quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Como vai a saúde dos nossos professores?

Más condições no ambiente escolar impactam o desempenho profissional dos docentes e, consequentemente, o aprendizado alunos


Em 2016, a Secretaria Estadual de Educação de São Paulo concedeu 128.178 mil licenças médicas a professores dos Anos Finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio (PEB II), totalizando 2.901,529 dias de afastamento. Os dados foram obtidos pelo movimento Todos Pela Educação por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).

São números altos, mesmo para uma rede enorme como a paulista, que mostram como as condições de trabalho impactam diretamente a saúde dos educadores. Portanto, estabelecer boas condições no ambiente escolar é fundamental para eles e, consequentemente, para os estudantes.

Mas o que seria um bom ambiente escolar? Um levantamento realizado pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) em 2010 apontou os maiores problemas enfrentados pela rede na opinião dos docentes – ou seja, fatores que contribuem para que não se crie um cenário saudável e favorável à aprendizagem. São eles: superlotação das salas de aula, jornada excessiva de trabalho e violência. O quadro abaixo traz mais informações:



Dados como esses são reveladores da importância da Meta 17 do Plano Nacional de Educação (PNE), que diz respeito à valorização da carreira docente. É urgente a necessidade de se instituir políticas públicas específicas voltadas à saúde do professor, afinal, a qualidade da Educação também depende de professores saudáveis e dispostos. 

Legislação

Apesar da estratégia 7.31 do PNE visar medidas que assegurem a integridade física, mental e emocional dos profissionais da Educação, ainda não existe nenhum programa nacional para atender essa necessidade. Por outro lado, tramita hoje na Câmara dos Deputados o projeto de lei PL-2776/2011, que institui a política nacional de saúde vocal. A proposta prevê aos profissionais da área uma avaliação anual feita por psicólogos, otorrinolaringologistas, fonoaudiólogos e assistentes sociais. Também preconiza o oferecimento de programas periódicos de capacitação e treinamento para o uso adequado da voz, além de ações de reabilitação dos profissionais já acometidos por lesões vocais e/ou laríngeas.

Para os docentes da rede estadual de São Paulo, em 2010 foi instituído o decreto nº 55.727Programa SP Educação com Saúde que, em consonância com a Lei Estadual nº 12.048, de 2005, tem como objetivo promover ações que agreguem qualidade de vida, promoção de saúde e prevenção de agravos relacionados ao trabalho para os docentes.

O Todos Pela Educação entrevistou professores que desenvolveram problemas de saúde durante o exercício da docência por conta das más condições do ambiente escolar. As histórias dos educadores e as dicas dos especialistas para prevenir as principais doenças serão publicadas nas próximas semanas. Acompanhe!

João Bittar/ MEC

Por Denise Crescêncio, do Todos Pela Educação


http://educacao.estadao.com.br

O Perfil dos professores do Ensino Básico no Brasil e o PNE

"É preciso reconhecer a necessidade de avançar em estudos mais detalhados para poder formular políticas públicas de Educação com foco nas condições de vida e trabalho dos educadores", afirma Milko Matijascic, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

Marcos Santos/USP Imagens/ Fotos Públicas
O Plano Nacional de Educação (PNE) foi aprovado em 2014. Caso sejam cumpridas as suas vinte metas, ocorrerá uma transformação decisiva para a melhoria no atendimento e, sobretudo, na qualidade da Educação brasileira. A avaliação conjunta de todas essas metas e respectivas estratégias é uma tarefa de grande porte que já vem sendo empreendida por instituições de peso como o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Todos Pela Educação, a quem agradeço a concessão deste importante espaço para divulgar os esforços de pesquisa.

O presente artigo tem por objetivo sintetizar os principais resultados da pesquisa que focalizou as grandes regiões geográficas brasileiras e apresentou detalhes das situações de domicílio metropolitanas, urbanas não metropolitanas e rurais. Como a quantidade de informações é muito grande, nosso objetivo no presente contexto enfoca o Brasil segundo a situação de domicílio. Os resultados mais precisos e análises mais detalhadas podem ser encontrados no Texto para Discussão (TD) 2304 do IPEA.

O foco do TD 2304 do Ipea foi verificar as condições de vida, inserção no mercado de trabalho e a remuneração dos professores da Educação Básica a partir dos dados divulgados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), realizada peloInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A opção pela Pnad teve por objetivo verificar as condições gerais para todos os professores do Brasil em temas que somente essa fonte ou o Censo Demográfico, já um tanto defasado, podem realizar. Mais importante: a Pnad serviu de opção para o próprio PNE para verificar a evolução dos salários dos professores, sendo possível também medir o seu nível de formação. Os resultados obtidos para o Brasil contam com indicadores importantes que devem estar na mira dos formuladores de políticas públicas, uma vez que o estudo abordou temas relativos às metas 15, 16 e, sobretudo, 17 do PNE.

Os resultados mostram que existe uma inserção preponderante de mulheres enquanto professoras, com uma maior participação das que são brancas. No entanto, homens e mulheres negros ganham mais importância nas regiões urbanas não metropolitanas e, sobretudo, nas rurais. Os professores possuem uma participação menor na condição de pessoa de referência no domicílio e também um menor número de filhos em relação aos demais ocupados. Além disso, a inserção de professores em domicílios com renda inferior à linha de pobreza (abaixo de meio salário mínimo per capita) ou de indigência (com renda per capita inferior a um quarto do salário mínimo) é bem menor que nas demais ocupações, mas pode atingir um total de 14,7% em áreas rurais ou de 4,4% nas urbanas. Ou seja: isso requer atenção para poder atingir as metas propostas pelo PNE.

Quando o tema é a posição na ocupação, os professores da Educação Básica são quase que exclusivamente assalariados, pois 99,1% deles estão nessa condição. Os dados também revelam que 94,1% deles contribuem para a previdência, o que é notável em relação aos demais trabalhadores onde esse patamar é inferior a 60%. Outra característica importante é que os professores da Educação Básica empregados pelo setor público federal representam um contingente marginal. Já as demais formas de emprego, ou seja, o setor público estadual ou municipal e o setor privado, contam com um número de empregados similar nas regiões metropolitanas. No entanto, nas áreas urbanas não metropolitanas e, principalmente, rurais, é o setor público municipal o principal empregador.

Mais de 10% dos professores de escolas públicas estaduais e municipais possuem mais de uma atividade docente, com uma incidência um pouco menor nas áreas rurais. Esses resultados representam o dobro do obtido nas demais ocupações. O número mais modesto para a iniciativa privada revela que a maioria professores que também atuam no setor público consideram ser este o seu emprego principal. Esses resultados também são válidos para mais de uma atividade, não se detendo apenas nas docentes, mas, nesse caso, os indicadores se aproximam de 20% para os professores de escolas estaduais, 15% nas municipais e oscila entre 10% e 20% nas privadas metropolitanas e urbanas não metropolitanas, respectivamente. Esses patamares são elevados e requerem atenção, pois a maioria das escolas com bom desempenho no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) contam com professores que possuem dedicação exclusiva a apenas uma escola.

A escolaridade dos professores é uma questão importante. Em escolas estaduais, cerca de 11% dos professores em áreas urbanas não possuem Ensino Superior. Nas escolas municipais, esse patamar oscila entre 16 e 21% e nas privadas, entre 25 e 28% para regiões metropolitanas e nas demais urbanas. Para as escolas rurais esse patamar é sempre superior a 30%. Fica claro, portanto, onde deve se concentrar o esforço para qualificar os professores.

