terça-feira, 22 de outubro de 2013

HORA ATIVIDADE

SINTE/RN divulga esclarecimentos sobre o pagamento do terço de hora-atividade


A direção do SINTE/RN traz a público esclarecimentos sobre o pagamento do 1/3 da hora-atividade:

1) A relação feita para o pagamento do 1/3 de hora atividade foi confeccionada pelo Governo. A direção do Sindicato já requereu por duas vezes, através dos advogados, essas listas, mas Subcoordenadoria de Recursos Humanos da SEEC não as forneceu. A Secretaria de Administração passou a relação em dos 6.300 que foi divulgada no site do SINTE/RN.

2) O pagamento saiu para 5 mil no dia 10 de outubro. Segundo informações da coordenadora Ivonete da Subcoordenadoria de Recursos Humanos. No mês de setembro mais de mil professores/as teriam recebido o pagamento. O Sindicato está recebendo todas as reclamações de quem não recebeu para buscar soluções com o Governo.

3) Quem estava na relação e não recebeu deve entregar no Sindicato uma cópia do contra cheque de setembro, extrato bancário para comprovar que não houve o pagamento e declaração da direção da escola em que atua confirmando o direito.

4) A direção do SINTE/RN continua solicitando a quem tem direito e não recebeu a tomar as seguintes medidas:

Providenciar a cópia do contra cheque de setembro e a declaração da escola confirmando o direito. Quem já entregou as declarações anteriormente não precisa trazer novamente;

Se você tem carga suplementar e recebeu em setembro a sua carga suplementar e deixou de receber as horas extras da jornada de 30 horas, providencie os mesmos documentos. A direção do SINTE/RN esclarece que quem tem 10 horas da carga suplementar só recebe o extra das 30 horas.

Quem é do Ensino Médio Inovador tem o direito de receber as horas extras. 

Está sendo levantada uma tese de que, devido às horas de projeto, o profissional não recebe, o que está completamente errado. Todos tem direito. 
A especificidade do trabalho não retira esse direito.

Fonte: http://www.sintern.org.br/noticias

terça-feira, 15 de outubro de 2013

AOS MESTRES, COM CARINHO

No dia 15 de outubro é comemorado o Dia do Professor

Assim como as crianças têm hoje, 12 de outubro, uma data reservada só para elas, os Professores também têm um dia marcado para eles. Na próxima terça-feira, é comemorado o Dia do Professor.

E para não levar uma nota vermelha por deixar essa data passar em branco, o Diarinho também dedicou um espaço voltado para homenagear esses profissionais, carinhosamente apelidados de mestres, que são tão importantes para nós, já que são encarregados de transmitir todos os seus conhecimentos adquiridos com muitos anos de estudos.Com certeza exercer a profissão de Educador no Brasil não é tarefa fácil para ninguém.

O salário provavelmente não é um dos maiores, entre outras profissões, sem contar no aperreio que eles devem sentir na hora de corrigir pilhas de provas e trabalhos, além de ter controle sobre uma turma com cerca de 30 ou mais crianças que precisam descobrir o mundo seja dentro ou fora da sala de aula.

Respeito é bom!
“Trabalho com muito amor e carinho. Sou Educadora com muito orgulho e apesar das dificuldades da profissão, não tem sensação melhor no mundo do que sair de casa e chegar na sala de aula para ver o sorriso no rosto dos meus Alunos”, destaca a Professora de português, história e geografia do Ensino fundamental I, do Colégio Fazer Crescer, Adriana de Moura Fragozo, 42 anos. Dois de seus Alunos também destacam o papel de “companheira” exercido por Adriana, que exerce a profissão há mais de 20 anos. Luíz Felipe e Ester Nascimento Evangelista, ambos com 10 anos. Eles são Alunos do 5º ano e consideram que o Professor é responsável não apenas por ensinar as disciplinas, mas por ensinar o comportamento da garotada para a vida. “Ela busca nos ensinar como viver bem e se comportar da maneira correta. Com seu estilo brincalhão, ela foi nos conquistando aos poucos”, destacam.

O Dia do Professor é comemorado no dia 15 de outubro. Mas este costume surgiu no Brasil ainda no século 19, no ano de 1827, quando D. Pedro I baixou um Decreto Imperial que criou o Ensino Elementar no Brasil. Somente em 1947, aconteceu a primeira comemoração. Foi em São Paulo, no Ginásio Caetano de Campos.Na época, o período letivo do segundo semestre começava no dia 1º de junho e se arrastava até o dia 15 de dezembro, com apenas 10 dias de férias. Quando quatro Professores tiveram a ideia de parar para descansar. Foi então que o Professor Salomão Becker sugeriu que o encontro se desse no dia 15 de outubro. A ideia se espalhou até ser oficializada como feriado Escolar em 1963.

Fonte: Diário de Pernambuco (PE)

OPINIÃO: A IMPORTÂNCIA DO PROFESSOR

"Como a cobrança de conhecimentos é irrisória tanto no Ensino fundamental como no Médio, caiu o interesse pelos estudos e, lamentavelmente, pelo ensino", afirma Dalva Soares Gomes de Souza


Toda pessoa já teve, pelo menos, um Professor, alguém que lhe tenha ensinado a arte de viver ou a de fazer algo. Figura muito respeitada em outros tempos, perdeu seu valor com o passar dos anos. Os pretendentes a exercer a docência ficaram desmotivados com a desvalorização generalizada que acometeu essa função. Vestibulandos só fazem opção por alguma licenciatura quando o nível da concorrência para outros cursos indica a quase impossibilidade de sua aprovação.

A presença da curiosidade em nossa vida é inevitável. Queremos conhecer o mundo que nos rodeia desde tenra idade. Ato contínuo, participamos do Ensino sistematizado pela Escola. Piaget já dizia: “A inteligência é um produto do potencial inato em interação com o ambiente”. Assim crescemos, desvendando o desconhecido e ampliando nossa capacidade intelectual, tendo o Professor como figura-chave desse processo.

Quem foi Professor, há uns 30 anos, sabe o quanto era respeitado esse profissional. Os valores eram outros. Todos sabiam cantar o nosso Hino Nacional, além de se comportar adequadamente ao ouvi-lo. Arrepiava-se. Ainda não haviam estragado tanto nossa pátria e os nossos jovens. Mas o grande respeito ao Professor vinha das famílias, hoje desmanteladas. Inúmeros fatores deram sua contribuição nesse item: emancipação feminina; ausência dos pais na vida dos filhos; separação constante dos casais; nenhuma referência para os filhos; aprovação automática em Escolas públicas (grande pecado do sistema), gerando falta de estímulo para dar sequência aos estudos.

E o Professor, que nesse meio-tempo foi até cognominado de trabalhador do Ensino, via esvaziar, a cada dia, sua mais significativa função, a de Educador. Essa trajetória ultrapassou uma década. Desmoralizados pelo sistema e desmotivados com os baixíssimos salários, alguns se aposentaram, outros mudaram de profissão. Como a cobrança de conhecimentos é irrisória tanto no Ensino fundamental como no médio, caiu o interesse pelos estudos e, lamentavelmente, pelo Ensino.

O Aluno quer apenas o documento de sua conclusão para lançar medíocres voos na área do trabalho ou ingressar na universidade com bagagem mínima para encarar estudos superiores, sem qualquer base cognitiva nem hábito de estudo.

Com o avanço da tecnologia e a era do conhecimento ganhando força, cresceu também a criação e a valorização de cursos voltados para essa realidade tecnológica. Em contrapartida, cada vez mais, as licenciaturas foram se esvaziando, até ser eliminadas da oferta de várias faculdades por falta de Alunos para compor uma turma.

Conscientes da importância do mundo tecnológico, a visão holística necessária a todos os profissionais exige a base que não vem sendo trabalhada pelos Ensinos fundamental e médio, o que compromete a qualidade do trabalho realizado em várias áreas. Além disso, a formação dos valores humanos não faz parte da prática da Escola, somente aparece no projeto pedagógico e em tímidas atividades durante o período letivo.

Assim, aos Professores que encaram a tempestade da sobrevivência, atuando no Ensino público, os cumprimentos de uma Educadora de meio centenário na função, que vê a arte de educar tão sublime e bela quanto a vida.

*Dalva Soares Gomes de Souza - Graduada em letras e pedagogia, mestre em língua portuguesa

Fonte: Estado de Minas (MG)

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

HORA ATIVIDADE

PAGAMENTO DA PRIMEIRA PARCELA DO 1/3 DE HORA ATIVIDADE ESTÁ PREVISTO PARA AMANHÃ

De acordo com as informações da Secretaria de Administração o pagamento referente a primeira parcela do 1/3 de hora atividade sairá amanha (10).

A direção do SINTE mais uma vez orienta que quem tem direito e ainda não foi contemplado neste pagamento, a solicitar uma declaração a direção da escola e anexar o antigo horário.

“Quem trabalha em mais de uma escola deve fazer o mesmo procedimento. Nas Regionais os interessados deverão procurar os dirigentes locais e deixar as declarações, que serão enviadas para a sede do SINTE, onde daremos prosseguimento a fim de o direito ser cumprido”, orienta Fátima Cardoso.

DIA DO PROFESSOR



A Secretaria Municipal de Educação de Jardim de Piranhas transfere a homenagem ao dia do professor do dia 15 de outubro (data em que se comemora nacionalmente) para o dia 19, sábado, quando realizará um grande evento em homenagem a esses profissionais. O encontro que acontece a partir das 19h no ginásio de esporte Ernesto Pereira, será marcado por apresentação de resultados, palestras e um jantar especial para os mestres.
Na oportunidade, será lançado o livro de contos Cruviana, do escritor e jornalista José de Paiva Rebouças. No mesmo momento, a professora Regiane de Paiva, titular da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), fará uma apresentação sobre “texto literário e ensino”. O evento terá também a apresentação do espetáculo “A tua ação”, do grupo Ciranduís de Teatro.
A secretária Ália Eine de Queiroz Damásio fará as boas vindas apontando os avanços destes primeiros meses de governo do prefeito Elídio Queiroz, que também estará na ocasião levando uma mensagem para a categoria.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

FUNDEB - JARDIM, DE PIRANHAS

ELÍDIO EMPOSSA NOVOS CONSELHEIROS DO FUNDEB

O prefeito Elídio Queiroz deu posse aos novos membros do Conselho do Fundeb (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) nesta quarta-feira, 2, em solenidade simples. Tomaram posse 15 novos conselheiros que ficarão responsáveis, juntos com outros que já estavam no posto, de acompanhar e fiscalizar as aplicações dos recursos federais para a educação no município. O Conselho é formado por membros do magistério e da sociedade civil.

