terça-feira, 12 de março de 2013

OLIMPÍADAS DE CONHECIMENTO SE DISSEMINAM PELO PAÍS

Especialistas discutem vantagens e falhas das competições. Veja a lista com os principais eventos brasileiros

Em tempos de grandes eventos esportivos no Brasil, corre num circuito paralelo competições que mobilizam cada vez mais participantes: as olimpíadas de conhecimento. Física, astronomia, informática e até oceanografia estão entre as possibilidades. Mas, enquanto alunos se esforçam para garantir medalhas e escolas abrem turmas de preparação, especialistas recomendam cautela para que o bom ensino não seja atropelado pela competitividade exagerada.

O estudante Franco Matheus Severo, de 17 anos, começou a participar de competições de conhecimento quando tinha 12 anos. Desde então, foi adquirindo gosto pela prática. A primeira grande conquista foi uma medalha de prata na Olimpíada de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP). O destaque rendeu-lhe uma bolsa de estudos num colégio particular, onde passou a participar de turmas de treinamento intensivo para as competições.

De lá para cá, o empenho do garoto, que é apaixonado por matemática, só aumentou, assim como sua coleção de medalhas. No ano passado, enquanto cursava o 2º ano do ensino médio, ele garantiu três premiações em olimpíadas de matemática: ouro na Olimpíada Brasileira, prata na Ibero-americana e bronze na Internacional.

— É muito produtivo participar dessas competições. A cada resultado positivo, percebemos como estamos direcionando nossos estudos da forma correta. E ainda tem os benefícios de se ter esses títulos no currículo — conta Franco.

Sem medir esforços

Quando soube que o filho Leonardo Costa, de 17 anos, estava habilitado para a Olimpíada Ibero-Americana de Biologia, em Portugal, a mãe Enedina Afonso não teve dúvida de que faria de tudo para garantir a viagem internacional do garoto. Driblando dificuldades, ela fez rifa de uma bicicleta e levantou R$ 1.200 para ajudar nos R$ 3 mil da passagem (a hospedagem foi bancada pela organização do concurso). O resto, tirou do próprio bolso. O esforço não poderia ter valido mais à pena. Leonardo voltou de Portugal com uma medalha de ouro no peito. 

— Não tinha uma rotina fixa de preparação, mas prestava muita atenção nas aulas e sempre lia notícias e curiosidades na internet. A experiência da olimpíada foi ótima, porque, além de me proporcionar conhecer outro país, mostrou que estava no caminho certo em meus estudos — relata Leonardo.

Cuidados

Para a diretora executiva do Programa Todos Pela Educação, Priscila Cruz, casos como estes mostram como essas competições podem trazer benefícios ao aluno. Na opinião dela, quando eles se sentem desafiados, acabam estimulados ao estudo. E isso pode ser muito útil para áreas ainda pouco valorizadas na educação básica brasileira, como a matemática. Mesmo assim, ela recomenda cautela: 

— A competição faz parte da nossa vida e não é necessariamente ruim, podendo ser um fator de estímulo. Mas é preciso cuidado para que não seja feito algo que dê medalhas a apenas um percentual muito pequeno de competidores.

É justamente a exclusão que ronda algumas competições que preocupa a professora do Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde da UFRJ, Flavia Rezende. Ela pesquisou os impactos dessas competições junto com a professora do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Fernanda Ostermann.

— No caso da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas realizadas em 2012, ficou claro como a exclusão se dá já na primeira fase: só passam para a segunda fase, aproximadamente, um aluno em cada 200 — exemplifica.

Para ela, o “funil” que caracteriza estes processos é lastimável, visto que o processo educativo em sociedades democráticas deve ser, ao contrário do que vem acontecendo, o mais inclusivo possível.

Mas, como ela explica, isso não significa que olimpíadas são essencialmente ruins. Alguns modelos, como a de Saúde e Meio Ambiente, não utilizam provas ou testes, mas propõem o desenvolvimento de projetos acerca de temas contemporâneos, como reciclagem, doenças endêmicas e energia.

— Além de direcionarem as atividades para resolução de problemas relevantes para a vida dos estudantes, essas alternativas desenvolvem outros valores, como a colaboração e o trabalho em grupo, evitando que o foco seja apenas a competitividade — avalia Flavia.

Conheça as principais olimpíadas brasieliras:

Olimpíada Brasileira de Química

Podem participar: alunos do ensino médio de escolas públicas e particulares que tenham disputado as olimpíadas estaduais de química. 
Inscrições: 1 a 15 de agosto. 

Olimpíada Brasileira de Química Júnior

Podem participar: estudantes do 8º e do 9º ano do ensino fundamental de escolas públicas e particulares. 
Inscrições: 6 de maio a 8 de junho. 

Olimpíada Brasileira de Matemática

Podem participar: estudantes dos ensinos fundamental (a partir do 6º ano) e médio de escolas públicas e particulares. 
Inscrições: 25 de março a 30 de abril (feitas pelas próprias escolas). 

Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas

Podem participar: alunos do ensino fundamental (6º ao 9º ano) e do ensino médio de escolas públicas. 
Inscrições: até 5 de abril. 

Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica

Podem participar: alunos de todas as séries do ensino fundamental e médio de escolas públicas e particulares. 
Inscrições: feitas por um professor representante de cada escola. O cadastro de novas escolas deve ser feito até 13 de março. 

Olimpíada de Geografia – Viagem do Conhecimento

Podem participar: alunos do 8º e do 9º ano do ensino fundamental e do primeiro ano do ensino médio de escolas públicas e particulares. 
Inscrições: o calendário para a edição de 2013 ainda não foi definido. 

Olimpíada Brasileira de Biologia

Podem participar: alunos do ensino médio de escolas públicas e particulares. 
Inscrições: escolas interessadas devem fazer o cadastro até 9 de abril. 

Olimpíada de Informática

Podem participar: alunos dos ensinos fundamental e médio de escolas públicas e particulares. 
Inscrições: a escolas podem fazer o cadastro até quatro dias antes da realização da primeira prova de cada modalidade. 

Olimpíada Brasileira de Física

Podem participar: alunos do ensino médio e do 8° e do 9º ano do ensino fundamental e estudantes do ensino médio de escolas públicas e particulares. 
Inscrições: escolas podem fazer inscrições até 9 de maio. 

Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente

Podem participar: alunos do 6º ao 9º ano do ensino fundamental e de todo o ensino médio de escolas públicas e particulares. 
Inscrições: ainda não foi divulgado o calendário para 2013. 

Olimpíada Brasileira de Física das Escolas Públicas

Podem participar: alunos do 9º ano do ensino fundamental e de todo o ensino médio. 
Inscrições: ainda não foi divulgado o calendário para 2013. 

Olimpíada Nacional de Oceanografia

Podem participar: alunos das séries finais do ensino fundamental e de todo o ensino médio de escolas públicas e particulares. 
Inscrições: ainda não foi divulgado o calendário para 2013. 

Olimpíada Brasileira de Linguística

Podem participar: alunos das séries finais do ensino fundamental e de todo o ensino médio de escolas públicas e particulares. 
Inscrições: ainda não foi divulgado o calendário para 2013.

Olimpíada Internacional de Ciências - IJSO BRASIL 

Podem participar: estudantes que tenham até 15 anos de escolas públicas e particulares. 
Inscrições: até 20 de maio. 


Fonte: O Globo (RJ) 
http://www.todospelaeducacao.org.br

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