sexta-feira, 19 de julho de 2013

OPINIÃO: RETROCESSO EDUCACIONAL

"O governo do estado determinou que alunos do Ensino fundamental I devem ser orientados nas aulas de educação física por um professor regente" afirma Daniela Medeiros

O governo do estado determinou que Alunos do Ensino fundamental I devem ser orientados nas aulas de Educação física por um Professor regente, o que já ministra em sala de aula as demais disciplinas tradicionais e não é graduado para atuar como profissional de Educação física.

A decisão gerou polêmica, pois parece desconsiderar os aspectos de formação técnica necessários ao Educador físico e reflete um retrocesso educacional. Não há dúvidas de que as ciências exatas, biológicas e humanas, ainda que de forma simplificada nessa fase da vida, norteiam e contribuem, significativamente, com a formação pessoal e estudantil dos jovens Alunos. Não restam também argumentos racionalmente justificáveis capazes de explicar o real motivo da decisão em um país em que quase 40% das crianças têm problemas de obesidade ou sobrepeso.

A incoerência estatal cede espaço para o descaso e na balança pesa a saúde de mais 16 milhões de estudantes brasileiros. Mais que uma aula para brincar e desenvolver habilidades físico-motoras, o tempo destinado à Educação física é um importante espaço para estabelecer e ensinar normas de convívio social e transmissão de valores éticos.

O planejamento das aulas, inclusive, é baseado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e, portanto, passando por análises teóricas e aprovações técnicas profissionais. As danças, brincadeiras, direcionamentos corporais e comportamentais, introdução aos aspectos histórico e social do esporte e atividades recreativas são apenas algumas das tarefas desenvolvidas.

O movimento, por si só, garante à criança desenvolvimento corporal e colabora para sua saúde física e mental. Hoje, médicos e outros profissionais da saúde concordam que o Educador físico tem condição de atuar de maneira interdisciplinar quanto aos resultados de uma dieta para a diminuição dos índices de colesterol, para os pacientes diabéticos e para a população idosa, sendo colocado como de suma importância para assegurar uma boa qualidade de vida. Ou seja, a cultura da prática é criada na infância, assim como sua consciência.

As salas de fisioterapia e ambulatórios médicos também parecem ser grandes candidatos para receber os Alunos depois das aulas. Não se pode mesmo exigir de Professores com formações distintas e não preparados para assumir a função que sejam capazes de discernir a boa postura de um comportamento prejudicial à saúde infantil. As lesões, fraturas e até graves acidentes podem ser evitados com a supervisão de um profissional graduado. Quem parece não se importar com isso é o estado, que pretende diminuir o apoio técnico no ambiente Escolar.

No país que vai receber uma Copa do Mundo de futebol (2014) e uma Olimpíada (2016), o enraizamento da consciência desportiva está longe do ideal. O sonho de potência em diversas modalidades pode estar cada vez mais distante da realidade, baseado, principalmente, nos poucos incentivos existentes. É evidente o interesse financeiro por trás dessa decisão. Em vão, as assinaturas da população não foram suficientes para impedir essa absurda normativa. Resta saber qual será o primeiro impacto na saúde, na mente e/ou no orgulho físico deste país.


Fonte: Estado de Minas (MG)

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