terça-feira, 22 de julho de 2014

Brasil: 50% dos professores não têm didática para tudo que ensinam

A informação é da edição 2013 da Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem coordenada mundialmente pela OCDE

Cerca de metade dos professores brasileiros não têm formação didática para todas as matérias que ensinam. Por exemplo, o professor de história não aprendeu como ensinar esse conteúdo aos alunos do ensino fundamental 2, que vai do 6º ao 9º anos (chamado anteriormente de 5ª a 8ª série) ou o responsável por matemática não aprendeu métodos e técnicas para passar o conteúdo da sua disciplina.

A informação é da edição 2013 da Talis (Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem) coordenada mundialmente pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). O levantamento foi divulgado na manhã desta quarta (25).

Entre os 33 países ou territórios que participaram dessa parte da pesquisa, a média é de 30%. No Brasil, o índice pode representar um quadro mais problemático, uma vez que o currículo é fragmentado e temos professores especialistas -- ou seja, um mesmo professor pode estar responsável por diversas matérias. Em muitos países, como o Canadá, os professores são generalistas e dão mais de uma disciplina.

Sem prática de sala de aula
Quatro em cada dez professores brasileiros não tiveram formação para a prática de sala de aula para todas as matérias que ensinam durante a faculdade. Isso significa que eles não aprenderam a lidar com problemas de indisciplina ou como trabalhar com adolescentes, por exemplo.

Para se ter uma ideia da situação, a proporção é de três a cada dez profissionais na média dos países que participaram do levantamento.

Segundo o relatório do extenso levantamento realizado em 34 países, "os profissionais cuja formação inicial inclui conteúdo [a matéria a ser ensinada], didática e elementos práticos específicos para as disciplinas que lecionam reportam que se sentem melhor preparados para seu trabalho que os colegas sem esse tipo de treinamento". Por isso, há uma recomendação para que os governos cuidem da formação inicial do professores.

Afinal, se o mundo atual exige que a educação seja um processo contínuo, os professores que vão preparar esses alunos precisam também ser aprendizes e se desenvolver constantemente na carreira, sugere o relatório. Aos governos cabe promover o acesso a essa formação contínua -- mas, advertem os especialistas da OCDE, não basta oferecer treinamentos e cursos: docentes reportam taxas mais altas de participação nos países em que também existem apoio financeiro e suporte não monetário.

O que é a Talis
Talis é a sigla para Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (Teaching and Learning International Survey em inglês), coordenada pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). No Brasil, a coordenação da pesquisa fica por conta do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira).

A edição de 2013 é a segunda desde a criação do estudo, em 2008. Seu objetivo é levantar as condições de trabalho dos professores e o ambiente de aprendizagem nas escolas para amparar decisões de políticas públicas no setor.

Participaram desta edição 34 países (24 países da OCDE e outros 10 países parceiros, como o Brasil). Cerca de 106 mil professores responderam à pesquisa. No Brasil, foram questionados 14.291 professores do fundamental 2 e 1057 diretores de 1070 escolas.

Em média, professor no Brasil tem jornada de 25 horas de aula por semana
Se muitas são as divergências no setor da educação, duas afirmações parecem unanimidade: o Brasil precisa melhorar a qualidade do ensino e o professor é personagem fundamental dessa história de mudança.

Por isso, são preocupantes os dados trazidos pela Talis 2013, uma pesquisa de fôlego coordenada pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e divulgada na manhã desta quarta-feira (25). O professor brasileiro trabalha muito, e sua formação ainda deixa a desejar.

Segundo os dados coletados entre 14 mil docentes no segundo semestre de 2012, a carga horária semanal de aulas no Brasil é, em média, de 25 horas -- 6 horas a mais que a média dos países que participaram da Talis.

Além do número de horas, o professor brasileiro também enfrenta o desafio de salas com maior número de alunos e, mesmo assim, disponibiliza o mesmo tempo que os profissionais dos outros participantes da pesquisa costumam gastar com o planejamento da aula e correção de trabalhos e provas.

O cenário fica ainda mais complicado ao se observar de que maneira é utilizado o tempo da aula: 20% é destinado a manter a disciplina e outros 12%, para realizar tarefas administrativas como fazer chamada. Aula mesmo fica com uma fatia de 67%.

"Diante dos dados [de gasto de tempo com planejamento de aula], ficam algumas perguntas: mesmo que ele queira, será que o professor brasileiro consegue preparar uma aula em que os alunos tenham tantas oportunidades de aprender quanto dos seus colegas em países da OCDE? Ele tende a ter mais turmas, já dá seis horas a mais de aula em média, mas gasta o mesmo tempo com planejamento", analisa a pesquisadora brasileira Gabriela Moriconi da FCC (Fundação Carlos Chagas) que participação da nota com os destaques do Brasil.