O número de professores com Pós-graduação ainda é muito reduzido no Brasil e será um grande desafio atingir um contingente de 50% estabelecido pelo PNE para 2024, quando se encerra a sua vigência.

Em matéria de remuneração, os professores em áreas metropolitanas auferem salários maiores que os de outras áreas urbanas e estes, por sua vez, possuem remunerações bem superior à dos colegas nas áreas rurais. Professores empregados no serviço público recebem salários maiores que os da iniciativa privada. No âmbito do setor público, os professores federais recebem os salários mais elevados, ultrapassando, em muitas regiões, a média salarial para profissionais com nível superior. Os professores da rede estadual, por sua vez, recebem salários menores que os da esfera federal, mas superiores aos da municipal – sendo que os últimos concentram o maior número de docentes da Educação Básica no Brasil.

Por fim, é possível verificar que os professores com mais de uma ocupação recebem remunerações maiores em relação àqueles que possuem um único emprego. Quando os professores atuam em atividades secundárias não docentes, suas remunerações, não raro, são maiores nessa atividade. Isso poderia se explicar pelo fato de existirem professores que atuam no mercado de trabalho devido ao conhecimento profissional que possuem, ajudando a formar as gerações mais novas. Por outro lado, se a adoção de outra atividade visa apenas a complementação de renda, esse é um fator negativo, pois os professores deveriam receber bons salários que permitissem o sustento de sua família. Isso reforça a necessidade de elevação dos salários docentes com um meio eficaz para melhorar a qualidade da Educação, conforme preconiza o PNE.

Diante do exposto, é preciso reconhecer a necessidade de avançar em estudos mais detalhados, com bases de dados que atinjam os municípios e cada uma das escolas existentes, para poder formular políticas públicas de Educação com foco nas condições de vida e trabalho dos professores. Esse é um aspecto muito relevante para promover a retomada do desenvolvimento do País em bases sustentáveis.

*Milko Matijascic é técnico de Planejamento e Pesquisa pelo Ipea. Doutor em Economia pela UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas desde 2002 – e Bachelier en Sciences Économiques et Sociales pela Academia de Poitiers (França, 1983). Integra, desde 2008, o comitê Científico da AISS – Associação Internacional de Seguridade Social – e da Revista Internacional de Seguridade Social.

Todos Pela Educação

http://educacao.estadao.com.br

FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Professora alerta para apagão na formação de profissionais de ensino

O Brasil está vivendo um “apagão” grande e preocupante na formação de professores, e deve encontrar caminhos para estimular a formação desses profissionais. A avaliação é da diretora da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep) Amábile Pacios. Segundo ela, a falta de professores para as matérias de exatas é o que mais preocupa.

O tema foi abordado hoje (15) durante audiência pública da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados. “Temos que incentivar as instituições a continuar investindo nos cursos de licenciatura, apesar da baixíssima procura, e incentivar as universidades federais a continuar formando professores, e acima de tudo convocar a juventude para a profissão de ser professor. Em todos os aspectos, nenhum país pode ir para a frente se não tiver professor. A educação acontece diariamente, com o professor em sala de aula”, disse Amábile.

Na avaliação da professora, o desinteresse dos alunos na carreira decorre da desvalorização da profissão na sociedade. “Esse desprestígio da profissão por parte da sociedade e das famílias desestimula as pessoas a fazerem cursos de licenciatura”. Uma sugestão apresentada por ela é a de oferecer vantagens para entidades privadas que quiserem exercer o papel de formar professores no país, como a facilitação na avaliação de instituições que oferecerem cursos de licenciaturas. A proposta já foi apresentada ao Ministério da Educação.

Financiamento

Durante a audiência, o diretor Executivo do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior de São Paulo (Semesp), Rodrigo Capelato, defendeu mudanças na forma de financiamento do ensino superior. A entidade apoia o modelo australiano, que leva em consideração o desempenho do estudante no mercado de trabalho depois da formação, ou seja, se houver frustração de renda, seja porque o indivíduo teve desempenho ruim no mercado de trabalho, ou porque ficou muito tempo desempregado, o valor de sua dívida é reduzido proporcionalmente.

Na avaliação de Capelato, o Brasil deve refletir sobre o modelo de financiamento para o ensino superior que deve ser adotado. “A primeira pergunta que termos que responder é: nós queremos uma universidade gratuita ou queremos financiamento para todos? No mundo, existem países que adotam a universidade gratuita, mas ela é para todos, ou ela é paga, mas há financiamento para todos. O Brasil não se posiciona nem de um lado nem de outro. Então, o gratuito muitas vezes é para uma pequena elite”, disse.

Capelato apresentou um estudo da entidade com novas propostas de diretrizes de políticas públicas para o ensino superior. “Nosso objetivo é estimular e dar início à discussão de uma nova proposta de desenvolvimento de uma política pública para o ensino superior de longo prazo. Que se mudem os governos, mas que a política pública continue visando dez, vinte anos”, disse.


Edição: Fernando Fraga

Sabrina Craide - Repórter da Agência Brasil

FONTE: http://agenciabrasil.ebc.com.br

A Base quer a tecnologia na sua disciplina. E agora?

Documento encara o assunto como uma competência que deve atravessar todo o currículo de uma escola. Saiba como isso pode influenciar as suas aulas
A Base Nacional Comum Curricular já teve sua terceira versão divulgada, e está em fase de discussão em audiências públicas pelo país, um dos últimos passos antes de sua homologação. É um momento de dúvidas, angústias e controvérsias – algo natural se considerarmos a complexidade do documento e a influência que terá nas políticas públicas. E eu, como docente de tecnologias da rede pública de ensino, tenho uma preocupação em especial: como a tecnologia está sendo tratada na Base?

Jocemar do Nascimento, coordenador do Projeto de Ensino de Programação e Robótica na Fundação para o Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico de Cascavel, no Paraná, explica que a tecnologia, na BNCC, “não é o objeto de estudo e não precisa exatamente de um currículo”. Por essa razão, ela deve ser discutida como um meio de aplicação, e não conteúdo em si. “No Ensino Médio, vejo a possibilidade de este campo ser introduzido como uma área de conhecimento específica. Mas, na Educação Infantil e no Fundamental, a tecnologia precisa ser aplicada como uma ferramenta que ajuda a atingir os objetivos e direitos de aprendizagem estabelecidos”, defende o pesquisador.

Apesar de estar presente em todas as etapas de ensino, esse ainda é um assunto que gera polêmica. Em outras postagens de NOVA ESCOLA, muitos educadores já se manifestaram, enumerando as dificuldades em se utilizar meios digitais em sala de aula de maneira efetiva.

Compartilho desses desafios, uma vez que enfrento todos os dias a falta de infraestrutura e os problemas com conectividade. Acredito que este será o maior entrave, levando em consideração que serão necessários investimentos em todas as unidades escolares para alinhar as áreas do conhecimento à era digital. Um caminho é a mudança de foco. “Na linguagem de programação, por exemplo, existe a robótica, mas o foco não é ensinar o aluno a fazer um robô, e sim, o processo de construção do robô. Nela, podemos trabalhar o raciocínio lógico, leitura, escrita e habilidades matemáticas”, sugere Jocemar.

E como o documento prevê utilização das tecnologias?

