sexta-feira, 29 de julho de 2016

EDUCAÇÃO DO FUTURO

Educação no futuro será portátil, personalizada e onipresente


Enquanto o aluno caminha para a escola, recebe textos sobre a aula do dia. Softwares identificam, com base nas suas atividades, as necessidades individuais para que, a partir daí, o professor possa escolher exercícios customizados para ele.

Assim será o futuro da educação, segundo gestores do setor ouvidos pela Folha. A mobilidade, a personalização da aprendizagem e o modelo híbrido (presencial e on-line) –já praticado nos cursos de educação a distância– devem ser levados aos programas de ensino básico. A escola, ou boa parte dela, vai caber nos dispositivos móveis.

A educação se tornará onipresente. Discussões em ambientes virtuais, por exemplo, serão incorporadas às aulas presenciais, segundo Daniel Ribeiro Silva Mill, professor e gestor de educação a distância na UFSCar (Universidade Federal de São Carlos).


Essa personalização do aprendizado traz como grande mudança a possibilidade de respeitar o ritmo de cada aluno, segundo Denis Mizne, diretor executivo da Fundação Lemann, que atua na área da educação. Caberá ao professor de amanhã o papel de curador. "Ele vai escolher os conteúdos, os meios e fazer a conexão disso com o mundo real."

Mas a incorporação da tecnologia pela escola brasileira apresenta desafios como falhas na infraestrutura e na formação docente, diz Mizne. "O governo precisa aprender a escolher a tecnologia que vai comprar e complementar com formação de professor."

Uma dessas tecnologias é o big data, análise de dados em larga escala, que entra em cena para auxiliar na customização do ensino. "Já há softwares capazes de analisar os perfis dos alunos para traçar trilhas de estudo" de acordo com cada caso", diz Mairum Ceoldo Andrade, superintendente de tecnologia do Cieb (Centro de Inovação Para a Educação Brasileira).

Um exemplo é a Knewton, plataforma de ensino adaptativo que já atua no Brasil em parceria com a escola de idiomas Wizard e com a LFG, empresa de cursos preparatórios do grupo Kroton Educacional. Ela indica os pontos que precisam ser melhorados depois de fazer a análise das respostas do aluno às questões propostas de acordo com o nível de ensino.

O professor recebe um relatório, tal qual um prontuário médico, que o ajuda a fornecer o melhor diagnóstico para as dificuldades de aprendizagem.

NA ESCOLA

Algumas escolas já colocam em prática essas tendências. Nas Steve Jobs Schools, com mais de 20 unidades na Holanda e duas na África do Sul, os alunos fazem todas as atividades em tablets. Em vez de aulas há workshops, com temas escolhidos por eles.

Em Cotia (Grande SP), a associação Projeto Âncora mantém uma escola onde o estudante dita o ritmo, escolhendo conteúdo e cronograma. O professor é só auxiliar do processo, um mentor.

"No futuro, a criança vai ter um caminho só dela e investir no campo de conhecimento que escolheu", diz Rosa Alegria, pesquisadora do Núcleo de Estudos do Futuro da PUC-SP. "A educação será voltada para fazer a pessoa mais feliz".

Para Mill, da UFScar, o desafio é educar professores e alunos, para que saibam quais ferramentas usar. Nem sempre a tecnologia adequada é a mais nova, diz. "A tecnologia da escrita ainda é mais importante que a digital", exemplifica.

Segundo Mill, o docente precisa pesquisar a tecnologia, mas não tem tempo nem salário que o incentive a isso.

"O ensino básico tem grande deficit de qualidade, ainda é muito ruim, e os professores são desvalorizados", concorda Madalena Guasco Peixoto, professora da Faculdade de Educação da PUC-SP. "Mas como, sem dinheiro, fazer políticas eficientes para melhorar o ensino?"


EVERTON LOPES BATISTA
DE SÃO PAULO 29/07/2016 02h00 
 
FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/educacao/2016/07/1796391-educacao-no-futuro-sera-portatil-personalizada-e-onipresente.shtml

EDUCAÇÃO E CULTURA

Comissão permite que pós-graduado em pedagogia ocupe cargo de direção escolar 
 

Mudança permite que licenciado em áreas tipicamente docentes - como Língua Portuguesa, Matemática e Geografia - e com mestrado ou doutorado em Educação ocupem funções de planejamento, supervisão e orientação educacional
A Comissão de Educação aprovou proposta que garante o acesso de profissionais com pós-graduação em pedagogia ou em áreas afins a cargos de direção e supervisão escolar.

O texto aprovado em 13 de julho é um substitutivo do deputado Diego Garcia (PHS-PR) ao Projeto de Lei 7014/13, do suplente de deputado Ademir Camilo (PTN-MG). Pelo projeto original, os cargos de administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional em educação básica deverão ser necessariamente ocupados por pedagogo.

Atualmente, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB - Lei 9.394/96) permite o exercício de cargos de direção e supervisão escolar também por profissionais com pós-graduação em educação, mesmo que tenham graduação em outra área.

Antonio Augusto / Câmara dos Deputados
Garcia: texto original causaria danos evidentes à possibilidade de recrutamento de pessoal especializado nas escolas de educação básica Segundo Garcia, a intenção da proposta é evitar a dubiedade da lei atual, que poderia significar que uma pessoa com pós-graduação – em qualquer área do conhecimento, não necessariamente ligada à educação – poderia atuar com administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional. “A mera exclusão do texto proposto simplesmente impediria que pessoas com pós-graduação em educação, mas sem curso de pedagogia, pudessem atuar nas áreas de administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional”, explicou.

