Em evento em São Paulo na semana passada, exemplos de modelos de ensino inovadores dos Estados Unidos mostram como será a Educação do futuro
“Na sala de aula, cada um é diferente e aprende de forma
diferente”. A afirmação feita por Joel Rose, cofundador e diretor
executivo da New Classrooms Innovation Partners, em evento em São Paulo
na semana passada sobre novos modelos para o ensino público, é senso
comum entre professores e o desafio principal de quem pensa e trabalha
pela educação do futuro. No Transformar 2013, que reuniu mais de 800
pessoas, entre educadores, gestores e empreendedores, exemplos
concretos norte-americanos de escolas inovadoras – e bem sucedidas –
mostram que já é possível personalizar a aprendizagem e como não há
apenas um modelo para fazer isso.
Conheça conceitos que vão transformar as escolas (e onde foram aplicados):
Personalização – Entender as necessidades de cada estudante é o
diferencial da School of One, uma plataforma criada para escolas de
Nova York por Rose e Christopher Rush e que tem a tecnologia como
principal aliada para a tarefa. Baseado em uma avaliação feita no
início do ano, o sistema elabora um mapa de habilidades e plano de
estudos individual. Mas para isso, utiliza experiências de outros
alunos. Um enorme repositório de lições está disponível e o banco de
dados prevê que tipo de atividade é mais adequado ao perfil de cada um.
“A melhor maneira de aprender pode ser com aulas online, em grupos ou
estudando sozinho. O nosso algorítimo usa as experiências já aplicadas
para identificar isso”, explicou Rose. Uma receita parecida é usada no
grupo de escolas Summit, na Califórnia , na qual os estudantes também
passam por uma avaliação no início do ensino médio, para elaborar um
plano de estudos de acordo com seus objetivos de carreira. A
tecnologia, novamente, é usada para avaliar em todos os momentos o que
cada aluno já aprendeu e se já está pronto para aprender mais. “Cada um
segue no seu ritmo”, contou a diretora executiva da rede, Dianne
Tavenner.
Plataforma adaptativa – Para proporcionar o ensino personalizado,
existem plataformas tecnológicas de ensino online que ajudam a elaborar
e entregar os conteúdos necessários para os diferentes tipos de alunos.
José Ferreira, fundador da Knewton, ferramenta que fornece lições de
matemática, diz que o volume gigante de informações – maior que o do
Facebook – que sua base de dados oferece revoluciona o ensino. A
plataforma mostra ao professor com agilidade o que os estudantes
aprendem, quando erram, no que tem dificuldades e como aprendem e ajuda
a elaborar aulas.
Ensino híbrido – A sala de aula já não tem mais um professor
falando em frente ao quadro negro e alunos sentados em carteiras
organizadas em fileiras iguais nas oito escolas públicas gerenciadas
pela ONG New Classrooms, de Joel Rose. Para que cada um possa aprender
do seu jeito, também é realizada uma mudança física e os alunos sentam
nas mais variadas formas: sozinhos, em grupos pequenos ou grandes, em
frente a computadores ou usando material impresso. No espaço
reorganizado, fazem atividades distintas, algumas online e outras, não.
Para que esse modelo híbrido funcione, o papel do professor também muda
para o de mentor. Segundo Tavenner, das escolas Summit, os docentes
acompanham as atividades realizadas em um espaço grande, sem paredes, e
orientam os alunos de várias formas: resolvendo dúvidas, questionando,
provocando debates, orientando atividades e projetos.
Engajamento – O interesse das crianças é o ponto de partida para o
aprendizado na escola de ensino fundamental Quest to Learn, em Nova
York. Apoiada pelo Instituto of Play, um estúdio de design sem fins
lucrativos liderado por Brian Waniewski, a escola constrói o
engajamento dos alunos através de jogos. Segundo Waniwski, a lógica dos
videogames é apropriada para o aprendizado porque proporciona um
ambiente com regras, nas quais há etapas a serem vencidas, mas que
tolera erros. E mais: oferece feedback constante. Para usar esses
elementos, o Instituto of Play tem profissionais especializados em
criar jogos educativos que dão suporte aos professores e incentiva
também os alunos a inventarem os seus próprios. Outra forma de promover
o engajamento é conectar o ensino com a realidade. Essa é a aposta de
Melissa Agudelo, reitora de admissões do grupo de 11 escolas High Tech
High, de São Diego. “Os alunos precisam ver sentido no que aprendem”,
diz. Nas escolas, há muitas atividades práticas, os alunos saem da sala
de aula e têm experiências na comunidade e precisam resolver problemas
reais.
Educação por projetos – O fim da grade de disciplinas separadas é
uma das experiências das escolas High Tech High para tornar o
aprendizado mais relevante aos alunos. Segundo Agudelo, os estudantes
não são divididos por série, nível de habilidade e aprendem vários
conteúdos integrados. Para isso, os professores estimulam alunos a
desenvolverem projetos, solucionar problemas, nos quais precisam usar
vários tipos de conhecimento. Nesse caso, professores de áreas
diferentes se envolvem com os mesmos projetos.
http://www.todospelaeducacao.org.br/
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