A BNCC reconhece os benefícios que a cultura digital tem promovido nas esferas sociais. O avanço tecnológico e a multiplicação de celulares e computadores estão diretamente ligado ao hábito de consumo desses jovens. Diante dessas interações multimidiáticas e multimodais, a proposta da Base é trabalhar com uma intervenção social que contextualize o uso da tecnologia ao conteúdo aplicado, desenvolvendo essa que é uma das dez competências gerais citadas pelo documento. Confira alguns trechos da versão atual que defendem essa prática:

Competência geral da Educação Básica: “Utilizar tecnologias digitais de comunicação e informação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas do cotidiano (incluindo as escolares) ao comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos e resolver problemas. ”

Competência de Matemática para o Ensino Fundamental: “Utilizar processos e ferramentas matemáticas, inclusive tecnologias digitais disponíveis, para modelar e resolver problemas cotidianos, sociais, de outras áreas do conhecimento, validando estratégias e resultados.”

Competência de Língua Inglesa para o Ensino Fundamental: “Utilizar novas tecnologias, com novas linguagens e modos de interação, para pesquisar, selecionar, compartilhar, posicionar-se e produzir sentidos em práticas de letramento na língua inglesa, de forma ética, crítica e responsável.”

Competência de Artes para o Ensino Fundamental: “Mobilizar recursos tecnológicos como formas de registro, pesquisa e criação artística.”

Sugestões de uso

O campo para se trabalhar com as tecnologias é vasto, possibilitando o seu uso através de inúmeras ferramentas, abaixo apresento algumas sugestões de softwares livres e gratuitos.

Matemática

Ardublock: Software de linguagem de programação que utiliza blocos de funções prontas, auxiliando criar programas para o Arduinos de forma simples e intuitiva. 

Língua Inglesa

HagáQuê: Editor de histórias, que possui um banco de imagens com os diversos componentes para a construção, como cenário, personagens e vários recursos de edição para essas imagens e pode ser utilizado para o ensino de línguas.

Wondershare Quiz Creator: Software de produção de questionários com opção de inclusão de arquivos flash e pesquisas com objetos multimídia.

ProProfs: Aplicativo de produção de questionários, testes e exames online, com cores e imagens.

Celly: Rede social, que permite que o professor se comunique com seus alunos por mensagens de texto, e-mail e ou chat, sendo possível criar enquetes e produzir lembrete aos alunos.

Artes

Edutopia: A plataforma reúne ferramentas e recursos como dicas, conferências, vídeos, depoimentos, grupos e blog por áreas temáticas, organizado por temas como Artes, Música, dança, entre outros.

GIMP: Um software de edição e criação de imagens e possui uma série de ferramentas e recursos, como pincéis e efeitos para fotografias.

Ainda não sabemos se os gestores públicos conseguirão garantir os recursos necessários e formação docente para a aplicação dessas premissas. O que temos de concreto é a certeza de que esse pode ser um grande propulsor de inovação, criatividade e inventividade por meio da experimentação.

Agora quero saber de você. Qual é a sua opinião sobre essa relação entre currículo e tecnologia?

Por: Débora Garofalo

https://novaescola.org.br/conteudo

Metade dos professores já usa celular em atividades na escola, diz pesquisa

Levantamento do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação mostra ainda que 92% das escolas entrevistadas têm acesso à internet sem fio



Passou de 39%, em 2015, para 49%, em 2016, o porcentual 
de docentes que utilizam a internet do celular em atividades 
com os alunos 
Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO

Uma pesquisa do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Ceti-Br) mapeou o uso da internet e de dispositivos móveis em escolas brasileiras. Os resultados mostram aumento do porcentual de professores que usam a internet do celular em atividades com seus alunos e de escolas com acesso à internet sem fio. 

De acordo com a pesquisa, passou de 39%, em 2015, para 49%, em 2016, o porcentual de docentes que utilizam a internet do celular em atividades com os alunos. O uso é maior entre professores com até 30 anos de idade e de colégios particulares. 

Entre os alunos entrevistados, 52% disseram usar o celular em atividades para a escola. O número é maior (59%) quando analisados os dados específicos de alunos do 9º ano do ensino fundamental (de 14 anos). Já entre os alunos do 2º ano do ensino médio, o porcentual sobe para 74%. Mas estudantes do 5º ano do fundamental - crianças de 10 anos - usam menos os equipamentos, segundo a pesquisa (27%).

Para a antropóloga Tania Fontolan, diretora do Programa Semente, o uso dos equipamentos eletrônicos pode ser positivo. "Faz sentido a escola incorporar esse instrumento (celulares) para que seja usado da melhor forma possível. Uma escola que não usa esses recursos no planejamento de seus cursos está privando o aluno de uma convivência orientada com uma coisa que na vida real todos nós usamos."

Tania destaca, porém, a necessidade de que o uso dos equipamentos tenha uma função pedagógica. "Tem que estar bem amarrado em um projeto em que se tenha clareza das finalidades. Não existe a ferramenta pela ferramenta". 

A pesquisa mostra ainda que 92% das escolas entrevistadas têm acesso à internet sem fio. Entre as escolas públicas, o porcentual é um pouco menor (91%). Entre as particulares, o número é de 95%. 

Foram avaliadas 1.106 escolas em áreas urbanas de todo o país com entrevistas. 1.854 professores de

Língua Portuguesa, Matemática e multidisciplinares e 11.069 alunos de 5º e 9º ano do ensino fundamental e 2º ano do ensino médio foram entrevistados.
Veja abaixo como alguns colégios de São Paulo lidam com a tecnologia: 

Na visão do Colégio Santa Maria, o uso das TDIC (tecnologias digitais de informação e comunicação) deve se dar de forma criativa, incorporando-se as ferramentas digitais aos processos de produção do conhecimento. Leia o relato completo aqui

No Colégio Marista Arquidiocesano, as novas tecnologias já estão em sala de aula. A escola reforça o papel do professor, enquanto mediador, na construção de novos conhecimentos. Leia o relato completo aqui

Para o Cambridge English, a tecnologia digital oferece oportunidades transformadoras que não estavam disponíveis no passado, estende o aprendizado para além da sala de aula física e permite novas formas de interação e aquisição de conhecimento. Leia o relato completo aqui

No Colégio Prudente de Moraes de Salto, o uso de celular só é permitido para alunos do Fundamental II e Ensino Médio no intervalo das aulas e quando o professor desenvolve uma atividade específica que necessita da sua utilização em sala de aula como ferramenta de trabalho. Leia o relato completo aqui

No Colégio Bandeirantes, o smartphone já é visto como uma ferramenta que complementa a dinâmica das aulas ao permitir uma nova forma de interação dos alunos com o conteúdo apresentado pelos professores. Leia o relato completo aqui

Em sala de aula no Equipe é proibido o uso de dispositivos móveis. A orientação é para que permaneçam desligados e dentro das mochilas. O uso, no entanto, passa a ser permitido se a ferramenta for incorporada à aula como uma das estratégias do professor. Leia o relato completo aqui

No Colégio Stockler, o uso do celular foi motivo de debate. A principal lição extraída pela equipe do ao repensar o papel do equipamento na sala de aula foi que para converter a tecnologia em aliada, ela não pode ser um fim em si só. Leia o relato completo aqui

Para o Colégio FAAP, existem situações como a pesquisa orientada, a composição de textos, ou jogos pedagógicos nos quais os recursos tecnológicos são necessários, bem vindos e pedagogicamente eficazes. Leia o relato completo aqui

Para o Colégio Jardim Anália Franco, é preciso buscar novas metodologias, as ativas, que são capazes de envolver os educandos na busca de seu próprio conhecimento. "Não podemos pensar em educação desatrelada da tecnologia", destaca o colégio. Leia o relato completo aqui

Entre proibir e liberar, o Colégio Novo Tempo preferiu não ser radical. Buscou o equilíbrio e apostou em outros recursos tecnológicos para chamar a atenção das turmas. Leia o relato completo da escola aqui

Para falar com uma geração familiarizada com recursos tecnológicos desde cedo, a escola precisa se adaptar e modernizar sua forma de atuação. Essa é a visão do Colégio Alicerce. Todos os recursos são considerados, inclusive o celular, mas sempre com um objetivo: ajudar o aluno a aprender. Leia o relato completo aqui.

