quarta-feira, 17 de maio de 2017

Iniciativas mostram o impacto da educação no desenvolvimento da sociedade

Frente a um cenário complexo que marca o período atual da sociedade, com múltiplas crises que geram embates e polarizam as opiniões e os ideais, parece urgente que algumas causas possam ser tomadas como centrais e novos avanços possam ser dados. A educação desponta como uma delas.

Não é para menos, afinal, que diversas pesquisas têm destacado o impacto da educação em todos os demais setores da sociedade. Estudos mostram, por exemplo, que a cada três anos a mais de escolaridade média, um país pode ter um crescimento de mais de 1% de seu Produto Interno Bruto (PIB) e que cada ano a mais de escolaridade pode fazer com que um trabalhador ganhe 10% mais. Já na saúde, a alfabetização das mães pode reduzir pela metade o risco de crianças morrerem nos primeiros anos de vida.

No campo da segurança, o IPEA acaba de lançar uma nota técnica que aponta que a educação é o passo inicial para a redução dos homicídios. Para cada 1% a mais de jovens entre 15 e 17 anos nas escolas, há uma diminuição de 2% na taxa de assassinatos nos municípios.

Ou seja, fazer essa conexão com a vida das pessoas e mostrar a relevância que a educação tem em todo o desenvolvimento da sociedade é a estratégia, cada vez mais forte, que as organizações que atuam na área têm apostado para conseguir atrair mais pessoas para o debate e enfatizar a importância de se investir na educação.

Esse é o mote, inclusive, da nova campanha lançada pelo Todos Pela Educação (TPE): “Se você quer menos violência, menos corrupção, mais saúde, oportunidades iguais, mais emprego, mais sustentabilidade, você quer educação de qualidade para todos”.

Camilla Salmazi, gerente de Mobilização e Comunicação do TPE, destaca que a educação precisa ser entendida, de uma vez por todas, como a política mais estratégica para o desenvolvimento de cada um, da sociedade, do país. “Todo mundo diz que a educação é importante para o seu desenvolvimento pessoal, para conseguir bom emprego, mas acaba não tendo essa visão ampla do impacto da educação no todo. Se o país tivesse investido há muito mais tempo, com mais recursos e melhor em educação, hoje estaríamos em outro patamar. As pessoas precisam perceber que a educação afeta todas as áreas, não são coisas isoladas. Ela é fundamental para a transformação do mundo. Neste momento de país, então, a discussão se torna ainda mais relevante, pois precisamos pensar que nação queremos construir e deixar para os nossos filhos”, destaca.

Segundo a gerente, esse mote não ficará restrito à campanha – que conta com vários materiais disponíveis gratuitos para download, como banners, folders, cards para Facebook e vídeo – mas se tornará ainda mais forte nas ações do TPE até 2022, ano que marca a data para o atingimento das 5 Metas da educação. A ideia é conseguir envolver mais a sociedade e estabelecer ações conjuntas pela educação no período de 2018 a 2022, momento em que novos gestores públicos devem assumir, a fim de que tenham como prioridade a educação.

“Por isso o esforço de mostrar a relação da educação com todas as áreas. Não podemos mais ficar falando apenas para os educadores ou para aqueles que já se convenceram da importância da educação. Precisamos mobilizar toda a sociedade. A educação tem esse poder de transformação muito grande”, ressalta Camilla.

Educação e agendas globais

Estabelecer essa conexão direta entre a educação e o desenvolvimento justo, igualitário e sustentável também será uma das estratégias da próxima SAM, a Semana de Ação Mundial, uma iniciativa realizada simultaneamente em mais de 100 países, desde 2003, com o objetivo de envolver a sociedade civil em ações de incidência política em prol do direito à educação. Lançada pela CGE (Campanha Global pela Educação), a Semana exerce pressão sobre os governos para que cumpram os acordos internacionais da área, anteriormente o Programa Educação para Todos (Unesco, 2000) e, agora, os compromissos do Marco Ação Educação 2030 (Unesco, 2015).

De 2003 a 2016, a Semana já mobilizou mais de 70 milhões de pessoas em todo o mundo. Apenas no Brasil, já são 1,2 milhão de pessoas mobilizadas. Só no ano passado, mais de 210 mil pessoas participaram em todo o Brasil.

