sábado, 3 de dezembro de 2011

Governo avalia novo prazo para pagar piso do magistério

Em reunião, sindicato dos professores admitiu estudar parcelamento, medida que era rechaçada


Embora o impasse permaneça, abriu-se ontem uma possibilidade de entendimento entre o governo do Estado e o sindicato dos professores para dar fim à greve na rede pública, que está em sua segunda semana.

Esse foi o resultado da reunião que durou menos de uma hora, na manhã de ontem, entre a direção do Cpers e o secretário estadual da Educação, Jose Clovis de Azevedo.

Durante a reunião, a porta para a negociação foi aberta pela secretária adjunta Maria Eulália Nascimento.

– Ouvi de uma dirigente do Cpers que era para nós apresentarmos um cronograma da implantação do piso salarial. Até ali, tínhamos ouvido deles a expressão “piso nacional já”. Se eles se dispõem a examinar um cronograma, significa que admitem o parcelamento do aumento – interpretou a secretária adjunta.

Maria Eulália deverá se reunir com técnicos da Casa Civil e da Fazenda para montar um novo cronograma e apresentá-lo ao Cpers em uma data ainda indefinida.

O governo do Estado tem R$ 500 milhões reservados para gastar com a implantação do piso nacional dos professores no próximo ano, do total de R$ 2 bilhões previstos para o pagamento gradativo até 2014. A direção do Cpers confirmou que houve a proposta.

– Vamos esperar que eles enviem para analisarmos. Oficialmente, persiste o impasse – afirmou a professora Rejane de Oliveira, presidente do sindicato.

Paralisação tem baixa adesão dos professores
O encontro, realizado a portas fechadas no auditório da Companhia de Processamento de Dados do Estado (Procergs), em Porto Alegre, marcou o reinício das negociações depois de a paralisação ter sido deflagrada, no dia 22.

Enquanto Azevedo e direção do Cpers negociavam, um grupo de meia centena de professores ficou postado no portão principal, agitando bandeiras e gritando palavras de ordem.

Um levantamento realizado por Zero Hora em 694 colégios das 15 maiores cidades do Estado mostrou que 8,6% dos professores deixaram de trabalhar no primeiro dia de paralisação.

O governo do Estado insiste no fim da greve. O Cpers só aceita voltar às aulas mediante o pagamento do piso salarial nacional. No Rio Grande do Sul, um professor com 40 horas recebe, pelo menos, R$ 862, enquanto o piso nacional determina o pagamento de salário de R$ 1.187,14.

Saiba mais

O QUE É O PISO NACIONAL?
- É uma lei federal que institui o piso salarial de R$ 1.187,14 a todos os professores do Brasil, por 40 horas de trabalho semanais. Em 2008, cinco Estados – Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Ceará – moveram uma ação de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal. Em abril, o Supremo decidiu que a lei é constitucional.

PONTOS DE ATRITO
Aumento salarial: O Cpers quer a implantação imediata do piso salarial nacional. O governo do Estado prevê a implantação do piso em três anos. Já estão reservados R$ 500 milhões para o piso em 2012, de um total de R$ 2 bilhões a ser pago até 2014.

Reforma do ensino médio: O governo pretende iniciar a reforma no ensino médio em 2012. O Cpers defende um adiamento da implantação da reforma.

CARLOS WAGNER
carlos.wagner@zerohora.com.br
Fonte: Zero Hora (RS)

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