O Estado de S. Paulo

FONTE:http://educacao.estadao.com.br

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

É preciso redefinir o sentido da palavra Biblioteca

Luís Antonio Torelli fala sobre a importância da universalização das bibliotecas


A lei de universalização das bibliotecas, nº 12.244, de 2010 prevê que os sistemas de ensino do país deverão desenvolver esforços progressivos para a universalização das bibliotecas escolares, num prazo máximo de 10 anos. Isso significa que todas as instituições de ensino do país, públicas e privadas, deverão ter uma biblioteca, até 2020; cabendo ao sistema de ensino determinar a ampliação desse acervo, assim como divulgar orientações para a organização e funcionamento do espaço.

A primeira preocupação que surge ao olhar para esse texto, é observar o nosso momento atual em relação às bibliotecas do país. Essa lei é muito bem-vinda. Mas infelizmente, ela sozinha não basta, até porque não está prevista nenhuma penalidade ao município que não se adequar. Bibliotecas importantes estão fechando e outras permanecem à míngua sem condições de renovarem seu acervo. Além disso, um dos programas do Governo Federal que era responsável pela renovação do acervo escolar, o PNBE (Programa Nacional Biblioteca da Escola), foi revogado nos últimos meses. Há um argumento de que as bibliotecas estão abastecidas. Mas é só fazer uma breve pesquisa para perceber que em vários cantos do Brasil há algumas bibliotecas em situações precárias. Acervo não renovado, número insuficiente de funcionários, péssimas condições no espaço e equipamentos, além de faltar vida: livros parados no lugar, silêncio e poeira não fazem uma biblioteca sobreviver.

Esses casos de abandono acontecem em todo país e nos trazem profunda desolação. Em alguns locais, as bibliotecas se transformaram em meros depósitos para guardar os livros. É claro que a preservação das obras literárias é uma das funções primordiais de uma instituição como essa. Mas ela não deveria existir somente para isso. É urgente redefinir o sentido da palavra Biblioteca, e tudo o que ela envolve.

A biblioteca é fundamental para formação de leitores, ela também serve como espaço para dar vida às criações das obras literárias. Ela é a extensão desse mundo imaginário que reconhecemos em letras. Ela pode ter muitas outras seções vivas, de discussão, salas de leitura, contação de histórias. E um dos pontos fundamentais: o acervo precisa ser atual, repleto de lançamentos, além de servir como suporte a trabalhos de pesquisas. E isso desde já, para todas as faixas etárias. Segundo dados do anuário Brasileiro da Educação Básica, do Todos pela Educação, foi constatado que apenas 13,3% das pré-escolas tem salas de leitura. É um número muito baixo para uma fase de formação do público leitor.

Acredito que um projeto de teor tão importante, como a lei de universalização das bibliotecas, que está relacionado ao aumento de leitores no país deveria ser um dos focos principais dos Ministérios da Cultura e Educação, e hoje ele parece um pouco esquecido. Por isso, sempre que é possível eu levo esse assunto a mesas de debates, principalmente com o poder público. Temos pouco tempo para fazer valer essa lei tão necessária. Se chegarmos até 2020 diante o cenário atual, o risco é nos alongarmos com esse processo moroso e sem resolução por mais um tempo. Não podemos esperar, os livros continuam sendo criados, enquanto muitos estudantes se formam sem usufruírem de toda riqueza que as estantes de uma biblioteca podem oferecer.


* Luís Antonio Torelli é presidente da Câmara Brasileira do Livro.
http://www.publishnews.com.br/materias/2017/10/11/e-preciso-redefinir-o-sentido-da-palavra-biblioteca

4 coisas ainda desanimadoras da rotina do professor no Brasil - e 3 coisas que estão melhorando

Ninguém questiona a importância da educação e do professor para o avanço do Brasil, mas como fazer para que isso seja efetivado costuma gerar bastante debate - e esforço.

Image captionProfessores se queixam de desvalorização profissional, 
algo que envolve de plano de carreira a uma formação melhor 
(Foto: Pedro Ribas/ANPr)

Aproveitando a comemoração do Dia do Professor, neste domingo, a BBC Brasil perguntou a especialistas e professores quais os principais desafios atuais da profissão - e o que está avançando, mesmo que aos poucos e não uniformemente.

Veja abaixo alguns dos pontos mais citados.
Desafios:
1. Violência em sala de aula

Os socos que um aluno de 15 anos desferiu em uma professora em Indaial (SC), em agosto, abriram um debate nacional sobre a violência no ambiente escolar.

Em São Paulo, 51% dos professores entrevistados por uma pesquisa encomendada pela Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado) disseram ter sido vítimas de algum tipo de violência na escola; e 61% dos docentes e 72% dos alunos consideram a escola um ambiente de violência.

Para Maria Izabel Azevedo Noronha, professora e presidente da Apeoesp, a violência é "consequência do abandono da escola pública", citando superlotação de salas de aula e enxugamento de funcionários. Tudo isso, diz, dificulta aos professores conhecer individualmente os problemas de cada aluno.

Também em São Paulo, o governo estadual prometeu dobrar o número de professores-mediadores de conflitos para um total de 6,8 mil - algo que Noronha considera uma "resposta correta, ainda que não seja a salvação".

O problema é complexo porque a escola é um microcosmo que espelha a violência da própria sociedade, explica Inês Kisil Miskalo, gerente-executiva de educação do Instituto Ayrton Senna. E reflete tanto o baixo reconhecimento social do professor quanto a vulnerabilidade dos próprios estudantes.

"Estamos muitas vezes lidando com alunos defasados, desmotivados, de famílias carentes. É algo que precisa ser enxergado não pela via policial, mas do relacionamento - acolhendo os alunos e suas famílias", opina Miskalo.

"Não é algo fácil, mas precisamos romper os ciclos de violência e também dar mais perspectivas de trabalho aos professores, mostrar que seu trabalho não é isolado, é coletivo."

2. Desvalorização da carreira - financeira e socialmente

A baixa valorização e remuneração do professor gera um ciclo vicioso: a carreira não consegue atrair os melhores estudantes, as deficiências de formação se perpetuam e refletem na qualidade do ensino.

Image captionFormação inicial de docentes não articula teoria
com a realidade em sala de aula, dizem especialistas
(Foto: Marcos Santos/USP Imagens)
Essa desvalorização começa, segundo professores e especialistas, na ausência de planos de carreira em grande parte da rede, na defasagem salarial em relação às demais profissões e na formação deficiente.

A cada 100 alunos de pedagogia ou licenciatura, só 51 concluem o curso, o que ilustra algumas das dificuldades de formação de novos professores, afirma Olavo Nogueira, diretor de políticas públicas do movimento Todos Pela Educação. "Não é à toa que já faltam professores em algumas disciplinas."