Coordenada pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação há 13 anos, a SAM brasileira acontecerá neste ano entre os dias 4 e 11 de junho. Ela precede a data de aniversário do Plano Nacional de Educação 2014-2024 (Lei n° 13.005/2014), sancionado dia 25 de junho de 2014, quando foi sancionado. Neste ano, o tema da SAM será “Pelo Plano Nacional de Educação rumo aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”, marcando um balanço da implementação da Lei do PNE, contextualizado com o monitoramento dos ODS no Brasil, com ênfase em educação, igualdade de gênero e fortalecimento das instâncias democráticas de participação.

Segundo Maria Rehder, coordenadora de projetos da Campanha Nacional, a proposta é mostrar que a educação é o caminho para o atingimento de todos os ODS. E, para tornar essa relação mais palpável, a Campanha decidiu enfatizar no PNE, para mostrar à sociedade de que o país já tem um caminho traçado e que os ODS poderão ser alcançados se houver um cumprimento pleno das leis vigentes tocante ao direito à educação e à necessidade de um chamamento nacional por nenhum retrocesso em termos de direitos humanos. Por isso, inclusive, que o mote deste ano da SAM será “Não vamos inventar a roda!”.

“Sabemos que o local no qual a política pública ganha vida no Brasil são os municípios. Por isso a nossa preocupação em mostrar o entendimento internacional dos ODS, mas valorizando o PNE a fim de trazer a discussão para os planos municipais de educação, que serão fundamentais para o cumprimento das metas. Além disso, queremos enfatizar a importância da intersetorialidade, aposta dos ODS, para essa roda girar”, comenta a coordenadora.

O ano 2017 é o terceiro de vigência do Plano e suas metas e estratégias com prazo previsto para 2015, 2016 e 2017 não foram integralmente cumpridas. Entre elas, é possível destacar por exemplo, o fato de que não foi elevada a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais para 93,5%, conforme preconiza a meta 9 e não foi implementado o Custo Aluno-Qualidade Inicial (CAQi) (estratégia 20.6) e o Custo Aluno-Qualidade (CAQ) ainda não foi definido (estratégia 20.8), o que quer dizer que não estamos financiando adequadamente nossa educação pública para que tenha um padrão de qualidade adequado, impactando, inclusive, no cumprimento de todas as demais metas e estratégias do Plano.

Por isso, uma das questões que serão trazidas na Semana de Ação Mundial 2017 e que impacta decisivamente na implementação do PNE é a Emenda à Constituição 95 (oriunda da PEC 241-55/2016), aprovada de forma acelerada no final de 2016, que estabelece um novo regime tributário e determina que nenhum investimento em áreas sociais poderá exceder o reajuste inflacionário por 20 anos. “Por isso, uma das pautas prioritárias da Campanha agora é a nova Lei do Fundeb, para que possamos prever recursos que garantam o PNE, incluindo o mecanismo do CAQi para pensar essa escola justa e com qualidade prevista na nossa Constituição”, completa Maria.

A Campanha convoca todos os grupos e organizações a se envolverem com a SAM, discutindo o tema e realizando atividades. “Fazemos, inclusive, um chamamento para o setor privado para que, além de priorizar a pauta da educação, garanta uma abordagem qualificada do tema com a contextualização das questões locais, valorizando as leis e as políticas públicas do setor em suas ações. É importante que o engajamento não seja só durante a SAM, mas o ano inteiro, para que possamos de fato fortalecer as iniciativas”, ressalta a coordenadora.

As inscrições para o recebimento dos materiais da Semana de Ação Mundial pelos Correios já estão abertas. No portal da SAM, também é possível acessar folders, cartilhas, vídeos e conferir dicas de iniciativas que podem ser realizadas, como, por exemplo, um passo a passo para promover uma Audiência Pública.

Ampliando o conhecimento

Conhecer os impactos da educação é um dos pontos fundamentais para poder fortalecer ainda mais o campo e envolver a sociedade no tema, garantem os especialistas. Essa é a aposta, por exemplo, do Observatório de Educação – iniciativa do Instituto Unibanco –, uma plataforma de análise de dados, referências documentais e acervo audiovisual com foco em Ensino Médio e Gestão em Educação.

O espaço virtual ainda está na versão beta, mas já pode ser acessada gratuitamente. O lançamento oficial da plataforma será em agosto. A ideia é disponibilizar informações de maneira a facilitar o acesso e a interpretação dos dados educacionais não somente aos pesquisadores e profissionais da educação, mas também a qualquer cidadão que se interesse pelo tema.

