje no Impa, o coordenador-geral da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas, Carlos Landim, que também é diretor do instituto, lembrou que nesta semana será promovida a segunda fase do concurso, que, de acordo com ele, busca identificar talentos por sua capacidade de raciocínio, criatividade e abstração, e não pelo seu conhecimento formal.


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Fonte: Agência Brasil

País vive 'apagão' na formação de professores

Procura por licenciatura em Português caiu 13% em quatro anos; Educação Física continua no topo da preferência

Os dados do Censo de Educação Superior de 2013 divulgados anteontem pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) confirmaram uma tendência sombria para o futuro do país: o “apagão de Professores” nas Escolas.

O fenômeno ocorre porque, pelo quarto ano seguido, é cada vez menor a quantidade de estudantes que procuram cursos de licenciatura. Consequentemente, o Brasil tem formado menos Docentes.

O caso mais emblemático é o de Português. Em dez anos, entre 2003 a 2013, o número de matrículas na disciplina no Ensino superior avançou mais de 1000%. Mas, a partir de 2010, tem havido queda. Naquele ano o Brasil tinha mais de 90 mil Alunos matriculados no curso. Em 2013, eram 78 mil, redução de quase 13%.

O cenário é o mesmo para Matemática. Em 2010, eram 82.792 estudantes na área, número que caiu para 80.891, ou 2,3% menos.

Para a Professora da Faculdade de Educação da Uerj Marise Nogueira Ramos, a queda progressiva no número de matrículas em licenciaturas, tendência iniciada há quatro anos, se dá por conta da pouca atratividade do magistério. Segundo ela, o salto (e, depois, a queda) verificada em Português se explicam pela maior facilidade de acesso à carreira.

— Somos levados a pensar que vamos nos dar bem profissionalmente em carreiras ligadas às matérias de que mais gostamos na Escola. Isso poderia explicar o aumento maior para Português do que para Matemática. É uma carreira mais fácil para passar no vestibular. Então, o Aluno a usa para migrar para outras áreas dentro da universidade.

QUÍMICA TEVE CRESCIMENTO
A queda no total de matrículas em licenciaturas desde 2010 é ainda verificada em carreiras como Física (-2,9%) e Biologia (-11%). No entanto, houve poucas áreas onde foi registrado aumento no interesse dos estudantes. É o caso de Química, que viu o número de matrículas em licenciaturas subir 5% nos quatro últimos anos.

Os dados do Censo da Educação Superior também confirmam uma tendência de hegemonia da Educação Física entre as licenciaturas. No ano passado, as matrículas para Professor na área foram 51% maiores do que em Matemática, 55% maiores do que em Português, 247% maiores do que em Química e 395% maiores do que em Física.

Especialistas estimam que o Brasil precisará de até dois milhões de novos Professores até 2024 para cumprir as metas do Plano Nacional da Educação (PNE), aprovado este ano.

Hoje em dia, porém, já é comum haver escolas sem docentes com formação adequada. De acordo com dados do Censo Escolar de 2013, chega a 67,2% o percentual de professores dos anos finais do ensino fundamental no Brasil que não têm licenciatura na disciplina que ensinam. No ensino médio, a parcela de docentes sem a formação adequada é de 51,7%.


Fonte: O Globo (RJ)

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Destrinchando a nota do Enem

A pontuação do Exame Nacional do Ensino Médio leva em conta o grau de dificuldade das questões objetivas. Na redação, o importante é o candidato manter-se coerente com o tema

Sem nota mínima nem máxima e com pontuações que variam a cada ano e de acordo com as áreas de conhecimento. Entender como funciona o método de correção do Exame Nacional do Ensino médio (Enem) pode ser um desafio e tanto.

Desde 2009, o exame utiliza a Teoria de Resposta ao Item (TRI) como forma de avaliação. “A TRI cria uma escala de medidas, não existe nota mínima nem máxima. A menção é dada a partir das questões que são colocadas na prova, que têm diferentes parâmetros de dificuldade. Esses itens são pré-testados, de forma que o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) sabe qual é a probabilidade de que um candidato com determinada proficiência acerte as questões”, explica o Professor titular do Departamento de Informática e Estatística da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Dalton Andrade. Ou seja, para a nota final, leva-se em conta não apenas o número de acertos, mas o nível de dificuldade de cada item.

