sábado, 18 de agosto de 2012

Senadores criticam desempenho da Educação

Em resposta à nota 3,7 que o Ensino Médio brasileiro obteve no Ideb, Paulo Bauer pediu verbas federais para equipar escolas e Cristovam Buarque disse que resultado impede avanço do País

A paralisia do ensino médio, recém-detectada pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), deve ser enfrentada com investimentos que tornem a escola atraente para os jovens.
A recomendação é do vice-presidente da Comissão de Educação, Paulo Bauer (PSDB-SC). O senador defende o envio de verbas federais para a construção de laboratórios de informática e robótica nas escolas.
— Na hora de elaborar o Orçamento da União, devemos estabelecer vinculações no orçamento do Ministério da Educação para essa finalidade — sugeriu Bauer, em entrevista à Agência Senado.
De toda a educação básica, os alunos do ensino médio (antigo segundo grau) tiveram a pior nota do Ideb — 3,7.
Nos cinco primeiros anos do ensino fundamental (antigo primeiro grau), a média foi de 5.
As melhores notas do ensino médio foram de Santa Catarina — média de 4,3. Ex-secretário catarinense da Educação, Bauer afirmou que em seu estado todas as escolas do ensino médio contam com laboratório de informática e quase todas têm laboratório de robótica.
Além disso, acrescentou ele, o governo estadual distribui entre os alunos livros de ficção.
— O ensino não pode mais ser feito só na base de giz e saliva. Se contarmos com professores habilitados e alunos dispostos a aprender, só ficam faltando as ferramentas. Precisamos ter equipamentos e motivação.
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, apontou a sobrecarga na grade curricular como uma das causas da estagnação do ensino médio. Ele recordou que há 13 disciplinas obrigatórias e que, em algumas escolas, chegam a 19.
Muitos dos projetos de lei que tramitam na Comissão de Educação, porém, incluem novos conteúdos nos currículos. Recentemente, 11 projetos receberam parecer contrário da relatora, Maria do Carmo Alves (DEM-SE).
As propostas acrescentam temas como educação financeira, direitos da mulher, primeiros socorros e ética social e política. Os projetos tramitam em conjunto e ainda não foram votados.
— Não adianta aumentar o número de disciplinas se ainda temos problemas com Matemática, Português, Química, Física e Biologia. Precisamos primeiro melhorar o que já existe — argumentou Paulo Bauer.
Cristovam
Também comentando o Ideb, Cristovam Buarque (PDT-DF) fez um pronunciamento em que lamentou que a presidente Dilma Rousseff não tenha convocado “todas as forças nacionais” para debater a crise na “infraestrutura intelectual” do Brasil. Para ele, o país vive um “apagão intelectual”.
— O Brasil não pode se transformar em grande economia tirando nota 6 na escola particular e 3,8 nas escolas de pobres. Abaixo de 4, isso se chama reprovação. As próprias escolas particulares têm uma nota medíocre, sofrível. Não se constrói um grande profissional com média 6. Não se constrói um país com média 6 nas escolas particulares, que são consideradas as melhores — afirmou.
Cristovam disse ter ficado “chocado” pelo fato de o Ideb ter sido apresentado pelo Ministério da Educação como uma “grande vitória”.
— A tragédia não é culpa dele [do ministro da Educação, Aloizio Mercadante], que tem menos tempo no ministério do que eu fiquei. Ele não ajuda a educação ao comemorar com euforia um resultado trágico.
Cristovam observou que “é muito preocupante ver que o governo comemorou a tragédia em vez de assumir que em cinco séculos não se conseguiu construir uma economia baseada em mão de obra qualificada, não se conseguiu fazer a educação igual para todos”.
O senador defendeu a federalização da educação básica e disse que “deixar a responsabilidade da educação sob os ombros das prefeituras, que são desiguais, é manter a desigualdade”. De acordo com o parlamentar, “a igualdade só viria com a União assumindo a responsabilidade”.
Cristovam cobrou a criação de uma carreira nacional do magistério público, “pagando muito bem, identificando vocações e quebrando a ideia de estabilidade plena”.
Ele disse ainda que o que torna forte uma economia é a capacidade de inovar e oferecer novos bens e serviços ao mercado — isso só virá se o Brasil tiver alta base educacional.
— Ninguém vai construir uma economia, com ótimas estradas, portos, ferrovias e aeroportos, se não tiver uma boa educação. Todas essas obras são necessárias, mas serão poucas diante das exigências crescentes de ciência e tecnologia na economia — afirmou.

Fonte: Jornal do Senado (DF)

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