Como exemplo, Garcia citou a possiblidade de um psicólogo com pós-graduação em psicopedagogia não poder trabalhar como psicopedagogo ou orientador educacional nas escolas de educação básica.

A nova redação, para Garcia, garante o acesso apenas de formados na área educacional ou em áreas afins às de administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para atuarem nas funções da educação básica.

Texto modificado
O deputado Pedro Uczai (PT-SC) chegou a sugerir que o autor da proposta fosse ouvido antes da votação, pois o substitutivo acabou bem diferente do projeto original. “Ele reincorporou o que o autor suprime. Ele mantém, com nova nuance, o texto da LDB”, afirmou.

O presidente do colegiado, deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), no entanto, explicou que o parecer original de Garcia era pela rejeição do projeto, mas, a pedido da comissão, o parlamentar alterou o texto e propôs o substitutivo. “Houve um acordo e ele se submeteu à vontade da comissão para mudar o parecer”, disse Sá, lembrando que Camilo não é mais parlamentar.

O deputado Glauber Braga (Psol-RJ) votou contra o texto porque queria que houvesse mais discussão sobre o assunto.

Tramitação
O projeto, que tramita em caráter conclusivo, ainda será analisado pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.


Íntegra da proposta:
PL-7014/2013
Reportagem – Tiago Miranda
Edição – Natalia Doederlein

A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura 'Agência Câmara Notícias'
 
FONTE:http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/EDUCACAO-E-CULTURA/512981-COMISSAO-PERMITE-QUE-POS-GRADUADO-EM-PEDAGOGIA-OCUPE-CARGO-DE-DIRECAO-ESCOLAR.html

terça-feira, 12 de julho de 2016

Tecnologia na Educação

Celular na escola, pode ou não pode?

Com o maior acesso das crianças e jovens aos dispositivos móveis, como celulares e tablets, proibir ou não o uso desses aparelhos na escola tornou-se dúvida recorrente entre gestores, professores e pais. Não há resposta única para essa dúvida. Depende muito da relação que a instituição tem com toda a comunidade escolar e com os alunos.

Como a escola é um espaço para a aprendizagem, é fundamental que professores e gestores criem um ambiente que propicie esse aprendizado. Se os alunos estão usando o celular na hora da aula e isso está prejudicando a aprendizagem deles, é preciso que a escola intervenha. Nesse caso, o melhor caminho não é simplesmente proibir, mas dialogar com a turma para que todos entendam o melhor momento do uso dos aparelhos.

Esse diálogo pode não ser fácil e depende da forma como a escola veio construindo sua relação com os alunos. Se esse relacionamento ainda é conflituoso, no início talvez seja preciso adotar regras mais rígidas; caso essas questões estejam melhor resolvidas entre os alunos e a escola, as próprias crianças e jovens vão entender quando o uso é adequado ou não.

O importante é não encarar o celular como uma ameaça ao aprendizado, mas como uma ferramenta: os aparelhos eletrônicos estão cada vez mais presentes nas nossas vidas, assim como no dia a dia da molecada, e podem ser um bom recurso pedagógico quando usados de forma planejada e intencional.

Existem alguns exemplos de como os professores podem usar o celular de forma interessante. Nas aulas de história, por exemplo, são comuns as atividades em que o professor pede aos alunos que entrevistem pessoas idosas da comunidade e busquem descobrir mais sobre a história do bairro e da cidade. Já pensou que bacana seria se os alunos pudessem gravar essas conversas com os seus celulares e depois fizessem uma espécie de documentário? E se os alunos fossem encorajados a desenvolver aplicativos, estimulando a criatividade e fazendo uso da lógica? Com uma proposta pedagógica consolidada, há diversos usos possíveis da tecnologia no dia a dia escolar.

Quando a turma toda está envolvida em uma atividade interessante, que os estimule, o aluno que ficar de fora por desinteresse ou indisciplina será o peixe fora d’agua, e as crianças têm o discernimento de interpretar essas situações. As crianças e os jovens querem aprender e expressar sua curiosidade e criatividade. E isso é fundamental para o processo de aprendizagem.

Em questões como essa é também imprescindível o diálogo com as famílias. A intencionalidade da escola precisa ser compartilhada e explicitada, seja com o uso ou não de dispositivos tecnológicos. Isso fortalece o vínculo e ajuda a conscientizar os alunos sobre a importância daquilo que estão aprendendo. No meu último texto para o blog, falei sobre o papel da escola na formação ética e moral dos alunos e dei como exemplo a questão do uso dos celulares em sala de aula. Confira aqui.
 
 
por Ricardo Falzetta 12/07/2016 06:00  
 
FONTE:http://blogs.oglobo.globo.com/todos-pela-educacao

Pesquisa mostra que poucos alunos associam bibliotecas a lugares prazerosos.

Hábitos de leitura dos professores também são baixos.
 
Quase metade (44%) da população brasileira não tem hábito de ler livros. Este percentual permanece estável nos últimos 12 anos, apesar de termos verificado no período um aumento significativo na proporção de brasileiros com ao menos ensino médio completo. Esses e outros dados constam da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, divulgada pelo Instituto Pró-livro e pelo Ibope na última edição da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty). Com mais escolaridade, era de se esperar que nossos níveis de leitura, muito baixos em relação a países desenvolvidos, tivessem aumentado. Mas não foi o que aconteceu. Além da questão recorrente da qualidade insatisfatória de nosso ensino, a pesquisa dá outras pistas de por que não estamos transformando mais educação em mais leitura. Elas passam pela influência dos pais, professores, e pelo uso que fazemos de bibliotecas públicas ou escolares.