De acordo com o prefeito Elídio Queiroz, o Conselho é fundamental para ajuda ao município na condução da administração dos recursos e ações educacionais, além de garantir a austeridade da administração que escuta e com o grupo seus projetos. “O Conselho é uma referência à democracia, de como a sociedade pode participar da gestão pública de forma responsável”, disse Elídio Queiroz.


OPINIÃO: O DIREITO À ALIMENTAÇÃO ADEQUADA NAS ESCOLAS

"Afinal, os direitos sociais à alimentação adequada e à saúde de crianças e adolescentes merecem estar acima do direito à liberdade de empresas", afirmam Flávia Piovesan e Maria Cecília Cury Chaddad

Em 21 de agosto, foi aprovado no Senado projeto de lei que objetiva a desenvolver ações de Educação nutricional, de promoção de alimentação saudável e de prevenção e controle de doenças associadas à alimentação de crianças e adolescentes. Se transformado em lei, não serão licenciados e nem renovados alvarás de estabelecimentos em Escolas de Educação básica que ofereçam bebidas com baixo teor nutricional ou alimentos ricos em açúcar, gordura saturada, gordura trans ou sódio.

Estaria o projeto a violar o direito à liberdade de empresas e à liberdade de escolha de crianças e adolescentes? Ou estaria a proteger o seu direito à alimentação adequada e à saúde?

De um lado, argumenta-se que não caberia ao Estado regulamentar o tema, por violar a liberdade de empresas, desconsiderando ainda a liberdade de escolha daqueles que consomem os alimentos vedados.

Por outro, argumenta-se que a medida é essencial para assegurar os direitos à alimentação adequada e à saúde de crianças e adolescentes em ambiente Escolar. Estaria, ao mesmo tempo, a cumprir um propósito pedagógico (ao fomentar a Educação nutricional, ensinando bons hábitos alimentares) e a enfrentar a preocupante epidemia da obesidade como grave problema de saúde pública.

Pesquisa do IBGE (de 2008-2009) aponta que o excesso de peso e a obesidade cresceram em todas as idades, classes sociais e regiões do Brasil, tanto na zona urbana, como rural. Quanto à faixa etária de 5 a 19 anos, evidencia o estudo que "a frequência do excesso de peso (...) praticamente triplicou nos últimos 20 anos, alcançando entre um quinto e um terço dos jovens".

Ainda que a subnutrição persista como sério problema de saúde em diversas regiões do mundo (em 2010, 16% das crianças no mundo sofriam com a subnutrição, principalmente na África subsaariana e no sul da Ásia), estudo baseado em 36 países em desenvolvimento, no período de 1992 a 2000, concluiu que o excesso de peso e a obesidade hoje ganham maior relevo que a falta de nutrição. A FAO alerta que a América Latina se transformou na região com maior problema de sobrepeso no mundo em desenvolvimento.

No mesmo sentido, relatório da Organização Mundial da Saúde (2012) reconhece que a obesidade - antes considerada um problema típico de países ricos -, passa a ser tema de crescente preocupação na África e nas Américas. Destaca que 2,8 milhões de pessoas morreram em 2012, em virtude de excesso de peso e obesidade, fatores que levam ao risco de hipertensão, diabetes e câncer. Nos EUA as doenças derivadas da obesidade implicaram o custo de um quinto do orçamento total dedicado à saúde em 2005. No México, a diabetes mata cerca de 70.000 pessoas por ano, com um custo de 67 bilhões de pesos em 2008 (custo que tende a duplicar em 2017).
Estudos advertem que dois terços dos americanos adultos estão acima do peso. No Brasil, em 2008, 53% dos adultos estavam acima do peso - o mesmo ocorrendo com o México. Em 2008, 1,5 bilhão de adultos, ou seja, um terço da população mundial, estava acima do peso ou era obesa (revista "The Economist", 15 de dezembro de 2012). É evidente que o componente cultural é central para compreender esta mudança.

Considerando este dramático contexto, emergencial é a adoção de políticas públicas capazes de impedir o desperdício evitável de vidas, em decorrência da violação dos direitos fundamentais à alimentação adequada e à saúde. Isto requer do Estado brasileiro fomentar transformações culturais, não apenas estimulando o consumo de alimentos saudáveis, mas também incentivando a prática de atividades físicas, em cumprimento aos compromissos firmados desde 2004, quando da Estratégia Global em Alimentação, Atividade Física e Saúde, adotada pela Assembleia Mundial da Saúde.
O projeto de lei recentemente aprovado concretiza, sobretudo, o dever constitucional do Estado de respeitar, proteger e implementar os direitos à alimentação adequada e à saúde, conferindo a necessária primazia aos direitos das crianças e adolescentes e resgatando da Educação sua maior vocação - promover o pleno desenvolvimento das pessoas. Afinal, os direitos sociais à alimentação adequada e à saúde de crianças e adolescentes merecem estar acima do direito à liberdade de empresas.

Fonte: O Globo (RJ)

DIÁLOGO ENTRE DISCIPLINAS

Prova desafia o aluno a pensar o cotidiano e a inseri-lo no conteúdo do Ensino Médio

Muita atualidade sem deixar de lado o conteúdo. A prova de ciências humanas e suas tecnologias do Exame Nacional do Ensino médio (Enem) aborda geografia, história, filosofia e sociologia e desafia o Aluno por sua interdisciplinaridade. Para esta área de conhecimento, estar atualizado é fundamental, mas mais que isso: saber fazer um diálogo entre as notícias que saem na imprensa, sobre os acontecimentos do mundo com tudo que já foi visto nas matérias durante o Ensino fundamental e médio.

Para a Professora de história do Colégio Magnum Agostiniano Jussara Valeska Chamon, o Enem cobra do estudante uma habilidade de pensar os temas dentro do cotidiano, por isso, ele precisa ler jornais, revistas, literatura, ir ao teatro, cinema. “Tudo são linguagens que ajudam a criar habilidades de interpretação, de correlação de temas”, explicou. O Aluno não pode se esquecer que é fundamental saber decodificar imagens, mapas, gráficos, tudo dentro do conteúdo.

São 45 questões com textos longos e que demandam muita concentração. Para Jussara, alguns assuntos são recorrentes na prova desde 2009 e devem ser revistos a tempo. História do Brasil, por exemplo, é uma tema dos vestibulares tradicionais das grandes universidades e que também predomina no Enem. Outra aposta, segundo ela, são os movimentos sociais dentro da ótica da cidadania. Isso conectando com as manifestações populares que ocorreram no país em junho, durante a Copa das Confederações. “O Enem quer saber como o Aluno compreende o estado, as relações que ele tem com o estado. Talvez não caia uma questão direta sobre as manifestações, mas que aborde outros movimentos, até mundiais.”

Gustavo Ribas, o Gustavão Geografia, Professor e coordenador pedagógico do Colégio e Pré-vestibular Elite do Vale do Aço, explica que o Aluno deve ficar atento para não polemizar um assunto cobrado, ou seja, o Enem cobra que ele tenha capacidade de identificar a contradição numa questão e não tome partido. “Anos atrás, por exemplo, teve uma questão sobre a situação do Egito, Somália e Sudão e uma das opções era que o Egito entrasse em guerra contra os outros países, mas o esperado era que o Aluno marcasse a que sugeria buscar uma alternativa diplomática por meio de compartilhamento dos recursos”, explicou. “Nas ciências humanas, o principal é a capacidade de interpretação das informações dentro do conhecimento que o estudante já tem.”
Gustavão pede que os Alunos tenham atenção quanto ao conteúdo de filosofia e sociologia.

O estudo dessas duas disciplinas não pode ficar de lado e é provável, segundo o Professor, que sejam cobrados o Ensino clássico, os pensamentos filosóficos clássicos e pensadores da sociologia como Marx, Weber e Émile Durkheim.

ESTUDO INTENSO
Luisa Bargas, de 18 anos, é aluna do 3º ano do Colégio Santo Antônio e estuda para tentar uma vaga no curso de medicina. Tem afinidade com a área de exatas e biológicas e, por isso, precisa intensificar os estudos nas ciências humanas. A prova de história, geografia, filosofia e sociologia foi a que mais a fez perder ponto no Enem do ano passado, quando entrou como treineira. “São as matérias a que mais me dedico exatamente por ter mais dificuldade. No ano passado, achei as outras provas tranquilas, mas essa muito cansativa e extensa”, disse.

Seu colega, Mateus Oliveira Antunes, de 17, tenta uma vaga em engenharia elétrica, mas conta que gosta de história, principalmente. “O Enem é uma prova cansativa, extensa e achei mais demorada a parte de ciências humanas”, afirmou.

Para Wanda Regina Rodrigues, Professora de história do 3º ano do Ensino médio do Colégio Santo Antônio, a primeira dica para quem vai fazer a prova é buscar a raiz do acontecimento cobrado ali na questão que conversa com o passado. É importante, segundo ela, ler a proposta do item com atenção, encaixá-la no seu conhecimento, em tudo que estudou, e depois ir até as opções. Segundo a Professora, é uma forma até de economizar tempo, já que o Aluno não vai precisar voltar toda hora no texto principal para tentar responder. “O Enem faz uma abordagem sociológica da história brasileira a partir dos anos 1950, mas busca o que tem relevância.”

"São as matérias a que mais me dedico, exatamente por ter mais dificuldade. No ano passado, achei as outras provas tranquilas, mas essa muito cansativa e extensa" - Luisa Bargas, candidata ao curso de medicina

A dica dada por Professores de todas as outras áreas de conhecimento – matemática, linguagens e códigos e ciências da natureza – também é reforçada pelos especialistas em ciências humanas: não se ater aos itens que considerar mais difíceis. O ideal, segundo os Professores, é seguir adiante e se der tempo voltar ao que deixou de responder. “Costumo dizer aos Alunos que é melhor um erro rápido do que um acerto demorado, ou seja, se gastar tempo demais numa questão pode não sobrar para aquelas questões que o Aluno sabe e considera fácil, e vai acabar chutando”, alertou Gustavo Ribas.

Aluno PERGUNTA:
Como funciona o processo de inscrição do Sisu? Como funciona a seleção para as universidades?
Ana Luiza Braga, de 17 anos, candidata ao curso de direito

ESPECIALISTA RESPONDE:

“As inscrições no Sistema de Seleção Unificado (Sisu) começam em janeiro, logo após a divulgação das notas de cada Aluno no Enem. Toda a pontuação é transferida automaticamente para o sistema do Sisu, onde os Alunos fazem a inscrição de acordo com o curso que pretendem concorrer. São 101 instituições e mais de 3.700 cursos. Uma dica é que o Aluno busque já os pontos de corte do ano passado para o curso que pretende concorrer para ter uma ideia de como será este ano. Ele não pode ter tirado zero na redação para entrar na disputa de vagas.

