Professora ganha, na rede municipal, o triplo do que paga a rede privada
No Brasil, pesquisas apontam que o grau de Escolaridade responde por
aproximadamente 70% do diferencial total de salários. Professor do Ibre
da Fundação Getulio Vargas (FGV), Rodrigo Leandro de Moura é autor de um
estudo sobre o quanto a Escolaridade influencia nos salários dos
setores público e privado.
Segundo ele, com os dados da Pnad 2009, foi possível constatar que no
setor público, o profissional que concluiu o Ensino superior tem
rendimento 20,18% maior do que aquele que só fez o Ensino médio. Na
iniciativa privada, o rendimento é 16,48% maior. Uma diferença de 3,7%.
- A pesquisa engloba dados de 1992 a 2009 e o setor público, na maioria
dos anos, pagou mais para quem tem Ensino superior do que o setor
privado. Imagino que por conta do Distrito Federal, onde a renda per
capita é melhor, onde estão os melhores salários do funcionalismo -
explica Moura.
Quando apenas o Rio é analisado, no setor privado, os trabalhadores com
Ensino superior recebem 15,53% a mais do que os que concluíram só o
Ensino médio. O funcionalismo público, por sua vez, tem um rendimento
13,37% maior.
Professor de Economia da USP-Ribeirão Preto, Walter Belluzzo é um dos
autores de um estudo que separou o ganho dos servidores públicos por
esfera de governo. Constatou que as pessoas com mais Escolaridade ganham
mais se estiverem empregadas na iniciativa privada do que nos governos
estaduais e municipais. No entanto, no governo federal, não importa o
grau de Escolaridade: o trabalhador vai ser melhor remunerado no setor
público.
- No geral, o setor público sempre paga a mais, mas também tem algumas
distorções. Por exemplo, um Professor doutor ganha, em média, R$ 7,5 mil
numa universidade pública. Um técnico começa na mesma instituição
ganhando R$ 5,5 mil. Com o passar dos anos, ele pode vir a ganhar mais
do que o Professor, ainda que o Professor receba mais na instituição
pública do que na privada - diz Belluzzo.
Há 20 anos dando aulas, a pernambucana Maria do Carmo Freire de Alencar
leciona em uma Escola municipal e em outra particular, em Jaboatão dos
Guararapes. Seu contracheque marca R$2,6 mil na pública e R$900 na
privada, valores que comprovam o que o Censo 2010 aponta: mesmo
Professores ganham mais no setor público.
- Hoje quem ensina em Escola do governo conta com piso de R$1.451,
enquanto na particular é de apenas R$630, um pouquinho mais que o
salário mínimo - diz Maria do Carmo, lembrando que o piso do governo
implica em 180 horas/ aula por mês, enquanto na particular essa
obrigação é de 105 horas/mês: - Na prática, como na particular não temos
hora reservada para planejamento, preparação de provas e correção , não
trabalhamos só 105 horas/mês e não recebemos por isso.
Pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea),
Fernando Matos reconhece que o setor privado paga mal no Brasil:
- É um setor grande, heterogêneo, que, em 2005, englobava 89% da
população empregada. Esses funcionários, por conta da alta rotatividade
não têm muito poder de barganha. Agora, o setor público não paga melhor
porque tem menos gente. A média salarial é maior porque inclui desde as
pessoas menos Escolarizadas até aquelas que trabalham, por exemplo, no
Judiciário, na PF e nas embaixadas.
Fonte: O Globo (RJ)
http://www.todospelaeducacao.org.br
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