Sem formação para a prática
Metade dos profissionais afirmam que não possuem formação pedagógica para todas as disciplinas que ensinam -- segundo os entrevistados, esse conhecimento não é passado durante a faculdade. Cerca de 90% dos professores têm algum curso superior, mesmo que não seja específico para dar aula.

Também é alto o percentual de docentes que dizem não ter formação prática para dar aula: 40%.

No relatório, os especialistas da OCDE fazem a seguinte ponderação: se o mundo atual exige que a educação seja um processo contínuo, os professores precisam aderir a essa ideia. Aos governos cabe promover o acesso a essa formação contínua -- mas, advertem os especialistas da OCDE, não basta oferecer treinamentos e cursos: docentes reportam taxas mais altas de participação nos países em que também existem apoio financeiro e suporte não monetário.

O que é a Talis
Talis é a sigla para Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (Teaching and Learning International Survey em inglês), coordenada pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). No Brasil, a coordenação da pesquisa fica por conta do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira).

A edição de 2013 é a segunda desde a criação do estudo, em 2008. Seu objetivo é levantar as condições de trabalho dos professores e o ambiente de aprendizagem nas escolas para amparar decisões de políticas públicas no setor.

Participaram desta edição 34 países (24 países da OCDE e outros 10 países parceiros, como o Brasil). Cerca de 106 mil professores responderam à pesquisa. No Brasil, foram questionados 14.291 professores do fundamental 2 e 1057 diretores de 1070 escolas.

Professor brasileiro gasta 20% do tempo de aula com indisciplina
Os professores brasileiros gastam, em média, 20% do tempo de aula mantendo a disciplina na classe, segundo levantamento internacional. Ou seja, o docente gasta um em cada cinco minutos pedindo silêncio ou chamando a atenção por bagunça.

O desempenho brasileiro é o pior entre os 32 países que responderam à essa parte da pesquisa. A média entre os países é de 13%. Na Finlândia, país tido como exemplar no quesito educação, o percentual de tempo dedicado a essa atividade chega a 13%.

As informações são da edição 2013 da Talis, Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem coordenada mundialmente pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). O levantamento foi divulgado na manhã desta quarta (25).

De aula mesmo, ensinando os alunos, o percentual de tempo gasto em aula é 67% enquanto a média internacional é de 79% e a da Finlândia é 81%.

Em 12% do período de cada aula, o professor lida com questões administrativas, como o controle de presença (chamada) -- contra a média de 8% dos países que participaram da pesquisa e 6% da Finlândia.

Professor no Brasil não tem apoio para nada, diz pesquisadora
"O professor no Brasil está sozinho, ele não tem apoio para nada, se compararmos sua situação com a dos seus colegas na OCDE [Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico]", afirma a pesquisadora brasileira Gabriela Moriconi.

"Ele não tem preparação adequada durante a faculdade [50% não tem didática para tudo o que ensina], não sabe lidar com os problemas práticos da sala de aula [40% diz não ter treinamento para a prática] e não tem apoio [nos países ricos, há aconselhamento profissional e psicológico para os alunos, por exemplo]", completa.

Pesquisadora da FCC (Fundação Carlos Chagas), Moriconi faz parte do time responsável pela nota sobre o Brasil na Talis, pesquisa da OCDE com 34 países para levantar as condições de trabalho dos professores. A Talis foi divulgada na manhã desta quarta (25), em Paris.

Os resultados da pesquisa internacional chamam atenção também para a carga horária média desses profissionais - no Brasil, o docente trabalha cerca de 25 horas semanais nas aulas contra a média de 19 horas dos países que participaram do estudo.

"Nos países da OCDE, o professor trabalha em uma única escola, em tempo integral e leciona, em média, 19 horas. Aqui no Brasil, a jornada quase dobra se pensarmos que os docentes trabalham 26 horas em mais de uma escola e em salas maiores", diz Moriconi.

E ela propõe um questionamento: "Diante dos dados [de gasto de tempo com planejamento de aula], ficam algumas perguntas: será que o professor brasileiro consegue preparar uma aula tão boa quanto dos seus colegas em países da OCDE? Ele tende a ter mais turmas, já dá seis horas a mais de aula, mas gasta o mesmo tempo com planejamento".

Em sala, o professor usa 67% do seu tempo para dar aula -- em 20% do tempo está mantendo a disciplina e em 12% cuida de questões administrativas como distribuir material ou conferir a presença dos alunos. Para se ter uma ideia, na Finlândia, país considerado bom exemplo na educação, os docentes dão aula em 81% do tempo.

"No Brasil, o professor é um dador de aula; em muitos outros países, esse profissional é responsável por ensinar ao aluno como deve ser eu comportamento escolar. Por isso, a carga horária de aulas é menor e parte do tempo é utilizado para que o professor desempenhe essa função. É o caso de países como Inglaterra e Canadá", explica Moriconi.


Fonte: UOL Educação
http://www.todospelaeducacao.org.br

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