"Valorização passa por salário, formação continuada e por (solução de) problemas estruturais", afirma Noronha, da Apeoesp. "Há professores de física, química e artes, por exemplo, que chegam a acumular mil alunos em uma única escola. É muita coisa."

E há, também, a desvalorização social. Em 2013, o levantamento Índice Global de Status de Professores, que mede o respeito e o status dos docentes na sociedade, colocou o Brasil no penúltimo lugar entre 21 países avaliados.

"É preciso reconhecimento público para o professor, indo além da remuneração", diz Miskalo, do Ayrton Senna. "Isso envolve jogar luz nos bons professores, bater palma para eles, levá-los para a universidade para que contem (a futuros docentes) os segredos que usam na alfabetização, por exemplo."

3. Formação que não prepara para a aula

"Não é incomum ouvir de professores novos: 'não imaginava que seria tão difícil' ou 'não tenho a menor ideia de como agir em sala de aula'. Isso porque a formação não os prepara para a docência", afirma Olavo Nogueira.

Especialistas são unânimes em dizer que a formação atual dos professores não dialoga com a realidade que encontrarão dentro das escolas, nem com os desafios da educação para o século 21.

"O professor leva um choque de realidade: ele não aprendeu elementos para transformar a teoria em ação dentro da sala de aula", diz Miskalo.

No ensino médio, há uma dificuldade adicional: o deficit de professores formados nas disciplinas em que atuam, como química e física. Segundo o Censo Escolar de 2016, apenas 55% dos professores dessa etapa têm formação superior na área em que lecionam.
Image captionProfessores muitas vezes não estão preparados
para lidar com turmas grandes e alunos defasados em relação a
sua idade (Foto: Marcos Santos/USP Imagens)

Essa é, na visão do Ministério da Educação, o maior desafio atual da docência. "São 2,2 milhões de professores e grande parte deles não é formada na área em que atua", diz nota do MEC à BBC Brasil, agregando estar finalizando uma política nacional de formação de professores articulada à nova Base Nacional Curricular, quando esta for homologada.

A formação atual tampouco acompanha as transformações na educação - cada vez mais multidisciplinar, centrada no aluno e incorporando habilidades socioemocionais, como trabalho em equipe e resolução de problemas.

"Bons educadores fazem isso quase instintivamente porque sabem que é importante, mas isso precisa ser explícito e planejado", afirma Miskalo.

O MEC afirma que isso será enfrentado com a nova Base Curricular.

"A base nacional está organizada por competências e norteará os currículos dos sistemas e redes de ensino. (...) No momento em que a Base for homologada, o MEC promoverá ações de formação a todas as redes e sistemas de ensino, para a preparação de currículo e professores. Dessa forma, o aprendizado terá sentido organizado nessas competências e não somente do ponto de vista de uma lista de aprendizados de conteúdos aleatórios", diz o ministério.

4. Defasagem e indisciplina dos alunos

Uma pesquisa realizada em 2015 pela Fundação Lemann perguntou a professores quais problemas requeriam solução mais urgente nas escolas, e dois dos mais citados foram a defasagem de aprendizado dos alunos e a indisciplina em sala de aula.

A cada cem alunos do ensino básico, cerca de 12 estão com um atraso escolar de dois anos ou mais, segundo dados de 2016 compilados pela plataforma QEdu.

"É diferente se preparar para dar aula para uma sala de crianças de dez anos e (ter na mesma sala) crianças de 14 anos, que têm outros interesses e percepções", explica Mônica Gardelli Franco, ex-professora e atual superintendente da organização Cenpec (Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária).
Image captionProfessora Marcia Friggi após agressão
em sala de aula; caso abriu debate nacional sobre violência
no ambiente escolar (Foto: Reprodução/Facebook)

Sobre a indisciplina, ela conta que os professores não costumam receber, em sua formação, ferramentas para lidar com a dispersão dos alunos e a falta de foco.

E o tempo gasto com isso consome minutos preciosos de aula, que deixam de ser usados na transmissão de conteúdo.

"Perco cerca de 60% do meu tempo em aula resolvendo conflitos paradidáticos, por exemplo falando de valores (sociais) ou da importância de preservar o bem público", lamenta, em entrevista à BBC Brasil, Jorge Jacoh Ferreira, 35 anos, professor da rede municipal do Rio no subúrbio carente de Santa Cruz.

O Ministério da Educação diz que o tema preocupa. "O MEC vem discutindo propostas e possibilidades acerca da formação de professores para atender a esses desafios", diz o órgão em nota.

Avanços:
1. Tecnologia a serviço da sala de aula

A tecnologia já ajuda gestores e professores a preparar aulas e acompanhar seus resultados.

O Google, por exemplo, disponibiliza ferramentas gratuitas para escolas públicas que permitem criar salas de aula na nuvem, distribuir tarefas, organizar avaliações e medir o desenvolvimento da turma.

Direito de imagemGETTY IMAGESImage caption Indisciplina
e defasagem são algumas das queixas mais comuns de docentes em pesquisa
Softwares de Inteligência Artificial já são parte da rotina de algumas escolas públicas e privadas brasileiras e, à medida que são usados pelos alunos, incorporam informações sobre eles para melhorar processos de aprendizagem.

"É um conjunto de ferramentas estatísticas que cria mais conhecimento quanto mais os alunos (a utilizarem)", disse à BBC Brasil em agosto Leonardo Carvalho, cofundador da empresa Geekie, que fornece o software. "Em uma sala com 50 alunos, o professor não consegue ver (a dúvida exata) de cada um. O programa faz isso de modo escalonado."

Por si só, a tecnologia não necessariamente impacta a educação de modo positivo. O importante, dizem especialistas, é que ela apoie (e não substitua) o docente.

"A tecnologia pode ocupar um espaço (de facilitar tarefas) e deixar o professor mais livre para a construção do pensamento crítico e analítico e das relações em sala de aula", diz Gardelli Franco, do Cenpec.

No Rio, Jorge Jacoh Ferreira diz que seus colegas já usam bancos de dados online para lançar notas, por exemplo. "A dificuldade é a infraestrutura: tem dias que a internet funciona; tem dias que não. Gostaria de usar o Google Earth nas minhas aulas, mas não consigo porque o 4G não funciona."

A infraestrutura é, de fato, um dos principais entraves ao uso da tecnologia. Segundo dados do Censo Educacional 2016 tabulados pelo QEdu, 68% das 183,3 mil escolas básicas do Brasil têm internet. A banda larga está disponível em apenas 56% delas.

2. Mais compartilhamento de boas práticas

Seja via grupos formados em suas próprias redes de ensino, seja por articulação própria nas redes sociais, os professores têm encontrado cada vez mais caminhos para compartilhar boas ideias para ajudar os colegas em sala de aula.

"O professor, quando ganha conectividade, está sempre em busca de novas referências e modelos", diz Gardelli Franco. "Os espaços virtuais favorecem muito isso. Os próprios professores constroem redes dentro de seus grupos, obtendo mais referências (para usar em sala de aula)."
Direito de imagemGETTY IMAGESImage captionEnsino
muitas vezes está desconectado da rotina dos alunos e das demandas do século 21
"Já usei a ideia de um colega de São Gonçalo (RJ) que conheci vias redes sociais e que está dando bons resultados em sala de aula: um jogo de cartas que ajuda em interpretação de texto e pensamento estratégico", conta o professor Jorge Ferreira.

"Mas acho que isso ainda é algo feito totalmente por iniciativa dos próprios professores, que têm brigado muito para se articular por conta própria."