O principal é que o Aluno tenha em mãos a senha, mesmo usada no sistema do Enem, e monitore diariamente o curso e a instituição que almeja para saber como fica sua classificação. Toda a inscrição é feita pela internet, no site do Sisu (sisu.mec.gov.br) e, antes de se inscrever, é importante confirmar seus dados pessoais. O Aluno pode escolher até duas opções de curso e acompanhar a pontuação até que ela seja suficiente para se inscrever.”
Luiz Cláudio Costa, presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep)


FIQUE ATENTO!

Saiba quais assuntos são recorrentes na prova de ciências humanas do Enem e quais são aposta dos Professores:
» Produção agropecuária

» Modificações na estrutura de trabalho, abordada de forma bem interdisciplinar

» Revolução tecno-científico-informacional
» Aspectos demográficos brasileiros

» A morte de Margaret Thatcher e Hugo Chávez, podendo fazer até uma comparação entre os dois

» Juventude e movimentos sociais, podendo cobrar acontecimentos fora do país

» Relação de fundamentalismo com crise financeira
» Ampliação da União Europeia, já que houve ingresso da Croácia

» Para a redação, uma aposta é a Copa do Mundo e a Copa das Confederações, abordando o esporte como agente de construção da cidadania

Fonte: Estado de Minas (MG)

MAIS DE 8 MILHÕES DE PROFESSORES SERÃO NECESSÁRIOS NO MUNDO ATÉ 2030, DIZ UNESCO

Estudo da Unesco destaca ainda que a situação "mais preocupante" é registrada na África Subsaariana

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) divulgou, nesta quarta-feira (3), dados que mostram que até 2030 serão necessários 8,4 milhões de professores para assegurar as necessidades educacionais de todas as crianças do ensino primário e secundário. Os dados foram apresentados para marcar o Dia Mundial dos Professores, que se comemora no sábado (5).

O estudo mostra ainda que o aumento da população e o consequente crescimento da procura escolar torna necessária a existência de mais 1,6 milhão de professores primários até 2015 e de 3,3 milhões até 2030.
O estudo mostra ainda que para assegurar o ensino secundário a todas as crianças, são necessários mais 3,5 milhões de professores até 2015 e 5,1 milhões nos 15 anos seguintes.

Considerando que todas as regiões do mundo são afetadas pela falta de professores, o estudo destaca que a situação "mais preocupante" é registrada na África Subsaariana, onde se localiza um terço dos países que têm falta de profissionais. A Unesco prevê que para atender à procura nessa região, será necessário formar mais 2,1 milhões de professores.

Os países árabes, onde nos próximos 15 anos haverá 9,5 milhões de novos alunos na escola primária, ficam em segundo lugar no ranking de carência de professores e requerem 500 mil novos profissionais para tornar a educação primária universal. No interior dessas regiões há fortes disparidades.
Segundo as Nações Unidas, se a atual tendência for mantida, países como a Etiópia, os Camarões, a Namíbia, o Lesoto, a Mauritânia ou o Iêmen conseguirão dar resposta às necessidades educativas de todas as crianças em idade escolar primária até 2015.

Devido ao aumento do número de alunos, estima-se que em países como a Costa do Marfim, Eritreia, o Malaui ou a Nigéria a necessidade de docentes seja maior em 2030. Segundo o estudo, apesar de os professores do ensino secundário continuarem a aumentar em todo o mundo, também são necessários professores com conhecimentos específicos sobre cada matéria.

A África Subsaariana representa 46% das carências desses professores em todo o mundo, acrescenta a Unesco, que espera que a política de contratação iniciada em vários países há uma década comece a dar frutos.

"Se a tendência se confirmar, 42% dos 148 países com carências deverão superar a falta de professores até 2015. Em 2030, serão 80% [dos países]", conclui a Unesco, que discutirá o assunto nesta sexta-feira (4), em sessão especial na sua sede em Paris.

Fonte: iG

PARA ENRIQUECER A APRENDIZAGEM

Método de Educação por pares requer estudo prévio da matéria e que cada aluno explique conceitos para os colegas, explica o pesquisador Eric Mazur

Um dos principais objetivos dos professores sempre foi o progresso de seus alunos, algo que nem sempre é possível por meio das pedagogias tradicionais. Ao notar que a aprendizagem dos estudantes de Física ficava bem aquém do desejado, o professor e pesquisador de Harvard, Eric Mazur, começou a elaborar, em meados dos anos de 1990, o método de educação por pares (peer instruction, em inglês). “A educação por pares engaja os estudantes durante a aula por meio de atividades que requerem que cada um estude os conceitos principais que estão sendo apresentados e depois explique esses conceitos para seus colegas.

Em vez da prática comum de fazer questões informais durante uma apresentação, o que tipicamente envolve alguns poucos alunos altamente motivados, o processo mais estruturado de estudos da educação por pares envolve todos os estudantes da turma”, descreve Mazur, em artigo publicado em 2001.

Essa metodologia demanda uma série de alterações na rotina de sala de aula e no papel do professor. Em primeiro lugar, as pesquisas devem ser realizadas antes da aula, de modo que os estudantes já cheguem na sala com conhecimentos (e dúvidas) pré-adquiridos.

De acordo com Julie Schell, pesquisadora sênior da Universidade de Harvard, associada ao Grupo Mazur (grupo de estudos liderado pelo pesquisador), os debates dentro de sala de aula são auxiliados por pequenos testes conceituais, que são desenvolvidos para dar aos estudantes plenas oportunidades de usar os conhecimentos adquiridos. Após os alunos responderem aos testes, eles trocam seus conhecimentos por meio de uma discussão que envolve a sala toda. “Os professores revisam as respostas e passam a aula, obtendo, confrontando e resolvendo as dificuldades e as concepções erradas dos estudantes dentro daquele assunto. O ciclo se completa com uma atividade final sobre o conceito estudado através da discussão em sala”, explica Julie.

Para motivar os alunos a participar, a pesquisadora afirma que o melhor jeito é agrupar jovens que tenham opiniões diferentes. “Isso leva os estudantes a um estado de raciocínio, onde eles discutem o porquê de terem respondido do jeito que responderam, e isso os ajuda a resolver quaisquer dissonâncias”, afirma a norte-americana, que destaca também a eficácia do método: “vinte anos de pesquisa nos sugerem que os estudantes desenvolvem tanto um entendimento conceitual mais profundo como maiores habilidades para resolver problemas nas matérias ensinadas por meio da educação por pares”.

Experiências no Brasil
Apesar de o conceito da educação por pares ter surgido nos Estados Unidos, já existem algumas experiências no Brasil com o uso dessa metodologia. Uma delas é a série de fascículos Adolescentes e jovens para a educação entre pares, lançado em 2010, como parte do projeto Saúde e Prevenção na Escola, do Ministério da Saúde.

A iniciativa faz uso da educação por pares para conscientizar os estudantes do ensino médio e da Educação de Jovens e Adultos (EJA) sobre os riscos das doenças sexualmente transmissíveis (DST) e do uso de drogas lícitas e ilícitas. O material produzido para o projeto pode ser acessado e baixado gratuitamente no endereço www.aids.gov.br/publicacao/adolescentes-e-jovens-para-educacao-entre-pares-spe.

A educação por pares pode ser utilizada também para o ensino de conteúdos didáticos, conforme experiência do professor Sandro Prass, que leciona Física para turmas da 8ª série e do ensino médio dos colégios Murialdo, de Caxias do Sul; Medianeira, de Bento Gonçalves; e Regina Coeli, de Veranópolis, todos no Rio Grande do Sul.

Após ter contato com as pesquisas de Mazur, Prass resolveu adaptar o peer instruction para suas aulas. “O que mais nos atraía na proposta era a ideia de ter em aula alunos que pudessem discutir os conteúdos, falar sobre eles, dar exemplos, conceitos, propor experimentos e, no geral, construir a própria aula junto comigo, que antes era totalmente orientada por mim”, afirma o educador gaúcho.

O trabalho de Prass com o método foi gradual, começando com uma solicitação de pesquisa em casa sobre as Leis de Newton. “Um total de 120 alunos deveriam pesquisar na internet e em livros os assuntos propostos, fazer anotações do que achassem mais interessante, exemplos, citações, fórmulas e figuras, e trazer para a próxima aula para discussão. Na aula seguinte, fizemos a abertura dos trabalhos com uma pequena introdução, coisa de um ou dois minutos apenas, daí demos a palavra aos alunos. O que se viu foi uma imensa disposição por expor a compreensão que eles tinham sobre os assuntos pesquisados, eles iam complementando uns aos outros nas suas explanações”, relata o professor, que se mostra muito satisfeito com os resultados obtidos. “O maior ganho que tivemos com o uso dessa técnica foi que alguns alunos que participavam muito pouco das aulas expositivas me surpreenderam com as suas colocações durante as discussões. Cheguei até a testar se eram apenas citações decoradas e tive como resposta argumentações muito bem elaboradas. Quantitativamente, tivemos uma melhora de mais de 23% no número de notas acima da média em todas as avaliações que sucederam a aplicação da técnica”, revela Prass, que acredita também na utilização da educação por pares em outras disciplinas. “A técnica tem potencial de mobilização dos estudantes para ser utilizada até mesmo em Matemática, que é uma disciplina que supostamente não dá muita abertura para uma discussão teórica, mas é possível. Utilizamos a técnica do peer instruction em uma aula sobre polígonos e o resultado foi excelente”, conclui o professor.

Fonte: Revista Gestão Educacional

OPINIÃO: VALORIZAÇÃO DO MAGISTÉRIO

"Brasil não terá uma 'Educação padrão Fifa' se não valorizar os profissionais dessa área", afirma Artur Bruno

Os governadores dos estados estão indo na contramão do que pediam inúmeros manifestantes que foram às ruas em junho deste ano: uma Educação de qualidade. São diversos os fatores para chegarmos a uma Escola de referência. Entre eles está a valorização dos Professores. A lei do piso do magistério foi um avanço. Em 1988, a Constituição Federal já previa esse dispositivo; no entanto, somente em 2008 ele foi regulamentado.

Desde então, houve questionamentos judiciais para barrar essa conquista. A categoria obteve vitórias importantes, inclusive no Supremo Tribunal Federal. Mais uma vez há uma tentativa de golpe para não fazer valer a lei.