Uma questão que tem baixo índice de acertos é considerada “difícil” e, por isso, tem mais peso na pontuação. Aquelas com alto grau de acertos são classificadas como “fáceis” e contam menos pontos. Assim, dois participantes que acertaram o mesmo número de questões podem ter médias finais diferentes. Também não é possível comparar o número de acertos nas provas de diferentes áreas do conhecimento. Se um Aluno acerta o mesmo número de itens nas provas de matemática e de ciências humanas, por exemplo, não significa que a pontuação obtida será a mesma. Isso ocorre porque o nível de dificuldade de cada prova e das questões que a compõem influenciam o cálculo final.

Diferentemente de avaliações, como o vestibular da Universidade de Brasília (UnB), em que uma questão errada anula uma certa, no Enem não há prejuízo em chutar, como explica Andrade. “Toda questão correta aumenta a pontuação. Se o candidato deixa um item em branco, para a correção, é o mesmo que marcar errado, então o melhor é chutar. Ninguém é penalizado por acertar no chute, mas, dependendo da questão, a pontuação obtida pode ser maior ou menor”, diz Dalton.

A redação é a única parte do exame em que a Teoria de Resposta ao Item não é aplicada. A correção é realizada por dois especialista que dão notas de 0 a 200 a cada uma das cinco competências pre-estabelecidas pelo edital da prova, totalizando até 1.000 pontos. A nota final é a média simples entre as notas dadas pelos dois corretores. Simone Tavares Dias, Professora de redação do curso Degraus, comenta os fatores que podem fazer o candidato se sair mal nessa parte da prova. “O mais importante é não fugir do tema, que é motivo para zerar a redação. Cada erro gramatical retira parte da pontuação, o que pode prejudicar bastante. Além disso, não convém citar textos de apoio”, comenta.

De acordo com o edital do exame, trechos copiados de outros textos da prova serão desconsiderados para correção e contagem do mínimo de sete linhas de redação. Também são motivos para nota zero o uso de impropérios, desenhos e outras formas propositais de anulação, assim como conteúdo que desrespeite os direitos humanos.

Nas Escolas e nos cursinhos, os Alunos recebem orientação específica sobre a correção do Enem, como explica a candidata Ivanna Cristina Romcy, 18 anos. “Aprendemos um pouco sobre o que é a TRI. Sei que há questões fáceis e difíceis e que vale mais a pena acertar as perguntas mais simples”, diz. A jovem pretende cursar fisioterapia na UnB. Para Marcos André Franco Coutinho Pereira, 20 anos, o método é justo. “Eles conseguem identificar quem realmente estudou e quem só está chutando”, diz o candidato a uma vaga em letras-francês na UnB. 


Fonte: Correio Braziliense (DF)

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Analfabetismo cai, mas 13 milhões de brasileiros ainda não sabem ler

Dado foi levantado pela Pnad, do IBGE, divulgada ontem, e mostra que problema ainda persiste entre os mais velhos e nas regiões mais pobres

O número de analfabetos com mais de 15 anos caiu no Brasil no último ano, mas os que não sabiam ler e escrever ainda somavam cerca de 13 milhões em 2013. É o que aponta a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A taxa de analfabetismo de 8,3% é 0,4 ponto porcentual menor que a registrada em 2012, o que significa 297,7 mil analfabetos a menos no país em um ano. No Paraná, 425 mil pessoas com mais de 15 anos eram analfabetas, em 2013. A pior situação se concentrava na faixa de mais de 60 anos (55%). No cenário nacional, esta também era a idade da maioria dos analfabetos, mas com representatividade de apenas 23,9% do total.

Conforme o levantamento, o analfabetismo cedeu no Brasil em todas as faixas etárias analisadas. Um avanço em relação a 2012, quando a Pnad havia registrado um aumento de 0,1% no analfabetismo entre brasileiros com mais de 15 anos frente a 2011.

Doutora em Educação, a coordenadora pedagógica do Grupo Uninter, Inge Suhr, ressalta que os dados não podem ser analisados de um ano para outro, uma vez que as políticas públicas tendem a surtir efeito no médio e longo prazo. “Essa lenta redução é fruto de políticas educacionais, de um compromisso que o Brasil assumiu, está dando certo, mas a passos lentos”, defende.