“Nossa expectativa é que o Portal dê mais transparência aos dados disponíveis para estimular estudos e pesquisas e para apoiar a tomada de decisão de gestores e profissionais da educação, com base em dados e evidências científicas”, ressalta Ricardo Henriques, superintendente do Instituto Unibanco.

Até o momento, a plataforma reúne mais de 5 mil documentos, entre estudos, relatórios, dados, análises de indicadores, dissertações, artigos, periódicos, entre outros, e permite ao usuário pesquisar e cruzar informações sobre temas relacionados à Gestão em Educação e Ensino Médio como: avaliação, clima e ambiente escolar, currículo, diversidade, equidade, estrutura organizacional, fatores extraescolares, finanças, formação, juventudes, modalidades e níveis de ensino, práticas educativas e recursos humanos – entre outros.

A seção “Educação em Números”, por exemplo, reúne um conjunto de sistemas de indicadores educacionais, sociais e demográficos, os quais podem ampliar a compreensão dos fatores que ajudam a melhorar resultados no campo da educação. Os sistemas permitem que sejam elaborados diagnósticos que qualificam os desafios das redes de ensino no que se refere ao desempenho dos estudantes, a desigualdade de raça, desigualdade de gênero e ao abandono e evasão no Ensino Médio. Os dados podem ser visualizados em formato de gráfico, tabelas e mapas.

Já a seção “Luz, Câmera, Gestão”, apresenta vídeos e entrevistas com gestores escolares e estudantes sobre iniciativas na área que, aliando criatividade e bom uso dos recursos públicos, apontam soluções para superar problemas cotidianos.

É possível ainda acompanhar as notícias, reportagens e artigos sobre educação publicados nos 31 principais veículos de comunicação do Brasil, além de ter acesso a uma agenda de eventos com foco em Ensino Médio e Gestão em Educação em um calendário anual.
 

FONTE:http://gife.org.br/iniciativas-mostram-o-impacto-da-educacao-no-desenvolvimento-da-sociedade/

Em qualidade de vida, negros estão 10 anos atrás de brancos

Apesar de avanço maior do grupo, diferença persiste, afirma ONU

Taxa. Morro da Mangueira, no Rio: no estado, índice de qualidade de vida de brancos é 13,4% maior que o de negros - Pablo Jacob / Pablo Jacob/2-8-2016

RIO - Mesmo crescendo em um ritmo maior, o nível da qualidade de vida da população negra no Brasil está uma década atrasado em relação ao dos brancos. É o que mostra o mais recente estudo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) — órgão da ONU — em parceria com a Fundação João Pinheiro e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Segundo o documento “Desenvolvimento humano para além das médias”, divulgado ontem, entre 2000 e 2010 o Índice de Desenvolvimento Humano (IDHM) da população negra cresceu, em média, 2,5% ao ano, acumulando alta de 28% no período, frente ao 1,4% anual dos brancos, ou 15% em dez anos. Mas, apesar do ritmo mais acelerado, só em 2010 o IDHM dos negros alcançou a pontuação (0,679) que já havia sido atingida pelos brancos uma década antes (0,675).

EDUCAÇÃO: MAIOR CONTRIBUIÇÃO

Em 2010, o desenvolvimento humano dos brancos já estava em 0,777. Era 14,42% maior que o dos negros, ainda que essa diferença tenha diminuído em relação a 2000, quando o IDHM dos brancos era 27,1% superior. O indicador varia de zero a um — quanto mais próximo de um, melhor o índice — e mede a qualidade de vida para além da renda, ao levar em conta critérios de saúde e educação.

Todas as três dimensões que compõem o índice avançaram nessa década. No caso da população negra, a maior contribuição para o crescimento do IDHM veio da educação, com uma alta média anual de 4,9%. A educação também foi a dimensão que mais avançou no IDHM da população branca, mas com taxa anual média de crescimento inferior, de 2,7%.

Com relação à renda, o estudo mostra um abismo entre os dois grupos. Em 2010, a renda domiciliar per capita média da população branca era mais que o dobro daquela da população negra: R$ 1.097, ante R$ 508,90.

Quanto à escolaridade da população adulta, 62% dos brancos com mais de 18 anos tinham o fundamental completo, ante 47% dos negros. A diferença na esperança de vida ao nascer entre brancos e negros era de dois anos, ficando, respectivamente, em 75,3 anos e 73,2 anos.
*Quanto mais perto de 1, melhor **Pessoas com mais de 18 anos

A ONU classifica o IDHM numa escala que vai de muito baixo (zero a 0,499) a muito alto (a partir de 0,800). Em 2010, brancos e negros estavam em um mesmo patamar de desenvolvimento humano em apenas seis estados — em Roraima, Mato Grosso, Goiás, Santa Catarina e Espírito Santo era alto e, em Alagoas, baixo para ambos os grupos.