A pesquisa reforça a tese de que o hábito de leitura é uma construção que vem da infância, e que o papel dos pais é essencial. Apenas um terço dos brasileiros teve influência de alguém na formação do seu gosto pela leitura. Quando os entrevistados lembram de alguém, a figura mais citada é a mãe. Por isso é tão importante que os pais sejam também foco das políticas de incentivo à leitura. Um outro estudo, divulgado na semana passada, vai na mesma direção. Ele foi realizado pela Universidade de Nova York e pelo Instituto Alfa e Beto na cidade de Boa Vista (RO). Lá, foi avaliado um programa que incentivava e treinava os pais a lerem para os filhos. Entre as crianças de pais que participaram do programa, foi observado um aumento no vocabulário, na memória de curto prazo, e uma diminuição nos problemas de comportamento.

Os professores, como sempre, também têm papel fundamental. Daí surge outra informação preocupante da pesquisa do Instituto Pró-Livro e do Ibope: eles também têm pouco hábito de leitura. Apesar de 84% terem dito que leram um livro (ou um trecho dele) nos três meses anteriores à pesquisa, quando o entrevistador pergunta qual o nome do livro que ele leu ou estava lendo, surge uma contradição: metade (50%) diz não estar lendo livro nenhum, e outros 6% afirmaram não se lembrar ou não responderam. Assim como acontece com o total da população, também entre professores que dizem ter lido um livro, o mais citado é a Bíblia, seguido de outros títulos religiosos.

No caso das bibliotecas, um dado que merece reflexão está na resposta de 71% dos brasileiros que associam este espaço principalmente como um lugar para pesquisar e estudar. Não há nada de errado com esta afirmação. O problema é que outras respostas _como um lugar para emprestar livros ou um espaço de lazer_ são citadas em frequência bem menor, sempre abaixo de 30%. Entre estudantes, o padrão é o mesmo: 75% dizem que vão à biblioteca para pesquisar ou estudar, e apenas 34% mencionam que procuram esse espaço para ler livros por prazer (a soma ultrapassa 100% porque o entrevistado podia dar mais de uma resposta).

Por lei, temos até 2020 para garantir que todas as escolas tenham biblioteca ou sala de leitura no Brasil. Em 2015, este percentual era de apenas 53%. É inconcebível pensar num espaço educacional sem este equipamento, mas a pesquisa do Instituto Pró-Livro e do Ibope sugere que a simples existência deste equipamento não é garantia de que vamos incentivar hábitos de leitura nos estudantes. É preciso saber usá-los.
 
por Antônio Gois 11/07/2016 06:00 

FONTE: http://blogs.oglobo.globo.com

Professores se desdobram por renda maior

Amazonas tem 8,5 mil professores trabalhando em duas ou mais unidades
Professora dá aula em três horários e ainda consegue tempo 
para estar com os filhos, sem levar trabalho para casa. Foto: Sandro Pereira

Manaus - A rotina diária de Janaína Barreto, 38, professora de História da rede pública municipal e estadual de ensino do Amazonas, começa às 7h, na Escola Municipal Raimunda Cerquinho, do bairro Santa Etelvina, na zona norte da capital. Durante o dia, a professora, que é mãe de dois filhos, se desloca para três zonas diferentes da cidade para trabalhar. A tripla jornada de Janaína representa o cotidiano de mais de 8,5 mil do Amazonas que trabalham em duas ou mais unidades de ensino, segundo o Anuário Brasileiro da Educação Básica 2016, elaborado pelo Movimento Todos Pela Educação.

Por mês, Janaína precisa corrigir, pelo menos, 1.038 provas e trabalhos, lançar notas de 519 alunos, ensinando 41 estudantes por sala de aula, em média. A correria de lecionar em três escolas veio com a necessidade de ganhar um salário melhor.

Atualmente, as aulas nas duas escolas estaduais rendem R$ 3.269 de salário, enquanto o ensino na escola municipal rende R$ 1,9 mil. São 13 horas trabalhadas, por dia, segundo a professora.

Por hora, Janaína recebe de dois a três centavos, por aluno. Mas, apesar do salário desvalorizado, segundo a professora, a profissão ainda consegue ser recompensadora.

“Ver nos olhos de alguns alunos a esperança da mudança de vida, ver um aluno meu de escola pública fazendo Medicina. Alunos se destacando fazendo Engenharia, essa é a verdadeira motivação e é o que faz a gente ir para frente”, disse.

Rotina pesada

Ao sair da escola da zona norte, a professora tem que levar os filhos para o colégio e, em seguida, ir para o segundo turno na Escola Estadual Maria de Lourdes Rodrigues Arruda, na zona centro-oeste, onde ensina História para quatro turmas do 9º ano com alunos de 14 a 17 anos.

No final da tarde, ela consegue jantar com os filhos - um adolescente de 15 e uma menina de 6 anos. Mas, à noite, cinco turmas no Centro de Educação de Jovens e Adultos Professor Agenor Ferreira Lima (Ceja), na zona centro-sul, a aguardam.

“Vejo meus filhos nos intervalos de uma escola para outra. Sempre janto em casa e os busco no colégio. Aprendi também a não trazer trabalho para casa”, revelou.

A rotina acelerada da professora permite cerca de quatro a cinco horas de sono. “No EJA, tenho que ficar de olho no relógio, porque os alunos são tão interessados que, se eu não cuidar, a aula vai até meia-noite, e eu acordo às 5h30”, disse.