Segundo a professora, além dos mais de 13 milhões que não têm domínio algum da escrita e da leitura, é preciso olhar para o alto número de analfabetos funcionais – pessoas que foram alfabetizadas, mas têm dificuldade para interpretar e escrever com autonomia. A Pnad aponta uma redução na taxa de analfabetismo funcional de 18,3% para 17,8%, no período analisado. Já a taxa de escolarização entre 4 e 5 anos de idade alcançou 81,2%, 3,1% a mais que em 2012 (78,1%). O maior índice foi registrado na faixa de 6 a 14 anos (98,4%), que corresponde ao ensino fundamental. “Os dados levam a intuir que as pessoas estão atrasadas na relação idade-série, que há evasão, abandono. O ingresso está garantido na educação básica, mas ainda estamos longe da permanência e da conclusão com sucesso.”

Conforme a pesquisa, a maioria dos não-alfabetizados brasileiros eram mulheres (50,56%). Já a região com o pior índice é o Nordeste, que concentra 53,6% do total de analfabetos. “Se cruzarmos a questão da região com a raça, há taxa maior de analfabetismo entre a população negra e parda, uma desigualdade social histórica”, acrescenta Inge. A professora argumenta que os mais velhos não foram atendidos pelas políticas públicas de educação, que são mais recentes. “A legislação obriga que o sistema público ofereça vagas, mas não basta. Deve-se fazer uma busca mais ativa dessas pessoas, que não vão bater na escola porque pensam ‘vivi até agora, criei meus filhos, consegui fazer a vida assim’. É preciso incentivo, para acreditarem que a alfabetização pode mudar sua vida.”

Erradicação das piores formas de trabalho infantil ainda está longe

A Pnad também mostra uma redução de 12,3% no trabalho de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos, de 2012 para 2013. A queda porcentual foi de 5 a 9 anos, faixa em que 24 mil crianças deixaram de trabalhar, o que representa diminuição de 29,2%. O nível da ocupação entre 5 e 17 anos foi de 8,4% para 7,4%. O indicador caiu em todas as regiões. Apesar da redução, 3,1 milhões de crianças e adolescentes ainda trabalhavam no Brasil, no ano passado. Cerca de 2,6 milhões (84,5% delas) eram adolescentes de 14 a 17 anos. O rendimento domiciliar mensal per capita de crianças e adolescentes que trabalhavam era menor (R$ 557) do que o dos que não trabalhavam (R$ 620). Mais de 60% dos ocupados de 5 a 13 anos estavam em atividades agrícolas.

Para Patricia Santin, gerente da Infância e Adolescência da Fundação Telefônica Vivo, apesar da queda progressiva do trabalho infantil, o ritmo ainda é baixo (“de 400 mil em 400 mil”), o que deixa o Brasil longe de atingir a meta de erradicação das piores formas – que sujeitam o menor a danos físicos, mentais e morais – até 2015. “O Brasil saiu de 10 milhões e está se esforçando nas últimas duas décadas, mas, nos últimos anos, o ritmo está lento.”

Ela ressalta que a diminuição da ocupação entre os mais novos se deve ao acesso universal à escola e a uma política de construção de creches, fortalecida nos últimos anos. Já os programas de transferência de renda afetam a redução do trabalho em todas as faixas de idade.

Empresas
Na tentativa de melhorar o cenário, a Fundação lançou, neste ano, uma campanha no semiárido, com foco no adolescente a partir de 14 anos, que já pode trabalhar como aprendiz. “Nessa região, de IDH baixo, há mais de um milhão de crianças que trabalham. Estamos esclarecendo o empresariado que, com mais de oito funcionários, já é possível ter um aprendiz. Por desconhecimento, muitos nessa idade trabalham na ilegalidade”, explica Patricia.

>Capital
Em Curitiba,1,5 mil adultos estão correndo atrás do tempo perdido

Em Curitiba, o núcleo de Educação de Jovens e Adultos (EJA) atende 2.567 estudantes e tem 1.522 matriculados na fase de alfabetização, segundo o município. O programa oferta matrículas para jovens a partir dos 15 anos, mas a maior parte dos inscritos tem mais de 40 anos. As vagas são distribuídas em 67 escolas municipais.

O curso completo, do ensino fundamental – que inclui a alfabetização – ao ensino médio, dura de quatro a seis anos, podendo variar, de acordo com o ritmo do estudante. É possível, durante o processo, ­­realizar um exame de equivalência para concluir algumas fases. “O intuito é que o aluno não pare a escolarização”, diz a coordenadora da Educação de Jovens e Adultos na prefeitura de Curitiba, Cláudia Chagas.