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RJ: ENTRE OS MAIS DESIGUAIS

Em sete estados mais o Distrito Federal, os negros tinham desenvolvimento humano considerado alto. Nas 19 unidades da federação restantes, era médio. Para a população branca, dois estados mais o DF estavam na faixa de muito alto desenvolvimento humano, 23, em alto, e dois, na faixa de médio desenvolvimento humano.

As maiores diferenças percentuais entre o IDHM da população branca e negra, em 2010, foram observadas em Rio Grande do Sul (13,9%), Maranhão (13,9%) e Rio de Janeiro (13,4%).

Já as menores diferenças percentuais estavam no Amapá (8,2%), em Rondônia (8,5%) e em Sergipe (8,6%).

A maior redução na diferença entre o IDHM dos brancos e negros, de 2000 a 2010, foi observada em Santa Catarina (-0,047). Em contrapartida, Roraima apresentou aumento de 0,033 na diferença entre o IDHM dessas duas populações no período.

PORTO ALEGRE: A MAIS DESIGUAL

Também foram analisados indicadores de qualidade de vida por cidade, em 111 municípios brasileiros. A população branca possuía IDHM muito alto em 50 deles, enquanto a negra não havia alcançado esse grau de desempenho em nenhum deles. A desigualdade entre brancos e negros, em relação à qualidade de vida, é maior em Porto Alegre (RS), onde o IDHM da população negra foi 18,2% inferior ao dos brancos.

Em contrapartida, a menor diferença foi observada em Ribeirão das Neves (MG), onde o IDHM dos negros era 3,1% inferior ao índice da população branca.

Assim, o IDHM dos brancos variou entre 0,701 (Ribeirão das Neves-MG) e 0,904 (Vitória-ES), e o da população negra, entre 0,654 (Caruaru-PE) e 0,790 (Vitória-ES).

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Na dimensão esperança de vida ao nascer, os dados variam de 73,1 anos (Maceió) a 79 anos (Uberlândia), para a população branca, ao passo que, para a população negra, foi de 71,8 anos (Marabá) a 77,8 anos (Blumenau).

No quesito educação, oscilou entre 0,614 (Viamão-RS) e 0,890 (Vitória-ES), para a população branca, e entre 0,505 (Pelotas-RS) e 0,745 (Vitória-ES), para a população negra.

Por fim, com relação à renda, o ganho domiciliar per capita médio variou de R$ 469 (Caucaia-CE) a R$ 2.700 (Vitória-ES), para a população branca, e de R$ 345 (Caucaia-CE) a R$ 1.174 (Brasília-DF), para a população negra.

por Daiane Costa 

O que os jovens esperam do Ensino Médio?

A escola ideal garante segurança, infraestrutura, a inclusão de pessoas com deficiência e a presença constante dos professores. Estes itens não foram selecionados por idealizadores da educação, mas por quem mais precisa ser ouvido: os próprios alunos.

A pesquisa Repensar o Ensino Médio, iniciativa do Todos Pela Educação, que contou com apoio do Itaú BBA e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e realização da Multifocus, ouviu a opinião de 1551 jovens brasileiros entre 15 e 19 anos de escolas públicas e privadas sobre os professores, a participação social e a Educação Técnica. Os resultados podem servir de norte para a elaboração de políticas públicas educacionais.

Os quatro componentes destacados pelos estudantes como mais importantes são, ao mesmo tempo, os alvos de maior insatisfação em relação a suas escolas. Se para 85,2% dos estudantes a segurança é a maior prioridade, para 29,6%, ela é motivo de insatisfação, o segundo maior índice – em primeiro lugar, aparecem as aulas de informática.

A preocupação com a segurança é priorizada em todas as regiões do Brasil, mas outras categorias variam de acordo com a área. No Sudeste, Norte e Sul, prevalece a atenção às pessoas com deficiência. No Nordeste, professores assíduos são o ponto mais valorizado pelos estudantes e no Centro-oeste, a cordialidade dos funcionários.
 