O piso pago aos Professores é calculado de acordo com a variação do gasto por estudante do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação básica e Valorização dos Profissionais do Magistério (Fundeb). Para 2014, a estimativa é que o percentual de reajuste fique em aproximadamente 19%, passando de R$ 1.567 para R$ 1.865. Defender o reajuste de apenas 7,7%, como querem os governadores dos estados, é retroceder.

Antes da lei do piso, havia municípios que pagavam apenas um salário mínimo por 40 horas semanais. Com ela, começou a existir uma política de resgate do magistério porque os reajustes têm sido acima da inflação. Mesmo com esse ganho, o salário desses profissionais ainda é muito aquém do que deveria ser.

Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revelam que, de 47 profissões de nível superior, os Professores estão em 46º lugar quando o quesito é salário. A média salarial no Brasil na rede municipal é de R$ 2 mil por mês. Na estadual, R$ 2,6 mil. Na Coreia do Sul, o valor chega a R$ 8 mil mensais. Nos Estados Unidos, R$ 10 mil. Uma das metas do Plano Nacional de Educação (PNE) - que terá sua votação concluída até o fim de 2013 - estabelece que, em 6 anos, a remuneração média dos Professores seja duplicada. Caso a meta do PNE já estivesse vigorando, a remuneração média do Professor no País seria em torno de R$ 4 mil.

O Brasil não terá uma “Educação padrão Fifa” se não valorizar os profissionais dessa área. A população que foi às ruas em junho já entendeu essa importância. É preciso agora que os governadores tenham esse mesmo entendimento e avancem nas políticas de valorização do magistério.

Artur Bruno arturbruno@arturbruno.com.br
Primeiro vice-presidente da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados

Fonte: O Povo (CE)

MOVIDO A DESAFIOS

Pesquisa revela que jovens desistem da carreira docente devido à baixa remuneração

Normalmente, os fatores que espantam o interesse do jovem pela profissão de professor são conhecidos (e sentidos) por todos os profissionais da Educação. No entanto, apesar desses fatores, é possível conseguir realização na carreira, buscando uma atuação socialmente solidária, sem se esquecer do debate para mudar a realidade dos sistemas educacionais em funcionamento hoje. Porém, para que a profissão não sofra um “apagão” e caia em “desuso” por falta de profissionais, é necessária a reestruturação dos sistemas e também da forma de atrair o jovem para aceitar os desafios da docência.

De acordo com a diretora-executiva do movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz, a atratividade da carreira só será possível com mudanças estruturais que ofereçam ao professor um salário inicial atraente, a valorização social da profissão e melhores condições de trabalho. “Os sistemas de ensino, o Ministério da Educação e o Conselho Nacional de Educação estão se movimentando nesse sentido. O que incomoda é a vagarosidade, deveria haver um maior sentido de urgência”, avalia Priscila.

A diretora explica que, devido ao cansaço típico da docência – tendo em vista a forma como ela é praticada atualmente no Brasil –, os formados em licenciaturas ou áreas de disciplinas trabalhadas no ensino básico acabam optando pela pesquisa ou por outras atividades mais atraentes financeiramente e em termos de estrutura de trabalho. “Apenas 10% dos concluintes do ensino médio têm conhecimento adequado para a série em Matemática. Após a licenciatura [em Matemática], alguns que estavam a um passo da sala de aula são de imediato absorvidos por bancos ou pelo mercado financeiro”, exemplifica a diretora.

Segundo o estudo Atratividade da carreira docente no Brasil, publicado em 2009 pela Fundação Carlos Chagas, o momento atual é de jovens, com embasamento bastante sólido, fugindo da função de mestre. A percepção dos alunos é a de que o professor é um profissional relevante, que serve de modelo ou exemplo a ser seguido, atua como formador de opinião e possui valor social, mas é um profissional desvalorizado e desrespeitado por alunos, sociedade e governos.

A pesquisa foi realizada em 18 escolas públicas e particulares, em oito cidades de grande ou médio porte nas cinco regiões do País: Campo Grande (MS), Curitiba (PR), Feira de Santana (BA), Fortaleza (CE), Joinville (SC), Manaus (AM), São Paulo (SP) e Taubaté (SP). Em cada escola, foram montados grupos de discussão com 10 alunos (193 jovens no total) e foram distribuídos questionários para todos os alunos do 3º ano do ensino médio, totalizando 1.501 respostas. De todos os participantes, 67% sequer consideraram a hipótese de seguir a carreira docente. Entre os 9% que escolheram disciplinas específicas do ensino fundamental II ou do ensino médio para a sua formação universitária, 52% declararam ter pensado em ser docentes e 39% querem ser professores. Nas escolas públicas, a diferença entre os que pensaram e os que querem a carreira é de 14% (de 53% para 37%, respectivamente), enquanto nas particulares, ambientes mais controlados, há apenas uma variação de 51% para 50%.

Segundo o relatório final da pesquisa, os jovens que pensaram em ser professores e desistiram apontam a baixa remuneração como o fator decisivo para a escolha. Alguns alunos acreditam até que a profissão de docente está fadada ao desaparecimento. No entanto, é uma possibilidade considerada menos chocante se realizada complementarmente, de forma secundária, concomitantemente a outra atividade profissional ou quando já tiver estabilidade financeira.

Desafios

O físico e professor Luís Carlos de Menezes, do Conselho Técnico-científico da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) para Educação Básica, atua há décadas na formação de professores. Para ele, a carreira tem que ser remodelada para ser atrativa, mas também é repleta de alternativas e desafios que precisam ser mostrados ao jovem. “Não devemos convidar o futuro professor para reproduzir o mundo, mas para mudar o mundo com o jovem que está com um problema no seu futuro: quais serão as profissões daqui a 20 anos, com as novas tecnologias? O que será do Direito, do Jornalismo, da docência, do pedreiro? Ser educador é um desafio imenso, é educar para o desconhecido, ensinar as pessoas a ser capazes de se reinventarem, olharem para a realidade aprendendo novamente. Pode-se estimular novos professores pelo tamanho do desafio”, defende.

Para Menezes, outra forma de atrair o jovem é focar no dinamismo que a carreira oferecerá futuramente. Um docente de Artes, que possui atividades fora da sala de aula, por exemplo, pode ter na docência uma retaguarda para desenvolver suas habilidades artísticas no mundo exterior aos muros da escola. “É um ofício que permite trabalhar com a juventude, novos fazeres, construir o futuro. O professor é alguém que pode ser autor, produzir conhecimento. É muito desafiador”, considera.

O maior desafio, no entanto, é a atuação nas fronteiras sociais. Apesar da diversidade das condições de trabalho, Menezes acredita que o trabalho em que as condições de vida são mais precárias para a população torna o professor um construtor do futuro. “Nas manifestações deste ano, a palavra mais sinalizada foi educação, dando visibilidade à função do professor. A primeira coisa a ser dita para o professor é que ele é importante, que a educação não é apenas mais um serviço, mas que é a construção de uma nação. A escola é o local onde a criança encontra pela primeira vez a sua nação, quando ela é recebida em um [ambiente] coletivo, reconhecida como pessoa pela sociedade. Quando alguém escolhe ser professor, escolhe ser construtor do País. É uma função de vocação social”, define.

A abordagem proposta por Menezes não ignora o fato da inexistência de uma carreira que mantenha o profissional em sala de aula, com o aperfeiçoamento e o reconhecimento social e salarial. Há, atualmente, alternativas individuais que visam traçar um trajeto de carreira que permita conseguir melhores empregos, como em escolas de alto desempenho, instituições confessionais ou ensino superior. “Não pode haver uma atitude passiva e estática. Sempre buscar formação permanente, mestrado, mestrado profissionalizante ou doutorado não são apenas qualificadores do desempenho, mas também da remuneração e do projeto de vida e carreira”, recomenda.

Mesmo com todos os problemas universalizados na educação brasileira, Menezes avalia que há uma variedade muito grande de condições de trabalho para os dois milhões de professores que atendem em torno de 50 milhões de estudantes no ensino básico, em todo o País, e que permitem a muitos ter satisfação no trabalho. “Não existe uma condição mediana clara deste professor. Há algumas coisas na carreira que são, em média, muito pouco atraentes. A sugestão de longo prazo é colocar escalonamentos que permitam ao profissional enxergar progressão, o que resultaria em mais estímulo ao jovem. A criação de uma carreira com desempenhos e funções diferentes pode ajudar. O professor mais experiente pode ter uma função de formador de docentes dentro da escola, com uma corremuneração vinda do aparelho formador, por exemplo”, sugere.

Fonte: Revista Profissão Mestre

"DESAFIO NA EDUCAÇÃO INFANTIL É MUDAR NOSSA VISÃO SOBRE OS BEBÊS"

Zilma de Oliveira, do Conselho Municipal de Educação de São Paulo, diz que habilidades naturais são mal avaliadas e creches não garantem equidade de atendimento

O papel da educação infantil na vida de bebês e crianças que devem ser atendidos nessa fase – que vai de 0 a 5 anos – não é consenso em todas as unidades de atendimento do País. A "visão da sociedade" sobre as habilidades naturais deles, o que significa sua capacidade de aprendizado, é mal avaliada. Com isso, a oferta de educação infantil perpetua desigualdade de direitos.

A avaliação é da professora associada da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP), Zilma de Moraes Ramos de Oliveira. Integrante do Conselho Municipal de Educação de São Paulo, a pesquisadora conversou com o iG sobre as dificuldades de se implementar a educação infantil no Brasil, que ainda não tem oferta obrigatória (exceto a partir dos 4 anos de idade).

A demanda por creches, no entanto, tem se tornado cada vez maior. E o currículo que define o que essa fase de ensino deve garantir aos alunos – desenvolvimento de habilidades ou cuidados mínimos para os bebês e crianças – ainda não é consenso em todas as redes e nem mesmo na sociedade. “O principal desafio na educação infantil é mudar nossa visão dos bebês, porque as pessoas ignoram as possibilidades de aprendizagem deles”, afirma conselheira.

Confira os principais trechos da entrevista:

iG: Quais são os maiores desafios do País na educação infantil? É só garantir acesso?

Zilma Oliveira: A demanda não é só pelo acesso à vaga, mas também pelo direito da criança de ser estimulada e desenvolver seu vocabulário. Na verdade, há vários desafios nessa etapa, mas o principal é mudar a visão que a sociedade tem de um bebê, de uma criança.

