terça-feira, 8 de agosto de 2017

Educação 360: como preparar as escolas para o uso da tecnologia

No debate sobre infraestrutura, especialistas afirmam que gestores e professores têm que estar engajados

A mesa sobre infraestrutura no evento Educaçao 360 Tecnologia - Fernando Lemos / Agência O Globo

RIO - Mais do que infraestrutura, é preciso um ecossistema para a conectividade das escolas. Três aspectos são necessários para tirar nossas escolas públicas da era analógica: a tecnologia em si, um ambiente escolar favorável e receptivo à ideia e protagonismo dos jovens. Essa é a avaliação de Marcio Guerra Amorim, do Instituto Educação Livre, em debate realizado sobre infraestrutura na manhã desta segunda-feira no Educação 360 Tecnologia.

- Existe tecnologia que viabilize a conectividade das escolas. A solução, então, existe. O desafio maior não é por qual meios vamos conectar os colégios, mas quais estratégias vamos usar para isso funcionar com a educação - diz Amorim, que defende a preparação de gestores e professores antes da chegada dos equipamentos. - A questão da conectividade depende de estratégia e da vontade política. Ou até mesmo de patrocínio do setor privado. Mas tem que preparar os gestores e os professores. Se não tratar isso, fica mais difícil. E o professor acabando vendo a tecnologia mais como um vilão do que como um apoio.

A mesa de Amorim ainda era composta pelo diretor de Tecnologia da secretaria estadual de Educação do Paraná, Eziquiel Menta. O gestor explicou que há três modelos para conectar as escolas: contratação das operadoras como serviço, a criação de uma infraestrutura própria estatal de internet voltada para as escolas ou fazer com que as operadoras ofereçam o serviço às escolas públicas de forma gratuita, já que elas só prestam serviços mediante concessão do poder público:

- Mas, para além disso, é fundamental pensar qual tecnologia queremos utilizar. Há três tipos: uma para ensinar, uma para explorar e outra para incluir. A primeira remete à substituição do professor por um vídeo. A segunda já serve para ampliar o potencial do professor. É essa que amplia o conhecimento dos nossos alunos. E a última é aquela para incluir estudantes com deficiência. O investimento de política pública é para todos.

O gestor do Paraná também mostrou que cada escola pensa em tecnologia de forma diferente. Menta fez uma consulta a 500 instituições de ensino para saber que tipo de equipamento elas gostariam de utilizar. Em troca, elas precisavam se comprometer que pelo menos 25% dos funcionários fizessem um tipo de formação para a área oferecido pela secretaria, desenvolvessem um plano de uso coletivo da tecnologia e a inclusão no projeto político pedagógico da escola como uma estratégia.

- Tem que escutar o que a escola quer e garantir isso para depois avaliar e cobrar os resultados – diz.
Sergio Branco, do Instituto Brasileiro de Tecnologia
Fernando Lemos / Agência O Globo

A mesa também era composta pelo advogado Sérgio Branco, do Instituto de Tecnologia e Sociedade. Na avaliação dele, o uso da tecnologia é inevitável. No entanto, ele afirma que não pensa nesse recurso para todos os momentos da aula.

- O professor não tem mais que ser a figura que sabe tudo, o que informa uma bibliografia específica. Mas aquele que expande a capacidade de fazer conexão de ideias a partir de elementos que antes não estavam presentes. Conteúdo não é escasso. O que é escasso, sobretudo para alunos mais jovens, é o conhecimento de separar o que é um bom conteúdo daquele não tão bom. E esse é o principal papel para os professores daqui para frente – avalia.

O Educação 360 Tecnologia é uma realização O GLOBO e Extra, com patrocínio da Petrobras, do Colégio PH e Fundação Telefônica, apoio da Unesco e Unicef, parceria de mídia da TV Globo, Canal Futura, revista Crescer, revista Galileu e TechTudo e colaboração do Instituto Inspirare e Porvir.

POR BRUNO ALFANO

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