Os jovens têm uma expectativa especial: que os professores sejam apaixonados por dar aula

O comprometimento dos alunos também aparece como destaque dos aspectos menos satisfatórios, em quarto lugar, ainda que represente o sexto item mais importante para a qualidade do ensino, também segundo eles. Estes dados podem demonstrar que os estudantes têm ciência de que a educação não depende somente de professores e da escola, mas deles mesmos.

Os entrevistados também apontam a necessidade de que os professores façam mais uso de tecnologia em sala de aula (52,9%), promovam visitas culturais (41,3%) e projetos interdisciplinares (34,2%). Especificamente sobre os docentes, os jovens têm uma expectativa especial: que eles sejam apaixonados por dar aula, e 80,9% deles estão satisfeitos com este item sobre seus professores. Em seguida, se destaca a relação que se estabelece em sala de aula: 79,5% dos estudantes espera que o professor não desista do aluno e 79,3% quer que eles cobrem e exijam comprometimento dos estudantes.

Para estes jovens, cursar uma faculdade é a principal motivação para obter o diploma do Ensino Médio. 71,4% deles afirmam que essa etapa da educação serve para prepará-los para o ingresso no Ensino Superior.

Destes estudantes, contudo, 86% alegam ter dificuldades para continuar os estudos. Entre as principais, aparecem obstáculos financeiros (42%) e problemas para conciliar trabalho e estudo (19%).
O que é a educação técnica para os jovens?

A maioria dos estudantes afirmou acreditar que uma formação básica, que os prepare para a vida profissional, é importante. 77,6% dos estudantes atribuem grau de importância 9 ou 10 para matérias dirigidas à formação profissional, técnica e aconselhamento.

Apesar disso, do expressivo assentimento, metade dos alunos do Ensino Médio regular ou da Educação de Jovens e Adultos (EJA) diz não conhecer nenhuma modalidade de Educação Técnica. A classe DE é a que mais desconhece a modalidade: 95% dos estudantes gostariam de saber mais sobre essa opção de ensino.

A substituição de um terço das matérias do Ensino Médio por disciplinas técnicas a escolha do estudante, caso a carga horária diária da etapa fosse de 5 horas, é aprovada por 76,% dos estudantes. A aceitação é maior na região Nordeste (85,5%), e menor na região Sul (44,6%).

Dentre os estudantes do Ensino Médio regular ou EJA, há ainda alta concordância de que o desestímulo para cursar o ensino técnico se deve ao processo seletivo ser muito concorrido (42,2%) e à falta de acessibilidade geográfica (39,6%).
Quem quer ser professor?

Embora 38% dos jovens já tenham pensado em ser professor, 23,5% disseram ter desistido da ideia. O grupo que pretende seguir a carreira é relativamente maior na classe DE (16,6%), justamente o grupo que requer mais apoio à permanência na universidade.

Os principais motivos associados à rejeição da profissão refletem aspectos relacionados à baixa valorização que a sociedade brasileira atribui aos professores. De acordo com os entrevistados, o pouco respeito dos alunos (20,9%), o baixo salário inicial (17,7%) e o pouco reconhecimento da sociedade (14,2%) fazem com que a carreira não seja uma opção.
 
Participação social

A pesquisa do Todos Pela Educação também procurou compreender de que forma a juventude tem se engajado: 43% dos entrevistados afirmaram ter participado de algum movimento social no último ano, sendo que 8% deles participaram de três ou mais tipos de articulação. Entre as opções relatadas estavam: manifestação pública (35,5%), abaixo-assinado (27,3%), greve (27,3%), debates (22,9%), atividades em grupos religiosos (19,9%) e voluntariado (14,3%).

Os criadores do estudo afirmam que investigaram a participação social para fortalecer as “instituições democráticas da escola e para que novos mecanismos de participação sejam criados, tema, por exemplo, das estratégias 19.4 e 19.6 do Plano Nacional de Educação (PNE)”.

por Ingrid Matuoka

FONTE: http://educacaointegral.org.br/reportagens/o-que-os-jovens-esperam-do-ensino-medio/

DESENVOLVIMENTO DA LEITURA

7 indicações para fortalecer a prática de leitura


A internet tem um vasto acervo que pode apoiar o processo de desenvolvimento da leitura. O especial "Vem que eu te conto", por exemplo, pode ser usado em sala de aula. Crédito: reprodução