3. Mais possibilidades de formação

Especialistas e professores veem mais opções de cursos de pós-graduação e mestrados, bem como plataformas online gratuitas como Khan Academy e Coursera, que ampliam o leque de possibilidades de formação à distância.

No âmbito do Ministério da Educação há a Universidade Aberta do Brasil, sistema de universidades públicas que dá prioridade a professores na oferta de cursos de nível superior à distância.

Para o professor Jorge Ferreira, porém, é preciso que as redes de ensino valorizem a formação.
Direito de imagemGETTY IMAGESImage captionTecnologia
pode ser aliada do professor na gestão escolar e no
acompanhamento do desempenho dos alunos
"Na minha rede, eu ganharia bônus de 7% com mestrado. Vou investir dois anos de estudo por um bônus medíocre?", questiona.

Segundo Olavo Nogueira, do Todos Pela Educação, "vemos que o mais eficiente são os programas de formação continuada, articulados, em que professores consigam observar uns aos outros em atuação. Há muitos cursos que, apesar do investimento alto, trazem pouca melhoria na prática."

Para concluir, Nogueira diz que o professor não vai resolver sozinho os problemas da educação - mas agrega que, sem eles, é bem possível que nenhum problema seja resolvido.

"Não tem atalho. Avançaremos pouco com a mudança da base curricular ou com a reforma do ensino médio, por exemplo, se não lidarmos com as questões (enfrentadas) pelos professores."

Paula Adamo Idoeta - @paulaidoetaDa BBC Brasil em São Paulo

http://www.bbc.com/portuguese/brasil-41520242

Perfil do professor precisa se adaptar aos novos tempos



Mudanças sociais e digitais se refletem em sala e exigem aulas mais dinâmicas e analíticas 

RIO - No mundo dos negócios, quem aponta os rumos do mercado é a clientela. Se a demanda for maior do que a oferta, aumenta-se o preço. Do contrário, promoções. Na carreira dos professores — os homenageados deste domingo — a regra é a mesma. Por mais que o estudante seja um aprendiz, e não um consumidor, é ele quem determina, no fim das contas, os caminhos da aula. E como os alunos mudaram, seus mestres precisam se adaptar. Em um mundo cada vez mais digital e de informações acessíveis, a dinâmica de ensino e outra.
Andrea Ramal, consultora em educação e responsável por projetos de formação para professores, explica que há uma grande tendência mundial chamada “metodologia ativa”, em que o foco deixa de ser o professor centralizador do conhecimento e passa a ser o estudante participante, por meio de discussões e tecnologias. Cabe ao docente a função de ensinar o aluno a refletir e discernir as informações.
— Não adianta gastar o tempo na sala apenas expondo material. A tendência é deixá-lo ver os vídeos na internet antes e aproveitar o tempo para fazer estudos de casos, orientações e tirar dúvidas. Isso exige um bocado do professor, porque é mais fácil levar uma aula pronta — avalia Andrea.
Esta mudança é também destacada por João Carlos Padilha e Silva, diretor acadêmico do Centro Universitário Celso Lisboa, e por Cláudio Tomanini, professor de MBA da FGV. Para eles, não se trata apenas de oferecer avançados recursos tecnológicos (que são relevantes e bem-vindos), mas, também, criar um espaço em que a proposta central não é passar adiante o que sabe, mas sim interagir e ensinar o aluno a questionar, analisar e filtrar a enxurrada de informações recebidas diariamente.
Outro ponto levantado pelos profissionais é que, além de levar o estudante a ser mais analítico, o professor tem o papel de ajudá-lo a desenvolver sua capacidade de ser um cidadão responsável no uso da informação. Isso significa tanto impedir o aumento da disseminação de informações falsas pelas redes sociais, quanto saber digerir o que se recebe.

— Antes, o professor tinha esse papel de deter a informação e ensinar o que tinha. Agora, ele não é o único a deter o conhecimento. Essa nova relação mais dinâmica leva o profissional a buscar aulas menos teóricas e a ampliar os recursos didáticos para haver motivação do aluno — corrobora João Carlos.
Tomanini categoriza em três tipos de perfis de professores os mais comuns na pós-graduação. Um deles é o catedrático, que valoriza a formalidade de 20 anos atrás, em que ele centraliza o poder dentro da classe e o aluno tem que respeitá-lo de forma absoluta.
No outro extremo, diz, está aquele profissional que vê o estudante como cliente e tem medo de não ser querido pelos alunos. Aí, muitas vezes, a aula vira um show.
— E entre eles existe o mais equilibrado, cujo desafio é transformar a aula em algo dinâmico. Esse professor usa ferramentas de vídeo e uma linguagem mais coloquial, fala da atualidade, e não de cases antigos, integra e reconhece as competências individuais — afirma Cláudio Tomanini, que acrescenta:

— O aluno é mais superficial hoje, lê tudo sem se aprofundar. O nosso papel é ajudar a levá-lo a imergir, a ser analítico e crítico.
Segundo o consultor pedagógico da Eleva Educação, Daniel Jacuá, a tecnologia não apenas muda a relação entre professor e aluno dentro de sala como também pode — e deve — ser usada para incrementar a aula. Ele exemplifica com questionários online e em tempo real, vídeos, links, entre outras ferramentas.
— Hoje em dia, é preciso interagir com o alunos por meio da tecnologia, pois esta faz parte da realidade deles. O professor precisa estar atento e inserir na medida do possível. As experiências que estamos tendo dessa inserção tecnológica têm gerado mais impacto do que os métodos tradicionais — afirma Daniel.
OS PLANOS DE CARREIRA
Alunos com mais acesso às informações em um mundo digital crescente transformam a relação entre professor e aluno e o conteúdo apresentando em classe. E as mudanças vão além disso. Segundo os educadores, incluem salários, plano de carreira e condições de trabalho.
— É uma carreira desafiadora porque, dependendo da rede, as condições são difíceis. Não existe um cenário ideal e, muitas vezes, não há incentivo para o crescimento. Por outro lado, a despeito das barreiras, vemos em pesquisas que o que mais motiva é o brilho no dia a dia, o contato com aluno e fazer a diferença na vida de outras pessoas. Houve melhorias na profissão, mas ainda falta muito. É preciso avançar mais em condições de trabalho e plano de carreira — defende Olavo Nogueira, diretor de políticas educacionais da instituição Todos Pela Educação.
Ele levanta uma outra tendência no mercado: as instituições privadas têm se empenhado em planos de carreira para manter os professores em período integral, dando fim às jornadas múltiplas — um contraponto aos concursos.
— É uma tendência tímida, mas há uma percepção em algumas escolas de que esse modelo é benéfico para todos. O professor estreita os vínculos e tem um plano de carreira, enquanto o aluno e escola ganham a dedicação integral deste profissional.
SALÁRIOS MELHORES
Uma questão antiga e sempre presente na carreira do professor é a remuneração. Nem toda escola pública paga mal. E nem toda particular remunera bem os seus mestres. Isso vai depender do estado e do município, ou da empresa privada. Os salários, de maneira geral, estão melhores, ainda que aquém do ideal, segundo os especialistas.
— Nos ensinos fundamental e médio há uma procura maior dos profissionais pelas escolas particulares. Já no superior, os professores visam mais as públicas. Mas isso é bem relativo. Por exemplo, a UERJ está com salários atrasados, mas tem outras universidades que remuneram muito bem, assim como há municípios que pagam bem e oferecem uma projeção boa de carreira — explica a consultora na área de educação Andrea.
Tomanini critica o estigma de que professor ganha mal e defende que, se por um lado o ensino no Brasil não é reconhecido e há um grave problema social e político em torno disso, por outro há caminhos para aumentar a renda.
— A regra do mercado já está preestabelecida e o professor entra na carreira tendo consciência disso. Contudo, dentro da profissão dele, há outros caminhos. Claro que há diferenças sociais, mas o profissional também é responsável por sua transformação. Um exemplo são os professores de cursinho que conseguem explicar coisas complexas de uma forma que o aluno se identifica — argumenta Tomanini. — O que faz um profissional se destacar não é só o esforço, mas também ter uma gestão da própria carreira e ter um olhar de dinâmica diferenciada dentro da carreira, pensando fora da caixa.



