sábado, 18 de agosto de 2012

Menor Ideb do País está no RN

Escola Estadual João Tomás Neto, em Lagoa de Pedras, obteve a pior nota da avaliação feita pelo MEC

Os municípios de Lagoa de Pedras, localizado na microrregião do Agreste Potiguar, e Pedro Avelino, na região central do Rio Grande do Norte, ostentam o lamentável título de piores municípios do Brasil nos Índices de Desenvolvimento da Educação básica (IDEB) 2011. Segundo a avaliação, Lagoa de Pedras obteve o índice de 1,0 enquanto Pedro Avelino alcançou 1,2, muito abaixo da meta estadual, que é de 4,6. A listagem das dez piores classificações do país contempla ainda o município de Pilões, situado na região do Alto Oeste potiguar, com índice de 1,4. A lanterninha nacional do IDEB é a Escola Estadual João Tomás Neto, de Ensino fundamental e médio. Já a Escola municipal de Lagoa de Pedra conseguiu alcançar a meta projetada de 3,1 na avaliação.
Os dados do IDEB foram divulgados na última terça-feira pelo Ministério da Educação (MEC) e novamente o estado do Rio Grande do Norte não atingiu a meta proposta de 4,6, chegando a 4,2. Apesar disso, o estado apresentou um crescimentode 0,3 ponto em relação à pesquisa de 2009. A listagem das dez piores classificações no IDEB só contempla municípios da região Nordeste, sendo três do Rio Grande do Norte, seis de Alagoas, três da Bahia e um de Sergipe.
Criado em 2005, o IDEB é calculado a cada dois anos com base no desempenho dos Alunos na Prova Brasil, de português e matemática, e na taxa de aprovação das Escolas. A avaliação é aplicada a Alunos da 4ª e 5ª séries e da 8ª e 9ª séries de todas as Escolas públicas com mais de 20 Alunos matriculados na turma. Estudantes do 3º ano do Ensino médio e de Escolas particulares são avaliados de forma amostral.
Na região metropolitana do estado, apenas Parnamirim ultrapassou a meta de 4 pontos atingindo o índice de 4,1, nos Anos Iniciais. A Escola Municipal Nossa Senhora da Guia foi a campeão do IDEB no RN, alcançando o invejável índice de 6,7, ultrapassando todas as metas estadual, municipal e nacional e, inclusive o índice de 2009 que ficou em 6,4. Já o município de Natal ficou a 0,1 de bater a meta, atingindo 4,0 para uma meta de 4,1. Macaíba também não alcançou os índices projetados de 3,5, ficando com 3,2 e Extremoz com 3,4 quando projetou 3,6.
Natal integra uma rede de capitais que não bateram as metas das séries iniciais nem das finais do Ensino médio: Aracaju (SE), Maceió (AL), Natal (RN), Porto Alegre (RS), Porto Velho (RO) e São Paulo (SP). Além dessas redes, a de Macapá (AP), Manuaus (AM), Rio Branco (AC) e São Luís (MA) não bateram as metas dos anos iniciais. Recife (PE) não atingiu a meta para os anos finais do Ensino médio.
As três cidades do Rio Grande do Norte que integram a lista das dez piores são consideradas de pequeno porte, mas segundo os dados do Tesouro Nacional, receberam uma boa quantidade de recursos do Fundo da Educação básica (Fundeb), além do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Situado a 51 quilômetros de Natal e com um total de 7.390 habitantes, o município de Lagoa de Pedras recebeu um total de R$ 3.750.998,46 do Fundeb que, se dividíssemos pelo número de habitantes daria um valor de R$ 507,57 por cabeça. Já o município de Pedro Avelino, cuja Escola avaliada é da rede municipal, recebeu R$ 2.540.313, 65, enquanto que Pilões foi contemplado com R$ 1.097.539,23 do Fundeb.
Piores municípios do país
- Lagoa de Pedras/RN (Estadual) 1.0
- Pedro Avelino/RN (Municipal) 1.2
- Capela/AL (Estadual) 1.3
- Murici/AL (Estadual) 1.3
- Iraquara/BA (Estadual) 1.3
- Pilões/RN (Municipal) 1.4
- Barra dos Coqueiros/SE (Estadual) 1.5
- Pojuca/BA (Estadual) 1.5
- Atalaia/AL (Estadual) 1.6
- Monteiropolis/AL (Municipal) 1.6
- Monteiropolis/AL (Pública) 1.6
- Pão de Açúcar/AL (Estadual) 1.6
- Itanagra/BA (Estadual) 1.6
Especialistas apontam falta de projeto educacional
A coordenadora do Instituto do Desenvolvimento da Educação (IDE), Cláudia Santa Rosa, disse que é preciso retirar lições do IDEB. Para ela, se o estado conseguiu avançar nos Anos Iniciais não foi o suficiente para comemorar. Por outro lado, os Anos Finais são realmente preocupantes e o Ensino médio simplesmente estagnou, o que mostra que falta um Plano de Educação que alcance metas bem definidas com a realidade do estado. "O IDEB precisa servir para alguma coisa. É preciso fazer, no mínimo, planejamento e desenvolver uma política voltada para a execução das metas", defende Santa Rosa.
Betânia Ramalho aponta greve dos Professores como um dos pontos negativos. Foto: Carlos Santos/DN/D.A Press Na opinião das coordenadoras pedagógicas do CEI, que obteve a melhor nota do Enem ano passado, Celina Bezerra e Cristine Rosado, o resultado do IDEB foi novamente frustrante para o Rio Grande do Norte não apenas quando se fala de Escola pública como também as próprias particulares que, no geral, também alcançam as últimas colocações. Para elas, esses números não surpreendem, refletem o baixo desempenho dos estudantes que é frutoda falta de um projeto educacional focado na formação continuada para os Professores, valorização profissional e na integração família-Escola.
"É preciso chamar a família a responsabilidade, para tratar as dificuldades do Aluno individualmente e na própria Escola, pois a Educação não pode ser fragmentada nas suas responsabilidades". Dentre os projetos realizados pelo CEI que têm contribuído para melhorar os índices de pesquisa da própria Escola, Celina relaciona a formação continuada para os Professores que uma vez por semana têm um turno remunerado para a realização de cursos. "Outro projeto importante é a Escola caminhar para o tempo integral, nossos Alunos têm aulas no contraturno, sendo duas para conteúdo curricular e outra para trabalhos de laboratório", diz Celina. 

Fonte: Diário de Natal (RN)

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