quinta-feira, 1 de março de 2012

Campeões dos Números

Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep) contou com cerca de 19 milhões de estudantes no ano passado e é vista como investimento no futuro

 
O Distrito Federal é a quarta unidade da Federação com mais medalhistas de ouro na 7ª Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep). Mesmo com um número menor de alunos e Escolas, Brasília só perde para Minas Gerais, com 111 medalhas douradas; Rio de Janeiro, com 84; e São Paulo, com 78. No DF, 37 estudantes conquistaram ouro, 44 prata, 54 bronze e 466 ganharam menção honrosa. Desses 37 jovens do topo do ranking, 29 são do Colégio Militar de Brasília, seis do Colégio Militar Dom Pedro II e dois estudam em centros de ensino fundamental.
Hoje, será a cerimônia oficial do anúncio dos premiados da Obmep 2011, com as presenças dos ministros da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Marco Antônio Raupp; e da Educação (MEC), Aloizio Mercadante. A cerimônia, no auditório do MCTI, além de consagrar estudantes que obtiveram melhor desempenho na competição, lançará oficialmente a edição de 2012 da Obmep.
DESTAQUES
A olimpíada vem chamando a atenção pela abrangência e alcance que conquistou nos últimos anos em todo o Brasil. A primeira edição, em 2005, teve 10,5 milhões de inscritos de 31 mil Escolas. Em 2011, na primeira fase, esse número saltou para 18,7 milhões de participantes, vindos de 44,6 mil Escolas. Para premiar os melhores colocados, são entregues 500 medalhas de ouro, 900 medalhas de prata, 1,8 mil medalhas de bronze e 30 mil certificados de menção honrosa.
A disputa é dividida em três níveis, de acordo com a série dos competidores. O primeiro é para estudantes de 6º e 7º ano; o segundo, para 8º e 9º; e o terceiro engloba todo o ensino médio. Além de ter sido um dos 37 premiados com ouro do DF, Fábio da Silva Soares, 15 anos, tem outro motivo para se orgulhar. O adolescente deixou para trás 200 medalhistas dourados e conquistou o segundo lugar na colocação geral do nível 2. Título que ele mantém com humildade: “Eu achei que fosse ganhar a medalha, mas ficar tão bem colocado foi uma surpresa”.
No 9º ano, Fábio já possuía outras duas medalhas de ouro e uma de prata de competições anteriores. Agora, ele e o colega Vitor Daniel Gonzaga de Freitas, que ficou em 29º lugar do mesmo nível, avançam para o nível 3, em que competem com alunos do 2º e do 3º anos do ensino médio. “Sempre tem uma diferença no grau de dificuldade, mas é um desafio a mais”, define Vitor.
Diferença que Gabriel Sena Galvão, 16 anos, sentiu. Com um histórico de medalhas e um ouro no último ano do ensino fundamental, ele esperava manter o rendimento. Mesmo estudando para a olimpíada, Gabriel ficou com uma medalha de prata na primeira disputa de que participou no nível 3. O resultado, que para alguns pode ser ótimo, é motivo para mais cobrança, principalmente porque a olimpíada é vista como investimento no futuro. “Para ser sincero, eu não estou na minha melhor fase”, diz. “Mas, com a preparação para a olimpíada, fiquei estimulado para estudar até outras matérias. Este ano, eu vou focar no ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica e todo conhecimento que ganhei nas competições é válido.”
ISNPIRAÇÃO
Com experiência e reconhecimento na Obmep, eles se sentem motivados a traçar planos audaciosos. O irmão de Vitor Daniel, Lucas, conseguiu uma bolsa para estudar em Harvard (considerada a melhor universidade dos EUA) e é um exemplo que muitos pretendem seguir. Fábio Soares sonha com o Massachusetts Institute of Technology (MIT) ou com Harvard, e Caio Oliveira Dantas, medalhista de ouro do nível 3, também considera as universidades norte-americanas da Pensilvânia e de Columbia.
O estudante de 16 anos não tem dúvida de que a premiação na olimpíada é um diferencial. Caso não consiga a bolsa para estudar fora, ele pretende cursar ciências moleculares na Universidade de São Paulo (USP). Dedicar-se mais à Obmep deste ano é uma de suas metas. “Me arrependo um pouco de não ter me esforçado mais antes, principalmente no primeiro ano, quando eu quase fui para a olimpíada internacional de astronomia”, conta.
Outros irmãos figuram entre os medalhistas de ouro: Henrique Gasparini Fiuza do Nascimento, 16 anos, e Arthur Gasparini Fiuza do Nascimento, 12. O primeiro é pentacampeão da Obmep e representa o Brasil, com outros cinco estudantes brasileiros, na Romanian Master of Mathematics (RMM), evento internacional que se realiza nesta semana na Romênia.
A quarta competição internacional de Henrique serve como inspiração para o irmão iniciante, Arthur. Em sua segunda participação no certame, ele conquistou a segunda medalha de ouro e ficou em primeiro lugar do seu nível no DF. Mesmo tão novo, reconhece que o segredo é simples: estudar. “Refiz as provas anteriores e fiz bastante exercício do banco de questões. Me preparei bastante”, relata Arthur.
Não só a família incentiva o aluno do 8º ano, como também os professores. E eles tiveram seus trabalhos reconhecidos. Jorge Luiz Marinho Pinto, do Colégio Militar de Brasília; e Edgard Cândido dos Santos e Nahida Faissal Bassis do Colégio Militar Dom Pedro II, foram premiados com um computador portátil e um pacote de programas livres relacionados ao ensino de matemática. Para Nahida, professora do 7º ano, o aprendizado vem da sala de aula. “Em algumas avaliações, colocamos exercícios da Obmep”, diz. Na trajetória desses adolescentes, vencer olimpíadas é o primeiro passo para construir e realizar grandes sonhos.

Fonte: Correio Braziliense (DF)

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