"Outras áreas terão de ceder recursos para que seja possível ampliar o gasto em Educação de modo sensato e gradual, sem levar os cofres públicos à bancarrota", afirma revista
Não faltam ideias ruins para gastar dinheiro público. Para ficar no
terreno das propostas legais, a mais recente quer autorizar Judiciário e
legislativo a aprovar despesas sem o necessário aval do Executivo,
aquele que, dos três Poderes, tem a incumbência de equilibrar as
receitas e despesas do Estado. Aprovadas pela comissão de finanças e
tributação na semana passada, duas emendas com essa proposta elevariam
os gastos públicos em r$ 8,1 bilhões por ano – em troca de nenhum
benefício tangível para o cidadão. Mas há – acredite – áreas em que o
gasto público precisa crescer.
A principal é a Educação. O Brasil gasta em média apenas 5% de
seuProduto Interno Bruto (PIB) no setor,o mesmo padrão de países
desenvolvidos, que não têm um atraso histórico a superar. Em média,
aquilo que um pai de família de classe média gasta, por mês, com a
Escola de seu filho equivale a tudo o que o Estado reserva a cada Aluno –
por ano. Não há como deixar de reconhecer uma situação insustentável. A
falta de recursos para o Ensino público de qualidade obriga a classe
média a pagar por Escolas privadas.
O cidadão paga, portanto, duas vezes pelo mesmo serviço: nos impostos e
na mensalidade. O país, como um todo, perde. Por isso, deve ser
encorajada a sugestão de que o Brasil reserve o equivalente a 10% de seu
PIB para investir em Educação. Claro que também será preciso cuidar da
qualidade desse gasto, resolver dramáticos gargalos de gestão e, ao
mesmo tempo, zelar pelo padrão de Ensino com técnicas objetivas de
aferição e cobrança de metas.
É crucial entender que a Educação é um debate que precisa ser feito não
apenas com a calculadora na mão. Investimento social de longo prazo,
ela só avança quando a sociedade estabelece consenso a respeito. de uns
anos para cá, ele se formou. É necessário, agora, passar das palavras
aos atos. Outras áreas terão de ceder recursos para que seja possível
ampliar o gasto em Educação de modo sensato e gradual, sem levar os
cofres públicos à bancarrota. Como sabem os bons economistas, não existe
almoço grátis – nem boas Escolas.
Fonte: Revista Época
http://www.todospelaeducacao.org.br
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