As pessoas ignoram as possibilidades de aprendizagem deles. Não estamos falando em fazer treinamento precoce não, mas sim das habilidades naturais de um bebê. A equidade de atendimento não está garantida no Brasil porque muitas creches estão preocupadas apenas com a guarda da criança. Também é errado pensar na educação infantil para crianças de 3 ou 4 anos como uma miniescola. Ela é um sistema educacional, mas nos obriga a mudar nossa ideia de educação, inclusive nas séries mais adiantadas. Temos uma população que ignora as possibilidades da educação infantil e fica feliz se a criança for bem cuidada e não tiver assaduras. Temos de mostrar a ela que é possível crescer mais.

iG: O que é importante para garantir isso? Assim como em outras séries do ensino fundamental e médio, estamos falando de criar um currículo para essa etapa?

Zilma: Há um grande olhar de renovação curricular para o ensino fundamental, porque as pessoas já perceberam que ir para a escola e ficar sentado copiando no papel deveriam ser coisas do passado. O currículo nada mais é do que o que você faz no cotidiano escolar e, mesmo quando o conceito é de cuidado apenas, há um currículo. Porque a criança aprende a não chorar, aprende a ficar quieta, aprende a se sentar. Os educadores de educação infantil estavam horrorizados com esse currículo de obediência e horrorizados com currículo de escola, então brigaram para ter outro tipo de currículo. As Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil foram feitas para atender essa demanda.

iG: Mas as diretrizes são suficientes para atender a essas demandas por orientação?

Zilma: As formações dos professores ainda não estão examinando as novas diretrizes. Há quem acredite que elas não são suficientes, mas elas são claras. É preciso lembrar também que, por lei, os métodos que os professores e as escolas vão adotar são abertos. Desde que se assegure a aprendizagem, não se pode padronizar métodos. A versão que se tem é a base curricular nacional.

iG: A senhora acredita que seja necessário flexibilizar regras para que os municípios consigam ampliar e construir novas creches?

Zilma: Esse problema de ter documentação em ordem existe para alguns municípios sim. Mas o outro e maior problema para os municípios é a manutenção das creches. É muito mais fácil construir creches do que pagar pela manutenção, que inclui professores, servidores, limpeza. Alguns municípios dão conta de manter e outros não. É difícil para todos, mas para alguns é quase impossível. Esse problema do financiamento tem de ser resolvido.

Fonte: iG

A REFORMA NA PRÁTICA

Alunos e professores avaliam como está o sistema de ensino em implantação na rede estadual desde o ano passado, que instituiu novos métodos de avaliação e organização curricular

Pelos corredores das Escolas e nas manifestações por melhorias na Educação, o Ensino médio Politécnico recebeu um apelido debochado: “politreco”. O sistema em implantação na rede estadual desde o ano passado tem provocado estranheza entre Alunos e Professores, que tentam se adaptar a novos métodos de avaliação e organização curricular.

Na última quinta-feira, a reforma surgiu entre as reivindicações dos participantes do protesto que resultou na depredação da fachada do Museu Júlio de Castilhos, na Capital. As principais mudanças incluem a troca de notas por conceitos descritivos, que classificam o desempenho em provas e trabalhos como satisfatório, parcial ou restrito.

As disciplinas tradicionais foram reunidas em quatro áreas do conhecimento (linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas), e os Professores desses grupos precisam chegar a um consenso para definir o conceito do Aluno. Ao final do ano, mesmo com performance insatisfatória (restrita) em uma área, o Aluno poderá passar para a série seguinte, em um regime de progressão parcial. A possibilidade inflama Educadores, que identificam uma manobra do governo para melhorar, à força, os altos índices de reprovação e evasão.

Para discutir o andamento da reforma, Zero Hora colheu impressões no Colégio Estadual Florinda Tubino Sampaio, no bairro Petrópolis, em Porto Alegre. Prevaleceram as queixas, mas uma avaliação positiva despontou com frequência, ainda que cercada por ressalvas.

– O politécnico não é ruim, mas foi mal implantado – diz a vice-diretora Élida Martini.
– Deveriam ter feito projeto-piloto, aí poderíamos fazer melhorias antes de aplicar – sugere.

A doutora em Educação Nara Eunice Nörnberg concorda que faltou uma fase de preparação mais profunda. Um acompanhamento próximo por parte das Coordenadorias Regionais de Educação, segundo ela, também é fundamental para que todos possam dirimir dúvidas.

– Quando você quer mudar, não pode fazer essa mudança de cima para baixo. A categoria é muito resistente, subversiva. Você precisa conquistar o Professor. O magistério é muito “ver para crer”. A proposta é boa, moderna, mas precisa ser instaurada com cuidado – avalia Nara.

“Politécnico dialoga com a juventude”
A Secretaria Estadual da Educação celebra os primeiros resultados, de 2012. Maria de Guadalupe Menezes de Lima, coordenadora de Gestão do Ensino médio e Profissional da pasta, afirma que o número de repetências foi reduzido em 7% nas turmas do primeiro ano, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

– Na Escola brasileira, o Aluno repete o ano quando não alcança os objetivos. A reprovação gera exclusão, desestímulo, vai calcando a ideia de fracasso. O politécnico tem currículo que dialoga com a juventude. O jovem aprende a aprender com a pesquisa. Não é passe de mágica, está em construção – diz Maria de Guadalupe.


Como é a Proposta de Ensino
Confira as principais mudanças que vêm sendo adotadas na rede estadual de Ensino- A implantação do sistema é gradativa para as três séries: o 1º ano reformulado entrou em vigor em 2012, o 2º ano está sendo implementado em 2013, e o 3º começará em 2014.

- As disciplinas tradicionais foram agrupadas em quatro grandes áreas de conhecimento: linguagens (línguas portuguesa e estrangeira, literatura, Educação física e artes), matemática, ciências da natureza (biologia, física e química) e ciências humanas (história, geografia, sociologia e filosofia).

- O novo modelo de avaliação substitui notas de zero a 10 por conceitos descritivos: Construção Satisfatória da Aprendizagem (CSA), Construção Parcial da Aprendizagem (CPA) e Construção Restrita da Aprendizagem (CRA). Os dois primeiros permitem a aprovação.

Se o estudante apresentar desempenho insatisfatório (restrito) em apenas uma área do conhecimento, poderá passar de ano, em um regime de progressão parcial. Os Professores da série seguinte serão informados de que ele precisará melhorar o aprendizado, e um plano de apoio será elaborado. Caso o Aluno receba conceito restrito em pelo menos duas áreas de conhecimento, será reprovado.

- Os conceitos passam a ser atribuídos por áreas, e não mais para cada disciplina isoladamente. Cada Aluno terá, portanto, quatro conceitos, estabelecidos a partir do consenso entre os Professores envolvidos em cada área de conhecimento.

- A carga horária foi ampliada em mais 600 horas/aula (200 a mais em cada ano). O Ensino médio Politécnico passa a ter um total de 3 mil horas/aula.

- Aproveitando a carga horária extra, os Alunos conduzem projetos de pesquisa, orientados por um Professor específico. Os chamados seminários integrados aprofundam tópicos abordados em sala de aula, em uma das quatro áreas de conhecimento.

O estudante é estimulado a se aprofundar em um tema do seu interesse. A partir de uma aula de biologia, por exemplo, ele pode optar por fazer uma pesquisa sobre sustentabilidade. O Professor que coordena o seminário orientará o trabalho em parceria com o titular da disciplina relacionada. O número de pesquisas que cada Aluno realiza por ano varia de Escola para Escola.

Fonte: Fonte: Secretaria Estadual da Educação

Fonte: Zero Hora (RS)

EDITORIAL: CRESCE O ANALFABETISMO

"Em vez do desenvolvimento natural rumo a uma Educação Básica mais eficiente, o Brasil está retrocedendo", afirma jornal

Depois da universalização das matrículas no Ensino fundamental, que foi uma das principais conquistas do País das décadas de 1990 e 2000, era de esperar uma significativa melhoria na qualidade das Escolas nos últimos anos. Mas, em vez do desenvolvimento natural rumo a uma Educação básica mais eficiente, capaz de assegurar ao País a formação de apitai humano de que necessita para poder crescer e passar para níveis mais sofisticados de produção, o Brasil está retrocedendo.
Essa é urna das mais importantes - e preocupantes - conclusões que podem ser extraídas da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2012, divulgada pelo IBGE. Á pesquisa é realizada desde 1967 e traz informações sobre população, migração, trabalho, rendimento e domicílios, além de Educação. A partir de 2004, ela passou a cobrir todo o País. Para realizar a Pnad de 2012, os técnicos do IBGE consultaram 147 mil domicílios.
Segundo os indicadores da Pnad na área de Educação, o Analfabetismo - que vinha em queda constante desde 1998 -voltou a crescer no ano passado. Os técnicos do IBGE identificaram 13,163 milhões de pessoas que não sabiam ler nem escrever - o equivalente a 8,7% da população com 15 anos ou mais. Em 2011, o número de Analfabetos era de 12,866 milhões.

Em termos absolutos, o aumento foi de 297 mil Analfabetos e se concentrou no Nordeste - especialmente nos Estados da Paraíba, Pernambuco, Bahia e Alagoas. A taxa de Analfabetismo na região passou de 16,9%, em 20,11, para 17,4%, em 2012. O Nordeste concentra 54% do total de Analfabetos do País. Ou seja, um em cada dois Analfabetos é nordestino.

No Centro-Oeste, a taxa de Analfabetismo passou de 6,3%, em 2011, para 6,7%, em 2012. Na Região Norte, ela foi de 10%, no ano passado. As menores taxas foram registradas nas regiões mais desenvolvidas. No Sul, a taxa de Analfabetismo foi de 4,4% da população com 15 anos ou mais. No Sudeste, ela chegou a 4,8%. Santa Catarina é o Estado com a menor taxa de Analfabetismo do País, com 3,1%.
Os números da Pnad também mostram como o Analfabetismo incide sobre a população mais velha. Entre os que têm 60 anos ou mais de idade, 24,4% não sabem ler ou escrever. Na faixa dos 49 aos 59 anos, a proporção é de 9,8% do total. Já na faixa dos 30 aos 39 anos, 5,1% são Analfabetos. As menores taxas - de 2,8% e 1,2% - estão nas faixas de 25 a 29 anos e de 15 a 19 anos, respectivamente.

Os técnicos do IBGE também constataram uma melhora na taxa de Analfabetismo funcional, que passou de 20,4%, em 2011, para 18,3%, em 2012 - uma queda de 2,1 pontos porcentuais. Em termos absolutos, isso significa que o País tinha no ano passado 27,8 milhões de pessoas de 15 anos ou mais de idade com menos de 4 anos de Escolaridade - um número muito alto de brasileiros incapazes de ler e compreender um simples manual de instrução de equipamentos. O levantamento do IBGE mostra ainda que 11,9% da população com 25 anos ou mais de idade não tinha qualquer instrução ou tem menos de um ano de estudo. Em 2011, a proporção era de 115,1%.