Fins de semana cheios

Na jornada tripla ministrando aulas de sociologia em dois turnos de uma faculdade e em uma escola pública, o professor Eudes Melo, de 44 anos, também partilha da rotina corrida para aumentar a renda.

Com carga horária de trabalho em torno de 11 horas por dia, Eudes afirma que possui renda de R$ 6.634 graças às aulas para o Ensino Superior, já que as aulas na escola pública rendem R$ 1.634 mensais.

De acordo com Melo, os finais de semana e até mesmo os feriados também são utilizados para a correção de avaliações e leituras de trabalho.

“Preciso descansar menos para preparar aula, elaborar as provas. Eu, particularmente, faço nos fins de semana e feriados, além do período da noite que utilizo para corrigir os trabalhos e provas”, relatou.

Dura realidade

Para o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Amazonas (Sinteam), os 8,5 mil professores que trabalham em dois ou mais unidades de ensino representam uma dura realidade.

“É impossível você viver com R$ 1.600. Para aumentar a renda, o professor é obrigado a trabalhar nos três horários, ou mínimo de dois horários. Uma rotina nefasta, um mal necessário em termos de renda e que gera um conjunto de síndromes e doenças ao longo dos anos”, disse o presidente interino da entidade Cleber Ferreira.

Com o piso salarial estadual em R$ 1.548 no início de carreira, o quantitativo de professores em duplas e triplas jornadas é reflexo da desvalorização do educador no Estado, avalia Cleber Ferreira.

Reajuste salarial

Depois de seis rodadas de negociação, a categoria fechou acordo com a Prefeitura de Manaus para o reajuste salarial de 9,28% dos trabalhadores da rede municipal de ensino, com data-base em 1º de maio. Mas, na rede estadual, ainda não houve definição.

“Temos lutado pelo plano de saúde dos professores que estão adoecendo de doenças da educação, como problemas nos braços, na garganta, por causa da escrita no quadro e por precisar falar o dia todo, mas isso nunca foi aprovado nem mesmo quando a arrecadação (estadual de impostos) estava nas alturas”, disse.

Remuneração

Desde do ano passado, o município não aprova promoções para os professores, aponta o Sinteam. Educadores que concluem pós-graduação, mestrado e doutorado continuam ganhando o mesmo salário. A medida, de acordo com o presidente interino, Cleber Ferreira, reflete a desvalorização da profissão. Financeiramente, a qualificação não compensa, segundo ele.

“Estudar sempre vale a pena, mas aqui não vale pelo lado financeiro. Eu mesmo estou concluindo um mestrado, é mais conhecimento, mas financeiramente não traz benefícios”, disse.

De acordo com o Anuário da Educação Básica, em 2014, ano base da pesquisa, 454 pessoas tinham se tornado mestres no Estado, contra 1.048 no Pará. No caso dos doutorados, o Amazonas formou 66 profissionais, contra 216 no Pará.

O DIÁRIO entrou em contato com a Secretaria de Estado de Educação (Seduc), mas, até o fechamento desta edição, nenhuma resposta sobre o reajuste dos professores foi fornecido pela secretaria.
 
 
Gisele Rodrigues / portal@d24am.com
 
FONTE:http://new.d24am.com/noticias/amazonas 

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Diálogo, colaboração e afeto

Iniciativa do Sou da Paz promove mediação de conflitos em escolas estaduais de SP 
 

Desconstruir estereótipos por meio de ouvidos bem abertos e olho no olho. Quem disse que o jovem não quer nada com nada e que não tem interesse em conversar, debater e pronunciar vontades, medos e desejo? Onde está provado que adolescentes indisciplinados são assim mesmo e não há nada a ser feito? Foi com essa ideia – a de que o jovem tem voz e quer, sim, representatividade – que o Instituto Sou da Paz criou o projeto Construindo Pontes, baseado na mediação para garantir a participação dos alunos na gestão da escola e a comunicação entre estudantes e professores.

A iniciativa está em prática em quatro escolas da Brasilândia, bairro da zona norte de São Paulo, por adesão voluntária, já que a entidade atua na região com outros projetos há anos e conhece a comunidade escolar do território (leia mais abaixo). “Os jovens têm muito a ensinar para a gente. Existe um senso comum de que o conflito deve ser evitado, mas não vemos dessa forma. É urgente que se encontre outras formas de resolver essas situações”, explica Beatriz Saks, coordenadora de projetos do instituto.

As “pontes” do projeto são construídas com base em três eixos metodológicos simultâneos: supervisão com professores mediadores escolares e comunitários; grupo de escuta e discussão com alunos; e formação dos professores. “A nossa metodologia é aberta. A proposta é que a escola coloque as questões que lhe são mais urgentes e fundamentais”, pontua Beatriz. O processo todo dura cerca de cinco meses até que seja decidido que tipo de “solução” funcionará naquela unidade de ensino – pode ser um grêmio estudantil ou outra forma de participação dos alunos, desde que venha deles. A adesão é voluntária e pode contar com professores – no caso dos docentes, as escolas normalmente indicam os de perfil conciliatório. Todos os encontros ocorrem nos horários mais adequados, definidos pelas escolas.

Etapas
O objetivo da supervisão é debater com os professores mediadores as situações da rotina escolar que se apresentam como obstáculos par a convivência pacífica da comunidade. Isso ocorre por meio de encontros na escola e os temas discutidos são sugeridos pelos próprios docentes, baseados no que enxergam na realidade da unidade de ensino. Assim, as pautas giram em torno de drogas, família e temas referentes a metodologias de ensino e relação entre professor e aluno. Naturalmente, vêm à tona dúvidas sobre como lidar com indisciplina e com alunos que cumprem medidas socioeducativas.