Há três anos, o aposentado Jassy Duarte da Silva começou a alfabetização no programa EJA, na Escola Municipal Joaquim Távora, na Cidade Industrial de Curitiba. Nascido na cidade de Luz (MG), ele veio para a capital paranaense em 1978, para trabalhar, e, agora, com 65 anos, está lendo e escrevendo. “Nunca é tarde para aprender. Na época, não tive oportunidade de estudar, tinha que trabalhar na lavoura. A leitura é tudo, faz muita falta. Hoje em dia, se não tiver estudo, fica difícil.”

Aos 55 anos, a dona de casa Rosa Pereira Kovalczykowski concluiu, na última terça-feira, o ensino médio pelo programa da prefeitura, doze anos depois de ingressar na primeira série do EJA. Rosa morou até os 12 anos em São Domingos do Sul (RS). Em Curitiba, o trabalho e o casamento a impediram de retomar os estudos. “Depois que meus filhos cresceram, decidi voltar”, conta. Para ela, a leitura mudou tudo no cotidiano “Eu podia ter um livro, podia falar melhor, o estudo ajuda a ter mais conhecimento. Se eu tivesse que começar tudo de novo, começaria”, garante.


>Outros “achados”
Tamanho médio das famílias brasileiras está em 2,9 pessoas

Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios mostram que a família brasileira era formada por uma média de 2,9 pessoas, no ano passado. No período, quase 70% das mulheres com 15 anos ou mais tiveram filhos. No Brasil, a maior ocorrência de gravidez se deu na faixa dos 35 aos 39 anos (8%). Já no Paraná, a maior parcela de grávidas foi registrada entre 40 e 44 anos (8,5%).

As estatísticas de mobilidade populacional também mudaram pouco de um ano para outro. No ano passado, seis em cada dez brasileiros moravam na cidade onde nasceram. Cerca de 23% haviam mudado de cidade dentro do estado de nascimento. Apenas 15,76% mudaram de estado. No Paraná, 52% eram naturais do município, 30% mudaram de cidade dentro do estado e 17,2% vieram de outros estados.

O estudo mostra 74,5% dos brasileiros com casa própria. Em todo o país, 85% dos domicílios contavam com abastecimento de água em rede, 59% com rede coletora de esgoto, 89,8% com coleta de lixo, 99,6% com iluminação elétrica.


INFOGRÁFICO: Confira o índice de analfabetismo no Brasil aqui





Opinião: Os desafios da alfabetização mundial

Elizabeth Bettega Castor
Setembro é o mês em que a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) volta as atenções para a alfabetização mundial. Por isso, instituiu o Dia Internacional da Alfabetização, comemorado em 8 de setembro, para enfatizar a importância de reduzir os índices de analfabetismo.

Apesar de o número de analfabetos no mundo ter caído consideravelmente nas últimas décadas, ainda existe uma grande parcela da população que não sabe ler e escrever. Isso sem levar em consideração os analfabetos funcionais que, mesmo tendo conhecimento em leitura e escrita, ainda possuem sérias dificuldades para interpretação e entendimento. Então, não basta os governos batalharem apenas para melhorar os números de alfabetização, é preciso oferecer um aprendizado eficiente e de qualidade, que supra as necessidades da sociedade moderna.

Por mais que a meta de cada país seja gastar pelo menos 6% do Produto Interno Bruto (PIB) em educação, se avaliarmos os grandes contrastes sociais mundiais, esse número ainda é considerado baixo. Isso porque, na maioria dos casos, o analfabetismo está relacionado ao índice de pobreza. No caso do Brasil, o investimento atual é de 5,7% do PIB e a meta é aumentar o número para 10% até 2024, conforme estabelecido no Plano Nacional de Educação (PNE).

Em ano eleitoral, mais que em qualquer outro período, a questão da educação é amplamente debatida entre candidatos e propostas de governo. Porém, o tema não deve ser apenas propaganda de campanha, precisa ser enfrentado de frente. A educação de qualidade é essencial para melhorar a cultura do povo, pois abre portas para outros direitos básicos como saúde, trabalho, lazer e cidadania.