Os números da Pnad mostram, no entanto, que, em vez de aumentar o número de pessoas preparadas para enfrentar o ambiente competitivo de um mercado de trabalho cada vez mais sofisticado em termos tecnológicos, a Educação brasileira está no caminho inverso. E, com isso, o Brasil permanece com um importante segmento da população à margem do processo econômico, por falta de instrução,, o que agrava a desigualdade.

Esse é o atestado do fracasso da política educacional adotada nos últimos anos. Ela agitou bandeiras politicamente vistosas, como a adoção do sistema de cotas raciais, a democratização do Ensino superior e a criação de universidades. Mas revelou-se incapaz de alfabetizar e preparar milhões de brasileiros para o mercado de trabalho, negando-lhes com isso as condições para que possam se emancipar econômica e socialmente.

Fonte: O Estado de S. Paulo (SP)

OPINIÃO: PREJUÍZO SILENCIOSO

"Em um país com tanta dificuldade para garantir o direito fundamental mais importante para o bem-estar da população, que é o da Educação, cada dia em sala de aula conta, cada aula conta", afirma Priscila Cruz

Ambos os direitos, à Educação e ao trabalho, são direitos constitucionais fundamentais. O direito à Educação é o primeiro entre os direitos sociais elencados no art. 6º da Constituição Federal, talvez pelo fato de que o constituinte teve o entendimento de que este é o direito social a partir do qual os demais tornam-se possíveis, como o direito ao trabalho, à segurança, à alimentação, entre outros ali colocados.

Infelizmente, como bem sabemos, ainda não conseguimos concluir a agenda mais estratégica do país, que é justamente a de garantir Educação de qualidade para todas as nossas crianças e jovens, especialmente para os mais pobres e que mais dependem da efetivação desse direito para reverter seu ciclo de exclusão e pobreza.

O direito do trabalho nasceu junto com o direito à greve.
Trata-se de importante conquista que permitiu o amadurecimento das relações de trabalho, sendo que nas vezes em que foi exercida de forma justa, tanto empresários ou governos quanto trabalhadores ganharam ao longo do processo.
Entretanto, esses dois princípios constitucionais, do direito à Educação e à greve, podem entrar em choque em alguns casos.

Estamos assistindo em todo o Brasil a frequentes, recorrentes e longas greves de Professores nas redes públicas de Ensino.

Algumas vezes são greves cujo interesse defendido não é o do coletivo, que é a base do direito à greve, mas o interesse de pequenos grupos. Tais greves não são apenas prejudiciais para os Alunos, famílias e população.

Elas também desgastam ainda mais a imagem dos próprios Professores, em um país no qual esse profissional deveria ser o mais valorizado, uma vez que é o mais importante para o nosso desenvolvimento social e econômico.

Existem greves e greves. Algumas são fundamentais para a garantia dos direitos de muitos dos nossos Professores, que ainda seguem sem remuneração justa e condições de trabalho e carreira adequadas.

No entanto, outras são explicitamente de motivação política e ideológica, não tendo relação com os interesses coletivos dos Professores, da maioria deles. E muito menos com os interesses dos Alunos e da sociedade.

Em um país com tanta dificuldade para garantir o direito fundamental mais importante para o bem-estar da população, que é o da Educação, cada dia em sala de aula conta, cada aula conta.

O custo dos dias parados para os Alunos - e para toda a sociedade - é imenso. É um prejuízo silencioso, que muitas vezes não se mostra de imedissato, e que parece não dar conta de mobilizar quem tem a possibilidade de fazer a sua parte para reverter essa situação.

Fonte: O Globo (RJ)

O DESAFIO DE INTEGRAR A TECNOLOGIA

Para a pedagoga Pollyanna Barretto, o modelo educacional que emprega a tecnologia precisa ser adotado pelas escolas como facilitador da aprendizagem

Lousa digital, internet sem fio, imagens em 3D nos projetores e tablets. Recheados de recursos audiovisuais, informações atrativas e livros digitais, as ferramentas tecnológicas prometem tornar as aulas mais interessantes, produtivas e rápidas. No entanto, na hora de avaliar se a Escola do seu filho integra novas tecnologias à sala de aula, os pais precisam observar os usos dessas ferramentas e não devem se deixar seduzir apenas pelos recursos tecnológicos em si. É preciso entender se o uso dessas tecnologias aproxima Alunos e Professores, como elas são adaptadas ao projeto pedagógico da Escola e se o corpo Docente está preparado para essa novidade.

A coordenadora pedagógica do Colégio Madre de Deus, em Boa Viagem, Pollyanna Barretto, afirmou que o modelo educacional que emprega a tecnologia como recurso pedagógico precisa ser adotado pelas Escolas como facilitador da aprendizagem, despertando o interesse dos Alunos nas áreas de pesquisa e projetos educacionais. “Um exemplo de aplicação dessas ferramentas é a disciplina de ciências e tecnologia, oferecida no integral do colégio. A maior parte das atividades é realizada usando os recursos a favor da construção do conhecimento”, explica. Para estimular a curiosidade dos estudantes, o colégio promove a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. “Durante as aulas de tecnologia, os Alunos fazem pesquisas, produção de vídeos e gincanas utilizando a tecnologia dos QR Codes”, acrescenta.

No início do ano, o Madre de Deus adquiriu cerca de 200 tablets para disponibilizá-los aos estudantes. O aparelho é usado de forma complementar aos livros. Para a Professora de tecnologia do colégio, Marielle Azoubel, as Escolas precisam se adequar à era da inovação tecnológica. “A maioria dos nossos Alunos já nasceu praticamente com um computador na mão. Até os celulares oferecem funções que eram desconhecidas há algum tempo. Então, por que não introduzir esses aparatos na nossa prática de Ensino?”, indaga.

Além de despertar o interesse dos Alunos, as ferramentas podem exercer funções educacionais que saem do modelo tradicional. “A tecnologia integrada às atividades Escolares traz resultados bastante satisfatórios na aprendizagem dos nossos Alunos, pois, além de motivá-los ao utilizar recursos de seu interesse, conseguimos levantar problemas, hipóteses e torná-los investigadores de uma determinada situação apresentada”, destaca.

Na Escola Arco-Íris, na Várzea, os recursos tecnológicos são usados como ferramenta de aprendizagem desde as primeiras turmas. Vista como instrumento pedagógico, diferentemente da maioria das Escolas, a informática é um recurso de pesquisa, redação, comunicação, cálculo, montagem de gráficos, resolução de jogos e desafios matemáticos. Ao invés de reduzir-se a uma ou duas aulas por semana enfocando os comandos do computador, os Professores de todas as disciplinas têm horários no laboratório com o objetivo de usar a máquina a favor das habilidades e descobertas do Aluno. Assim, aprende-se a dominar o PC por meio da busca do conhecimento.



SAIBA MAIS
Recursos tecnológicos como ferramenta Escolar

Dever de casa digital
Em muitas Escolas, os exercícios de casa podem ser feitos com o auxílio de tablets ou pelo computador, o que exige adaptação também dos pais ou responsáveis para lidar com a ferramenta

Vantagens e usos
Com o tablet, por exemplo, o Professor pode preparar as aulas, acessar a internet durante o contato com o Aluno, estimular pesquisas, ler livros digitais, consultar conteúdos disponíveis no equipamento

Tecnologia já é realidade na rede estadual
No ano passado, foram entregues 156 mil notbooks/tablets aos Alunos de 2º e 3º anos do Ensino médio das Escolas estaduais. A expectativa é de que o governo entregue mais 114 mil equipamentos até o fim do ano

Governo federal quer tablets nas Escolas
O Ministério da Educação (MEC) planeja comprar até 600 mil tablets para distribuí-los a Professores do nível médio de Escolas públicas. O investimento será de aproximadamente R$ 150 milhões

Fontes: Colégio Madre de Deus, MEC, Secretaria Estadual de Educação

Fonte: Diário de Pernambuco (PE)

ANALFABETISMO VOLTA A CRESCER NO BRASIL APÓS 15 ANOS DE QUEDA

Índice de indivíduos que não sabiam ler e escrever em 2012 foi de 8,5%

A taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais voltou a crescer no Brasil após um período de mais de 15 anos de declínio, segundo dados da Pnad 2012 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), divulgados nesta sexta-feira (27). O país não registrava crescimento da taxa de analfabetismo desde 1997.

Na série harmonizada --que exclui 4,1 milhões de pessoas que residem nas áreas rurais da região Norte--, o índice de indivíduos que, em 2012, não sabiam ler e escrever foi de 8,5%. Esse dado representa aumento de um décimo percentual (0,1%) em relação ao ano anterior.

Consideradas as áreas rurais, em 2012, a taxa de analfabetismo foi de 8,7%. O índice representa um contingente de 13,2 milhões de pessoas, número absoluto que supera, por exemplo, a população da cidade de São Paulo (11,3 milhões). Em relação ao ano anterior, também houve crescimento percentual de um décimo.

Na prática, os pesquisadores do IBGE registraram no ano passado 300 mil analfabetos a mais em comparação com a amostra de 2011.

A diferença entre as estatísticas reais e as da série harmonizada ocorrem porque, até 2003, em razão da dificuldade para coletar dados nas áreas rurais, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) não incluía tais regiões em sua amostra por domicílios. Sendo assim, para não prejudicar a comparação histórica --que vai de 1992 a 2012--, são considerados apenas os indivíduos residentes nas áreas urbanas.

Em 1997, último ano no qual o número de analfabetos havia crescido no país, segundo o IBGE, a taxa também esteve um décimo percentual acima do índice do ano anterior --isto é, pulara de 14,6% para 14,7%. Nos últimos 20 anos, o indicador vem caindo progressivamente, em uma média percentual de 0,4% por ano.

A taxa de analfabetismo no Brasil é puxada principalmente pelos resultados do Nordeste, onde estão concentrados 54% do total de pessoas com 15 anos ou mais que não sabem ler e escrever. Por outro lado, o Nordeste foi a região que apresentou a melhor evolução nos últimos oito anos: redução de 5,1%.

A dona de casa alagoana Rosilene Rocha da Silva, 35, está em processo de alfabetização. Ela estuda com mais seis pessoas em um projeto voluntário da Igreja Batista do Pinheiro, em Maceió. A instituição religiosa cedeu sala, material e professor.