Já o segundo eixo realiza grupos de escuta e debates com os jovens para fazer com que eles se expressem e discutam sobre perspectivas de vida com um representante do instituto. Nesse papo, semanal ou quinzenal, eles se sentem à vontade para falar dos conflitos vividos dentro e fora da escola, como brigas com professores e dúvidas sobre questões de gênero, violência policial, racismo e outros tipos de preconceito, entre outros assuntos.

“Não impomos nada, tudo surge deles. Mesmo porque cada escola é uma escola, com sua turma e identidade, e o que funciona em uma pode não funcionar bem em outra. Não se pode partir de modelos prontos”, explica Beatriz. “O engajamento e o despertar político de alguns ocorre quando eles percebem que podem questionar e ser ouvidos e respeitados, porque se sentem à vontade. Criamos espaços de igual para igual onde existe a liberdade para discutir machismo e temas que eles propõem, que fazem parte da vida deles. No fim, tudo se trata da alteridade, de se relacionar e respeitar o outro, promovendo relações generosas e o autocuidado.”

Beatriz conta que, além da criação do grêmio estudantil, surgiram propostas como a ocupação da biblioteca da escola. “Parece algo pequeno, mas isso transforma o ambiente. Hoje, nessa escola, alguns alunos chegam mais cedo, inclusive os que nem iam para a aula, para fazerem grupo de estudo e leituras coletivas nesse espaço que é deles”, relata. “Também tivemos caso de aluno que já saiu da escola, mas que pediu para continuar participando das discussões. Criar a experiência de ser gente é fundamental.”

Mas tudo isso não ocorre sem que a equipe pedagógica da escola tenha autonomia para realizar os debates, ouvir e aceitar críticas e, principalmente, tomar medidas de forma democrática para solucionar as situações conflituosas. Assim, o Sou da Paz oferece às equipes das escolas cursos de formação que promovem discussão coletiva e estudo de casos considerados desafiadores e problemáticos para os grupos de professores. Novamente, temas como medidas socioeducativas, violência e indisciplina são muito relatados pelos docentes. “Quando os gestores trocam, só surgem ganhos, porque eles enxergam entre eles os mesmos medos e conflitos”, lembra Beatriz.

Efeitos
Para o instituto, os resultados até agora são positivos, já que alunos e equipes escolares mostram que os jovens se sentem legitimados, promovendo, assim, um ambiente mais justo e mais respeitoso, em que a conivência flui melhor em sala de aula. “Por meio de uma concepção de aprendizagem mais participativa, surge o acolhimento e o afeto. Temos muito a aprender com os jovens, mas se eles nunca forem olhados, não saberão como olhar para os outros e não haverá troca.”

Saiba mais
Reconhecido por seu trabalho na área de segurança pública e combate à violência, o Sou da Paz também promoveu, há alguns anos, um trabalho intenso pela instalação de grêmios nas unidades escolares (leia mais aqui) na mesma região paulistana onde hoje desenvolve o Construindo Pontes.

Para ler mais sobre os grêmios escolares, clique aqui.

Para visitar o site da entidade, clique aqui.

Mariana Mandelli, do Todos Pela Educação
 
http://www.todospelaeducacao.org.br 

A democracia nasce na escola

Experiências bem sucedidas demonstram a necessidade de integrar o aluno e a comunidade na gestão
Pricilla Kesley/TPE
“Rapaz, é essa escola mesmo que eu estou procurando!”, pensou Fabio Augusto Machado, professor de geografia da Emef Professora Marili Dias, quando, há quatro anos, realizava busca na internet sobre os possíveis colégios da rede municipal em que poderia dar aulas. Fabio se encantou com uma produção da escola, o livro Kizomba Literária, 96 páginas de poesias, cordéis, contos e desenhos feitos por alunos do Ensino Fundamental, e também por pais e pessoas da Vila dos Palmares, onde a escola está localizada. Hoje, além da geografia, Fabio coordena no colégio projetos realizados no contraturno que promovem e estimulam o protagonismo dos estudantes.

O Kizomba Literária foi organizado pela professora Susete Mendes, na época orientadora da sala de leitura da Marili Dias, e, desde o começo de 2016, diretora do colégio. Há seis anos trabalhando na Emef, Susete é bem conhecida entre os 980 estudantes. De ideias libertárias e grande disponibilidade para ouvir, durante a entrevista ao TPE ela contou que, naquela manhã, havia passado em todas as salas de aula e feito a mesma pergunta: o que não existe na escola e o que vocês gostariam que tivesse? “Eu acredito que o aluno aprende mais quando ele estima o professor. Quando ele gosta da escola, fica uma maravilha”, sorri.
 
O livro Kizomba Literária reúne a produção artística dos alunos da Emef Profª Marili Dias Foto: Pricilla Kesley/TPE

O seu principal propósito na diretoria da unidade é implantar a gestão democrática, direção que possibilita a participação, a transparência e a democracia, e acredita que a cooperação entre corpo escolar é de extrema importância. “Todos somos responsáveis e comprometidos com o nosso trabalho, embora em funções diferentes, o objetivo é um só”.

Com eleições para representantes de sala e de membros do Conselho Escolar e a escrita conjunta de um novo Projeto Político Pedagógico, Susete busca consolidar essa forma de direção. “Pretendemos fortalecer a gestão democrática de tal forma que ela possa continuar sem a minha presença, porque o ideal é que a escola funcione sem gestão. Com esse discurso, vão me chamar de anarquista”, brinca.

