terça-feira, 26 de agosto de 2014

Eles crescem e se afastam das bibliotecas

Na medida em que avançam as séries escolares, crianças passam a frequentar menos as salas de livros

Enquanto mais da metade (57%) dos alunos do 5º ano do ensino fundamental da rede pública utilizaram as bibliotecas e salas de leitura sempre ou quase sempre, apenas menos de um terço (30%) dos alunos do 9º ano o fizeram. A última avaliação nacional Prova Brasil evidenciou que o uso das bibliotecas nas escolas cai conforme os alunos avançam de série.

Para a psicopedagoga Betina Serson muitos são os motivos, e o principal deles é a falta de incentivo dos pais, da escola e dos amigos. “Desde pequena a criança tem que ser acostumada com os livros, principalmente pelo hábito de ouvir histórias. Assim o seu interesse em visitar as bibliotecas, seja para ter contato com os livros ou com as atividades do local, se torna natural”.

A pesquisa apontou também que enquanto 24% dos alunos do 5º ano frequentavam esses espaços de vez em quando, e 18% quase nunca, 35% dos alunos do 9º ano o faziam de vez em quando e 35,1% quase nunca. A pesquisa foi realizada em escolas que ofereciam bibliotecas e salas de leitura em 2011, o equivalente a 38% dos 156.164 estabelecimentos públicos de ensino básico do país.

Principais motivos

“Infelizmente, com esses dados concluímos que o incentivo à leitura vai caindo ao longo dos anos, e sabemos que isso é algo muito ruim”, afirma o gerente de Conteúdo do movimento Todos pela Educação, Ricardo Falzetta. Os motivos para essa redução variam, segundo ele, a começar pela falta de espaços de leitura adequados, carência de acervo diversificado e ausência de profissionais qualificados para atender aos alunos. O grande volume de conteúdo passado aos alunos dos anos finais do ensino fundamental e médio é outro fator relevante, segundo Ricardo.

A diretora de Educação e Cultura da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público Ecofuturo, Christine Fontelles, acredita que nas escolas a literatura é pouca e sempre atrelada a tarefas. Para a psicopedagoga Valéria Tiusso, a leitura é “um dos mais importantes recursos que levam as crianças a desenvolverem o senso crítico, a perceberem o mundo a sua volta e a despertarem a sua emoção, o que propicia um crescimento saudável e prazeroso”.


Criando bons hábitos

“Os pais podem e devem frequentar mais as livrarias e bibliotecas. Hoje em dia, a maioria das livrarias tem atividades para as crianças e são de graça, principalmente nas férias e nos finais de semana. Na cidade de São Paulo há bibliotecas públicas muito boas e que também oferecem atividades para as crianças”, indica Betina Serson.

Para a psicopedagoga Fabíola Batista, a televisão, os celulares e a internet fomentam o afastamento entre crianças e livros, apesar de serem itens positivos para o seu desenvolvimento. Portanto, cabe aos pais refletir se a criança é capaz de usufruir deles sem se afastar dos livros. “A criança não tem maturidade para discernir que a leitura é importante para sua vida, portanto a sua interação com as tecnologias e com os livros deve ser monitorada”, diz.


Mais bibliotecas

O Plano Nacional de Educação estabelece a biblioteca como um dos itens de infraestrutura que devem existir em todas as escolas públicas de educação básica até o fim de 2024.

A avaliação Prova Brasil mostrou que 84% das bibliotecas e salas de leitura das escolas consideradas no levantamento, em 2011, tinham acervo diversificado, 76% estavam instaladas em lugares arejados e bem iluminados e 78% disponibilizavam um profissional responsável para atender os alunos.



Fonte: Jornal do Trem

http://www.todospelaeducacao.org.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário