sábado, 14 de julho de 2012

Editorial: Investimento na Educação de qualidade

"Ninguém em sã consciência pode ser contra o investimento na Educação, mas é preciso olhar com muito critério a destinação e o retorno que esse dinheiro terá", afirma revista

Brasileiros voltam a discutir se vale o Estado gastar/investir mais em educação ou não. O teto, revisto para cima, para os desembolsos públicos na área alcançaria 10% do PIB anual até 2022. E nos próximos cinco anos oscilaria na faixa de 7% do Produto Interno Bruto. Hoje esse número gira em torno de 5,1% do PIB. Já foi de meros 3,9% do PIB no final dos anos 90. A questão principal é se esse aumento gradual de investimento na educação equivaleria a uma melhor qualidade do Ensino e geraria, por tabela, uma população mais bem formada.
A equação não é tão simples. De uns tempos para cá, o Ensino público, por exemplo, inverteu a mão. Apostou mais em quantidade de estudantes atendidos e deixou de lado a qualidade do aprendizado. O índice de repetência dos Alunos nesse âmbito cresceu vertiginosamente, como também a evasão escolar. Custou mais ao Estado patrocinar a retomada da educação para esses estudantes do que a despesa necessária para o aprimoramento de técnicas e didática de Ensino e para a qualificação do corpo Docente. No caso valeria a máxima de que prevenir sairia muito menos dispendioso, e mais vantajoso, do que remediar. E esse é apenas um dos aspectos que ilustram a complexidade do tema.
O desafio de transformar investimento em bom aprendizado passa necessariamente pela gestão eficiente dos recursos. O Plano Nacional de educação (PNE), que foi referendado pela Câmara e vai ainda a votação em plenário, põe em lados opostos os defensores de melhoria nas verbas e os que pregam a reorientação disciplinada dos recursos já disponibilizados. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, em meio à discussão disse que um gasto de 10% do PIB com a educação “quebra o País”. O PNE propõe ações bem mais amplas que o mero reforço orçamentário.
Trata da ampliação de vagas nas Creches, equiparação salarial dos professores à de outros profissionais diplomados, erradicação do analfabetismo e adoção do Ensino integral em metade da rede de escolas públicas. Todas elas medidas fundamentais. A princípio, ninguém em sã consciência pode ser contra o investimento na educação, mas é preciso olhar com muito critério a destinação e o retorno que esse dinheiro terá, para que o plano não vire mero cabo eleitoral de políticos oportunistas loucos por verbas adicionais para desviar. 

Fonte: Revista IstoÉ

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