A escola sem carteiras
Enquanto Susete inicia a construção de uma gestão democrática, a professora Eda Luiz está há 18 anos à frente do Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos (Cieja) do Campo Limpo, em São Paulo, instituição renomada por desenvolver a participação de todos na tomada de decisões.

Logo que assumiu a direção, a primeira medida foi indagar os alunos sobre o que esperam daquele espaço. “O pedido deles foi que não houvesse carteiras enfileiradas, por isso o meu mobiliário é todo em mesas redondas dispostas pela sala, porque eles queriam enxergar uns aos outros”.

Todas as ideias partem inteiramente dos estudantes e são discutidas em assembleias e votações. “Decidimos os temas, os combinados, o repasse de verbas e, depois, durante o ano, essas reuniões acontecem de acordo com a necessidade”, explica.

Um dos principais projetos desenvolvidos pelo Cieja é uma intervenção na comunidade com base numa escolha dos alunos. Geralmente, são problemas muito próximos da realidade deles, e, a cada seis meses, é feito um projeto com o objetivo de estabelecer alguma mudança no local em que vivem. “Em um ano, fizemos oplantio de árvores na Estrada de Itapecerica. A ideia veio por meio de uma pesquisa realizada pelos estudantes no centro da cidade, na qual chegaram à conclusão de que nas regiões centrais tudo é mais arborizado e, aqui no Capão Redondo, não tínhamos tantas árvores”.

Democracia já
Para Maria Virgínia de Freitas, coordenadora da área de juventude da ONG Ação Educativa, a gestão democrática proporciona ao aluno o desenvolvimento necessário para a vida em sociedade, de modo a aprimorar a capacidade de diálogo, lidar com as diferenças, saber respeitar decisões tomadas coletivamente e assumir responsabilidades. “Isso acontece porque uma vez que você participa da decisão, passa a ter mais responsabilidade sobre o que foi decidido”, reitera.

Susete acredita na humanização das relações promovidas pela participação. “A sala de aula fica humanizada, os alunos se valorizam mais como seres humanos, e a Educação como um todo tem muito a ganhar”. Maria Virgínia complementa que, quando o princípio de autonomia na participação é posto em prática, não quer dizer que a escola é dirigida pelos estudantes, mas sim respeitada.
Susete Mendes: "Acredito que o aluno
 aprende mais quando gosta da escola"
 Foto: Pricilla Kesley/TPE
Segundo Eda, em uma escola democrática “não existem ilhas, ou jeitinhos. O que foi decidido em assembleia, até que se mude, terá de ser cumprido”. O desafio é as pessoas acreditarem nesse tipo de gestão. Susete complementa, “o caminhar de tudo isso vai ser bem lento. Os alunos também têm essa dificuldade, e alguns professores ficam meio perdidos e resistentes. Entretanto, precisamos apresentar os conceitos democráticos e debatê-los, para que a comunidade possa trazer também experiências que trazem de outros lugares”.

Hamilton Faria, mestre em Ciências Sociais e coordenador da área de Cultura do Instituto Pólis, vê na capacitação de professores e gestores para o diálogo uma forma de fomentar esse tipo de prática. “Tudo acertado em uma realidade dialógica, de reconhecimento da diferença, da diversidade, de outras experiências em vida”, afirma.

Donos de si
Seu Domingos se matriculou no Cieja do Campo Limpo com um sonho: aprender a ler e a escrever. Durante uma atividade em sala, a professora pediu aos estudantes para identificar o nome presente no RG e as letras que o compõem. Ao notar a dificuldade do aluno, a educadora viu que, no lugar da assinatura de Domingos, estava escrito “não alfabetizado”. Ela explicou para ele o que isso significa e mostrou em que lugar do documento o nome desse homem de 52 anos constava. “Ele ficou todo encantado com a descoberta e começou a querer escrever o nome em todos os lugares. Em uma sexta-feira, chegou com um novo RG nas mãos e com uma felicidade estampada nos gestos para mostrar a todos que ele sabia escrever o próprio nome e que, no novo documento, o nome dele não era ‘não alfabetizado’, e sim Domingos”, conta Eda, emocionada. “Foi incrível a alegria dele de ser uma pessoa alfabetizada agora. Ser dono do seu nome”.

Para Hamilton, a escola não pode ser um espaço só do conhecimento, ela deve estimular a criação de alicerces para que os alunos possam identificar os próprios quereres. “A vida escolar deve ser propícia ao protagonismo dos estudantes, ou seja, a constituição de um sujeito autônomo, com vontades próprias, que constrói planos individual e coletivamente”, explica. “Não tem possibilidade de a escola formar cidadãos e cidadãs se não for por meio de práticas de gestão democrática”, conclui Maria Virgínia.
 
 
Bruna Rodrigues, do Todos Pela Educação  
 
FONTE: http://www.todospelaeducacao.org.br

Perguntas e respostas: o que é e como funciona uma associação de pais e mestres?

Tire suas dúvidas sobre como participar desse tipo de entidade educacional 
 

A participação dos pais na vida estudantil dos filhos pode se dar além do comparecimento a reuniões e eventos escolares, saltando do patamar de assistência familiar para o de gestão democrática. Por meio da Associação de Pais e Mestres (APM), órgão bastante conhecido na comunidade escolar brasileira, as famílias conseguem ter uma atuação direta e mais efetiva no processo educacional das crianças.

