sexta-feira, 20 de julho de 2012

Opinião: Professor, uma profissão perigo

"Se por um lado a queixa de salários baixos e excessiva carga horária se constitui numa lamúria real, por outro lado há uma predisposição oculta e escusa nas escolas, com exibição de professores inaptos e desinteressados", afirma Marisa Piedras

Sinto-me enfadada, não da vida, nem de mim, gostaria tirar umas férias das minhas palavras nas aulas, dos sonhos inutilizados, dos sorrisos hipócritas e da função dilatada, desgastada, desgarrada da figura do Professor. Sim, sou Professora, diferente de estar Professora! Para mim, o ato de Professorar não é transitório, é como se fosse a minha segunda pele. Então, sofro dolorosamente a cada derrota imposta pelos governos e direções de Escola à nossa profissão. Mesmo que me sinta correndo contra o tempo e o vento, não consigo deixar de me mostrar rebelada em diferentes situações, Escolares ou não. Há nas Escolas uma série de problemas, todavia, o Professor se constitui no responsável pela maioria dos problemas nas Escolas.
Não gosto do coitadismo imposto pela sociedade, em geral, aos Professores. Talvez seja uma generalização inconsequente. Contudo, é assim que as mídias veiculam as notícias sobre a profissão Professor. Não gosto quando ouço em reuniões e seminários que temos que vestir a camiseta de Professor. Por quê? Será que o diploma, anos de estudo (especializações e mestrado), muitas pesquisas e leituras não foram satisfatórios? Permanece um cabo de guerra contínuo entre os Professores, direções e governo. Se por um lado a queixa de salários baixos e excessiva carga horária se constitui numa lamúria real, por outro lado há uma predisposição oculta e escusa nas Escolas, com exibição de Professores inaptos, desinteressados, cansados, enfastiados da rotina Escolar, que mostram frieza em relação aos Alunos, equiparada à de um psicopata.
Sim, não somos anjos, nem temos uma missão suicida de transformar o mundo como esperam de nós. Gosto da minha profissão, eu a escolhi dentre muitas, não me tornei Professora por carência de opção, foi uma escolha mesmo. Mas sinto-me sufocada pela dupla jornada de trabalho. O convívio com os Alunos (nem todos) é ótimo. No entanto, as avaliações, seminários, trabalhos, planos de estudo e projetos... Deus!!! Isso é um cansaço absoluto!!! Um tédio infinito!!! Esta burocracia, ou burrocracia, destrói as possibilidades de sermos livres e felizes profissionalmente. Sinto muita falta de bater asas e voar para os livros sem a obrigatoriedade de discuti-los com os Alunos ou fazer uma resenha para apresentar em seminários. Que falta faz a liberdade dos loucos. Bom, só não tenho a liberdade, pois a loucura está anexada à profissão Professor.

*Marisa Piedras. Professora pública.
Fonte: Zero Hora (RS)

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