terça-feira, 8 de agosto de 2017

PROFESSOR

Condição social do professor no Brasil

Fala-se muito no Brasil, atualmente, na educação, na escola, na violência escolar e, finalmente no professor. Essa figura lendária que se tornou o professor, cada dia mais necessária ao mundo e a viver em situação social humilhante, degradante, tendo que correr de um lado para o outro e dar, assim, conta da formação de todos os brasileiros, de todas as profissões do mundo.

Dentre as numerosas questões a tratar, a resolver no Brasil, com urgência urgentíssima, tem-se o problema da formação continuada dos professores e até mesmo da formação inicial, além da baixa remuneração. Tudo isso junto compõe um cenário “preocupante”, de acordo com o consultor em educação da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) no Brasil, Célio da Cunha.

Ao comentar o estudo “Professores do Brasil: Impasses e Desafios”, lançado pela UNESCO, um educador lembrou que os professores representam o terceiro maior grupo ocupacional do país (8,4%), ficando atrás, apenas, dos escriturários (15,2%) e dos trabalhadores do setor de serviços (14,9%). A profissão supera, inclusive, o setor de construção civil (4%).

Essa condição vergonhosa em ser professor, no Brasil, arrasta-se há séculos. E a imprensa tem chamado a devida atenção para o caos da profissão. Talvez deva ser mais incisiva e cobrar ações enérgicas por parte do Governo. A Revista Veja, já no ano de 2007, mês de março, publicou uma reportagem intitulada “Os quatro mitos da escola brasileira”: São eles: “o professor brasileiro é mal remunerado; a educação só vai melhorar no dia em que os professores receberem salário mais alto; o Brasil investe pouco dinheiro em educação; e a escola particular é excelente”.

O especialista destaca, entretanto, que é preciso “elevar o status” do professor no Brasil. A própria UNESCO, ao concluir o estudo, recomenda a necessidade de “uma verdadeira revolução” nas estruturas institucionais e de formação. Dados da pesquisa indicam que 50% dos alunos que cursam o magistério e que foram entrevistados disseram que não sentem vontade de ser professores. Outro dado “de impacto”, segundo especialistas, trata dos salários pagos à categoria –50% dos docentes recebem menos de R$ 720 por mês. Uma vergonha para um país que deseja ser grande.

Também, o estudo alerta para um grande “descompasso” entre a formação teórica e a prática do ensino. Para estudiosos, a formação do docente precisa estabelecer uma espécie de “aliança” entre o seu conteúdo e um projeto pedagógico, para que o professor tenha condições de entrar em sala de aula e executar, dignamente seu magistério.

Como recomendações a UNESCO defende a real implementação de novo piso salarial – que dê dignidade aos educadores — e a política de formação docente, lançada, recentemente. Somente assim, acredita-se, esses podem ser “pontos de partida” para uma “ampla recuperação” da profissão no Brasil.

Se houver continuidade e fazendo os ajustes necessários que sempre surgem, seguramente, daqui a alguns anos, podemos ter um cenário bem mais promissor do que o atual. Pois sem professores bem formados e sem uma remuneração digna não será possível atingir a qualidade que o Brasil precisa para a educação básica. Isso coloca em risco o futuro do país, por conta da importância que a educação tem em um mundo altamente competitivo e em uma sociedade globalizada.

Nesse cenário, o professor, principalmente aquele profissional da educação básica pública, ainda está longe de alcançar seu merecido reconhecimento social. Os salários, as condições de trabalho e a carreira, os critérios de formação e o acesso na rede pública – muitas vezes sem concurso público – revelam o descaso que muitos gestores insistem em manter na área educacional, embora os discursos dos palanques sejam diametralmente opostos. O país precisa introduzir a educação em seu projeto de desenvolvimento, sem o qual tanto o professor quanto a educação pública continuarão relegados frente a obras públicas, por exemplo, que servem melhor como marketing eleitoral.


Luísa Galvão Lessa – É Pós-Doutora em Lexicologia e Lexicografia pela Université de Montreal, Canadá; Doutora em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ; Presidente da Academia Acreana de Letra; Membro da Academia Brasileira de Filologia; Pesquisadora do CNPq.

http://agazetadoacre.com

Enem 2017: Os três Temas de redação mais prováveis

E, para chegarmos a algum tema realmente provável, atenção aos seguintes assuntos!





Assunto 1: A Educação no Brasil

Por que falamos tanto sobre educação? Além da razão mais evidente, que é a de que sempre precisaremos refletir sobre educação em um país que almeja seu crescimento social, cultural e econômico, temos ainda outro motivo para os vestibulandos de plantão. Dá uma olhada nos temas anteriores do ENEM e vê se você não concorda com a gente: está pra cair um tema sobre educação, né? Um detalhe importante sobre esse assunto é que, se estiver lá na prova de Redação do ENEM de 2017, ele será apresentado como uma problemática, ou seja, ele vai constatar algo a ser repensado pela comunidade de estudantes. Um bom tema, nesse sentido, poderia ser: os caminhos para se conquistar uma educação de qualidade para todos os brasileiros.

• Consulte esses sites abaixo e tira suas próprias conclusões! Essas informações vão ajudar você na escrita – sem dúvida!

“Fundado em 2006, o Todos Pela Educação é um movimento da sociedade brasileira que tem como missão engajar o poder público e a sociedade brasileira no compromisso pela efetivação do direito das crianças e jovens a uma Educação Básica de qualidade” (Fonte: https://www.todospelaeducacao.org.br/quem-somos/o-tpe/).

“A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica. Aplica-se à educação escolar, tal como a define o § 1º do Artigo 1º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei nº 9.394/1996)6, e indica conhecimentos e competências que se espera que todos os estudantes desenvolvam ao longo da escolaridade”

“A reforma do ensino médio é uma mudança na estrutura do sistema atual do ensino médio. […] Ao propor a flexibilização da grade curricular, o novo modelo permitirá que o estudante escolha a área de conhecimento para aprofundar seus estudos. […] Com isso, o ensino médio aproximará ainda mais a escola da realidade dos estudantes à luz das novas demandas profissionais do mercado de trabalho.

Assunto 2: Trabalho X Trabalhador

A prova de redação do ENEM já repetiu temas ou assuntos! O trabalho (escravo e infantil) já apareceu nas provas de redação, e com as reviravoltas das reformas trabalhistas ele pode voltar! Com que cara? Quem sabe nos fazendo pensar sobre os direitos do(a) trabalhador(a), o trabalho no século XXI, a população idosa e o mercado de trabalho, a busca pelo (primeiro) emprego e etc. Um dica valiosa para um tema que trate desse assunto: interdisciplinaridade. Lembre-se de que você tem à disposição a História – com suas manifestações de trabalhadores ao longo dos anos; a Literatura – com narrativas que revelam as nuances entre empregados e empregadores; a Filosofia – com a noção de trabalho que joga com valor econômico e simbólico; e assim por diante. Não se prenda às relações mais óbvias, extrapole os textos de apoio.