Mas, afinal, como isso se dá? O que de fato faz e pode fazer uma APM? Para responder a essas e mais questões, o Todos Pela Educação preparou este guia:

O que é uma APM?
A APM é uma associação sem fins lucrativos que representa os interesses comuns dos profissionais e dos pais dos alunos de uma escola. A ideia é que a opinião deles colabore com a gestão sempre com o objetivo de impactar positivamente na aprendizagem dos alunos e na qualidade da Educação oferecida pela escola. Ela permite que famílias e escola dialoguem, promovendo uma integração da comunidade com a instituição de forma democrática. Portanto, como órgão colegiado assim instituído, ela não deve representar motivos que não sejam estritamente educacionais.

Há uma lei que define a APM?
Não existe legislação federal que trate especificamente da criação e da gestão das APMs no sistema educacional brasileiro. A existência da APM é obrigatória somente no caso de a escola receber verbas federais do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) (veja mais abaixo).

O Art.14 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) garante a gestão democrática do ensino público por meio da “participação dos profissionais da Educação na elaboração do projeto pedagógico da escola” e da “participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes”.

Além disso, a APM também está prevista na estratégia 19.4 do atual Plano Nacional de Educação (PNE), que trata do fortalecimento dessas entidades.

Alguns Estados podem ter sua própria legislação, como ocorre em São Paulo. O decreto nº 12.983, de 15 de dezembro de 1978 estabelece o estatuto padrão das APMs das escolas estaduais da rede. O decreto nº 48.408, de 6 de janeiro de 2004, também legisla sobre o tema. O Rio Grande do Sul é outro exemplo.

Quais são os objetivos da APM?
A APM deve auxiliar a diretoria escolar para que ela cumpra os objetivos e intenções do seu projeto político pedagógico. Além disso, deve representar os interesses de pais e familiares em prol Educação das crianças frente à comunidade escolar. Ela tem objetivos administrativos e pedagógicos, mas talvez seja mais conhecida pela atuação no âmbito financeiro da escola, uma vez que as unidades de ensino não têm autonomia para gerir de forma a direta as verbas recebidas. Assim, é na APM que se decide como os recursos governamentais serão gastos, assim como são definidas as aplicações do dinheiro ganho com os eventos e festas. Todos os gastos devem ser registrados e divulgados para a comunidade escolar.

A APM também pode ajudar na promoção de parcerias da escola com outras entidades, promover passeios culturais e observar o andamento das obras da infraestrutura da escola, entre outras ações.

Como a APM é organizada?
Em escolas que recebem verbas via PDDE, as APMs devem ser entidades jurídicas de direito privado registradas em cartório e ter um estatuto. Os membros são eleitos em assembleias gerais por meio de voto secreto nas chapas concorrentes para mandatos de dois anos.

As APMs se reúnem em assembleias gerais (reuniões semestrais com todos os associados, que elegem os membros dos conselhos) e são compostas de direção (responsável pela execução da associação que deve se reunir uma vez por mês); conselho deliberativo (responsável pela decisão das ações da entidade que deve se reunir semestralmente) e conselho fiscal (responsável pelo controle das atividades e decisões da associação que deve se reunir juntamente ao conselho deliberativo). Normalmente, uma APM tem no mínimo 23 integrantes, sendo três no conselho fiscal, nove na diretoria e onze no conselho deliberativo.

Quantas APMS existem no Brasil?
Não existem dados oficiais sobre a quantidade exata de escolas com APM, uma vez que os questionários das avaliações nacionais e os formulários do Censo Escolar, ambos promovidos pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), não pedem essas informações.

Os únicos dados disponíveis sobre esse tema são correspondentes ao PDDE, que obriga unidades escolares que recebem a verba a instalar associações ou conselhos escolares com pais e professores. O objetivo é que o destino do dinheiro seja decidido de forma democrática. De acordo com o Observatório do PNE, cerca de 70% das cerca de 130 mil escolas participantes do PDDE apresentam instituições desse tipo.

Como posso participar da APM da escola do meu filho?
Todos os membros da comunidade escolar podem participar da APM. O interesse deve ser comunicado à direção da escola. A participação de pais de ex-alunos também é permitida.
Qual a diferença entre a APM e o conselho escolar?
Normalmente, os conselhos escolares são os órgãos máximos de decisão de uma escola, já que congregam mais atores do que o grêmio e a APM, envolvendo professores, pais, alunos, especialistas e funcionários. 
 
FONTE: http://www.todospelaeducacao.org.br

Perguntas e respostas: O que é um grêmio escolar?

Entenda como funcionam os órgãos que dão voz às demandas dos alunos nas escolas


João Bittar/MEC
Desde que as ocupações de escolas públicas começaram em São Paulo, no fim do ano passado, muito tem se falado sobre a participação dos jovens na gestão escolar, de forma torná-la mais democrática. Uma das formas principais de participação democrática dos estudantes na gestão é a instituição do grêmio escolar.

Mesmo garantida por lei federal, a existência e especialmente o funcionamento dos grêmios ainda não são de conhecimento geral, mesmo dentro das próprias escolas. Para ajudar a esclarecer possíveis questões sobre a instituição do órgão, o Todos Pela Educação preparou o seguinte guia sobre o tema.

O que é um grêmio escolar/estudantil?
O grêmio estudantil é uma forma de organização colegiada ou hierárquica composta pelos alunos de uma escola com o objetivo de representar o seu corpo discente de forma livre e autônoma. Ele promove o diálogo entre estudantes e os profissionais que atuam na unidade, como professores, coordenadores e diretor. Além da defesa dos interesses do alunado, o grêmio também é responsável por realizar atividades culturais e esportivas no ambiente escolar.