Algumas soluções já existem, basta colocar efetivamente em prática. Como, por exemplo, incentivar a criação de mais escolas em período integral. Nesses modelos, o aluno permanece mais tempo em contato com o aprendizado e desenvolve outras habilidades por meio de atividades extracurriculares. Além disso, elimina períodos que seriam ociosos caso a criança estivesse em casa.

Hoje, a maioria das instituições de ensino possui uma carga horária reduzida de quatro horas diárias que, se ampliada para sete horas, resultará em um nível de maior qualidade de ensino. Nessas três horas a mais que permanecem na escola, os estudantes podem receber reforço de disciplinas específicas e realizar atividades culturais como dança, teatro, música e práticas esportivas.

É na escola que parte da personalidade da criança é formada, pois ela passa a se relacionar com outras crianças, aprende que os laços da amizade são importantes, a respeitar o próximo e a exercitar a criatividade. Com um tempo de frequência maior, os alunos poderão aprender muito mais, resultando na construção de cidadãos de bem.

A educação é um dos pilares para uma sociedade fortalecida e sadia. Não podemos deixar que essa solução para tantos problemas acabe passando despercebida. Precisamos investir, e muito. Mas esse trabalho deve ser feito em conjunto, pois na coletividade conseguiremos obter o êxito esperado. Por isso o papel da instituição de ensino não deve se privar à transmissão de conteúdos pedagógicos. A escola deve ter como propósito a formação integral do aluno.

É preciso difundir não só a alfabetização, mas um ensino de qualidade, que proporcione ao cidadão, mesmo aqueles das camadas mais pobres, a reflexão e o entendimento sobre seus direitos. Somente assim será possível construir uma sociedade mais democrática para todos.

*Elizabeth Bettega Castor é presidente do Centro de Educação João Paulo II.

Fonte: Gazeta do Povo (PR)

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Pesquisa aponta queda do analfabetismo em todas as regiões e todas as faixas etárias

Dados da Pnad de 2013 mostram que taxa de analfabetismo diminuiu de 11,5%, em 2004, para 8,3%, em 2013

O analfabetismo recuou em todas as regiões do Brasil e em todas as faixas etárias. A taxa de analfabetismo caiu de 8,7% em 2012 para 8,3% em 2013, considerando a população com 15 anos ou mais. Se a comparação for estendida para os últimos 10 anos, verifica-se avanço ainda mais significativo: a taxa diminuiu de 11,5% em 2004 para 8,3% em 2013.

Os dados integram a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) de 2013, divulgada nesta quinta-feira, 18, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A apresentação contou com a participação dos ministros da Educação, Henrique Paim, do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, e do ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Marcelo Neri.

Conforme o ministro Henrique Paim, é preciso considerar a história da educação brasileira para analisar estes resultados. Em 1950 um em cada dois brasileiros era analfabeto, relação que diminuiu de um para quatro em 1980 e de um analfabeto para cada 12 brasileiros em 2013.

Paim destacou que a taxa de analfabetismo na faixa dos 15 aos 19 anos, que caiu para 1% em 2013, é um resultado a ser comemorado. “Significa que o Brasil não está produzindo mais analfabetos, que fechamos a torneira. Isso demonstra o acerto das políticas públicas do governo federal, articuladas com estados e municípios”, afirmou o ministro.

Escolarização - A taxa de escolarização registrou avanço em todas as faixas etárias, com destaque para a faixa dos quatro aos cinco anos de idade, que passou de 78,1% em 2012 para 81,2% em 2013. De acordo com o ministro da Educação, o desempenho reflete as políticas de expansão da educação infantil. Entretanto, Paim reconhece que há desafios a serem superados em relação às demais faixas etárias. A pesquisa indicou ainda que, no ano passado, 98,4% da população entre os seis e os 14 anos frequentava a escola.

Anos de estudo – O levantamento indicou aumento na média de anos de estudo em todas as regiões brasileiras. A média nacional passou de 7,5 anos em 2012 para 7,7 anos no ano passado, tempo que é ainda maior entre as mulheres, atingindo 7,9 anos. Comparando às estatísticas dos anos 2000, a média saiu de 6,1 anos de estudo em 2001 para 7,7 anos em 2013, o que corresponde a um acréscimo de 26%.

A Pnad, elaborada anualmente, tem como base 362.555 entrevistas realizadas em 1.100 municípios de todos os estados e Distrito Federal em 2013, abordando temas como população, migração, educação, trabalho, rendimento e domicílios.

Fonte: MEC
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