• Fundamental estar por dentro da seguinte lei:

LEI Nº 13.467, DE 13 DE JULHO DE 2017 – Altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e as Leis nos 6.019, de 3 de janeiro de 1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de julho de 1991, a fim de adequar a legislação às novas relações de trabalho.

• Ficou confuso? O Jornal El País vai ajudar você! Acessa aqui:


Assunto 3: Homofobia no Brasil

A discussão é de longa data! Não era pra menos! O ENEM prova que está sempre interessado em uma educação que também pensa a diversidade nos mais diversos campos. Quem sabe chegou a hora de tocarmos nesse assunto em uma prova tão importante como a que vocês vão fazer! É preciso estar preparado e, sobretudo, lembrar que o papo na redação deve respeitar todo e qualquer indivíduo! Não poderia ser diferente em qualquer outra situação, não é mesmo?

E você ainda pode estar se perguntando, será mesmo? Um assunto tão complexo? Os últimos temas da prova de redação do ENEM são tão densos quanto a alarmante constatação de que vivemos em um país que não respeita os direitos, as subjetividades e as vidas dos LGBTTTQ (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, transgêneros e queer). O desafio de conviver com as diferenças já foi tema em 2007 e poderia aparecer com outra cara: Como valorizar as diversidades garantindo o respeito às diferenças? ou ainda Direitos Humanos, o Direito de Todos?

E quer um companheiro incrível nesse estudo? O Dicionário de Gênero! Só acessar aqui: http://dicionariodegeneros.com.br/

Ou ainda Laerte-se, aqui:


*Camila Alexandrini é professora no Me Salva!, plataforma de ensino que já alcançou 28 milhões de estudantes, responsáveis por assistir 142 milhões de aulas. Acesse aqui: https://mesalva.com/

FONTE: http://sociologia.uol.com.br

Há laboratórios de informática em 81% das escolas públicas, mas somente 59% são usados

O número de professores que utilizam a internet em atividades com os alunos cresceu de 39% para 49%, mas a baixa velocidade da conexão ainda é um desafio para as públicas

O uso da tecnologia e o acesso à internet nas escolas avançam no Brasil. A maioria das instituições já possui ao menos um computador e 91% das escolas públicas afirmam ter uma rede sem fio. A conclusão, conforme contamos no Experiências Digitais, é da TIC Educação 2016, pesquisa feita pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br). O levantamento, além de mostrar a necessidade de melhorar o acesso nas escolas públicas, também mapeou as barreiras que escolas e conjunto pedagógico enfrentam para melhorar o acesso.
Nas escolas públicas, antes de desenvolver novas práticas de ensino, ainda há 
o desafio de aumentar o número de computadores por aluno 
(Foto: Adam Berry/Getty Images)

As escolas privadas estão um passo à frente. Apesar de somente 47% delas terem laboratório, os alunos dessas escolas aproveitam a estrutura em sua totalidade. O porcentual baixo de escolas particulares com laboratórios deve-se ao fato de o uso de tecnologia nesses locais estar disseminado por vários locais da instituição, principalmente na sala de aula. Nas escolas públicas, ocorre o oposto. O acesso à internet e o uso de tecnologia se dá quase exclusivamente dentro dos laboratórios. Do total de escolas públicas brasileiras, 81% delas têm laboratórios de informática, mas somente 59% deles são usados. 

Dados do Censo Escolar computados pelo Todos pela Educação indicam que em muitas escolas públicas com laboratório os problemas de baixa conexão e equipamentos ultrapassados inviabilizam o uso da internet e de computadores. Esse problema é evidenciado pelos dados que a pesquisa TIC traz em relação aos diretores das escolas. Enquanto nas escolas privadas, os gestores (36%) querem desenvolver novas práticas de ensino nas escolas com o uso da internet, nas públicas, o desafio ainda está relacionado com a infraestrutura: 32% dos diretores querem aumentar o número de computadores por aluno antes de se preocuparem com a aplicação.

Em geral, a percepção sobre o uso da tecnologia nas atividades pedagógicas é percebida de maneira positiva pelos professores. Na avaliação, 77% concordam que passaram a se comunicar com alunos com maior facilidade, 85% a adotar novos métodos de ensino e 94% passaram a ter acesso a materiais mais diversificados ou de melhor qualidade. 

As ferramentas de tecnologia se fazem presentes pela ação dos professores. Houve um aumento geral de educadores que utilizam a internet do celular em atividades com os alunos (tanto em escolas municipais, como em estaduais e privadas), de 39% em 2015 para 49% em 2016, principalmente no 5º ano do ensino fundamental, que saltou de 35% para 61%. Entre os alunos, a utilização da rede para os estudos é mais intensa fora do que dentro da escola. Uma das explicações para isso é que, além da infraestrutura, há uma questão cultural nesses espaços: 61% dos alunos não acessam o Wi-Fi por causa do uso restrito de senha.

A pesquisa TIC Educação busca mapear, desde 2010, o uso e o acesso das ferramentas tecnológicas em escolas. O levantamento é feito com alunos, professores e coordenadores pedagógicos.

GABRIELA VARELLA

FONTE: http://epoca.globo.com

Uso das tecnologias ainda desafia escolas brasileiras

Além de superar questões de velocidade e acesso a internet, escolas precisam se adaptar à cultura digital


Se a presença de ao menos um computador é uma realidade para a quase totalidade de escolas urbanas no País, ainda sobram desafios quando se pensa o uso qualificado dessas tecnologias pela educação.

Dados da Pesquisa TIC Educação 2016 divulgados na quinta 3 mostram que a velocidade da conexão é um deles. 45% das escolas públicas ainda não ultrapassaram 4Mbps de velocidade de conexão à Internet, e 33% delas possuem velocidades de até 2Mbps.

Outro ponto que chama atenção na pesquisa são os locais em que a internet se encontra disponível nas escolas. Tanto na esfera pública como na privada, ainda é maior a predominância do acesso nas salas de coordenadores pedagógicos ou diretores ou nas salas dos professores ou de reunião, o que pode inviabilizar a criação de práticas pedagógicas em diálogo com a tecnologia.

O uso das redes WiFi poderia suprir esta questão, já que os celulares vêm sendo amplamente utilizados por professores e alunos como ferramenta de acesso a internet – segundo a pesquisa, 49% dos professores usuários de Internet declararam utilizar o celular em atividades com os alunos, um crescimento de 10 pontos percentuais em relação ao ano anterior (39%).

O ponto é que as escolas ainda restringem o acesso aos estudantes, enquanto 92% das escolas possuíam rede WiFi, 61% dos diretores afirmaram que o uso dessa conexão não é permitido aos alunos, o que explica o baixo uso do equipamento nas unidades escolares.

Para Daniela Costa, coordenadora da pesquisa, a tecnologia em si não muda a escola e sim o seu uso. “A escola precisa se adaptar à cultura digital, o que passa por repensar sua organização, currículo, toda a sua cultura”, comenta.

Ela ainda entende que a conectividade pode não só aprimorar o trabalho do professor, como apoiar a autonomia dos estudantes e lançar as escolas a repensarem suas dinâmicas para além de seus muros, integrando as disciplinas aos conhecimentos que permeiam a vida da comunidade.

ANA LUIZA BASILIO 4 de agosto de 2017

http://www.cartaeducacao.com.br