sábado, 18 de agosto de 2012

Por que ela é a pior do País

Em 36 anos de existência, Escola Estadual João Tomás Neto, lanterninha do Ideb, nunca teve professor de matemática

A Escola Estadual João Tomás Neto, do município de Lagoa de Pedras, classificada pelo Índice de Desenvolvimento da Educação básica (IDEB) como a pior Escola do país, apesar de ter 36 anos de existência, nunca teve Professor de matemática em seu quadro funcional e, até ano passado, tinha uma carência de onze Professores. Em todo esse tempo, a Escola vem fazendo paliativos com estagiários e, em anos anteriores, Professores de disciplinas correlatas e de pedagogia assumiam a cadeira de matemática. O déficit de Professores é apenas um dos grandes problemas que contribuem significativamente para a Escola ostentar ainda altos índices de reprovação e evasão Escolar.
Ano passado, nas séries do 5º ao 9º ano, reprovou 29,2% dos seus 500 Alunos, o pior registro dos últimos anos. Nesse mesmo período, a evasão chegou a 9,9% que, somados ao índice de transferência de 7,97%, mostram que quase 18% dos Alunos deixaram a Escola.Os dados foram fornecidos pela diretora da Escola João Tomas Neto, Rosineide Sena, que assumiu o cargo este ano e já se deparou com essa situação. Para ela, os índices apresentados pelo IDEB apenas mostram ao país o descaso com que a Educação vem sendo tratada pelos governantes estaduais, ano após ano, que não estimulam os Professores a irem a trabalharem no interior do estado. "É inadmissível que crianças e adolescentes terminem o Ensino fundamental sem nunca ter conhecido um Professor de matemática, a Escola tem feito verdadeiros arranjos para cobrir essa deficiência. Isso implica não somente na avaliação do IDEB, mas sobretudo na vida Escolar do Aluno que pode ter comprometido seu futuro profissional", disse ela.
Outros problemas relatados pela diretora é a falta de um coordenador pedagógico e um planejamento direcionado para a Prova Brasil. O descaso com a Escola era tão grande que dez computadores do Laboratório de informática, adquiridos em 2007, apesar de estarem devidamente instalados, só foram ativados este ano. A demora comprometeu várias peças das máquinas. Como fator positivo, Rosineide Sena relata que a Escola vai começar a trabalhar por área de conhecimento e foi contemplada, este ano, com Professores de outras disciplinas aprovados no último concurso da Secretaria Estadual de Educação, o que amenizou a situação.
"Chegaram dois Professores de ciências biológicas, um de química, outro de língua portuguesa e estão vindo mais um de português e outro de geografia. Mas o problema com matemática ainda persiste, a Escola tem deficiência de três Professores da disciplina e mais três de Educação física e, ainda de um espaço para a prática de esporte", disse a diretora, completando que antes de se culpar uma gestão é preciso destinar um olhar mais aguçado para os problemas da Escola.
Rede municipal tem outra realidade
A manchete da edição de ontem do Diário de Natal mostrando que três Escolas do Rio Grande do Norte foram classificadas dentre as piores do Brasil provocou uma forte repercussão nos municípios sedes onde estão inseridas.
A secretária de Educação do município de Lagoa de Pedras, Maria Edineide de Almeida Batista, visitou ontem a redação do DN para mostrar que a situação da Escola Estadual João Tomás Neto é muito diferente da realidade das Escolas da rede municipal. Apesar da reportagem citar que os dados do Ideb mostram que o município ultrapassou as metas estabelecidas para o ano de 2011, a secretária enfatiza que nos últimos anos, o município tem passado por uma evolução, saltando de um índice de 3,1 em 2009 para 4,0 em 2011, num crescimento significativo de 0,9.
Na área do município de Lagoa de Pedras são 16 Escolas, uma na área urbana e 15 na rural. Mas somente três delas que atendiam aos requisitos exigidos, foram avaliadas pelo IDEB: as Escolas municipais Santa Luzia, Professsor José Luiz Rodrigues e Manoel Rodrigues de Oliveira. Reconhecido como município prioritário, Lagoa de Pedras tem merecido atenção especial, principalmente pedagógica, do MEC.
Para ela, a evolução das Escolas da rede municipal nos últimos IDEBs deve-se ao trabalho pedagógico que vem sendo desenvolvido. Dentre os projetos de sucesso, ela cita o Projeto Cultura na Praça que resgata a cultura do município através da produção de textos, concurso de poesia e cartões postais confeccionados pelos Alunos. O projeto faz uma culminância do projeto em praça pública nos meses de maio e novembro para expor a produção dos Alunos.
Além disso, há seis anos, a Secretaria Municipal de Educação realiza o projeto "Soletrando municipal", estimulando os Alunos na leitura, ortografia, produção de textos, reforço Escolar e correção de fluxos, atendendo Alunos que estão fora de faixa Escolar e apresentam, dificuldades na leitura, escrita e cálculos matemáticos.

Fonte: Diário de Natal (RN)

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