Como já conversamos aqui, no Blog de Alfabetização, a construção de uma biblioteca digital pode contribuir para a organização e desenvolvimento do trabalho do alfabetizador. Esse acervo deve ser alimentado continuamente para ampliar nosso repertório e nos mantermos sempre atualizados. Por isso, no post dessa semana, sugiro materiais de acesso gratuito que exploram a leitura em vários de seus aspectos e que não podem ficar de fora da sua lista. São materiais que nos levam ao estudo e à reflexão sobre a importância da leitura no desenvolvimento das crianças e, consequentemente, na alfabetização dos nossos alunos. Compartilho algumas sugestões para que vocês possam se inspirar e fortalecer a leitura como uma prática constante em sua sala de aula:

Para compartilhar com os pais de seus alunos
Duas publicações que trazem dicas de como envolver e encantar as crianças com a leitura desde muito cedo, ainda na barriga da mãe, são o Passaporte da Leitura e o Passaporte Brincar de Ler. Partindo do princípio que nunca é cedo demais para desenvolver interesse pela leitura e que as atitudes dos pais são modelos nesse processo, ambas indicações trazem informações e dicas sobre como incentivar as crianças pelo mundo das letras de modo que ela também tenha uma participação ativa nesse caminhar.

Para além da escola, uma “prescrição médica”
A campanha Prescreva um livro: Fortalecendo o desenvolvimento e o vínculo é uma parceria entre a Sociedade Brasileira de Pediatria, Fundação Itaú Social e Fundação Maria Cecília Souto Vidigal e é baseada em evidências científicas sobre o impacto da leitura na infância. Esta recomendação é da Academia Americana de Pediatria e é inovadora, pois leva a importância da leitura também para dentro dos consultórios pediátricos como uma orientação às famílias.

Para habitar os livros
Confiar no texto, habitar os livros: boas práticas de leitura em bibliotecas comunitárias é uma boa indicação para se inspirar com experiências de leitura em diferentes espaços, além da sala de aula. Essa publicação – como indica o título – é um guia com sugestões de práticas para a promoção da leitura baseado na experiência das bibliotecas comunitárias do Programa Ler é Preciso. Apesar de ser voltado para esses profissionais, ela pode inspirar o desenvolvimento da leitura em nossas escolas.

Para aprofundar o entendimento sobre a leitura
Em Pra que serve a literatura?, nove educadores e pesquisadores conceituados, como Ana Maria Machado, Betty Mindlin e Yves de La Taille propõe reflexões sobre o gênero de forma atraente, por meio de narrativas ao responder o questionamento: “Por que é importante ler literatura desde a primeira infância?”.

Para formar leitores
Uma boa sugestão são as revistas Na Ponta do Lápis. A Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro, responsável pelo produto, disponibiliza um acervo de mais de 10 anos com possibilidade de acesso online ou download. A revista é destinada a educadores para contribuir com ações de ensino da língua. Entre as edições, selecionei a nº 22 (acesse aqui), que tem como tema formação de leitores. Vale dizer que todos os números trazem estudos, reflexões e práticas sobre leitura e escrita.

Para explorar no digital
O Espaço de Leitura é uma plataforma digital, vinculada ao Laboratório de Educação, que proporciona uma experiência muito interessante com materiais de qualidade para crianças, pais e educadores. Nela você encontra livros digitais e orientações de como explorá-los com as crianças. Tem até jogos educativos sobre as leituras propostas. Tudo com a coordenação de Ana Tebesrosky, da Universidade de Barcelona, conhecida aqui no Brasil pelos seus estudos e pesquisas na alfabetização. Entre esses conteúdos disponíveis, recomendo as orientações de Teberosky sobre o conto “A receita de Mandrágora”. Tudo muito bem explicado e só entrar e explorar esse rico acervo sobre leitura!

Para assistir com a turma
Ainda falando de gêneros literários, o especial “Vem que eu te conto!”, da NOVA ESCOLA, traz vídeos de leituras de contos, canções, poemas, crônicas e outros formatos textuais sendo lidos por seus autores ou um contador de histórias. Além de trabalhar os vídeos, os textos estão disponíveis para impressão. Além disso, o site traz vários materiais para auxiliar os professores nesse processo de construção de leitores. Vale dar uma busca no site!

Espero que tenham gostado das minhas sugestões e aproveitem esses materiais gratuitos disponíveis para download para turbinar a leitura de seus alunos e pensar sobre novas abordagens em sala de aula. E vocês? Quais materiais de leitura digitais compõe seu acervo digital e apoiam o dia a dia na sala de aula? Conte aqui nos comentários!

Um grande abraço e até a próxima segunda-feira!
Mara Mansani 
Blog de Alfabetização  
 
FONTE:https://novaescola.org.br