Qual a importância do grêmio?
Além de dar voz oficial às demandas estudantis dentro da gestão escolar e defender os interesses dos alunos, o grêmio é importante por ser uma das primeiras oportunidades que os jovens têm de representar seus interesses e agir politicamente por meio da participação democrática, conciliando opiniões diversas por meio do diálogo. Assim, pode-se dizer que o grêmio ajuda a incentivar o protagonismo juvenil.

Existe legislação sobre o assunto?
Sim. A Lei Nº 7.398, sancionada em 4 de novembro de 1985 – durante a redemocratização do Brasil –, dispõe sobre a “organização de entidades representativas dos estudantes de 1º e 2º graus e dá outras providências”. É conhecida como a “Lei do Grêmio Livre”.

O texto é de autoria do então deputado Aldo Arantes (PCdoB), conhecido por sua trajetória na luta estudantil durante a ditadura. À época, o primeiro artigo foi vetado pelo presidente da República, José Sarney, por ser considerado inconstitucional (leia mais aqui).

A lei não obriga a existência do grêmio nas escolas, mas garante que a organizações dos alunos ocorra na forma de “entidades autônomas representativas dos interesses dos estudantes secundaristas com finalidades educacionais, culturais, cívicas esportivas e sociais”. Ainda segundo o texto, o estatuto do grêmio deverá ser aprovado em assembleia geral convocada pelo corpo discente da escola. Além disso, os dirigentes e representantes devem ser escolhidos pelo voto direto e secreto.

Assim como a Associação de Pais e Mestres (APM), a instituição do grêmio como instrumento de gestão democrática também está prevista no Plano Nacional de Educação (PNE) vigente, aprovado em 2014, na estratégia 19.4.

No caso da rede estadual paulista, existe uma lei específica sobre a criação dos grêmios nas escolas, de autoria do deputado Bruno Covas (PSDB).

Como o grêmio atua?
O grêmio representa os interesses dos alunos nas reuniões dos representantes de classe, do conselho escolar e da associação de pais e mestres (APM). É nesses momentos que ele pode levar as demandas estudantis para professores, direção e comunidade, além de participar de decisões que impactam diretamente na vida da escola.

Vale destacar que a escola deve ceder um espaço para os encontros dos alunos responsáveis pelo grêmio.

Como é criado o grêmio?
Não existe, na legislação federal, um modelo fico de grêmio. As diretrizes dadas para a criação dessas organizações nos moldes como vemos hoje partiram do Sou da Paz (leia mais abaixo).

Normalmente, um grupo de alunos decide pela criação de um grêmio estudantil e conversa com a diretoria da unidade. Todos os alunos devem ser comunicados e ter acesso à proposta para que os interessados formem uma comissão responsável por elaborar um estatuto – a chamada “comissão pró-grêmio”. Este documento será debatido e aprovado em uma assembleia geral para a qual é convocado todo o corpo discente. Nessa assembleia, são definidos diversos aspectos importantes referentes à gestão do grêmio, como: nome do grêmio, membros da Comissão Eleitoral, época de campanhas das chapas e datas das eleições, além de ser aprovado o estatuto.

Os interessados em concorrer na eleição para a gestão do grêmio devem formar chapas e, durante as campanhas, apresentar propostas para o ano que ficarão à frente do órgão. Pode haver debates entre as chapas candidatas, como num processo eleitoral comum, que devem ser organizados pela Comissão Eleitoral. Todos os alunos podem assistir.
A eleição, cujo voto é secreto, deve ser organizada pela mesma Comissão Eleitoral. Para apurar os votos, devem ser chamados os representantes de classe (estudantes que representam uma turma – normalmente é um menino e uma menina) e dois representantes de cada chapa. O resultado do pleito deve ser registrado numa ata pela comissão pró-grêmio, que enviará esse documento e o estatuto para a diretoria escolar. Após essa entrega de documentos, ocorre a posse dos diretores do grêmio pela chapa vencedora.

A ideia é que esse processo ocorra no início do ano letivo, para garantir a melhor atuação do grêmio.

Quem pode participar?
Todos os alunos matriculados e frequentes de uma escola podem se envolver no processo de criação e organização do grêmio. Mesmo que não façam parte dele de forma ativa, podem levar suas demandas, sugestões e opiniões para os diretores da entidade, já que o grêmio não representa somente os interesses dos alunos que atuam nele, mas de todo o corpo discente da escola.

Os momentos de participação de todo o alunado ocorrem nas assembleias gerais. As reuniões do grêmio também devem ser abertas.

Qual o destino das verbas arrecadadas pelo grêmio?
O dinheiro deve ser usado para a realização de eventos e atividades do grêmio, sempre com foco na escola. Compra de materiais e organização de passeios culturais são bons exemplos da utilização dessa verba. Palestras, campanhas educativas, montagens de peças teatrais e campeonatos esportivos também.

A diretoria da escola pode impedir a criação de um grêmio?
Não, porque a legislação federal garante a sua existência (ver acima).

Quantas escolas têm grêmio no Brasil?
Infelizmente, não há dados oficiais sobre o número de grêmios estudantis nas escolas brasileiras. Os questionários das avaliações nacionais e os formulários do Censo Escolar, ambos realizados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), não pedem essas informações.

Para saber mais, visites os sites:
Ubes
Sou da Paz
SEE-SP
FONTE:http://www.todospelaeducacao.org.br