"Comecei há dois anos e meio a estudar. Cursei até a quarta série, quando era adolescente, mas não terminei. Nunca tinha apreendido a ler, quando comecei a participar da turma formada pela Igreja Batista do Pinheiro. Voltei a estudar depois de 16 anos", disse ela.

"Já aprendi a ler. Na última avaliação, o professor disse que estou craque. Mas vou aos poucos. Quando pego um livro, leio duas paginas e dou um tempinho para descansar. (...) Escrever ainda estou aprendendo, ainda tem um errinho de uma letrinha aqui e acolá", completou a dona de casa.

As regiões Nordeste e Centro-Oeste foram as únicas que registraram crescimento do número de analfabetos na comparação entre os anos de 2011 e 2012. A região Sul, por sua vez, é a que possui a menor taxa de analfabetismo (4,4%).

Mais velhos
A Pnad 2012 mostra ainda que a taxa de analfabetismo tem se mostrado maior nas faixas etárias mais elevadas. Entre os que tinham de 15 a 19 anos, o índice foi de 1,2%, contra 1,6% daqueles de 20 a 24 anos; 2,8% no grupo de 25 a 29 anos; 5,1% de 30 a 39 anos; 9,8% para as pessoas de 40 a 59 anos; e 24,4% dentre aqueles de 60 anos ou mais de idade.

"O analfabetismo tem endereço. Sabemos onde está localizado e em que tipo de população ele está localizado. É uma população mais velha, um estoque de pessoas que ainda não se alfabetizaram. A maioria está no Nordeste. O que a gente pode entender é que, a médio e longo prazo, conforme esse estoque for diminuindo e a população mais jovem for crescendo, a tendência é que esse índice caia", afirmou a gerente da Pnad, Maria Lúcia Vieira.

Analfabetismo funcional
A taxa de analfabetismo funcional, por outro lado, caiu de 20,4% para 18,3% entre as edições de 2011 e 2012 da Pnad. O índice é representado pela proporção de pessoas de 15 anos ou mais que possuem menos de 4 anos de estudo completos em relação ao total de pessoas do mesmo grupo etário.

Em 2012, o IBGE contabilizou 27,8 milhões de analfabetos funcionais. As regiões Norte e Nordeste registraram os maiores percentuais de analfabetos funcionais, 21,9% e 28,4%, respectivamente.

Já nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, esse indicador foi de 13,2%, 13,7% e 16,5%, nessa ordem. Frente às estimativas de 2011, a região Norte teve redução de 3,4 pontos percentuais.

Nível de instrução
A Pnad 2012 também identificou diminuição da proporção de pessoas sem instrução e com menos de um ano de estudo: de 15,1% para 11,9% no mesmo período. Os dados mostram também aumento do percentual dos indivíduos que possuíam nível fundamental incompleto ou equivalente --de 31,5% para 33,5%-- na comparação com o ano anterior.

A amostra considera a distribuição das pessoas de 25 anos ou mais, e exclui os grupos etários que, segundo o IBGE, ainda poderiam estar em processo de escolarização.

O percentual de pessoas com nível superior completo aumentou de 11,4%, em 2011, para 12,0%, em 2012. Assim, em 2012, havia 14,2 milhões de pessoas com nível superior completo, o que representa 6,5% a mais que em 2011.

Ainda de acordo com o IBGE, do total da população desocupada (6,2 milhões de pessoas), isto é, os que não possuem emprego e não estão à procura, 53,1% não tinham completado o ensino médio até a Pnad 2012.

Frequência escolar
A taxa de escolarização das crianças e adolescentes de 6 a 14 anos de idade foi de 98,2% em 2012, o mesmo percentual verificado em 2011.

Para os jovens de 15 a 17 anos de idade, o percentual dos que frequentavam escola foi de 84,2% em 2012, proporção superior à observada em 2011, quando foi de 83,7%.

Quando se observou as pessoas de 18 a 24 anos de idade, a média nacional foi de 29,4%. As regiões Norte e Centro-Oeste se destacaram com os maiores percentuais de pessoas estudando, ambas com 32,0%.

Fonte: UOL Educação

CRIANÇAS VÃO PARA A ESCOLA MAIS CEDO, E JOVENS PASSAM MAIS TEMPO ESTUDANDO, DIZ PNAD

Pesquisa indicou que a taxa de escolarização das crianças de cinco e seis anos já atingiu 92%

Julia, 2, já consegue ler algumas palavras e contar até dez. Caio, 7, tornou-se mais maduro do que as crianças de sua idade, segundo a mãe. Ambos ingressaram na escola antes de completarem seis meses de idade e refletem uma tendência cada vez mais clara segundo a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) 2012, divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta-feira (27).

A pesquisa indicou que a taxa de escolarização das crianças de cinco e seis anos já atingiu 92%. Em 2002, apenas 77,2% delas estavam na escola com estas mesmas idades. "As crianças estão entrando na escola cada vez mais cedo. Os motivos são inúmeros", afirma Maria Lúcia Vieira, gerente da Pnad.

A universalização da educação infantil no país é a primeira meta do PNE (Plano Nacional de Educação), que tramita no Senado Federal. A proposta é aumentar em 50% o atendimento a crianças com até três anos até 2020 – há estudos que destacam os benefícios da escola no desenvolvimento de indivíduos nesta faixa de idade. E universalizar o acesso na faixa etária dos quatro e cinco anos, até 2016.

Mas os pais também têm percebido a necessidade de matricular seus filhos em creches e escolas cada vez mais cedo por outras razões. "Não tínhamos outra opção, na verdade. Eu e o pai dele trabalhamos e não queríamos deixa-lo com a babá o dia inteiro", diz a mãe de Caio, Daniela Gitirana Bartolomeu Verçoza, que colocou o filho "para estudar" com quatro meses e meio de idade. "Mas na escola ele se desenvolveu mais."

Julia ingressou na creche onde a mãe trabalhava com três meses e meio. Teve gripes e resfriados mais frequentes, mas seus pais não se arrependem. "Se pudesse voltar atrás, talvez não colocasse tão pequena. Deixaria completar seis meses. Mas a escola é uma maneira dela aceitar os outros", afirma a pedagoga Juliana Heinzmann. "As crianças nesta idade acabam sendo muito egoístas."

Jovens: mais tempo na escola e trabalho mais tarde
As pessoas não estão só entrando na escola mais cedo, como permanecendo mais tempo. Em 2012, os jovens de 20 a 24 anos declararam ter passado, em média, 9,9 anos estudando ao longo da vida. Em compensação, pessoas com 60 anos ou mais informaram ter estudado apenas 4,4 anos em média.

Para os jovens de 15 a 17 anos de idade, o percentual dos que frequentavam escola foi de 84,2%, proporção um pouco superior à observada em 2011 (83,7%.). Este número era de 81,5% dez anos antes da pesquisa.

Os pais também têm optado por ter menos filhos, uma tendência observada há anos pela Pnad. A população jovem tem diminuído em todas as faixas de idade até os 24 anos. Em 2004, a base da pirâmide era bem mais larga que em 2012: 42,8% da população era representada por pessoas de até 24 anos. Oito anos depois, para a mesma faixa etária, o percentual caiu para 39,6%.

A região Norte é a que apresenta, segundo o levantamento do IBGE, a maior concentração relativa das faixas etárias mais jovens, atingindo 48,8% para pessoas com até 24 anos.

Por outro lado, os jovens protagonizam uma situação preocupante: começam a trabalhar cada vez mais tarde. Os grupos etários compreendidos por pessoas de 20 a 29 anos apresentaram tendência de perda de participação entre os ocupados (de 24,87% da população economicamente ativa em 2011 para 24,13% em 2012). E 34,6% dos desocupados têm idades entre 18 e 24 anos – 0,7% a mais que no ano anterior.

Como previsto pelas análises anteriores do IBGE, os jovens são o grupo etário que mais acessa a internet. Na Pnad 2012, observou-se que o grupo entre 15 e 17 anos tem o maior percentual de pessoas que acessam a rede: 76,7%.


Fonte: UOL Educação

GASTO POR ALUNO DO ENSINO BÁSICO CRESCE ACIMA DE 100% EM APENAS SEIS ANOS

De acordo com números apurados pelo Inep, em 2011, foram investidos R$ 4.267 por estudante

Uma das deficiências mais notórias do Ensino Público brasileiro foi drasticamente atenuada da década passada para cá, como mostram dados ainda pouco divulgados e analisados.

De acordo com números apurados pelo Inep, em 2011, foram investidos R$ 4.267 por estudante.


O Grupo Folha não autoriza a publicação na íntegra do conteúdo produzido pelo jornal Folha de S. Paulo


Fonte: Folha.com

IDHM DE EDUCAÇÃO: CONHEÇA AS 5 CIDADES HÁ 20 ANOS ABAIXO DA MÉDIA

Os cinco últimos municípios no ranking tiveram índices de Educação menor do que 0,279

O avanço na educação chegou aos locais mais afastados do Norte do País. Mas a situação na região era tão precária há 20 anos que, mesmo melhorando entre quatro e 12 vezes o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de Educação, divulgado neste ano e referente a 2010, cinco cidades apresentam um cenário abaixo da média nacional em 1991.

Os cinco últimos colocados no ranking tiveram índices de educação menor do que 0,279, resultado geral brasileiro em 1991: as cidades paraenses de Melgaço e Chaves, além de Atalaia do Norte e Itamarati, no Amazonas, e Uiramutã, em Roraima.

Uma delas tem hoje 3% dos jovens no ensino superior - número baixo, mas um avanço em relação ao registrado 20 anos atrás, quando a cidade não tinha nenhum universitário. Outra localidade viu seu IDHM de educação crescer oito vezes, mesmo assim, praticamente metade da sua população é analfabeta.

Segundo dados do relatório do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), dos 1.588 municípios que apresentaram crescimento muito acima da média, 58,7% estão localizados na região Nordeste e 15,3% na região Norte. Ao mesmo tempo, essas duas regiões tem mais de 90% de seus municípios nas faixas de baixo e muito baixo no índice de educação.

Com ainda muito a melhorar, o Norte brasileiro precisa vencer desafios como a dificuldade de acesso de comunidades ribeirinhas e indígenas à escola e a deficitária capacitação de boa parte de seus professores. Conheça, a seguir, um pouco mais sobre as cinco cidades cuja educação não ultrapassou o IDHM brasileiro de 20 anos atrás.

