terça-feira, 8 de agosto de 2017

Educação 360: tecnologia sozinha não promove educação inovadora

Especialistas alertam que é preciso mediação adequada para melhor tirar proveito de ferramentas

O colunista do GLOBO Antonio Gois media a mesa ‘Recursos Digitais de Aprendizagem’, que teve a participação de André Bello, Maria Slemenson e Rodrigo Pimentel - Barbara Lopes

RIO - Embora para muitos gestores e professores o uso de tecnologias em sala possa parecer uma realidade inalcançável em determinados contextos, sobretudo na educação pública brasileira, a cada dia há um número maior de ferramentas e conteúdos digitais disponíveis para livre acesso. No entanto, a simples disponibilidade dessas tecnologias não é capaz de promover uma educação inovadora caso não haja mediação adequada. As observações foram apresentadas ao longo do debate “Recursos digitais de aprendizagem” , durante o Educação 360 - Tecnologia, nesta segunda-feira, no Museu do Amanhã.

Uma das empresas mais famosas do mundo, o Google disponibiliza ferramentas digitais que podem ser utilizadas gratuitamente por gestores, professores e estudantes. Uma delas, a Google Classroom, possibilita que professores disponibilizem na rede lições de casa para os estudantes, que também podem se comunicar com os mestres. Atualmente, 20 milhões de pessoas utilizam a plataforma. Há ainda a Google Expeditions, que proporciona experiências de realidade virtual em sala de aula. Mas, mesmo com todas essas tecnologias disponíveis, a inovação não está estritamente condicionada a elas.

- A escola precisa ser inovadora para falar a língua da molecada, mas não tem a menor ideia como fazer isso, então compra tablet para dar para o aluno, coloca lousa digital e diz que é inovadora. Não é isso que vai trazer a essência da inovação e o impacto que precisamos. A cultura da inovação tem que privilegiar o erro, gostar do erro. É preciso iniciar a aprendizagem em qualquer lugar e a qualquer momento, não pode ser restrita ao laboratório de informática, tem que ser livre - disse Rodrigo Pimentel, responsável pela área de Educação do Google para a América Latina.

Experimentar, criar novos recursos digitais e disponibilizá-los em rede são algumas das possibilidades da plataforma Escola Digital. Além de ter um banco de mais de 18 mil recursos digitais de aprendizagem - como jogos, videoaulas, entre outros produtos para serem utilizados em sala de aula -, a plataforma permite que professores e alunos customizem sua própria ferramenta criando listas com conteúdos que mais interessarem ao seu contexto. Assim, escolas do Acre, por exemplo, estão disponibilizando na rede mapas indígenas locais que podem ser acessados por escolas de todo Brasil gratuitamente, formando uma diversidade cultural de conteúdos. Mesmo escolas com infraestrutura precária podem utilizar os conteúdos, uma vez que cerca de 8 mil objetos são recursos que podem ser trabalhados offline, basta serem baixados uma única vez e salvos em um pendrive.

- Nosso maior objetivo é apoiar professores para que possam incorporar tecnologia não reproduzindo a sala de aula tradicional, mas criando situações mais engajadoras para os alunos.- explicou Maria Slemenson, gestora de projetos educacionais no Instituto Natura, uma das organizações que promove o Escola Digital.

A necessidade de facilitar a interação entre indivíduos e tecnologia, de forma que haja um uso mais proveitoso delas é o que motiva o trabalho de André Bello, especialista em Design Thinking e metodologias colaborativas. Bello é o criador da ferramenta “Round”, um programa de empreendedorismo que impulsiona grupos conectados on-line na resolução de problemas. Na plataforma, as estratégias devem ser desenvolvidas colaborativamente de maneira remota. De acordo com ele, a ferramenta desenvolve, entre outras características, proatividade, comunicação eficaz, capacidade de análise de informação, além de criatividade, ou seja, aspectos desejáveis em uma educação para o século XXI.

- Para inovar dentro de suas próprias empresas ou escolas e organizações, despertamos o espírito empreendedor. Não importa a dificuldade, vamos ter que achar a resolução para o problema. Independente de toda tecnologia que tivermos pela frente, no âmbito educacional ou social e político, o que importa são os seres humanos. É muito importante que a gente se desenvolva como ser humano para pilotar essas ferramentas com mais sabedoria e proporcionar uma melhor sociedade para todos - defendeu Bello.

O Educação 360 Tecnologia é uma realização O GLOBO e Extra, com patrocínio do Colégio PH e Fundação Telefônica, apoio da Unesco e Unicef, parceria de mídia da TV Globo, Canal Futura, revista Crescer, revista Galileu e TechTudo e colaboração do Instituto Inspirare e Porvir.

POR PAULA FERREIRA

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