Faltam professores indígenas em Uiramutã
Uiramutã é um pequeno município de Roraima com 8.375 habitantes, localizado próximo à divisa com a Guiana. Seu IDHM de Educação subiu de 0,045 em 1991 para 0,276 em 2010, cerca de seis vezes. A cidade, que ficou com o quinto pior índice, tem 90% da população indígena. Segundo dados do Censo Escolar 2012, os estudantes indígenas estão distribuídos em 248 escolas e representam 65% dos matriculados na rede estadual do município. Na maioria das aldeias, fala-se apenas a língua indígena.

Em relação à frequência escolar, das crianças de 6 a 14 anos, 39,79% não frequentavam a escola em 2010. Já entre os jovens de 15 a 17 anos, 38,42% cursavam o ensino fundamental. Da população adulta, 38,5% é analfabeta. Em 2010, a expectativa de anos de estudo entre as crianças foi de 4,73. Exceção entre as cinco piores cidades, Uiramutã viu essa média cair: em 1991, se esperava um período de 5,53 anos na escola.

Entre as explicações para o baixo índice está o difícil acesso às escolas e a falta de capacitação dos docentes. A professora Ineide Izidorio Messias, chefe da Divisão de Educação Indígena da Secretaria Estadual de Educação e Desportos de Roraima (SEED), aponta como dificuldade os recursos financeiros, que muitas vezes não chegavam às mãos da divisão. Além disso, nem sempre é possível executar planos de ação, pois as escolas ficam localizadas em áreas de difícil acesso. "De abril a setembro, por exemplo, é época de cheias. Os professores não conseguem chegar nem sair das aldeias", explica.

Para melhorar a educação, a professora conta que a divisão está tentando mudar o calendário escolar, junto ao conselho estadual, facilitando também a capacitação dos professores. "Estamos buscando alternativas, orientando melhor os professores, que muitas vezes são formados apenas no ensino médio e precisam de melhor capacitação, por meio de treinamentos oferecidos pelo governo. Para isso, precisamos facilitar também o acesso deles aos cursos", diz.

A procura de alunos pelas escolas indígenas de Uiramutã está aumentando. Ao mesmo tempo, é preciso aumentar o número de professores indígenas capacitados. Muitas escolas ainda têm de funcionar com turmas multisseriadas, com alunos de várias séries e apenas um professor. "É importante que esse professor seja indígena, seja parte da aldeia, principalmente pela questão da língua e costumes diferentes. Os povos preferem professores indígenas porque o ensino flui melhor e a cultura é cultivada", afirma.

Outro problema apontando por Ineide é a falta de infraestrutura das escolas indígenas, apesar do fornecimento de material e merenda escolar pela Secretaria de Educação. "É uma questão reivindicada pelo povo. Algumas escolas são feitas de alvenaria, mas a maioria é de palha, de terra batida, paredes de barro, no jeito da aldeia. Porém, os recursos para as melhorias demoram a chegar, existe um processo burocrático. Nossos estudantes querem mudanças mais imediatas", conclui.

Escolas multisseriadas em Itamarati
O quarto pior IDHM de Educação do País, 0,266, pertence a Itamarati, cidade localizada no interior do Amazonas, com 8.038 habitantes. Desde 1991, o índice subiu cerca de 8,5 vezes, mas continua muito baixo. Dos alunos de 15 a 17 anos, 15,43% estavam cursando o ensino fundamental em 2010. Entre 1991 e 2000, não havia nenhum. Os anos esperados de estudo em Itamarati aumentaram de 3,34 anos em 91 para 5,84 em 2010. No Estado do Amazonas, a expectativa era de 8,54 anos na escola em 2010.

Para o secretário municipal de Educação em exercício, Eder Gomes Maia, o problema da educação em Itamarati é histórico. "Estamos trabalhando para capacitar melhor os professores e manter os alunos na escola, inclusive com acompanhamento junto aos pais do estudante, tentando conscientizá-los sobre a importância do estudo. Acredito que nosso próximo IDHM de Educação terá melhorado muito", afirma.

Em Itamarati, também existem escolas multisseriadas porque há pouca demanda de alunos em pontos muito afastados das zonas indígenas. Um projeto para agrupar várias escolas de comunidade próximas foi apresentado aos ribeirinhos, que não quiseram deixar suas comunidades para estudar. "Também existe uma parte dos ribeirinhos que migra muito, abandonando as escolas construídas em alguns locais. Precisamos de políticas públicas que permitam que eles possam permanecer em uma determinada região. É um problema cultural", completa Maia.

Contudo, no geral, a demanda de alunos cresceu na cidade nos últimos anos, aumentando a necessidade de novas escolas. Em 2013, foram construídas quatro escolas de ensino fundamental, duas na zona rural e duas em aldeias indígenas. "Já mandamos para o governo federal os projetos para a construção de mais três escolas na área urbana. Estamos esperando a contemplação", conta. Para complementar a formação dos estudantes, são oferecidas aulas de reforço há três anos na cidade.

A capacitação dos professores também é uma preocupação. “Oferecemos programas de formação continuada aos professores e estamos tentando, em parceria com a Universidade Estadual do Amazonas (UEA) trazer novos cursos de formação universitária ao município, em 2014”, conta. Segundo a UEA, o Programa de Formação de Professores (Proformar) ofereceu cursos normais superiores aos professores estaduais e municipais de Itamarati, concluídos em 2008. Em 2012, foi concluído o curso de Tecnologia em Gestão Ambiental. Atualmente, está em andamento a formação de Matemática.

Dificuldade de acesso às escolas indígenas em Atalaia do Norte
Apesar de ter aumentando seu IDHM de Educação cerca de 4,5 vezes, de 1991 para 2010, a cidade amazonense Atalaia do Norte apresenta o terceiro pior índice do País. Com 15.153 habitantes, em 2010, o indicador ficou em 0,259, considerado muito baixo. A taxa de analfabetismo diminuiu 32,25% nas últimas duas décadas, mas continua alta: 43,6% da população acima de 25 anos ainda é analfabeta. Em 2010, 43,91% dos jovens de 15 a 17 anos não frequentavam a escola e apenas 2,33% cursavam o ensino médio regular sem atraso.

Entre 1991 e 2000, não havia nenhum jovem - de 18 e 24 anos - na faculdade. Em 2010, foi registrado que 3,03% dessa população estava no ensino superior. Um dos problemas que impedem o avanço na educação é o difícil acesso às escolas indígenas e a falta de infraestrutura.

Segundo o Secretário de Comunicação da prefeitura de Atalaia do Norte, Nailson Carlos, a captação de recursos para investir em educação foi uma dificuldade nos últimos anos. Na área urbana, existem duas escolas municipais e três estaduais, além de duas escolas nos pelotões de fronteira com o Peru. Na área indígena, 54 escolas dependem de entregas de material e merenda escolar por barco, única forma de acesso às aldeias, que chegam a estar a 790 quilômetros da sede municipal. "As empresas relutam em investir e construir escolas com essa logística difícil", conta Carlos.

Segundo Jeanne Gouvea dos Reis, gestora representante do Estado do Amazonas e da Escola Estadual Pio Veiga (maior escola do município, com 1.052 alunos), "as escolas estaduais estão em bom estado, em prédios de alvenaria". Sua única reivindicação são aparelhos eletrônicos que possam incrementar os laboratórios de informática.

Piores índices estão no Pará
Melgaço, no Pará, tem o pior IDHM de Educação do País: 0,207. Sua população é de 24.808 habitantes. Apesar de ter crescido mais de oito vezes desde 1991, quando o índice era 0,024, o município ainda apresenta um índice muito baixo. Quase metade da população de 18 anos ou mais, 47,3%, ainda é analfabeta. Entre os jovens de 15 a 17 anos, apenas 1,91% estavam cursando o ensino médio regular sem atraso em 2010. Nenhum dos telefones da prefeitura e da Secretaria de Educação atendeu às ligações da reportagem para comentar a situação.

Também no Pará, a cidade de Chaves, que tem 21.005 habitantes, possui o segundo pior índice do Brasil: 0,234. A educação na cidade cresceu mais de 12 vezes desde 1991, quando o índice era de 0,020. O município ainda detém um indicador considerado muito baixo, apesar de a taxa de analfabetismo da população de 18 anos ou mais ter diminuído 12,47% nos últimos 20 anos. Também houve dificuldade da reportagem em contatar os órgãos gestores da educação no município.

Os municípios de Melgaço e Chaves estão localizados no arquipélago de Marajó. Ambas sofrem com problemas de acesso às escolas. Mais de 70% de suas populações vive em comunidades afastadas. Algumas chegam a estar distantes cerca de 16 horas de barco das sedes dos municípios. Segundo o secretário adjunto de ensino, da Secretaria Estadual de Educação (SEDUC) do Pará, Licurgo Peixoto de Brito, a situação da educação é muito semelhante em ambas as cidades. A população ribeirinha não consegue se deslocar até a escola, porque não há transporte fluvial suficiente. "O modo de vida dos ribeirinhos, que vivem em lugares mais afastados, e a falta de investimento adequado para que se supere as dificuldades naturais de acesso fazem com que a melhora no ensino seja muito pequena", explica.

O transporte fluvial é, na maioria das vezes, o único meio de chegar à escola de algumas comunidades. Além disso, a energia elétrica na ilha é falha, o que dificulta o acesso à informação. "É preciso desenvolver um plano estratégico que articule melhor a infraestrutura no transporte e um investimento na cadeia produtiva da região", conclui. Já existe, no Estado, o Plano de Desenvolvimento do Marajó, criado pelo Movimento Marajó Forte, que visa a utilizar recursos do governo para construir escolas, melhorar o sistema fluvial e o acesso ao ensino. O plano, que ainda está em fase de aperfeiçoamento, não tem previsão de quando será enviado ao governo federal.

Entenda o índice
O componente de educação no IDHM é formulado com base em dois subíndices: a escolaridade da população adulta e o fluxo escolar da população jovem. Segundo o coordenador do Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil, Marco Aurélio Costa, deve-se investir na educação de jovens, a base dos índices. "Temos de olhar os índices de escolaridade adulta e infantil separadamente, pois a educação é tomada como um ciclo: se temos índices e dados baixos na população jovem, dificilmente teremos bons números na população adulta. O desafio maior é manter o jovem na escola na idade e série corretas", opina.

De 1991 até 2010, 185 municípios tiveram um crescimento acima de 1.000% e 235 municípios, de 900%. A média de crescimento geral do Brasil foi de 180%. Nas últimas décadas, a distância entre a cidade com o melhor indicador e a com o pior diminuiu. Em 1991, o melhor IDHM, de Niterói (RJ) era 55 vezes maior do que o pior, de Campos Lindos (TO). Em 2010, o melhor índice, de Águas de São Pedro (SP), é apenas 4 vezes maior do que em Melgaço (PA), o pior do País.

Fonte: Terra